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quinta-feira, abril 02, 2009

CRISE MUNDIAL & G-20: "CRASH" OU "CASH" ???

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US$ 1 TRI E 20 LÍDERES PARA ACHAR UMA SAÍDA
G-20 INJETA US$ 1 TRI NO MERCADO


Autor(es): Ricardo Rego Monteiro
Jornal do Brasil - 02/04/2009

O G-20, grupo que reúne as principais potências e países emergentes, deve anunciar hoje a criação de um megafundo de US$ 1 trilhão para socorrer a economia mundial. Do total previsto, US$ 200 bilhões (20%) serão destinados ao destravamento do comércio internacional, por meio de financiamentos para exportações e importações. Antecipada ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, a medida surpreendeu positivamente especialistas do setor, que não esperavam resultados concretos do encontro de hoje. O ministro revelou que o Japão e a União Europeia (UE) devem emprestar US$ 100 bilhões, cada, para o fundo. A Noruega, por sua vez, deve destinar outros US$ 48 bilhões. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Brasil também pode emprestar dinheiro para o fundo, desde que as reservas não sejam prejudicadas.

A declaração do ministro foi dada ontem, durante a viagem de trem da comitiva presidencial de Paris (França) a Londres (Inglaterra), sob o Canal da Mancha. O novo pacote, se confirmado, representa mais uma injeção de recursos dos governos desde o agravamento da crise financeira internacional, em setembro do ano passado. Até o momento, já foram anunciados mais de US$ 15 trilhões pelos governos para socorrer e estimular a retomada da atividade econômica mundial.

Surpresa

O ex-embaixador Sebastião do Rego Barros manifestou surpresa com a informação divulgada pelo ministro Mantega. Ao se confessar cético quanto a resultados concretos no encontro de hoje, em Londres, Barros classificou como boa notícia a nova injeção trilionária de recursos, com uma fatia gorda para o comércio internacional.

– Se essa informação se confirmar hoje, esse fundo será um avanço extraordinário para a economia mundial – exaltou Barros, com a experiência de negociador do governo brasileiro durante a crise do petróleo, em 1973.

Professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), o economista Marco Aurélio Cabral recebeu a notícia da mesma forma que o ex-embaixador, ao classificá-la de surpresa favorável. Para Cabral, a medida representaria importante avanço na coordenação da ajuda econômica internacional.

Polêmica sobre coordenação

Tanto Cabral quanto Barros advertem, porém, para as dificuldades criadas pelo impasse em torno do novo modelo de supervisão bancária, que também será discutido hoje. Os especialistas alertam que as diferenças entre americanos e europeus representam uma inflexão nas expectativas de mudança de atitude do governo dos Estados Unidos nos diversos foruns internacionais. Embora a eleição do presidente Barack Obama tenha ocorrido em meio a expectativas de transição para um multilateralismo, a defesa de um regime apenas nacional de supervisão dos mercados coloca os americanos novamente em rota de colisão com o restante do mundo.

– Embora a eleição de Obama tenha representado uma mudança na direção de um multilateralismo do ponto de vista da política internacional, sob o aspecto econômico tem confirmado o unilateralismo do governo americano – avalia Rego Barros. – Na política externa tivemos boas novidades, como o movimento de aproximação com a Rússia e o Irã.

Em linha com a análise de Rego Barros, Marco Aurélio Cabral vê o Brasil como peça importante na busca pelo que classifica de "multilateralismo negociado", ao lado das nações europeias, na reunião de hoje. No tabuleiro dos interesses econômicos, projeta Cabral, estarão colocadas a posição brasileira e europeia, em favor de um modelo de supervisão supranacional, o qual considera progressista, e outro, americano, o qual classifica de liberal-conservador, favorável a mudanças pontuais, com a reafirmação de um sistema de regulação nacional, como é hoje.

– Essa posição americana, liberal-conservadora, se deve à composição da equipe econômica do Obama, com ex-representantes do governo de Bill Clinton – justifica Cabral. – Essa equipe foi artífice desse modelo, que teve seu auge no governo Clinton.

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