Fernando Scheller/AE
"Genoino foi embora e voltou depois para votar na São Judas".
O
ex-deputado José Genoino (PT), que está sendo julgado pelo Supremo
Tribunal Federal, como réu no processo do mensalão, apareceu bem cedo
para votar - 8h15 - em sua seção eleitoral, na Universidade São Judas,
no Butantã, em São Paulo, mas rejeitou atender os jornalistas que o
procuravam. Apenas limitou-se a repetir, em voz alta: "Vocês são urubus
que torturam a alma humana", em referência ao trabalho da imprensa.
Acompanhado
de sua mulher, Genoino, estava nervoso e chegou a comparar o trabalho
da imprensa com a tortura na época da ditadura. "A diferença é que (a
tortura) não é com o pau de arara, é com a caneta", disse, do lado de
fora da seção eleitoral onde votava sua mulher.
Na primeira vez em
que compareceu a seu local de votação, o ex-deputado e ex-ministro nem
chegou a votar. Ignorou as perguntas sobre o julgamento do mensalão e
sobre o placar atual de 3 a 1 para a sua condenação. Já dentro da
universidade, ele chegou a pedir que os jornalistas fossem retirados.
"Eles não podem ficar aqui", repetia. "Ele não é mais uma pessoa
pública", disse a mulher dele.
Genoino chamou a atenção de pessoas
que votam na Universidade São Judas. Ao reconhecê-lo, eleitores que ali
estavam foram em sua direção dizendo frases como: "Cadê a ficha
limpa?", ou "De genuíno não tem nada".
Para seu consolo, na contramão
desse grupo, o professor Benedito Rodrigues, de 52 anos, abraçou o
ex-deputado e saiu em sua defesa. "Não importa o que a mídia diz",
justificou o professor, que é filiado ao PT.
Perseguição. Para
Rodrigues, o que existe é "perseguição" ao partido. "Não houve mensalão,
o que houve foi caixa 2. E todo o político tem caixa 2", argumentou
ele, explicando que apoia Genoino, pois ele foi "guerrilheiro" e é
"figura histórica" da sigla.
Visivelmente alterado, o ex-deputado e
ex-ministro acabou indo embora sem votar e na saída chegou a comparar
os jornalistas a abutres. Mais calmo, ele voltou à seção eleitoral pouco
antes das 9h, acompanhado das filhas. Desta vez, apesar de ser seguido
pela imprensa o tempo todo, não disse uma palavra. Na saída, foi
cumprimentado por militantes do PT.
Violência.
Na primeira chegada
do ex-deputado à seção eleitoral, seguranças da Universidade São Judas e
soldados da Polícia Militar fizeram de tudo para impedir o trabalho dos
repórteres e fotógrafos. Alguns jornalistas chegaram a ser barrados na
entrada da escola, quando tentavam se aproximar do ex-deputado petista.
Pouco
depois, a situação se acalmou e os jornalistas tiveram acesso,
normalmente, à área onde circulavam Genoino e outros eleitores.
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