Liderança da Toyota mostra declínio das montadoras americanas.
Foi anunciado nesta semana que a montadora japonesa Toyota vendeu mais carros e caminhões no mundo nos primeiros três meses de 2007 do que qualquer outra indústria automobilística, ultrapassando a General Motors pela primeira vez e acabando com um dos mais longos períodos de dominação da indústria mundial. A Toyota anunciou na última terça-feira (24) que suas vendas internacionais chegaram a 2,35 milhões de carros e caminhões no primeiro trimestre; a GM tinha anunciado anteriormente um total de 2,26 milhões de veículos no mesmo período. A ascensão da Toyota, que muitos na indústria já previam há algum tempo, é outro marco importante do longo declínio dos norte-americanos de sua posição de liderança absoluta. A GM varreu a Ford da liderança do enorme mercado de carros norte-americano e nas vendas mundiais em 1931, e raramente teve de olhar para trás por quase sete décadas. Mas uma combinação de desatenção com a qualidade, relações desgastadas com os trabalhadores, decisões regulatórias adversas e a demora para reconhecer o potencial dos carros pequenos erodiu a liderança da GM, que começou nos meados dos anos 60, e parecia insuperável. Emergindo das cinzas da derrota japonesa na Segunda Grande Guerra, graças em parte à assistência americana durante a Guerra da Coréia, a Toyota se estabeleceu ao longo dos anos 70 e 80 como o padrão da indústria para qualidade e confiabilidade. Desde então ela vem construindo uma reputação de liderança tecnológica, sobretudo com o Prius e outros carros híbridos. A Toyota assumiu a liderança mundial no primeiro trimestre ao aumentar as vendas em todos os principais mercados. A GM continua expandindo sua fatia do mercado na China, mas enfrenta dificuldades nos Estados Unidos e na Europa e nunca conseguiu manter um pé firme no mercado japonês. Os porta-vozes da GM e da Toyota mostraram-se ambos relutantes em retratar suas companhias como engajadas em uma corrida de carros mundial pela liderança. A GM tem tentado enfatizar seu futuro como uma indústria automobilística internacional – três quintos de suas vendas são fora dos Estados Unidos – e não a grandeza histórica de seu passado. Estamos concentrados em fornecer os melhores carros e caminhões para nossos consumidores em todo o mundo”, disse John M. McDonald, assessor de imprensa da GM em Detroit. “Não estamos interessados em uma competição.” A Toyota tem se mostrado desconfiada da atenção, e freqüentemente da crítica, que normalmente acompanha o fato de ser a maior em uma indústria desse porte. Isso porque ela normalmente é o principal alvo de restrições comerciais nos Estados Unidos e na Europa, o que fez com que a companhia tenha mais cautela em ser vista como muito grande ou agressiva. “Vemos os resultados como um simples reflexo de como nossos produtos são vistos favoravelmente em todo o mundo”, disse Paul Nolasco, porta-voz da companhia em Tóquio. “Nós não fazemos simplesmente os carros e os colocamos porta afora – temos um sistema de demanda e os construímos quando eles são encomendados.” Momento histórico Analistas da indústria foram menos reticentes. “É um momento histórico (para a Toyota)”, disse Benjamin Asher da Automotive Resources Asia, que foi comprada no ano passado pela J.D. Power & Associates. “Todos estavam esperando que ela assumisse a posição de liderança – a questão era quando.” Yale Zhang, diretor de previsão de venda de veículos na China para a CSM Worldwide Inc., uma empresa de consultoria automotiva, disse que apesar de a Toyota não acompanhar a Volkswagen e a GM no crescente mercado chinês neste momento, ela está no caminho para chegar à liderança em 2013. A Toyota demorou para entrar em alguns segmentos do mercado na China, pois as autoridades chinesas estavam hesitantes em conceder permissão para a Toyota construir fábricas nos anos 90, por conta de décadas de tensão e rivalidade entre chineses e japoneses. Mas a Toyota agora está se expandindo rapidamente. “É bem fácil para a Toyota na China, dada a imagem de sua marca, a qualidade e o design dos carros”, disse Zhang. A General Motors dominou a indústria por tanto tempo que os estatísticos do setor se atrapalharam para descobrir quando foi a última vez que outra indústria vendeu mais do que a GM em um trimestre. Comparar as vendas internacionais das fabricantes de automóveis em períodos de tempo mais curtos do que um ano é um fenômeno relativamente recente. A Ford abriu sua primeira fábrica fora da América do Norte na Inglaterra em 1911, enquanto a GM se expandiu agressivamente no mercado europeu nos anos 20. Mas os fabricantes normalmente ignoravam os anúncios de vendas internacionais até os últimos anos, quando passaram a divulgar mensalmente e trimestralmente as vendas separadas por países. Isso mudou com a melhoria nas comunicações proporcionada pela Internet e também porque as fabricantes de veículos passaram a forçar suas filiais a trabalharem mais próximas umas das outras, em vez de funcionarem como uma série de feudos separados. A Ford brevemente ultrapassou as vendas da GM nos Estados Unidos em julho de 1998, quando uma greve que durou quase oito semanas em duas fábricas da GM em Flint, Michigan, fez com que a companhia tivesse de fechar quase todas suas linhas de montagem na América do Norte. A Ford também ultrapassou a GM brevemente no outono de 1970, quando uma greve nacional de dez semanas paralisou as operações da GM. Durante a Segunda Guerra Mundial, a GM converteu suas vastas fábricas na América do Norte para a produção de material bélico. Mas a produção de carros de passageiros quase parou no mundo durante a guerra, enquanto os governos em todos os principais centros de fabricação de automóveis solicitaram a produção de artefatos de guerra. (Tradução: Eloise De Vylder), g1. NYTimes.
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