Medvedev é eleito presidente da Rússia por larga margem
MOSCOU (Reuters) - Dmitry Medvedev foi eleito por uma grande vantagem de votos para suceder Vladimir Putin como presidente russo, segundo resultados oficiais preliminares divulgados no domingo, nas eleições que preservarão o poder de seu mentor, mas que foram consideradas injustas pela oposição.Pouco depois do fechamento das urnas, a televisão estatal transmitiu um concerto de música popular na Praça Vermelha. Começou com uma música com o refrão "Para frente, Rússia" --o slogan da campanha de Medvedev. O candidato comunista derrotado, Gennady Zyuganov, disse que planejava uma ação legal por causa das irregularidades, embora ele não dispute o resultado geral das eleições. Monitores do Ocidente preparavam-se para divulgar um relatório altamente crítico do processo eleitoral, que, segundo eles, não ofereceu ao povo russo uma real escolha. Os eleitores russos, porém, estão atravessando o maior boom econômico em uma geração e a maioria vê Medvedev como a melhor opção para prolongar essa prosperidade. Ele convidou Putin, de 55 anos, para ser seu primeiro-ministro e prometeu dar continuidade às políticas de seu antecessor. "Acho que ele será (Putin), pelo menos de início, a figura chave", disse Sergei Markov, analista político ligado ao Kremlin e deputado no Parlamento.Por volta das 18h20 (horário de Brasília), os resultados oficiais com mais da metade dos votos contados mostravam Medvedev com 68 por cento dos votos, com o oposicionista Gennady Zyuganov levando apenas 18 por cento. O presidente Putin, que não poderia concorrer à reeleição mais uma vez, deixará o Kremlin em maio e se mudará para bem perto, para a residência oficial do primeiro-ministro, conhecida como Casa Branca. A passagem de poder vem sendo tranqüila, mas muitos observadores questionam como Putin e Medvedev trabalharão em conjunto em um país acostumado a ter um único líder forte.
Campanha desigual
A vitória de Medvedev ocorre após uma campanha desigual. O ex-advogado empresarial recusou-se a tomar parte em debates pela televisão, ao mesmo tempo em que usufruía de ampla cobertura da mídia oficial.Partidos de oposição e grupos da sociedade civil relataram que muitos funcionários públicos foram coagidos a votar em Medvedev. "Esta é uma operação da KGB para transferir poder de uma pessoa para outra", disse o ex-primeiro-ministro Mikhail Kasyanov, que foi desqualificado para participar das eleições, em entrevista à Reuters. " Não tem nada a ver com eleições." O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a natureza da campanha não significa que a disputa não tenha sido justa.A vitória de Medvedev é vista como uma conclusão óbvia, uma vez que o popular Putin --considerado responsável pela volta da Rússia o cenário mundial e pelo fim do caos dos anos 1990 --o endossou para o cargo máximo do Kremlin no ano passado. Na vila de Anino, norte de Moscou, Yevdokiya Andreyeva, de 82 anos, ficou chocada ao saber que Putin não estava na cédula leitoral. Ao ser informada que seu protegido estava concorrendo, ela disse: "Ótimo. Votarei em Medvedev, então."Investidores estão atentos para o período entre a eleição e a posse de Medvedev, observando quem ele escolherá para seu governo e e o ministro das Finanças, Alexei Kudrin, visto como o arquiteto da estabilidade financeira, continuará no cargo.Kasyanov avisou que a inflação será um problema para Medvedev. "A inflação é o fator que não está sob controle neste governo e se tornará a principal questão causadora de uma crise política. Até outubro, se tornará insuportável para o público", disse ele. Por Christian Lowe, notícias uol. 0203.
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