Solidariedade buscou até assinatura de morto
Servidores do Senado também relatam irregularidade
Sérgio Marques Júnia Gama
-Brasília-
Assediado pelo Planalto para apoiar a reeleição da presidente Dilma Rousseff, o recém-criado partido Solidariedade elencou até um morto para reforçar as assinaturas que permitiram a criação da legenda.
E recrutou — apenas na taquigrafia do Senado — nove servidores que identificaram seus nomes em listas de assinaturas, sem terem assinado.
Ao todo, 80 funcionários apontaram o mesmo problema e, agora, preparam-se para requerer à juíza da 14ª Zona Eleitoral vista da ficha de apoiamento ao Solidariedade. Assim, querem saber se seus nomes foram certificados nos cartórios como incentivadores à criação do partido.
O consultor da Câmara Magno Mello vai ajuizar hoje ação popular contestando assinaturas de quase 600 servidores do Legislativo, que teriam sido fraudadas nas listas de apoio à criação do partido do deputado Paulinho da Força (SP). O Sindilegis é apenas um dos 1.650 sindicatos controlados pela Força Sindical, comandada por Paulinho.
"APOIADOR" MORREU EM 2006
O jornal "Correio Braziliense" revelou que uma das fichas de apoio do Solidariedade é "assinada" pelo ex-servidor do Senado José Washington Chaves. Detalhe: ele morreu aos 82 anos, em 5 de agosto de 2006, e o Solidariedade só começou a recolher firmas em novembro de 2011. A ficha estaria registrada no Cartório Eleitoral da 14ª Zona, na Asa Norte de Brasília.
— Fiquei indignada, nossa família tomou um choque. Essa atitude é absurda e de um partido em que você não pode confiar de antemão. Qualquer postura desse partido, no futuro, a população tem de desconfiar, porque com certeza tem alguma mutretagem. Vamos tomar todas as medidas jurídicas cabíveis — disse ao GLOBO a filha de José Chaves, Iolanda Chaves, que também é servidora do Senado.
PARTIDO DIZ QUE HÁ MONTAGEM
Ex-presidente do Sindilegis, Magno Mello alega que identificou a suposta fraude quando um servidor do Senado foi chamado para confirmar sua assinatura, em agosto, na 1ª Zona Eleitoral. O colega teria relatado a ele que, mesmo sem nunca haver assinado apoio ao partido, seu nome constava da lista.
— Nunca autorizei usarem meu nome para isso, e de repente ele aparece nessa lista. Me sinto lesado. Vamos confirmar se realmente nossas assinaturas foram certificadas indevidamente para, se for verdade, tomar medidas legais — afirmou ao GLOBO o servidor Esdras Oliveira Lima.
O secretário-geral do Solidariedade, Marcílio Duarte, nega que tenha ocorrido fraude nas assinaturas que acabaram validadas pela Justiça Eleitoral. Ele afirma que a lista com os nomes supostamente fraudados seria uma "montagem" para atrapalhar a legenda:
— Qualquer um pode fazer uma lista, imprimir e dizer que são nomes fraudados. Se for provado que essa lista é verdadeira, tomamos providências — diz Marcílio Duarte.
Opinião: Oscilação
NESTES DIAS de grande volatilidade no mercado de barganhas fisiológicas na política, a oscilação de Paulo Pereira da Silva e seu partido Solidariedade foi intensa.
POIS, CRIADA a legenda com ajuda do tucano Aécio Neves, em troca de promessa de apoio em 2014, o sindicalista e deputado por São Paulo não resistiu a uma conversa com o governo Dilma.
LOGO ADERIU, em troca de cargos, por óbvio.
adicionada no sistema em: 04/10/2013 02:52 |
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