PT convoca militância para gritar 'fora, Bush' :
Determinado a engrossar os protestos contra o governo americano, o PT passou os últimos dias convocando filiados a aderirem às manifestações dos movimentos sociais contra o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Enquanto seu representante mais ilustre - o presidente Luiz Inácio Lula da Silva - se prepara para recepcionar o colega com toda a diplomacia, o partido orientou diretórios regionais a informarem militantes sobre os protestos e a pedir a presença de todos nas atividades. A Secretaria de Relações Internacionais do partido, que coordena oficialmente as atividades relacionadas à área internacional e é comandada por Valter Pomar, ontem fez reunião para azeitar o engajamento do partido. O órgão tem se encarregado de convocar militantes e regionais. Opositor fervoroso de Bush, Pomar explicou que a sigla também se utilizou da internet para a convocação, na tentativa de assegurar a maior adesão possível. O próprio presidente do partido, Ricardo Berzoini, também avisou em entrevista no site do PT que a legenda “se integra aos movimentos sociais nos protestos contra Bush”. Segundo o secretário Pomar, a idéia é deixar claro que o PT é e sempre foi contra o governo americano e que continuará manifestando essa posição, independentemente de seu presidente de honra ter chegado ao Palácio do Planalto. “Nós vamos receber o presidente norte-americano como ele deve ser recebido, exatamente como ele merece”, ironizou Pomar. “O fato é que o PT é contra o governo norte-americano. Sempre foi assim”, emendou. Pomar explicou que o PT não está organizando nenhum tipo de manifestação ou ato próprio contra Bush. A idéia é levar os petistas a atos articulados por entidades da sociedade civil. O partido divulgou especificamente os eventos planejados pela Coordenação de Movimentos Sociais (CMS), que reúne 32 entidades, entre elas a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a União Nacional dos Estudantes (UNE) e o Movimento dos Sem-Terra (MST). Em São Paulo, por exemplo, foram agendados protestos para os dias 8 e 9. Amanhã a agenda será mesclada às comemorações do Dia Internacional da Mulher e será aberta com uma passeata na Avenida Paulista. No dia seguinte, os movimentos se juntarão no Monumento às Bandeiras, também na capital, com o objetivo de seguir a comitiva do presidente americano com o grito “fora, Bush”. Sem economizar nas críticas, Pomar disse que o PT torce para que um dia os EUA sejam comandados por um governo de esquerda, pondo fim à política “cara-de-pau” exercida por Bush. “Ele foi eleito por uma fraude, que prejudicou o Al Gore”, provocou Pomar, em referência ao ex-vice-presidente, derrotado em 2000. Questionado sobre como o partido deve encarar o fato de seu principal representante ter que apertar a mão de Bush, Pomar reconheceu que o presidente Lula precisa defender os interesses brasileiros, mesmo que não haja uma disposição clara dos EUA em ceder. “O governo está fazendo o que deve fazer”, disse o secretário. Ele insistiu, entretanto, em que isso não significa que o partido deva acompanhá-lo. “Mas o PT também fará o que deve fazer.”Há alguns dias, Pomar manifestou algumas de suas críticas a Bush em uma entrevista concedida ao site do PT na internet. Na opinião do secretário, o governo norte-americano não deve contar com o Brasil para suas pretensões “imperialistas” na América Latina. “Não contem com o Brasil para pressionar Cuba, Venezuela, Bolívia e o Equador”, disse o petista. Na mesma entrevista, Pomar ressaltou que os Estados Unidos e o governo Bush em especial são de uma “violência brutal”. (O Estado de São Paulo).
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