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sexta-feira, março 28, 2008

DILMA ROUSSEFF: "NÃO SOU CANDIDATA". ["Como assim?"]

Dilma: ''Não sou candidata''

Logo depois de receber o resultado da pesquisa que indicou o aumento de sua popularidade, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva escalou a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para comentar os números positivos. Foi a deixa para que Dilma, sem se distanciar de seu estilo seco e discreto, incorporasse o papel de pré-candidata do Palácio do Planalto à sucessão em 2010. Ela alertou para o "salto alto", rebateu ataques da oposição e agradeceu a recepção "afável e alegre" das pessoas na periferia pobre do Recife, reduto tradicional de simpatizantes de Lula. "É um momento de reflexão para nós", disse. "Não podemos subir no salto alto e achar que a questão do País está resolvida." Dentro de uma loja de eletrodomésticos, no bairro da Água Fria, inaugurada pelo presidente, Dilma mostrou irritação com a pergunta sobre uma possível pré-candidatura. "Essa aí, meu filho, vai ficar para depois, porque não sou candidata... a próxima (pergunta)", pediu a ministra. A um comentário sobre a declaração de Lula, feita no dia anterior ao lado dela, de que o governo faria o sucessor, Dilma respondeu: "O presidente fala várias coisas ao meu lado, até porque passamos uma parte significativa dos últimos dias juntos. Então foi casual." Ela ressaltou que o aumento da popularidade de Lula se deve não apenas ao crescimento do PIB, mas à política de distribuição de renda do governo. Dilma citou os programas Bolsa-Família, Luz para Todos e Pronaf, voltados para camadas mais pobres da população. "O importante é que milhões de brasileiros estão tendo um padrão de consumo que antes era restrito à classe média", afirmou. "Há uma mobilidade, estamos nos tornando um país de classe média. Milhões de pessoas deixaram as classes D e E e estão indo para a classe C." Indagada se tinha gostado da experiência de dar autógrafos e posar para fotos com simpatizantes de Lula, Dilma respondeu bem-humorada. "É da tradição da população brasileira ser afável e alegre, a gente gosta de retrato como japonês, ainda mais agora que está mais fácil comprar máquinas fotográficas e telefone celular", disse. "Vi lá fora as pessoas com celular na mão tirando fotos."
CARTÕES
A ministra foi incisiva ao responder sobre a estratégia da oposição de tentar convocá-la para depor na CPI dos Cartões. "Essa tentativa de banalizar as investigações, escandalizando o nada, é algo que não contribui para o País", afirmou. "Todos os dados sigilosos da Presidência não são sigilosos para o Tribunal de Contas da União. Os dados são auditados." Na avaliação da ministra, as auditorias tanto das contas dos cartões usados pelo atual governo quanto do anterior foram "irrepreensíveis". "Os gastos têm um sentido público, não são gastos pessoais", afirmou, avaliando que há muita desinformação sobre o assunto. "Estamos totalmente tranqüilos em relação à CPI, pois o governo tem clareza de que os dados sigilosos não são sigilosos para os auditores."
FRASES
Dilma Rousseff. Ministra da Casa Civil:
"Não podemos subir no salto alto e achar que a questão do País está resolvida";
"O importante é que milhões de brasileiros estão tendo um padrão de consumo que antes era restrito à classe média";
"É da tradição da população brasileira ser afável e alegre, a gente gosta de retrato como japonês";
"Essa tentativa de banalizar as investigações, escandalizando o nada, é algo que não contribui para o País"
Ângela Lacerda e Leonencio Nossa, RECIFE. Estadão, 2803.

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