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quarta-feira, outubro 10, 2007
RENAN CALHEIROS: O ETERNO IV
Plenário
O presidente do Senado saiu do plenário após repetidos apelos para que se afaste da presidência da Casa. No caminho até o gabinete dele, Renan não pronunciou sequer uma palavra. Ele deixou a sessão enquanto o senador José Agripino (DEM-RN) repetia os mesmos apelos feitos pelos demais colegas: para que Renan saia da presidência porque a situação dele é insustentável. “O que quero defender é a instituição à qual todos nós pertencemos, que é o Senado Federal. Essa, sim, é a nossa preocupação. É a preocupação que fez com que reuníssemos, agora há pouco, líderes de todos os partidos. A defesa, presidente, é da credibilidade da instituição para a qual vossa excelência, eu e todos nós fomos eleitos”, disse Agripino. Após dezenas de pronunciamentos e apartes, os senadores agora tratam da velocidade com que os processos contra Renan tramitam no Conselho de Ética. O presidente, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), ainda não anunciou o nome do relator para a terceira representação contra Renan Calheiros, que trata da suposta sociedade dele com o usineiro João Lyra em emissoras de rádio e um jornal no estado de Alagoas. Ele é um dos senadores que acompanham de dentro do plenário o debate sobre a permanência de Renan à frente da Casa.
Representação
A nova representação impetrada contra Renan Calheiros tem 12 páginas. Trata fundamentalmente do caso da suposta espionagem contra senadores de oposição. Apresenta argumentos que indicam a necessidade de se investigar o caso, considerando que o pivô da denúncia é o assessor especial do gabinete de Renan, Francisco Escórcio, que já teve o afastamento anunciado em plenário. “A se confirmarem tais fatos, estaremos diante da gravíssima situação de termos o presidente do Senado e do Congresso Nacional, valendo-se da estrutura e das prerrogativas que lhe são conferidas, para montar um esquema de espionagem sobre dois senadores”, diz a representação. Os senadores supostamente investigados seriam Marconi Perillo (PSDB-GO) e Demóstenes Torres (DEM-GO). “Sinceramente, não tenho nenhum prazer em estar nesta situação. Sinto-me como alguém da peça do Chico Buarque e do Ruy Guerra – do filme, especialmente –, quando diz: ‘Se a sentença se anuncia bruta, mais que depressa a mão cega executa, porque senão o coração perdoa”, iniciou o discurso Torres.
Sindicância
O presidente anunciou a abertura de uma sindicância para apurar a denúncia de que um assessor do gabinete dele, Francisco Escórcio, tentou espionar os senadores de oposição Marconi Perillo (PSDB-GO) e Demóstenes Torres (DEM-GO). Renan negou ter sido o mandante da suposta espionagem. “Não pedi, não autorizei, nenhuma atrocidade como essa”, disse Renan. Ele também determinou o afastamento temporário do assessor. “Sou completamente favorável a uma investigação em qualquer âmbito desses dois casos, que foram mentirosamente veiculados pela imprensa. Determino à Casa uma sindicância e o afastamento do servidor”, disse.
Acusações
Além da representação apresentada pelo PSDB e pelo Democratas por conta da denúncia do suposto caso de espionagem, Renan Calheiros já responde por outras três acusações. No primeiro processo, ele é acusado de tráfico de influência para que a cervejaria Schincariol tivesse o "perdão" de uma dívida de R$ 100 milhões com o INSS. Na segunda representação, impetrada pelo Democratas e pelo PSDB, Renan é acusado de ter utilizado laranjas para adquirir empresas de comunicação em Alagoas. Em outra denúncia, de autoria do PSOL, o presidente do Senado é suspeito de ter participado de um esquema de arrecadação de recursos em ministérios liderados por seu partido, o PMDB. O presidente do Senado já foi absolvido de outra acusação, de que teria recebido ajuda de um lobista para pagar despesas com a filha que teve com a jornalista Mônica Veloso. Apesar de ter sido aprovado pelo Conselho de Ética o relatório que pedia a cassação de seu mandato, Renan foi absolvido pelo plenário do Senado. Mônica Veloso é a capa da revista "playboy" deste mês. A revista chegou à banca do Congresso nesta terça, com grande procura. Roberto Maltchik Do G1, em Brasília. 1010
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