PP consegue uma vice-presidência da Caixa
Por Caio Junqueira | De Brasília
A presidente Dilma Rousseff decidiu ceder a vice-presidência de governo da Caixa Econômica Federal ao PP. O objetivo é dar continuidade ao processo de recomposição de sua base aliada no Congresso Nacional e aglutinar forças políticas para a sua campanha à reeleição em 2014.
O PP é um partido-chave neste processo. Em 2010, o partido optou pela neutralidade e não esteve na aliança que elegeu. isso a despeito de integrar o Ministério das Cidades durante boa parte do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O posto foi mantido no governo Dilma, primeiro com o deputado Mário Negromonte (BA) e depois com Agnaldo Ribeiro (PB), o atual ministro. Mas mesmo assim setores do partido ligados ao ex-presidente, o senador Francisco Dornelles (RJ), trabalham para levá-lo a apoiar o senador Aécio Neves (PSDB) em 2014. Dornelles é tio de Aécio.
É esse movimento que o governo tenta estancar ao ceder uma das vices-presidências da Caixa ao PP. Além, claro, de assegurar os votos do partido no Congresso Nacional, em especial na Câmara, onde o PP tem a quinta maior bancada, com 38 deputados - a terceira maior da base, depois de PT e PMDB.
A vice cedida ao partido - de governo - foi criada neste ano a partir do desmembramento em duas da vice de Habitação e Governo, ocupada por José Urbano Duarte, uma indicação do PT. Após sua criação, Duarte vinha ocupando interinamente as duas vices: a de Habitação e a de Governo. Com a decisão, ele passará a cuidar apenas de habitação e o PP será responsável pela vice de governo.
A fórmula repete a cessão de cargos do governo ao PP para garantir o apoio à eleição de Fernando Haddad (PT) na disputa pela Prefeitura de São Paulo em 2012. O PP, controlado em São Paulo pelo deputado Paulo Maluf, tendia a apoiar José Serra (PSDB). Dilma, então, aceitou uma indicação de Maluf para a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental no Ministério das Cidades. O nomeado foi o engenheiro Osvaldo Garcia.
Também repete a fórmula feita com o PTB, cujo presidente, Benito Gama, passou a ocupar recentemente a vice-presidência de governo do Banco do Brasil. A ideia foi a mesma: assegurar votos no Legislativo e iniciar uma aproximação para 2014. Ainda mais porque em 2010 o PTB apoio Serra contra Dilma.
Trata-se, na verdade, da continuidade ao movimento iniciado neste semestre de conceder cargos de segundo escalão aos aliados para distensionar o ambiente político. Na semana passada, conforme publicou o Valor em sua edição de quinta-feira, o Palácio abriu espaço para que o PMDB ocupe os ministérios que têm ministros, principalmente Agricultura, Turismo e Secretaria de Aviação Civil (SAC). Nesse sentido, foram feitas nomeações na Agricultura e o governo sinalizou espaços nos órgãos vinculados á SAC, como a Infraero.
Também envolve cargos nas agências reguladoras, como o de Renato Porto na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), indicação do líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE).
Esse processo de recomposição da base inclui, além do loteamento do segundo escalão, outros dois componentes. A liberação de emendas parlamentares e as negociações dos palanques estaduais.
adicionada no sistema em: 22/08/2013 12:26 |
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