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quarta-feira, março 03, 2010
MENSALÃO DO DEM [In:] ROGAI POR NÓS...
BRUNELLI RENUNCIA, MAS SUPLENTE ESTÁ NA PAPUDA
DA CÂMARA À PAPUDA E VICE-VERSA | |||||||||||
Autor(es): # Lilian Tahan | |||||||||||
Correio Braziliense - 03/03/2010 | |||||||||||
O escândalo da Caixa de Pandora empurrou o deputado da oração da propina, Júnior Brunelli (PSC), para fora da Câmara Legislativa. Ele renunciou ao mandato para se livrar de um processo por quebra de decoro parlamentar. O próximo com direito de se sentar na cadeira deixada por Brunelli, no entanto, está na Papuda. O suplente de distrital Geraldo Naves (DEM) está preso preventivamente desde o último dia 12. Ele é suspeito de ter colaborado na tentativa de suborno atribuída ao governador afastado e também preso, José Roberto Arruda (sem partido). Naves, que é jornalista e apresentava o programa policial Barra Pesada, é o terceiro suplente da coligação encabeçada pelo DEM, que elegeu três distritais. Entre eles, Brunelli e Leonardo Prudente, que renunciou na semana passada para evitar a cassação do mandato e a perda dos direitos políticos. Prudente foi flagrado em vídeo escondendo nas meias dinheiro entregue por Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais do GDF. Com a saída dos dois políticos enrolados na Operação Caixa de Pandora, que investiga o suposto pagamento de mesada do Executivo para os deputados da base aliada ao governo, Naves pode se tornar titular na Câmara Legislativa. Luta pela vaga Na tarde de ontem, a distrital Jaqueline Roriz (PMN) leu em plenário a carta de renúncia de Júnior Brunelli. No texto, ele se diz vítima de conspiração política e afirma que está com a alma despedaçada. “Infelizmente, é com o coração agonizante e a alma em frangalhos que confesso: todo esse histórico de luta e de trabalho incessante em favor daqueles que não têm um teto para morar, dos desempregados, dos injustiçados, não foi suficiente para garantir meu mandato”. Com a saída, Brunelli poderá se candidatar este ano. O suplente de Brunelli, preso por ter sido o emissário de uma das supostas provas reunidas sobre uma operação frustrada de tentativa de suborno — o bilhete escrito por Arruda e entregue ao jornalista Edson Sombra —, não está disposto a abrir mão do mandato. Avalia que, com as prerrogativas de deputado, será mais fácil se explicar e se defender ao sair da detenção. De acordo com o advogado do suplente, Ronaldo Cavalcanti, Naves tem prazo de 30 dias, prorrogáveis por igual período, para confirmar-se no cargo de deputado. A data é contada a partir do momento da notificação, o que poderia ocorrer até mesmo dentro da prisão, segundo acredita Cavalcanti. A defesa de Geraldo Naves confia que, durante esse período, o suplente será solto e definirá seus próximos passos políticos. “Ele aguardará ser liberado, tomará posse, se licenciará para decidir com mais calma o que fazer. Não faz nenhum sentido ele renunciar nas condições em que se encontra”, disse o advogado. Para sustentar que, apesar de inusitada, a posse de Naves é possível, Cavalcanti lembrou o caso de José Edmar (PR), que em 2003 foi detido em flagrante por suposto envolvimento com grilagem de terras. Edmar não deixou o mandato de deputado distrital, apesar de ter ficado preso por 29 dias na carceragem da Polícia Federal. Notificação A opção de assumir o mandato é defendida também por uma filha de Geraldo Naves, Andressa, que acompanha a atuação política do pai. Andressa tem visitado o pai na Papuda. “Meu pai não tem por que abrir mão do mandato, não é culpado de nada. Mas essa é uma decisão que só ele poderá tomar”, considerou a filha. A contagem do prazo de 30 dias para uma decisão por parte de Geraldo Naves, no entanto, depende da iniciativa da Mesa Diretora da Câmara Legislativa, que tem 48 horas para estipular como se dará a notificação do suplente. Até ontem, não havia uma definição oficial de como será o processo. É possível, inclusive, que os deputados busquem amparo legal para evitar o constrangimento de convocar um suplente preso. Nos bastidores, a abertura de um processo de quebra de decoro contra Geraldo Naves é considerada inevitável atualmente, caso ele se confirme como titular de distrital. Internautas acertam O site do Correio publicou na última semana enquete com a seguinte pergunta: você acha que os distritais que estão sendo processados por quebra de decoro vão renunciar? Ao todo, 1.101 votos foram computados, e a maioria dos internautas (85,2%) respondeu sim. Com a renúncia, tanto Júnior Brunelli quanto Leonardo Prudente mantêm os direitos políticos e, se quiserem, podem concorrer nas próximas eleições. Apenas 14,8% dos votantes disseram que os parlamentares não renunciariam. Entre os alvos de processo, a única a não abrir mão do mandato é Eurides Brito. O número 8.672 Número de votos que o terceiro suplente Geraldo Naves obteve nas últimas eleições Filha de Roriz chama Eurides de “cara de pau” Helena Mader
O prazo para a deputada Eurides Brito renunciar sem correr o risco de perder os direitos políticos acabou ontem. A parlamentar do PMDB não quis abrir mão do mandato e preferiu enfrentar o processo de cassação. Ela foi notificada pela Comissão de Ética da Câmara Legislativa à tarde e, a partir de agora, fica sujeita às eventuais punições, mesmo se deixar o cargo. Em meio à luta para se salvar da degola, Eurides entrou em mais um embate com Joaquim Roriz (PSC). Depois de declarar que o dinheiro entregue por Durval Barbosa tinha como origem o ex-governador, ela reafirmou a versão ontem, mas teve que ouvir acusações da deputada Jaqueline Roriz (PMN), filha de seu antigo aliado. Em plenário, Jaqueline não poupou críticas à colega. “Ela (Eurides) é uma grande cara de pau. O ano em que ela perdeu a eleição foi o ano em que não teve o apoio dele (Roriz). (…) As imagens falam por si. É bom que ela esclareça (os vídeos), pois achar outro bode expiatório é muita falta de caráter”, desafiou Jaqueline. Eurides Brito preferiu contemporizar. Repetiu que tem “apreço” pelo ex-governador, mas se colocou à disposição para uma eventual acareação. Como já havia postado em seu blog, a deputada disse ontem, em entrevista coletiva, que o dinheiro repassado por Durval Barbosa serviu para pagar despesas com 12 reuniões com lideranças comunitárias para divulgar os próprios projetos e candidatura de Roriz ao Senado. Eurides afirmou desconhecer a origem dos recursos: “Fui lá receber um dinheiro que me deviam e, por isso, considero esse dinheiro legal. Se ele pagou com fonte ilegal, o problema é dele e não meu.” Eurides Brito ficou conhecida como a “deputada da bolsa”, em alusão ao vídeo gravado por Durval na campanha de 2006, no qual a deputada pega maços de dinheiro e os guarda no acessório. “Na minha vida, na minha bolsa, nunca entrou nenhum dinheiro ilegal”, defendeu-se. Questionada por que não recebeu os recursos por meio de transferência bancária, ela respondeu: “Se eu estivesse passando o dinheiro para alguém, certamente faria assim (por transferência)”. Ao todo, a distrital estima ter recebido cerca de R$ 30 mil para as reuniões. Ela admitiu que não se preocupou em guardar notas fiscais dos gastos e lembrou que sua prestação de contas foi aprovada. Sem dar detalhar, a deputada diz que apresentou sua versão para a Corregedoria da Câmara Legislativa. Em relação às eleições de outubro, ela não adiantou se vai apoiar algum candidato ou se pretende, mais uma vez, fazer campanha para Roriz. O futuro de Eurides Brito será definido pelo plenário da Câmara. Amanhã à tarde, a Comissão de Ética se reúne para a escolha do novo presidente — Bispo Renato deixou o posto — e o sorteio do relator. É bom que Eurides esclareça (os vídeos), pois achar outro bode expiatório é falta de caráter” Jaqueline Roriz, deputada distrital |
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