PT encerra congresso do partido sem discutir mensalão
O PT encerrou na tarde deste domingo (2) o 3º Congresso Nacional do partido sem levar ao encontro a discussão sobre os envolvidos no esquema do mensalão. O tema chegou a ser abordado em alguns momentos do congresso, como no discurso que o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva fez na manhã de ontem (1), mas sem ser aprofundado. No
discurso, o presidente afirmou que "os erros serão apurados", enfatizando que
"ninguém tem mais ética e moral do que o PT" [sic]*. Na última terça-feira, o STF (Supremo Tribunal Federal) concluiu o julgamento da denúncia da Procuradoria-Geral da República contra os 40 envolvidos com o escândalo do mensalão. A Corte aceitou denúncia contra todos os acusados. Entre os réus no processo estão alguns petistas,
como os ex-ministros José Dirceu (Casa Civil), Luiz Gushiken (Comunicação do Governo), além dos deputados José Genoino (PT-SP) e João Paulo Cunha (PT-SP)*. Entre as
resoluções aprovadas neste último dia de Congresso, está antecipação do próximo PED (Processo de Eleições Diretas) interno para os dias 2 e 16 de dezembro, a tática eleitoral do partido nas eleições de 2008 e de 2010 e a redução do mandato do próximo presidente do partido de três para dois anos. A criação de uma corregedoria interna no PT, que também seria discutida hoje, foi adiada. O presidente do PT, deputado federal Ricardo Berzoini, entende que o principal resultado do Congresso diz respeito à coesão do partido, tido por ele como heterogêneo. "Na questão interna do PT, conseguimos construir bons acordos no sentido de aperfeiçoar o funcionamento e assegurando que o convívio interno entre as diversas forças políticas sejam capazes de construir uma unidade partidária", disse Berzoini. Durante o último dia de Congresso, o PT também aprovou, por unanimidade,
a criação de um código de ética para o partido, ainda a ser elaborado. De acordo com Berzoini, o diretório nacional definirá um conjunto de normas que permitirão visibilidade para o filiado em relação aos atos dos dirigentes do partido e caberá à comissão de ética aplicá-lo. "A comissão de ética tem condições de executar esse papel, de maneira bastante ampla e de maneira, principalmente, democrática." O ex-ministro José Dirceu, diz que concorda com a criação de um código de ética para o partido e, mesmo com a criação do código, não se sente ameaçado de expulsão do partido por conta do seu possível envolvimento no caso do mensalão. "Não vejo por que o PT deva, antes que a Justiça, condenar alguém. (...) Eu não só tenho direitos políticos como sou filiado ao PT, como também tenho o apoio da maioria dos petistas para ser petista", disse o ex-ministro da Casa Civil.
Thiago Faria, Folha Online. * por nossa indignação.
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