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terça-feira, outubro 09, 2012

ECONOMIA MUNDIAL. UM ''ROSTOW'' REVISITADO ou REVISADO ?



Fundo corta para 3,3% projeção de crescimento global



O Estado de S. Paulo - 09/10/2012

Quadro é pior que o de julho e nem China e Alemanha, grandes locomotivas, escapam da desaceleração

A economia global piorou nos últimos três meses e deve crescer apenas 3,3% neste ano e 3,6% no próximo - menos do que se previa em julho -, mas o quadro pode ficar mais feio, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), se americanos e europeus falharem diante dos desafios imediatos. De novo as economias emergentes deverão avançar muito mais que as outras, com 5,3% em 2012 e 5,6% em 2013. A exceção será o Brasil, com taxas previstas de 1,5% e 4%.
Embora ruins, as previsões apresentadas no Panorama Econômico Mundial divulgado nesta terça-feira dependem de duas hipóteses razoavelmente otimistas: os europeus avançarão nas políticas de consolidação do euro e os americanos evitarão o chamado abismo fiscal.
A economia dos Estados Unidos cairá nesse abismo, segundo avaliações endossadas pelo FMI, se houver impasse em torno da dívida pública e se ocorrerem grandes aumentos de impostos e cortes de gastos marcados para o começo de 2013. Serão eventos automáticos, como ficou estabelecido em agosto do ano passado, quando houve o acordo para elevação do teto da dívida federal. Isso resultaria numa nova recessão, com impactos violentos em todo o mundo.
Um novo entendimento interpartidário afastaria a ameaça, mas nenhum acordo sobre esses problemas deve surgir antes das eleições de novembro. O risco está associado basicamente às posições defendidas pelos republicanos, mas o Fundo, como entidade multilateral, evita referências explícitas a questões partidárias.
Dirigentes do FMI continuam elogiando as políticas dos bancos centrais da Europa e dos Estados Unidos, até agora as iniciativas mais consistentes contra o aprofundamento da crise. Mas o elogio é acompanhado da cobrança de políticas fiscais mais favoráveis ao crescimento e, no caso da União Europeia, também de mudanças institucionais para fortalecer o euro.
Apesar de algumas ações positivas, a crise na zona do euro se agravou. Bancos, seguradoras e empresas transferiram dinheiro da periferia para o núcleo da zona do euro, aumentando as dificuldades de financiamento da Espanha e de outros países altamente endividados.
Tudo isso foi precipitado, segundo o relatório, por "dúvidas continuadas sobre a capacidade dos países da periferia de entregar os ajustes fiscais e estruturais requeridos" e sobre a disposição dos governos e das instituições europeias de agir no caso de uma piora do quadro. Os autores do documento baseiam suas projeções, no entanto, na hipótese mais favorável: as autoridades farão o necessário para preservar o euro e a união monetária.
Confirmadas essas condições, a economia da zona do euro deve encolher 0,4% em 2012 e crescer 0,2% em 2013. Até a locomotiva do bloco emperrou. A expansão alemã deve ficar em 0,9% neste ano e repetir-se no próximo. Itália, Espanha e Portugal devem ter resultados negativos nos dois anos. Para a Grécia, as previsões são de um desastre continuado, com a produção encolhendo 6% neste ano e 4% no próximo, depois de uma contração de 6,9% em 2011.
Muito dependentes de exportações, os emergentes da Ásia também são afetados pela crise na Europa e nos Estados Unidos, mas conseguem realizar, de acordo com o Fundo, um pouso suave. A maior economia da região e segunda maior do mundo, a China perdeu impulso no segundo trimestre em consequência de um ajuste iniciado no ano anterior. Mas as restrições foram afrouxadas e as novas projeções indicam crescimento de 7,8% em 2012 e 8,2% em 2013, 0,2 ponto abaixo das taxas previstas em julho para os dois anos. / R.K.

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