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sexta-feira, março 28, 2008

PARTIDOS DE OPOSIÇÃO [In:]: "DESABAFOS" COM OS BRAÇOS CRUZADOS

Para oposição, comunicação e propaganda ajudam Lula

BRASÍLIA - O crescimento da economia não é o único responsável pelos altos índices de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apontados pela pesquisa CNI/Ibope, na avaliação de políticos de oposição. O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), afirma que outros fatores devem ser considerados, como a capacidade de comunicação de Lula, respaldada por um forte esquema de propaganda política, e a falta de ajuste e organização da própria oposição.
O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), entende que, além dos ventos favoráveis da economia, Lula não saiu do palanque. "Ele está inaugurando obra que não existe e gerando muita expectativa no palanque", analisou. Para o líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), a popularidade alta de Lula "não é julgamento definitivo, mas retrato do momento e produto de circunstâncias". Sem entrar no mérito da raiz da popularidade, o líder do PT na Câmara, deputado Maurício Rands (PE), classificou como "impressionante" o resultado da sondagem. "O que chama a atenção é que geralmente o maior índice de popularidade de um chefe do Executivo ocorre na data imediata à eleição. É a chamada lua-de-mel do governante com o eleitor. Mas o presidente Lula, cinco anos e meio depois de ter sido eleito, cada vez mais aumenta a popularidade dele porque a sociedade percebe que o governo dele é comprometido com a maior parte da população", disse.
Oposição em crise
O resultado da nova sondagem não surpreendeu, mas pegou a oposição em crise, agravada pela desarticulação e falta de estratégia de ação no Congresso. O PSDB e o DEM, os dois maiores partidos de oposição, assistem ao presidente Lula ocupar sozinho a cena política e às iniciativas da base aliada do Planalto de impedir investigações em setores do governo acusados de irregularidades em duas CPIs do Congresso. Depois da derrota traumática da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), o governo não deu mais trégua para a oposição no Congresso, que se perde num blá-blá-blá no plenário para manter a obstrução da pauta e nas sessões de bate-boca das CPIs. O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), um opositor ácido do governo, disse que Lula se aproveita da melhoria na economia que reflete diretamente no sucesso do Executivo, e usa sua força para imobilizar os poderes Legislativo e Judiciário. "O Congresso está subordinado, de cócoras; e o presidente não leva em conta o Judiciário que está acuado", afirmou, ao pedir ao PSDB e DEM que acionem Lula na justiça. "Lula está usando o PAC (programa de aceleração do crescimento) como palanque eleitoral e levando tudo na gozação e ironia. E não pode usar o dinheiro público para chegar aos estados e tratar a opinião pública como imbecil", observou. Ele lembrou que em 1974, o ex-presidente Médici chegou a 84% de aprovação. " E deu no que deu", completou. Para os tucanos, o governo Lula apenas consolidou na economia um processo que já estava em curso e que mudou o padrão de vida das pessoas. "Mas o problema de legitimidade na base do governo é profundo", afirmou Sérgio Guerra. Para o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), apesar de ajudado pela economia, o governo de Lula não conseguiu combater a dengue e a febre amarela. "A economia melhorou mas não vejo reflexos positivos na segurança pública e educação, só vejo o presidente em campanha com dinheiro público", emendou. Antes mesmo da divulgação dos números da CNI/Ibope, as cúpulas do PSDB e DEM já estavam decididas a fazer um encontro, com a presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, para discutir rumos. Antes disso, na próxima segunda-feira, haverá uma reunião entre os principais líderes de oposição para uma avaliação. A maioria reconhece que é hora de "menos grito e mais inteligência". O que mais incomoda a oposição é o uso eleitoral do PAC. "Lula é um infrator e não tem nenhum compromisso com a moralidade pública nem com a verdade", concluiu o líder do PSDB, deputado José Aníbal (SP). Cida Fontes, de O Estado de S. Paulo. 2803.

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