PENSAR "GRANDE":

***************************************************
[NÃO TEMOS A PRESUNÇÃO DE FAZER DESTE BLOGUE O TEU ''BLOGUE DE CABECEIRA'' MAS, O DE APENAS TE SUGERIR UM ''PENSAR GRANDE''].
***************************************************


“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.

----

''Os Economistas e os artistas não morrem..." (NHMedeiros).

"O Economista não pode saber tudo. Mas também não pode excluir nada" (J.K.Galbraith, 1987).

"Ranking'' dos políticos brasileiros: www.politicos.org.br

=========
# 38 RÉUS DO MENSALÃO. Veja nomes nos ''links'' abaixo:
1Radio 1455824919 nhm...

valor ...ria...nine

folha gmail df1lkrha

***

sexta-feira, novembro 23, 2012

ÁSIA [In:] O MUNDO DE OLHOS e ''BURRAS'' ABERTOS



O século da Ásia, a cooperação



Autor(es): Alcides G. R. Prates
Valor Econômico - 23/11/2012
 

O governo australiano divulgou ao final de outubro último um "Livro Branco" intitulado "A Austrália no Século Asiático". Entre as motivações do lançamento, a conclusão de que "no momento em que o centro de gravidade global transfere-se para a nossa região, a tirania da distância está sendo substituída pelas perspectivas da proximidade. A Austrália está localizada no lugar certo no momento certo - na região asiática no século da Ásia."
Um ano antes, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, assinara trabalho, publicado na edição de novembro de 2011 da revista "Foreign Policy", sob o título de "America"s Pacific Century". Tratava da mudança de foco na política externa dos Estados Unidos, voltado agora para a Ásia. Em janeiro de 2012, o presidente Barack Obama assinou a introdução a outro documento: "Sustentando a Liderança Global dos Estados Unidos: Prioridades para a Defesa no Século XXI", em que sublinha a "segurança e prosperidade da Ásia-Pacífico". No corpo do documento, de responsabilidade do Ministério da Defesa, está explicitado que os interesses econômicos e de segurança dos Estados Unidos estão "inextricavelmente ligados" ao que ocorre "no arco que se estende do Pacífico Ocidental e da Ásia do leste até a região do Oceano Índico e da Ásia Meridional".
Consequentemente, afirma o documento, enquanto a atuação militar americana "continuará a contribuir para a segurança global", também "teremos, por necessidade, que reequilibrar ("rebalance") na direção da região da Ásia Pacífico". Esta última frase está grifada pelos autores. Agora, em sua primeira viagem ao exterior depois de reeleito, o presidente Obama, coerente com a retórica dos citados documentos, participou, nos dias 19 e 20 de novembro, de reuniões associadas à cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), a saber, a 7ª Cúpula do Leste da Ásia e a 4ª Cúpula Asean-EUA, em Phnom Penh, no Camboja. Antes disso, esteve na Tailândia e em Myanmar. Foi acompanhado à região pelos seus ministros das relações exteriores e da defesa. Outros importantes líderes mundiais participaram das reuniões de cúpula da Asean e associadas.
Mesmo já sendo a região mais populosa do mundo, a Ásia, dentro de apenas alguns anos, será não apenas a maior produtora de bens e serviços no mundo, mas, a maior consumidora desses bens e serviços. Também abrigará a maioria da classe média mundial.
Ao mesmo tempo, o noticiário mundial sobre o 18º Congresso do Partido Comunista Chinês tem sido bastante amplo.
Toda essa atenção para a Ásia não é mera coincidência, naturalmente. Por exemplo, mesmo já sendo a região mais populosa do mundo, a Ásia, dentro de apenas alguns anos - conforme apontaram os australianos no citado documento, lançado em outubro último - será não apenas a maior produtora de bens e serviços no mundo, mas, igualmente a maior consumidora desses bens e serviços. Também abrigará a maioria da classe média mundial.
O Livro Branco australiano também se refere a dados sobre como, entre 2000 e 2006, cerca de um milhão de pessoas foram soerguidas do nível de pobreza por semana, no leste da Ásia. 
Ainda nessa região, economias duplicaram a renda per capita, primeiramente numa década, mas depois prosseguiram para triplicar a renda na década seguinte. Para colocar em perspectiva, os autores lembram que, no auge da Revolução Industrial, o Reino Unido levou cinquenta anos para duplicar a renda per capita.
Desde níveis baixos em 2000, o comércio entre a América Latina e Caribe (ALC) e a Ásia cresceu, segundo estudo conjunto do Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Banco Asiático de Desenvolvimento publicado este ano, à média anual de 20,5%, tendo alcançado US$ 442 bilhões em 2011. Nesse período, a participação da Ásia no comércio exterior da ALC passou de cerca de 10% para perto de 21%. Ao mesmo tempo, a participação da ALC no comércio da Ásia também cresceu, mas de cerca de apenas 2% para 4,4%, o que mostra a necessidade de mais empenho neste lado da relação.
E no Brasil? Temos dado atenção oficial compatível com nossos interesses a essa ascensão asiática (sendo a China, hoje, por exemplo, nosso principal parceiro comercial)? Parece-me que sim. Embora as forças de mercado tenham sido fundamentais para o notável aumento de comércio e investimentos entre a Ásia Pacífico e a América Latina e Caribe, a política externa brasileira vem ocupando, ao longo do processo, plena e ativamente, os espaços abertos à cooperação. Temos atuado nos planos bilateral, interregional e multilateral.
A presença brasileira no leste da Ásia tem sido constante, com sete embaixadas residentes e três cumulativas nos dez países da Asean, sem falar na tradicional presença no Japão, China, Índia e Coreia (mais recentemente inclusive na Coreia do Norte) e também nos dois países da Oceania mais atuantes internacionalmente, Austrália e Nova Zelândia. No plano interregional, O Brasil esteve, desde o início, há mais de uma década, entre os promotores do Focalal, o Foro de Cooperação entre a América Latina e o Leste da Ásia, tendo inclusive sediado em Brasília, em 2007, a terceira reunião ministerial do mecanismo, que hoje passa por uma revisão por um Grupo de Reflexão, com vistas à sua revitalização.
Na esfera multilateral, entre muitas outras iniciativas, merece registro um momento recente de significado verdadeiramente histórico. O Brasil estava também presente em Phnom Penh este mês, ocasião em que, às margens da acima citada cúpula e reuniões associadas da Asean, foi feito o depósito do instrumento de ratificação da adesão brasileira ao Tratado de Amizade e Cooperação da Asean (TAC). A aprovação legislativa ocorrera em maio último. O Brasil é o primeiro país latino-americano, e o segundo nas Américas, depois, somente, dos Estados Unidos, a ser aceito pela Asean como parceiro de "Amizade e Cooperação".
As bases parecem, assim, bem lançadas para continuarmos a aproveitar as oportunidades do "Século Asiático", o que não significa, contudo, que terão efeitos por si mesmas, sem esforços deliberados e persistentes numa conjuntura internacional difícil.
---
Alcides G. R. Prates é diplomata, ex-Embaixador em Hanói e Manila. As opiniões expressas nesta matéria são de exclusiva responsabilidade do autor.

Nenhum comentário: