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quinta-feira, março 07, 2013
BANCO CENTRAL/GOVERNO DILMA: O ANO DO DRAGÃO (da inflação)
07/03/2013 | |
BC muda posição e já admite elevar a taxa básica de juro
O comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) ao fim da reunião de ontem, que manteve a taxa Selic em 7,25% ao ano, acentua que é real a possibilidade de elevação da taxa de juros, mas não se compromete com prazos. Já houve na história do Copom outros três comunicados idênticos, e o curso da política monetária só se alterou após duas reuniões. Esse foi o caso, por exemplo, de janeiro de 2008, quando o comitê manteve a taxa de juros em 11,25% ao ano, divulgou o mesmo texto e só decidiu aumentar os juros para 11,75% na reunião de abril.
O dilema do Copom não é trivial. Os indicadores de conjuntura não sancionam a necessidade de um aperto monetário. A inflação está elevada mas tende a cair, a recuperação da economia ainda não é segura e não há explosão de con-sumo no país. Se elevar a Selic será, muito provavelmente, para reparar um dano que o próprio governo provocou.
Copom mantém Selic em 7,25% e sinaliza aperto
Por Mônica Izaguirre e Murilo Rodrigues Alves | De Brasília
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu manter a taxa básica de juros da economia brasileira em 7,25% ao ano, nível em que está desde 11 de outubro de 2012. A decisão foi tomada por unanimidade em reunião encerrada na noite de ontem, em Brasília, e vale até 17 de abril, quando o colegiado voltará a decidir sobre o patamar da Selic.
O mercado já esperava manutenção da taxa nesta reunião, a segunda feita pelo Copom este ano, de um total de oito previstas.
O comunicado emitido pelo Copom, após o encontro, sinaliza que a taxa básica de juros da economia brasileira não ficará estável por muito mais tempo, deixando a porta aberta para uma elevação já em abril.
Desde outubro de 2012, quando promoveu o último de uma série de dez cortes consecutivos, o Copom vinha defendendo, em todos os comunicados, que "a estabilidade das condições monetárias por período suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta". Isso não constou no texto divulgado ontem.
O novo comunicado trouxe: "avaliando a conjuntura macroeconômica e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 7,25% ao ano, sem viés.
O colegiado do Banco Central vai acompanhar a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária.
Votaram por essa decisão os seguintes membros do comitê: Alexandre Antonio Tombini (presidente), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques.
No texto apresentado ontem também não constou nenhuma referência à piora do balanço de riscos para a inflação no curto prazo e a recuperação menos intensa da atividade doméstica que a esperada. O comunicado de janeiro trazia menções a isso.
Na primeira reunião do ano, em janeiro, o Copom também citou a complexidade do ambiente internacional.
Pela mediana da totalidade das projeções colhidas pelo BC na última pesquisa Focus, com data-base em 1º de março, a Selic ficaria em 7,25% ao ano ao longo de todo o resto de 2013. Só voltaria a subir em 2014, ano ao fim do qual estaria em 8,25% ao ano.
O comunicado da reunião, porém, não reforçou esta expectativa. Ao contrário, pelo menos na comparação com os anteriores, reforça a tese de quem já vinha apostando em aumento do juro ainda em 2013. É o caso de 19 de 35 analistas consultados pelo Valor Data na semana passada.
Na última pesquisa Focus, as cinco instituições que mais costumam acertar previsões para a Selic no curto prazo já tinham ajustado suas projeções, de modo que a mediana específica desse grupo passou a apontar juro básico subindo ao patamar de 7,75% ao ano ainda este ano.
Preocupa o BC a resistência da inflação do IPCA, índice no qual se referencia a meta de inflação do governo (4,5% ao ano) e cuja variação em 12 meses subiu de 5,84% para 6,15% na comparação dos períodos encerrados em dezembro e janeiro passados.
No comunicado da reunião de janeiro, a autoridade monetária já tinha admitido que o balanço de riscos para a inflação piorou no curto prazo. Ainda assim, a taxa de juros não subiu na ocasião por causa do fraco desempenho da economia doméstica, cuja recuperação foi "menos intensa" que a esperada, e por causa do ainda complexo ambiente internacional.
O Copom não promove nenhuma elevação na Selic desde julho de 2011, quando a taxa saiu de 12,25% para 12,50%. Em 31 de agosto daquele ano, preocupado em proteger a economia brasileira dos efeitos recessivos da crise mundial, o BC deu início a um ciclo de afrouxamento monetário que só acabou em outubro do ano passado, com a Selic chegando a 7,25% ao ano, piso histórico.
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