Petrobras completa 60 anos com nota rebaixada
Para agência, estabilização do rating dependerá do sucesso do programa de investimento e do aumento da produção da estatal
No mesmo dia em que comemorou o aniversário de 60 anos, a Petrobras teve ontem a nota de sua dívida rebaixada de "A3" para "Baal" pela agência de classificação de risco Moodys, permanecendo com grau de investimento. A perspectiva da nota de risco — referência usada por investidores para saber se o título de uma empresa ou país é seguro para investir — foi mantida em "negativa" o que sinaliza possíveis novos cortes.
Em comunicado, a agência informou que a decisão reflete a "elevada alavancagem financeira" da petroleira e a expectativa de que o fluxo de caixa da companhia continuará negativo nos próximos anos, ao mesmo tempo em que a estatal realiza seu grande programa de investimentos.
"Nós vemos a alavancagem da Petrobras próxima de seus níveis máximos em 2013 e 2014, significativamente maior do que seu pares na indústria, e isso provavelmente só vai declinar em 2015 ou adiante.
O sucesso na execução do ambicioso programa de investimentos e as metas de produção agressivas vão ser a chave para a redução da dívida nos próximos anos e a estabilização do rating da companhia" disse Thomas Coleman, vice-presidente sênior da agência de classificação de risco, em comunicado.
AGÊNCIA REVÊ PERSPECTIVA DE DEZ BANCOS
A agência afirma que os gastos da Petrobras neste ano podem ser quase o dobro do fluxo de caixa gerado internamente. A dívida total da companhia aumentou na primeira metade de 2013 em US$ 16,3 bilhões e deve aumentar novamente em 2014, afirma a Moody"s. As perdas da Petrobras ao vender a gasolina de suas refinarias por um preço menor do que o produto no mercado internacional, a chamada defasagem, também foram citadas.
A nota dos títulos da Petrobras segue, no entanto, um degrau acima da nota de risco dos títulos da dívida soberana brasileira, de "Baa2" por causa do apoio do governo à companhia.
Ontem, ao menos 50 pessoas se reuniram na Praça Quinze em protesto contra o leilão de libra. Sob o lema de "O petróleo tem que ser nosso" entidades como Sindipetro, CUT e Movimento Pátria Livre defendem o cancelamento do primeiro leilão do pré-sal, marcado para o dia 21. Apesar da adesão baixa, a expectativa dos organizadores é mobilizar mais centrais sindicais e organizações que são contra a oferta da área de Libra, que, segundo estimativas, pode ter reservas de até 12 bilhões de barris.
Ontem, a Moody"s passou ainda de "positiva" para "estável" a perspectiva da nota de risco de dez instituições financeiras brasileiras e suas respectivas subsidiárias. Em comunicado, a agência explicou que a revisão se seguiu ao próprio rebaixamento da perspectiva da nota de risco dos títulos da dívida soberana brasileira, de "positiva" para "estável" decisão anunciada na noite de anteontem.
Passaram à perspetiva de rating "estável" as notas de risco de bancos como Bradesco, Itaú Unibanco, Itaú BBA, Itaú Unibanco Holding, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal (CEF), Safra, BNDES, HSBC Bank Brasil e Santander Brasil.
(Bruno Villas Boas e Nelson Lima)
adicionada no sistema em: 04/10/2013 03:03 |
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