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segunda-feira, outubro 29, 2012

PSB: ''Ô ABRE ALAS QU´EU QUERO PASSAR...''



'Clã' dos Gomes ganha força no PSB



Autor(es): Por Murillo Camarotto
 | De Fortaleza
Valor Econômico - 29/10/2012

Roberto Claudio (PSB), que contou com o apoio do ex-jogador e deputado federal Romário, vota com a esposa
Convocado por seu partido para ajudar na reta final da corrida à Prefeitura de Fortaleza, o deputado federal Romário (PSB-RJ) fez mais do que lhe foi pedido. No comício realizado na última quinta-feira na capital cearense, o "baixinho" colocou seu carisma a serviço do candidato Roberto Claudio (PSB), eleito ontem com 53% dos votos. O ex-jogador, no entanto, foi além. Promoveu, com entusiasmo, a candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), à Presidência da República em 2014, algo que não é bem visto pelos caciques locais do partido.
Mesmo apertada - foram 74 mil votos de diferença -, a vitória de Roberto Claudio fortalece politicamente o clã dos Ferreira Gomes, encabeçado pelos irmãos Ciro e Cid, este último governador do Estado. Barrados em 2010 pela direção nacional do PSB (leia-se, por Eduardo Campos), que decidiu apoiar a candidatura da então ministra Dilma Rousseff (PT), os irmãos devem ser uma pedra no caminho do governador de Pernambuco, caso decida se lançar ao Planalto. A preferência dos cearenses é pela candidatura à vice-presidência em 2014.
Entusiasmado com o bom desempenho do PSB nas eleições municipais - foram 443 prefeituras -, Campos adotou um discurso mais agressivo após o primeiro turno, no ensaio do que pode vir a ser um grito de independência. Em entrevistas, reafirmou suas alianças e pontos de convergência com o PSDB, e cobrou resultados práticos do governo federal. Em Fortaleza, entretanto, o discurso é outro. "Para nós, é um partido que representa a elite conservadora do país. Não cogito a hipótese de aliança nacional com o PSDB", enfatizou Cid, em entrevista ao Valor.
Ex-tucanos, Cid e Ciro não têm aliança com o PSDB no Ceará. Até mesmo a relação afetuosa que mantinham com o ex-senador Tasso Jereissati arrefeceu. Apesar das brigas intermináveis com a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, que também é presidente estadual do PT, Cid enfatiza sua fidelidade ao governo federal, e lembra que tanto ele como Campos se comprometeram a apoiar Dilma em 2014.
A promessa foi feita em um jantar em junho no Palácio da Alvorada. As declarações de Cid vão na direção oposta ao "jogo duplo" adotado por Campos. "Ele não vai jogar um balde de água fria na militância dele, que o quer candidato a presidente. É compreensível", disse o governador do Ceará, que está ciente de que o colega pernambucano detém o controle do PSB e que será candidato, se assim desejar. O risco, porém, é não contar com o apoio dos Ferreira Gomes.
Apesar do prestígio crescente e do equilíbrio da disputa em Fortaleza, Campos não pediu votos para Roberto Claudio. Tendo o ex-presidente Lula como o grande trunfo do candidato petista Elmano de Freitas, derrotado com 47% dos votos válidos, Cid optou por não nacionalizar o pleito local. Mesmo assim, não deixou de alfinetar o ex-presidente. "O Lula defende o "novo" e o "velho" de acordo com suas conveniências", disse o governador, antes de contemporizar. "Ele está no seu papel."
Com a vitória do afilhado político, que é médico sanitarista, deputado estadual em segundo mandato e presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, o governador espera avançar mais rapidamente os projetos de sua gestão na capital. Aos 37 anos, o prefeito eleito tem entre as principais promessas de campanha a implantação do bilhete único em Fortaleza e a ampliação das escolas em tempo integral. Ele chegou à vitória sustentado por uma aliança de 20 partidos, que incluiu desde o PCdoB, passando pelo PMDB, até o DEM.
A conflituosa relação entre PSB e PT na campanha dificilmente será superada, apesar do discurso oficial de que o rompimento se resume à eleição municipal. Luizianne, que sairá de "férias" da política para um mestrado em filosofia, disse ontem que o PSB "representa claramente um projeto contrário ao petista em âmbito nacional". Assim como fez nos últimos sete anos, Cid Gomes discordou. "O Eduardo Campos pode até ser presidente da República, mas não em 2014." 
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