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terça-feira, novembro 13, 2012

QUE VERGONHA !!!



Lewandowski se irrita com relator e deixa julgamento



Autor(es): Maríângela Gallucci Felipe Recondo
O Estado de S. Paulo - 13/11/2012

Revisor reclama do fato de Barbosa ter alterado o voto de condenação do núcleo financeiro para o núcleo político
A dez dias de assumirem o co­mando do Supremo Tribunal Federal, os ministros  Joaquim  Barbosa e Ricardo Lewandows-ki desentenderam-se ontem se­riamente no plenário da Corte. Joaquim Barbosa, que tomará posse como presidente do STF, acusou o colega, futuro vice, de tentar obstruir o julgamento do mensalão. Como não houve retratação, Lewandowski abandonou o plenário em sinal de protesto.
O clima esquentou quando Le­wandowski reclamou do fato de Joaquim Barbosa, que é relator do processo, ter decidido sozi­nho, e em cima da hora, que on­tem seriam fixadas as penas para o chamado núcleo político, que inclui o ex-ministro José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro do parti­do Delúbio Soares. Na semana passada, Joaquim tinha dito que nesta semana seriam estabeleci­das as penas para o núcleo finan­ceiro do esquema.
Lewandowski contou que veio de São Paulo, onde participou de uma banca de mestrado, e estava surpreso com a decisão do rela­tor, de fixar a pena do núcleo político antes do financeiro. "Não in­teressa de onde veio. Estamos aqui para fixar a pena de todos os réus", respondeu Barbosa.
"Vossa Excelência está sur­preendendo a Corte a cada mo­mento. Toda hora Vossa Exce­lência vem com uma surpresa", afirmou Lewandowski, observando que o advogado de José Dirceu nem estava no plenário.
"A surpresa está na lentidão, nesse joguinho para julgar o caso", respondeu o relator. "Estou sur­preendido com a ação de obstrução de Vossa Excelência", acrescentou Barbosa. Diante da acusa­ção, o presidente da Corte, Carlos Ayres Britto, interveio: "Não se trata de obstrução". Mas Barbosa in­sistiu: "Está a fim de obstruir mes­mo". Lewandowski protestou: "Eu exijo uma retratação". Como não houve retratação, Lewandowski abandonou a sessão.
Revisor do processo do mensalão e futuro vice-presidente do tribunal, Lewandowski passou a primeira parte da sessão na sala dos lanches dos ministros, contí­gua ao plenário. Como votou pe­la absolvição de José Dirceu e José Genoino, ele não participaria da dosimetria das penas dos dois. Mas a sessão foi interrompi­da quando os ministros passa­riam a fixar a punição para o ex-tesoureiro Delúbio Soares pelo crime de corrupção. Nesse caso, a presença de Lewandowski era essencial, ja que ele é o revisor e votou a favor da condenação de Delúbio por corrupção. Lewandowski passou o intervalo cami­nhando em volta do prédio do STF acompanhado de um asses­sor e falando ao telefone.
A sessão foi retomada com atraso, com a volta de Lewandowski. O presidente da Corte disse que cumprimentava o cole­ga pelo retorno ao plenário, reassumindo "seu indispensável pa­pel de revisor". "As pessoas estra­nham que por vezes nossas dis­cussões se tornam um pouco mais acaloradas e a temperatura psicológica sobe, mas isso para mim é sinal de vitalidade, com­prova que aqui não há nada com­binado", disse Ayres Britto. Le­wandowski agradeceu "as gene­rosas palavras" do colega que, se­gundo ele, são "sempre pondera­das e agregadoras". "Eu as rece­bo como um desagravo pessoal que Vossa Excelência fez em no­me da Corte", afirmou. Joaquim Barbosa não pediu desculpas nem falou sobre o episódio.

COLABORARAM EDUARDO BRESCIANB e RICARDO BRITO

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