Análise: José Roberto de Toledo
Incerteza ainda atinge metade dos eleitores
A presença ou não de Marina Silva na corrida sucessória de 2014 afeta mais as especulações sobre a eleição do que o processo eleitoral em si.
Para grande parte dos brasileiros, a sucessão presidencial só será uma questão a tomar-lhes o tempo quando a campanha chegar à TV, daqui a dez meses. Até lá, é um problema imposto apenas àqueles que são abordados pelos pesquisadores.
A um ano da eleição para presidente da República, cerca de metade dos brasileiros não tem certeza de em qual candidato votaria. Confrontados pelo Ibope com os nomes dos principais presidenciáveis, 47% dos eleitores não puderam declarar ao certo se votariam em algum deles. A saber: Dilma Rousseff, Aécio Neves, Marina Silva, Eduardo Campos e José Serra.
Outros 7% disseram que votariam "com certeza" em mais de um desses nomes - o que é um outro sinal de quão certa é sua intenção de voto.
Sobram assim apenas 46% de eleitores que declaram estar fechado com apenas um candidato. Mas a taxa é ainda menor.
Descontem-se os 3% que votariam com certeza apenas em Serra (que, ao ficar no PSDB, abre mão de disputar a Presidência - salvo se Aécio não puder concorrer) e restam 43% de eleitores certos de que votariam em apenas um dos presidenciáveis.
Deles, 29% declaram certeza de votar só em Dilma, 7% em Marina, 5% em Aécio e 1% em Eduardo. Qual a garantia de que é isso que vai de fato acontecer, daqui a um ano? Nenhuma.
Em 2009, também a um ano da eleição presidencial que elegeria Dilma, era Serra quem mais tinha eleitores certos: 15%. Apenas 10% tinham certeza de votar na petista. Outros 10% estavam certos de que votariam em Ciro Gomes, que nem foi candidato. Com ou sem Marina no páreo, muitas certezas vão se diluir e se transformar até a hora de o eleitor digitar o número de seu candidato na urna.
SEIS PERGUNTAS PARA...
Fabiano Santos, cientista político
O cientista político e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Fabiano Santos afirma que, se Marina Silva confia de fato na consistência do projeto de criação da Rede, ela deveria esperar para se candidatar à Presidência em 2018.
1. Qual foi o principal erro do grupo de Marina Silva?
Faltou tempo para aumentar o número de apoiamentos e criar uma margem de manobra para problemas.
2. O sr. acha que a coleta de assinaturas deveria ter começado antes?
Certamente. Eles deveriam ter se antecipado aos possíveis indeferimentos. Como não houve tempo para criar uma margem de manobra, houve esse problema. Foi questão de timing. Não sei se houve erro de estratégia, mas a questão do tempo foi decisiva.
3. Na sua avaliação, Marina deve concorrer à Presidência por outra sigla?
A base do discurso dela ficaria comprometida, porque a construção da Rede se sustentou na ideia de que o quadro partidário brasileiro não ajuda a alcançar o que a sociedade pede. Essa foi a base do discurso para a criação de uma alternativa, que nem de partido é chamada. Se filiar a uma outra sigla e concorrer por ela criaria um problema no discurso numa disputa eleitoral.
4. Entre PEN ou PPS, qual seria melhor para Marina em 2014?
Acho que é indiferente. Ela cai no mesmo problema. Mas o PEN talvez seja menos problemático, porque o PPS já está aí há tanto tempo. Mas esse gesto de se filiar só para concorrer, já seria um problema.
5. Como o sr. vê o cenário de 2014 sem Marina, segunda colocada nas pesquisas de intenção de votos?
No quadro atual, há uma maior probabilidade de que o cenário seja decidido já no primeiro turno.
6. Marina sobrevive politicamente se não disputar as eleições do ano que vem?
Eu acho que sim, a vida política é dinâmica. Vai depender de muita coisa, vai depender da própria consistência do projeto (da Rede). Se ela tiver certeza desse projeto político, o que são quatro anos na vida de um País? / Isadora Peron
adicionada no sistema em: 04/10/2013 03:50 |
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