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segunda-feira, novembro 05, 2012

BRASIL: À ESPERA DO ''TIO SAM''



Visão do Correio 

:: De Obama a Romney, outros EUA



Correio Braziliense - 05/11/2012

Os Estados Unidos decidirão amanhã entre dar mais uma chance a um presidente considerado moderado ou optar por uma guinada à direita, colocando na Casa Branca um republicano mórmon conhecido por suas posições sociais pouco flexíveis. Barack Obama quer mais quatro anos para tentar estabilizar a economia e avançar em alguns pontos da política externa, área na qual o rival Mitt Romney tem posições antagônicas. Enquanto o democrata encarna o multilateralismo e prioriza a diplomacia na solução de imbróglios nocivos aos interesses nacionais, o ex-governador de Massachusetts ameaça o retorno à era George W. Bush, sem esconder a predileção pelas armas. No último debate, na Flórida, ele acusou o presidente de transmitir uma imagem de fraqueza para os países do Oriente Médio. E voltou a cometer gafes, ao sugerir que a frota da Marinha norte-americana é a menor desde 1917, sinal de que pretende reforçar o poderio bélico dos EUA. Mitt Romney esforça-se para desvincular sua imagem da do antecessor de Obama. Apesar de pregar uma "mudança real" -  uma tentativa de desqualificar o slogan da campanha democrata de 2008 - e prometer abrir 12 milhões de postos de trabalho, o republicano dá mostras de ser tão protecionista e conservador quanto Bush. Nos dois últimos debates, elegeu a China como inimiga número 1 de Wall Street. Acusou Pequim de trapacear as leis do comércio exterior e de promover uma competição desleal com Washington.
Surpreendeu o próprio Obama, ao ignorar as aproximações com o Kremlin e classificar a Rússia como adversária. No campo econômico, o republicano tenta desprezar a política financeira da atual administração, mas não apresenta um programa de governo que seja mais convincente ou capaz de impulsionar o crescimento pós-recessão. Se vencerem as eleições, os radicais do Tea Party, a ala ultraconservadora do Partido Republicano, buscarão usufruir do poder, por meio do futuro vice-presidente, Paul Ryan. Apesar da promessa de Romney de negociar com os democratas, as decisões suprapartidárias ficarão à mercê dessa corrente mais ortodoxa da direita. Quanto à América Latina, a julgar pelos três debates, permanecerá como tema de baixa relevância para o stablishment de Washington, seja com Obama, seja com Romney. Já o Oriente Médio seguirá como principal foco de atenção e de tensões com os Estados Unidos, especialmente no que se refere à crise nuclear no Irã, à guerra civil na Síria e à estagnação do processo de paz israelo-palestino. Um elemento de última hora adiciona ainda mais suspense às eleições. A resposta do governo federal ao desastre provocado pelo ciclone extratropical Sandy pode determinar a vitória de Obama nas urnas. O presidente procurou agir rápido. Na segunda-feira, suspendeu a campanha e manteve uma reunião de emergência com especialistas em furacões. Até o republicano Chris Christie, governador de Nova Jersey, considerou a atuação do democrata notável. Um contraste à lenta reação do ex-presidente George W. Bush à passagem do furacão Katrina, em agosto de 2005.

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