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terça-feira, março 30, 2010

ELEIÇÕES 2010/PAC2 [In:] ''A CADA UM SEGUNDO SUAS OBRAS'' (*)

PROGRAMA DE ACELERAÇÃO DA CANDIDATA DE LULA


PROGRAMA SOB MEDIDA PARA DILMA


Autor(es): # Tiago Pariz,
Flávia Foreque,
Denise Rothenburg e
Luciana Otoni
Correio Braziliense - 30/03/2010






A dois dias de deixar o governo, Dilma Rousseff recebeu um notório impulso do presidente Lula: o lançamento da segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2).

O plano prevê quase um trilhão de reais em investimentos entre 2011 e 2014, mas é pouco mais do que uma carta de intenções. Os 10 mil projetos anunciados precisam de detalhamento, e o ritmo de execução das obras está lento. Estrela da festa, Dilma alternou justificativas técnicas com tiradas bem-humoradas. E, com voz embargada, disse que os brasileiros “não deixarão escapar de suas mãos” o país construído por Lula.



Pré-candidata do PT à Presidência é tratada como estrela principal no evento para lançamento da segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento


Carlos Moura/CB/D.A Press
Dilma Rousseff discursa no Centro de Convenções de Brasília. Evento custou R$ 169 mil e reuniu 1.200 convidados, todos prontos para desejar boa sorte à ministra na campanha


Dois dias antes de deixar o governo, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ganhou um enorme palanque em Brasília ao ser tratada como a estrela do lançamento da segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A pré-candidata do PT ao Palácio do Planalto recebeu todos os louros de uma proposta, da qual ela não é “mãe”, e que prevê R$ 958,9 bilhões em investimentos nos próximos quatro anos, período do sucessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Como protagonista, Dilma usou todos os artifícios que vêm sendo trabalhados por marqueteiros e pelo presidente Lula para ela tornar-se uma candidata mais afável ao público. A ministra mesclou os dados técnicos do programa com piadas e imagens sobre o dia a dia da população. Todo número vinha acompanhado de uma história para exemplificá-lo. “A gente não pode lembrar das crianças e esquecer dos seus avós —aqui não tem nenhum interesse específico meu”, disse Dilma, numa referência à filha, que está grávida e espera seu filho para setembro.

O tom menos técnico para uma plateia pouco exigente acabou se tornando um balão de ensaio para a campanha. O presidente Lula fez questão de lançar esse novo programa, que por ora não passa de uma carta de intenções trilionária (leia mais na pág. 6), com Dilma ainda como ministra, apesar de os verdadeiros responsáveis serem assessores e técnicos da Casa Civil.

O PAC é a bandeira a ser usada na campanha como um exemplo do sucesso administrativo de Dilma Rousseff. Torná-la a estrela da segunda fase é uma tentativa do governo de sublinhar essa faceta. O grande problema é que a maior parte da população desconhece o PAC ou o enxerga como um condensado de números e obras. O esforço, mirando a campanha eleitoral, é mostrar que esse programa — que mexe com reforma e construção de portos, aeroportos, estradas, urbanização de favelas e criação de infraestrutura — tem relação direta na vida das pessoas. “O PAC não é uma sigla, uma cifra ou uma lista ou canteiro de obras. É uma realização humana para um conjunto de brasileiros. É a transformação de dinheiro público em qualidade de vida”, disse a pré-candidata petista.

Bandeira

Foi para isso que o evento serviu: dar à ministra a possibilidade de explicar em termos de fácil compreensão sua principal bandeira na campanha. Dilma fez questão de frisar não haver precedentes do modelo de gestão apresentado por Lula. “É um Estado indutor e regulador, que cria condições para que as coisas sejam bem-feitas e cobra para fazer direito”, disse. Os petistas se animaram com essa visão e o tratamento que Dilma apresentou. “O PAC 2 deverá integrar o programa dela”, afirmou o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP). O governador da Bahia, Jaques Wagner, comemorou. “Há uma refundação inequívoca no jeito de governar e ela é parte dessa construção”, afirmou.

O programa só terá um formato mais consistente a partir de junho. A gestão está nas mãos de Mirian Belchior, subchefe de Articulação e Monitoramento. Nesse período, serão analisados cerca de 10 mil projetos.

O lançamento do PAC 2 teve tom, jeito e cenário de palanque eleitoral. Custou R$ 169,2 mil aos cofres públicos, segundo levantamento da ONG Contas Abertas, e teve a participação de cerca de 1.200 pessoas, entre ministros, governadores e prefeitos. Não por acaso, o palco escolhido foi um dos principais centros de convenções da capital, que será usado em 10 de abril pelo PSDB para lançar a candidatura do governador de São Paulo, José Serra (PSDB).

Quem discursou antes da pré-candidata desejou boa sorte na “nova missão que ela enfrentará”. “Que Deus lhe abençoe nas novas tarefas que a senhora vai se enveredar”, disse Wagner. O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), saiu em defesa da continuidade das políticas de governo. “Por favor, não me entendam eleitoralmente. Doa em quem doer, a vida das pessoas melhorou. Há continuidade de políticas que têm transformado a vida das pessoas”, afirmou o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB).

A ministra encerrou o discurso com a voz embargada. Ao se referir ao novo papel do Estado que, segundo ela, foi definido no governo Lula, Dilma, dirigindo-se ao presidente, disse: “Este é o Brasil que o senhor recuperou e construiu para nós e que os brasileiros não deixarão mais escapar.”


PRONASCI DE CARONA
O governo decidiu colar o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) à segunda fase do PAC. A Casa Civil garantiu ao Ministério da Justiça um aporte de R$ 3,2 bilhões, até 2014, para a estruturação de postos policiais e para a construção de espaços voltados para jovens adolescentes em 543 municípios. A intenção do governo é dar mais visibilidade aos projetos do Pronasci, criado em 2007 pelo ex-ministro Tarso Genro. Pelas estimativas do governo, pelo menos 30 milhões de pessoas serão beneficiadas. O PAC não é uma sigla, uma cifra. É uma realização humana para um conjunto de brasileiros. É a transformação de dinheiro público em qualidade de vida”

Dilma Rousseff, ministra da Casa Civil

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(*) Rom. 2, 6.

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