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quinta-feira, fevereiro 26, 2009

FUNDO DE PENSÃO DE FURNAS [In:] "BROTERS IN WAR"

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MINISTRO FALA EM BANDIDAGEM NO FUNDO DE PENSÃO DE FURNAS
"É UMA BANDIDAGEM COMPLETA"


Autor(es): Gerson Camarotti
O Globo - 26/02/2009

Lobão ataca diretoria de fundo de pensão de Furnas, mas depois Lula veta mudança


O presidente Lula mandou adiar a mudança na direção da Fundação Real Grandeza, o fundo de pensão de Furnas que administra um patrimônio de R$6,3 bilhões. A reunião para destituir o atual presidente estava marcada para hoje. Horas antes de ouvir a ordem de Lula, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB), defendera a mudança e atacara duramente a atual diretoria. "Eles alteraram o estatuto para ampliar o mandato por um ano. E poderiam ser reeleitos, mas os próximos não poderiam? Isso é uma bandidagem completa! Esse pessoal está revoltado porque não quer perder a boca. O que eles querem é lazer uma grande safadeza", dissera Lobão ao GLOBO. O PMDB pressionava pela mudança, o que o ministro nega.

Por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi adiada por tempo indefinido qualquer mudança na direção da Fundação Real Grandeza, o fundo de pensão dos funcionários de Furnas. A decisão foi tomada no fim da tarde de ontem, depois de reunião, no Planalto, entre Lula e o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB). Horas antes, porém, o ministro defendera a mudança no fundo e fizera pesadas acusações à atual diretoria:

- Eles (a atual diretoria do fundo) fizeram uma alteração no estatuto para ampliar o mandato por um ano. Além disso, eles podiam ser reeleitos, mas os próximos não poderiam? Isso é uma bandidagem completa! Não há motivação política. O que há é incompatibilidade entre a direção do Real Grandeza com a direção de Furnas. Esse pessoal está revoltado porque não quer perder a boca. O que eles querem é fazer uma grande safadeza. Que coisa é essa? Por isso, tem que ter a mudança - dissera Lobão ao GLOBO, antes da audiência com Lula.

Segundo assessores do Planalto, houve forte pressão nos últimos dias dos sindicatos ligados às estatais do setor energético para evitar a substituição do atual comando do fundo. As críticas a uma possível ingerência política do PMDB no fundo causou desconforto no gabinete presidencial.

Após a reunião, Lobão disse que a decisão de adiar a mudança no comando do fundo foi tomada para que haja tranquilidade para examinar os fundamentos tanto da diretoria de Furnas como dos funcionários. A queda-de-braço é em torno de um patrimônio de R$6,3 bilhões gerido pelo fundo, que tem 12.500 filiados, sendo 6.500 aposentados e pensionistas.

- Qualquer mudança no Real Grandeza está adiada por tempo indefinido. Só retomaremos o assunto quando houver segurança sobre uma posição. Os funcionários fazem alegações de um lado, e a direção de Furnas, de outro. Por isso, temos que encaminhar uma solução com tranquilidade - disse o ministro. Ele afirmou que um dos problemas alegados por Furnas é que o fundo não vem prestando informações solicitadas pela estatal.

A decisão política contra a mudança no fundo terá, no entanto, que passar por um processo regimental. O presidente de Furnas vai orientar seu conselheiro a retirar a proposta de troca. Mas essa proposta, de acordo com o regimento da fundação, terá que ser ainda aprovada pelo conselho. Ou seja: Lula vetou politicamente a mudança, mas a reunião terá que ocorrer, seguindo a lei.

Comando de Furnas queria a mudança

Antes da reunião com Lula, Lobão negou ter havido qualquer influência política do PMDB do Rio - comandado pelo deputado Eduardo Cunha - pela mudança no fundo. Ele ressaltou que o Real Grandeza é patrocinado por Furnas e Eletronuclear. E que a destituição da atual diretoria é uma decisão dos atuais conselheiros.

- Não tenho participação nessa decisão. Mas ouvi as alegações e concordei - dissera Lobão.

Segundo ele, o mandato da atual diretoria deveria ter sido encerrado em outubro do ano passado, mas disse que o atual comando do Real Grandeza alterou o estatuto em 2008, prorrogando seu mandato por um ano. Lobão afirmou ainda que a alteração abriu a possibilidade de reeleição por mais quatro anos, com cláusula proibindo a reeleição da próxima diretoria, que só poderia ficar quatro anos.

O tom do ministro das Minas e Energia foi repetido pelo presidente de Furnas, Carlos Nadalutti Filho. Em nota, antes da decisão de Lula, ele afirmou que a direção do fundo de pensão alterou o estatuto para prorrogar o próprio mandato em um ano e dois meses, numa tentativa de "perpetuação no poder". De acordo com o presidente de Furnas, as informações sobre as aplicações financeiras da fundação e sobre o balanço de 2009 não foram repassadas à direção de Furnas, apesar dos pedidos.

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