O Congresso encerrou pouco após à 0h desta quinta-feira (7) a votação sobre os vetos da presidente Dilma Rousseff à lei que muda a distribuição das verbas dos royalties do petróleo.
Segundo último balanço anunciado pelo presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), votaram 335 deputados e 61 senadores. Diante de uma provável derrota, parte das bancadas do Rio de Janeiro e do Espírito Santo deixou o plenário sem preencher as cédulas de papel. Por não ter sido uma votação eletrônica, o resultado deve ser divulgado ao longo desta quinta-feira.
Na sessão iniciada na noite de quarta-feira, deputados e senadores discutem se derrubam ou mantêm veto da presidente Dilma à lei dos royalties, aprovado no ano passado pelo Congresso. O texto aprovado previa uma nova partilha, mais igualitária, da verba dos royalties da exploração de petróleo em campos já licitados. Dilma, no entanto, vetou essa redivisão, mantendo a regra atual.
A sessão, que já dura quase 4 horas, desenrola-se de forma tensa. Após abrir os trabalhos, Calheiros ameaçou suspendê-la porque não conseguiu falar por vários minutos diante dos gritos de deputados e senadores favoráveis e contrários ao veto.
Sessão de análise de vetos dos royalties no Congresso
Parlamentares de Estados não produtores exibem cartazes para defender a derrubada do veto da presidente Dilma Rousseff ao projeto que muda a partilha dos royalties do petróleo; RJ e ES são contra a derrubada
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O deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) chegou a tomar o microfone de Renan para pedir a palavra em uma "questão de ordem".
Para fazer um contraponto a Garotinho, o deputado Toninho Pinheiro (PDT-MG) postou-se em frente à tribuna do Congresso levantando uma placa com dizeres contrários à manutenção do veto. A placa, distribuída aos congressistas contrários ao veto, diz: "Não ao veto. Royalties para todos. Essa luta é de todos nós!".
O grupo também distribuiu camisetas, na cor laranja, para serem usadas durante a votação pelos parlamentares que querem a derrubada do veto --a maioria da Casa. Rio e Espírito Santo têm o apoio apenas de parte da bancada de São Paulo, que também recebe maior fatia da verba dos royalties do petróleo atualmente.
"QUESTÕES DE ORDEM"
Os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ) e Ricardo Ferraço (PMDB-ES) também apresentaram pedidos para tentar suspender a sessão. Os dois ingressaram hoje com mandado de segurança no STF (Supremo Tribunal Federal) para tentar anular a votação, mas a decisão do tribunal deve ser tomada somente nesta quinta-feira.
Lindbergh disse que a Casa deveria ter votado pedido de urgência para colocar o veto em votação, já que existem mais de 3.000 vetos na pauta do Legislativo. Renan negou o pedido ao argumentar que cabe ao presidente do Congresso definir as matérias que entram na pauta.
"A pauta é competência da Presidência do Congresso. O Supremo já decidiu que o Congresso não precisa seguir a ordem cronológica para a análise de vetos", afirmou.
Segundo cálculos da bancada do Rio, o Estado vai deixar de arrecadar, neste ano, R$ 3,1 bilhões com os royalties se o veto for derrubado. As novas regras de partilha dos royalties foram aprovadas no final do ano passado pelo Congresso, mas parte do texto foi vetado pela presidente.
| Editoria de Arte/Folhapress | |
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ENTENDA
O Rio e o Espírito Santo, Estados confrontantes com plataformas marítimas (os chamados produtores), reivindicam maior fatia da divisão dos recursos dos royalties do pré-sal. Os demais Estados, em contrapartida, querem derrubar o veto de Dilma que mantém o maior repasse aos produtores.
Os royalties são um percentual do lucro obtido pelas empresas e pagos ao Estado como forma de compensação pelo uso de recurso natural."
O veto manteve a legislação atual que destina a maior parcela dos royalties dos campos em exploração aos Estados e municípios produtores. Pela regra, os grandes Estados produtores, por exemplo, ficam com 26,25% dos royalties. Os não produtores recebem apenas 1,76%.
Em 2012 o Congresso aprovou projeto mudando a divisão de receita. O texto apoiado pela maioria dos congressistas reduzia a parcela de Estados produtores a 20% da arrecadação. O projeto foi em parte vetado por Dilma, mas os vetos agora podem ser derrubados pelos parlamentares.
A análise do veto dos royalties entrou na pauta do Legislativo depois de o STF entender que não há necessidade de se votar cronologicamente os cerca de 3.000 vetos que aguardam na fila do plenário. Depois da decisão sobre os royalties, o governo espera que o Congresso vote o Orçamento da União de 2013.
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