Presidente é condecorada e diz que, com Forças Armadas no papel constitucional, país consolidou democracia
Luiza Damé
BRASÍLIA. Na sua primeira cerimônia oficial com militares, ontem no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff disse, sutil e diplomaticamente, que as Forças Armadas têm de cumprir o seu papel constitucional e que, desta forma, o Brasil "corrigiu seus próprios caminhos" e consolidou a democracia. A presidente comandou a solenidade de promoção de oficiais da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, mas não tocou em assuntos polêmicos como os direitos humanos e a criação da Comissão da Verdade para apurar violações durante a ditadura militar.
- É com orgulho que constato a evolução democrática da sociedade brasileira. Um país que conta, como o Brasil, com Forças Armadas caracterizadas pelo estrito apego às suas obrigações constitucionais é um país que corrigiu seus próprios caminhos e alcançou um elevado nível de maturidade institucional. Nossas Forças Armadas compartilham plenamente dos valores da justiça, da democracia, da paz e da igualdade de oportunidades que lastreiam os objetivos internos e externos do Brasil. Contribuem para consolidar nosso país como um estado de direito por excelência - discursou Dilma para uma plateia de cerca de cem pessoas.
Dilma é a primeira mulher a receber insígnia da Defesa
A presidente participou da solenidade juntamente com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, o vice Michel Temer, e os comandantes das Forças Armadas. Também estava presente o ex-deputado José Genoino, atualmente assessor da Defesa. Um pouco antes, em uma cerimônia reservada, a presidente recebeu a insígnia de Grã-Mestra da Ordem do Mérito da Defesa. Pela primeira vez, uma mulher foi condecorada com essa medalha. Dilma também recebeu a Ordem do Mérito Militar, do Exército; a Ordem do Mérito Naval, da Marinha; e a Ordem do Mérito Aeronáutico, da Força Aérea Brasileira. Ao assumir a Presidência, Dilma automaticamente recebeu a Grã-Cruz, o mais elevado grau das condecorações.
Durante a promoção dos oficiais, ela agradeceu a homenagem das Forças Armadas e elogiou o trabalho de Jobim, dos comandantes do Exército, Enzo Peri, da Marinha, Moura Neto, e da Aeronáutica, Juniti Saito, além do chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, José Carlos de Nardi. Disse que Jobim tem "eficiente atuação" e que o governo conta com o "valioso apoio" dos comandantes.
Dilma disse que as Forças Armadas "detêm os legítimos meios de defesa nacional, dos poderes constitucionais e das fronteiras". A presidente reconheceu que a carreira militar tem privações, mas destacou aquelas que considera as principais características dos integrantes das Forças Armadas - patriotismo, estoicismo, abnegação, disciplina e hierarquia. Também destacou o trabalho social dos militares Brasil afora.
- Estamos construindo uma nação mais fraterna e mais igualitária, que jamais prescindirá da importante contribuição das Forças Armadas.
Dilma: defesa nacional não é elemento menor
Em um gesto de agrado aos militares, a presidente disse ainda que os investimentos nas Forças Armadas não podem ser considerados menores nem desviados para atender aos programas sociais. No início do ano, Dilma adiou a decisão sobre a compra dos novos caças para a Força Aérea Brasileira, um dos principais investimentos na área de defesa:
- Em um país ainda socialmente desigual como o Brasil, poderia parecer tentadora a noção de que a modernização e o dimensionamento das Forças Armadas constituiriam esforço ocioso, prejudicial ao investimento em outros setores prioritários. Isso é um grande engano. O certo é que a defesa não pode ser considerada elemento menor da agenda nacional.
No fim da cerimônia, Dilma evitou entrevista aos jornalistas. Perguntada, de longe, pelos repórteres sobre os arquivos da ditadura, ela respondeu:
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário