PENSAR "GRANDE":

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[NÃO TEMOS A PRESUNÇÃO DE FAZER DESTE BLOGUE O TEU ''BLOGUE DE CABECEIRA'' MAS, O DE APENAS TE SUGERIR UM ''PENSAR GRANDE''].
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“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.

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''Os Economistas e os artistas não morrem..." (NHMedeiros).

"O Economista não pode saber tudo. Mas também não pode excluir nada" (J.K.Galbraith, 1987).

"Ranking'' dos políticos brasileiros: www.politicos.org.br

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# 38 RÉUS DO MENSALÃO. Veja nomes nos ''links'' abaixo:
1Radio 1455824919 nhm...

valor ...ria...nine

folha gmail df1lkrha

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segunda-feira, dezembro 22, 2008

EDITORIAL: BOAS FESTAS; FELIZ 2009!!!

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CAROS AMIGOS, COLEGAS e VISITANTES:

ESTAMOS ENCERRANDO NOSSAS ATIVIDADES DESTE ANO EM NOSSO BLOGUE.
QUEREMOS AGRADECER OS COMENTÁRIOS RECEBIDOS, IDENTIFICADOS OU NÃO. ESSA INTERAÇÃO NOS PERMITE REFLETIR SOBRE AS POSTAGENS E SUAS REPERCUSSÕES.

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RETORNAREMOS EM 12 DE JANEIRO DE 2009.
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ASSIM, DESEJAMOS À TODOS, OS MELHORES VOTOS DE BOAS FESTAS E UM NOVO ANO DE (COM) TRABALHO, PRODUÇÃO E REALIZAÇÕES EM TODO E QUALQUER CAMPO DE ATIVIDADE, AINDA QUE DIFICULDADES POSSAM SURGIR.


Att.
Natalino Henrique Medeiros.

-o0o-
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Paz
União

Alegrias

Esperanças

Amor...Sucesso
Realizações......Luz
RespeitoHarmonia
Saúde ...Pureza
Felicidade ........Solidariedade
Confraternização ...Humildade
Amizade ... Sabedoria......Perdão
Igualdade...Liberdade...Boa-sorte
Sinceridade...Estima...Fraternidade
Equilíbrio...Dignidade...Benevolência
Fé...Bondade...Paciência...Gratidão...Força
TenacidadeProsperidadeReconhecimento

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(*) Ícones disponíveis na rede.
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domingo, dezembro 21, 2008

A HORA DO "ÂNGELUS": ADVENTO IV

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É lugar comum, por ocasião do "advento", período que antecede os preparativos para a "vinda do Menino-Deus", no mundo cristão, o "espírito natalino" tomar conta por algumas semanas, do ser humano, ainda que dividido e seduzido pelas luzes e neons dos shoppings centers da Vida. Notadamente no Brasil de hoje, quando o Planalto se encarregou do merchandising: "Compre já!".
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Há poucos dias deparei-me com vários
out-doors espalhados pela cidade, conclamando: "Jesus em breve voltará. Você está preparado?" (Eu gostaria de saber se aqueles que pagaram pelos cartazes, estão...; aqui, sem qualquer juízo de valor. Apenas me dando o direito de perguntar da mesma maneira como fui - indiretamente - inquirido).
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Nesse sentido, considerando o "advento", o que o Menino-Deus e os líderes espirituais das demais religiões, seitas e credos diriam, mediante o relato da reportagem que postamos para a reflexão do dia de hoje?

-o0o-


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DARFUR
À ESPERA DE UM SALVADOR

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Darfur, no Sudão, cenário de um genocídio silencioso,
é um lugar sem lei e sem espaço para a misericórdia divina.
Seria também um lugar sem nenhuma esperança, não
fosse o trabalho humanitário de um batalhão de abnegados


Diogo Schelp, de El Fasher

Jehad Nga/Corbis/Latinstock
NO LIMITE DA SOBREVIVÊNCIA
Mãe e filho refugiados no campo de Abu Shouk. Darfur é beneficiado com o maior programa de distribuição de alimentos do mundo. Nos últimos anos, a taxa de desnutrição infantil caiu na região, mas continua acima da linha de emergência


Em um mundo em que a corrente de informação circula ao ritmo de terabytes por segundo e quase tudo o que se quer saber está, para 1 bilhão de pessoas, a apenas um clique de distância, como explicar que a tragédia de Darfur seja invisível? O mundo ignora ou finge ignorar que Darfur, no Sudão, é cenário de uma guerra de extermínio contra uma população indefesa. O mesmo mundo que se apieda de um filhote de urso-polar abandonado pela mãe no zoológico de Berlim fecha os olhos para as centenas de milhares de crianças subnutridas dos 130 campos de refugiados de Darfur. O mundo que está prestes a comemorar o Natal, festa que ultrapassou os limites do cristianismo para congraçar homens e mulheres de diferentes credos, esquece que em Darfur a noite de 24 de dezembro será apenas véspera de mais um dia em que crianças morrerão, homens serão executados e mulheres, estupradas. Vem sendo assim desde 2003, quando eclodiu o conflito entre o governo do ditador Omar al-Bashir e rebeldes dessa região do oeste sudanês. E também quando, armados pelo governo de Cartum, bandos de facínoras, a pretexto de combater revoltosos, intensificaram a matança indiscriminada de cidadãos que não pertenciam à sua etnia "árabe".

A questão étnica que alimenta as atrocidades perpetradas na região é, por assim dizer, atávica em Darfur – e nada tem a ver com o tipo de disputa que está na base dos conflitos modernos. De acordo com uma pesquisa divulgada na semana passada pelo Instituto para o Estudo de Conflitos Internacionais de Heidelberg, na Alemanha, os principais motivos de tensões no mundo, hoje, são os fatores ideológicos (teocracia contra estado secular, por exemplo) e o separatismo ou busca por autonomia regional – e tais não são os casos em Darfur. O que se tem ali é uma guerra que há muito perdeu qualquer propósito. O que se tem ali é uma matança selvagem, seja por meio de fuzilamentos sumários, seja por meio da fome imposta pelo isolamento. Paz, em Darfur, é um conceito demasiado abstrato, inalcançável até mesmo como metáfora para as crianças que crescem em campos fétidos e violentos. A única luz nesse mundo escurecido pela ausência da razão é proporcionada pelo trabalho das organizações humanitárias. Os valores universais da civilização, celebrados por ocasião do Natal, movem os voluntários em Darfur como os ventos giram os moinhos. Esses abnegados de diferentes partes do planeta, inclusive do Brasil, mantêm viva a esperança de que, um dia, a comunidade internacional finalmente dirá um sonoro basta ao que ocorre no Sudão.


Evelyn Hockstein/The New York Times
NEGLIGENCIADOS
Refugiada acena para comboio da ONU no campo de Taiba. Mais da metade das crianças de Darfur em idade escolar não estuda e 1 milhão vive em campos como este, em Darfur do Oeste, onde ONGs fazem o papel do estado ao prover serviços de saúde e saneamento

Tomorrow, inshallah: "Amanhã, se Alá quiser". A frase, parte em inglês, parte em árabe, é repetida em tom monocórdio nas repartições públicas do Sudão, como resposta aos estrangeiros que cobram a autorização do governo para viajar a Darfur, no oeste do país. A guerra civil na região provocou uma crise humanitária de proporções épicas. Quase metade dos 6 milhões de habitantes de Darfur vive em aglomerações humanas improvisadas, os campos de deslocados internos – ou, simplesmente, refugiados. Outros 2 milhões de pessoas ainda não deixaram suas aldeias, mas foram afetadas pela destruição de lavouras ou pela morte de familiares. A exigência da permissão a estrangeiros para viajar à zona de conflito é uma tentativa do governo de sonegar ao resto do mundo dados e imagens dos horrores cometidos em Darfur. O ditador sudanês Omar al-Bashir, que chegou ao poder em 1989 em um golpe organizado por fundamentalistas islâmicos, tem mesmo o que esconder. Com a justificativa de combater rebeldes que lutam contra o regime, o governo do Sudão bombardeia aldeias e apóia os janjaweeds, milícias autoproclamadas árabes cuja missão é limpar Darfur de outras etnias. Ao todo, já morreram 300000 pessoas. Hoje, os ataques acontecem com menos intensidade do que no início da guerra, em 2003 e 2004. Mas não são números que definem um genocídio.

Cinco anos atrás, quando a opinião pública do planeta começou a ser informada sobre a matança em Darfur, havia a convicção de que as organizações mundiais provariam sua capacidade de impedir, às portas do século XXI, extermínios como os que assolaram a história dos 100 anos anteriores. Hoje, os fatos atestam que tal desígnio fracassou. Este mês marca o aniversário de sessenta anos da assinatura da Convenção para a Prevenção e Punição do Genocídio da Organização das Nações Unidas, que definiu como crime internacional a tentativa de destruir a totalidade ou parte de um grupo nacional, étnico, racial ou religioso. Segundo o texto da ONU, não é preciso haver assassinatos em massa para que um crime seja classificado como genocídio. Impor condições de vida subumanas a um grupo de pessoas semelhantes entre si, com o objetivo de levar à sua destruição física, também se enquadra nos critérios da convenção. É o que ocorre em Darfur. O número de combatentes e civis mortos de maneira violenta caiu de 4500 em 2006 para 3000 no ano passado. O genocídio silencioso, no entanto, segue seu curso. Desde o início deste ano, 300000 pessoas foram obrigadas a deixar suas casas, suas pequenas lavouras e suas terras. Elas fogem dos ataques a suas aldeias, do estupro coletivo e da desertificação do Sahel, a faixa semi-árida ao sul do Deserto do Saara que domina a paisagem local.

Evelyn Hockstein/The New York Times
IMPROVISO
O campo de Kalma, em Darfur do Sul, foi estabelecido por refugiados da etnia fur, em 2004, sobre uma tradicional rota de migração de povos nômades, o que só serviu para aumentar as tensões étnicas no local. Em 2008, em Darfur, foram registrados mais de cinqüenta confrontos entre tribos rivais

Vista do alto, Darfur é uma região predominantemente desértica, entrecortada de leitos secos de rios. Sazonais, eles só têm água durante três meses por ano, em média. De perto, a aridez é amenizada pelo colorido dos panos usados pelas mulheres muçulmanas para se cobrir e pela existência de uma vegetação esparsa que exibe improváveis árvores frondosas, como mangueiras. Sob uma delas, na cidade de El Fasher, capital de Darfur do Norte, rebeldes de uma das facções do Exército de Libertação do Sudão (SLA, na sigla em inglês) aproveitam a sombra para conversar sentados em cadeiras de plástico ou apoiados em seus Kalashnikov, com os quais dão sua contribuição às atrocidades da guerra. Cinco vezes ao dia, eles estendem seus tapetes e rezam voltados para Meca, enquanto o fuzil automático repousa ao lado. Entre as casas de alvenaria de El Fasher, construídas sobre a areia fofa, os carros traçam aleatoriamente o percurso das ruas.

Khaled El Fiqi/EFE
AJUDA INTERROMPIDA
Refugiada prepara-se para cozinhar no campo de Kalma. Os ataques de milícias a veículos de agências humanitárias fazem com que 3 milhões de pessoas, que dependem de doação de alimentos para sobreviver, recebam apenas 65% da cota diária individual recomendável, de 2 100 calorias


Essa Darfur quente, de natureza hostil, é dividida em três estados: o já citado Darfur do Norte, o do Sul e o do Oeste. Juntos, representam quase um sexto do território do Sudão, o maior país da África. A fé da maioria da população é o islamismo – a assertiva vale também para Darfur. Há dezenove etnias no país, que por sua vez se dividem em seis centenas de tribos distintas. O nome Sudão tem origem na palavra "negro", em árabe. "Terra dos negros": era assim que os mercadores e traficantes de escravos vindos do Oriente Médio – introdutores do islamismo a partir do ano 1000, em substituição ao cristianismo – se referiam ao atual território sudanês. Um milênio de miscigenação fez com que em todas as tribos predominasse o mesmo tom de pele muito escuro, inclusive naquelas que se definem como "árabes". A identificação étnica, hoje, tem mais a ver com hábitos culturais, como o nomadismo, do que com a aparência física. Desde a independência do Império Britânico, em 1956, os "árabes" do norte do país detêm o monopólio do poder político e econômico, concentrado na capital, Cartum. Negligenciado pelo centro do poder, o sul, de maioria africana e católica, deflagrou em 1983 uma guerra de secessão que levaria à morte de 2 milhões de pessoas. Um acordo firmado em 2005 acabou com o conflito, dando mais autonomia e mais dinheiro aos estados do sul do país. Foi quando o sul e o norte iniciaram as conversações de paz, que deflagraram uma nova guerra civil em Darfur, onde havia décadas tribos majoritárias se sentiam prejudicadas pelos sucessivos governos corruptos de Cartum. A população da região, quase toda muçulmana, é formada por dezenas de tribos, divididas entre as que também se dizem árabes, em geral nômades e pastoris, e outras de cultura eminentemente africana, de hábitos sedentários e dedicadas à agricultura. A violência étnica, que já era parte do cotidiano local havia séculos, exacerbou-se quando milícias "árabes" começaram a ser armadas por encrenqueiros – inclusive externos, como Muamar Kadafi, ditador da Líbia. Para complicar, grupos armados do Chade, empenhados em derrubar o governo de seu país, usam a região sudanesa como refúgio.

Os rebeldes de Darfur, no começo da década, eram formados exclusivamente por membros de etnias como os furs, os zaghawas e os masalits, que se viram obrigados a se armar para proteger suas terras dos janjaweeds. O governo sudanês reagiu aos primeiros ataques dos rebeldes, ampliando assim seu apoio às milícias. Na prática, isso significou armar os janjaweeds e preparar o terreno para os seus ataques. Há relatos de aldeias que foram cercadas pelo Exército sudanês, para que ninguém fugisse antes de os janjaweeds entrarem, saquearem, matarem indiscriminadamente e reunirem as mulheres para estupros coletivos. Hoje, os rebeldes provêm de todas as etnias da região – porque a guerra contra elas é total. "Em Darfur, os árabes e os africanos se parecem uns com os outros. Foi a propagação da ideologia da supremacia islâmico-árabe entre os povos nômades do deserto que levou negros a matar negros," explica o historiador Muhammad Jalal, da Universidade de Cartum.

Lynsey Addario/Corbis/Latinstock

REINÍCIO
Uma mulher tenta reconstruir uma cabana, dias depois de sua aldeia, em Darfur do Oeste, ter sido bombardeada pela Força Aérea sudanesa, em fevereiro

A reportagem de VEJA visitou, no mês passado, cinco campos de refugiados nos três estados de Darfur. As histórias dos moradores desses campos se repetem com variações ínfimas: suas aldeias foram bombardeadas; seus familiares, assassinados pelas milícias; suas mulheres, raptadas e violentadas. Ou: a aldeia vizinha foi atacada e eles acharam que seriam os próximos. Ou: houve combates entre rebeldes e janjaweeds, a aldeia foi afetada, suas lavouras foram queimadas e o gado, roubado. "Meus irmãos foram assassinados a tiros e minha casa, incendiada pelos janjaweeds", conta Fatima Adam Abdala, de 30 anos. Na fuga, ela caminhou durante dois dias até chegar ao campo de Kalma, em Darfur do Sul, onde vive hoje. Um dos homens responsáveis por proteger a população civil de ataques como esses é o general Henry Anyidoho, de Gana, vice-representante especial da Unamid, a força de paz conjunta da ONU e da União Africana em Darfur. Na tarde de 23 de novembro, um domingo, Anyidoho recebeu VEJA para uma entrevista em seu contêiner com ar condicionado no quartel-general da Unamid, em El Fasher. No mesmo dia, a 100 quilômetros a noroeste dali, uma aldeia foi bombardeada pela Força Aérea sudanesa, informação que só chegou ao comando da Unamid 48 horas depois. O episódio demonstra a impotência dos mecanismos aos quais foi confiada a tarefa de impedir o genocídio que adentra o século XXI.

A missão de paz integrada por Anyidoho não é omissa. Ela simplesmente não conta com o contingente e o equipamento necessários para cumprir seu mandato de impor a paz em Darfur – à força, se necessário. A resolução da ONU que criou a Unamid se dispôs a enviar 26.000 homens e 24 helicópteros militares à região. Hoje, há apenas 9.300 capacetes azuis (a cor das Nações Unidas) para monitorar um território do tamanho do Paraguai (outros 2.400 devem chegar ainda neste mês). E nenhum helicóptero. Repita-se: nenhum. Em julho passado, um comboio da Unamid foi pego numa emboscada por uma milícia com duas centenas de homens armados. No embate, sete soldados da força de paz morreram. Se houvesse helicópteros militares, os 22 feridos poderiam ter sido evacuados em vinte minutos. Como não havia, o resgate levou três horas. Uma missão de paz depende da boa vontade das nações para receber soldados e veículos emprestados. "Quem sabe o governo brasileiro não pode ceder alguns de seus aviões militares da Embraer?", diz Anyidoho. Ele está acostumado a não ser ouvido. No início da década de 90, o general ganense de 120 quilos era o segundo no comando da força da ONU em Ruanda, quando 800000 tútsis foram massacrados por milícias hutus. Anyidoho e seu chefe, o general canadense Roméo Dal-laire, alertaram a comunidade internacional sobre a limpeza étnica antes que ela acontecesse e pediram ao Conselho de Segurança mais soldados e autorização para impedir a matança. Em vez disso, foram ignorados e impedidos de interceder no que o presidente americano Bill Clinton chamou, na ocasião, de "assunto interno de Ruanda". Anyidoho assistiu impotente ao genocídio.

"Eu entrei para o SLA em 2003, depois que minha aldeia foi atacada e as milícias cometeram o primeiro estupro em massa da guerra. Na ocasião, meu irmão foi assassinado brutalmente na frente da minha mãe. Ela morreu no ano passado em um campo de refugiados no Chade."

COMANDANTE ADAM ALI WAR, membro de uma das facções do Exército de Libertação do Sudão (SLA, na sigla em inglês). Na foto ao lado, Adam está no centro, entre dois rebeldes do grupo, em El Fasher

Em relação a Darfur, para contrabalançar a ineficácia da missão de paz propriamente dita, está em curso uma operação de ajuda humanitária que atenua as vicissitudes dos refugiados. Graças a ela, a taxa de desnutrição caiu pela metade nos últimos anos. Atuam na região dezesseis agências da ONU e 85 ONGs, que prestam serviços como atendimento de saúde e distribuição de comida. Para cada 366 habitantes de Darfur, há um trabalhador humanitário. Entre eles, Mauricio Burtet, de 32 anos, um gaúcho hiperativo que trabalha em El Fasher como chefe de campo do Programa Alimentar Mundial (PAM), agência da ONU especializada em distribuição de comida em situações de emergência. Burtet explica a dificuldade de trabalhar na região: "As cotas de comida que conseguimos distribuir a cada pessoa estão abaixo do ideal, porque nossos carregamentos têm sido roubados e nossos motoristas, seqüestrados". Só neste ano, 100 caminhões do PAM desapareceram nas mãos de bandos armados, que ninguém sabe identificar se são janjaweeds, rebeldes ou um dos grupos criminosos sem filiação política que proliferam em Darfur, onde um AK-47 pode ser comprado por 100 dólares. Nos morros cariocas, custa 120 vezes mais.

As organizações de ajuda e a Unamid enfrentam uma situação paradoxal em Darfur. Elas estão lá para proteger a população civil, mas, para atuar, dependem da boa vontade do governo sudanês – algoz dos refugiados. A Unamid, por exemplo, precisa importar milhares de toneladas de equipamentos para suas tropas, de material de escritório a veículos blindados. Com freqüência, os fiscais do governo sudanês levam meses para liberar os contêineres da Unamid na alfândega. Os trabalhadores humanitários passam por dificuldades semelhantes com a burocracia estatal. A atividade das ONGs ficou ainda mais penosa depois do indiciamento de Omar al-Bashir, em julho passado, pelo promotor-chefe do Tribunal Penal Internacional (TPI), o argentino Luis Moreno-Ocampo. O ditador foi indiciado por genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra em Darfur. Se os juízes do TPI acatarem a acusação, uma decisão a ser tomada nos próximos meses, Al-Bashir não poderá mais viajar a nenhum país signatário do tribunal internacional, incluindo o Brasil. Ele será preso se o fizer. Com isso, Moreno-Ocampo criou um motivo a mais para os burocratas sudaneses, afundados em seus sofás velhos nos prédios públicos decrépitos de Cartum, repetirem seu mantra: "Tomorrow, inshallah". Não surpreende que os funcionários da ONU e das ONGs humanitárias critiquem Moreno-Ocampo, a quem acusam de exibicionismo e de não pensar nas conseqüências políticas de suas decisões. "Nunca ouvi dizer que a Argentina tivesse bons advogados", ironiza o etíope Abdul Mohammed, diretor do departamento político da Unamid.

Fotos Lynsey Addario/Corbis/Latinstock

SEM CONTROLE
No alto, soldados nigerianos da Unamid em patrulha em El Geneina. Acima, adolescentes de uma milícia que recebe guarida do regime sudanês em Darfur e às vezes entra em confronto com rebeldes da região

Para além do destemor, os oficiais da missão de paz – que se dividem entre militares e policiais – têm em comum o abatimento. "Temos uma missão impossível", diz William Caine, um policial inglês aposentado. De dentro do quartel-general da Unamid em El Fasher, ele aponta para o campo de Abu Shouk, com cerca de 50000 pessoas, onde os capacetes azuis fazem patrulhas durante o dia. Não há contingente para fazer o mesmo à noite, quando ocorrem tiroteios e raptos de mulheres. Entre suas tarefas está uma paradoxal: treinar a polícia sudanesa dentro de padrões de respeito aos direitos humanos e tentar estabelecer um elo de confiança entre essas forças de segurança e os refugiados. "Como fazer isso se a polícia daqui representa o mesmo governo que os ataca?", pergunta-se Caine.

Que o digam os refugiados de Kalma, em Darfur do Sul. Na manhã do dia 25 de agosto, a polícia sudanesa tentou entrar em Kalma, campo com mais de 80000 pessoas, para procurar por armas e rebeldes. Trinta e três moradores foram mortos e setenta feridos, incluindo mulheres grávidas e crianças. "Ainda tenho medo de que isso possa se repetir", diz Fatima Adam Hamis, de 20 anos, que teve uma irmã e um sobrinho feridos no episódio. O psiquiatra Alberto Hexsel, de 54 anos, gaúcho de Passo Fundo, que passou alguns meses trabalhando para a organização Médicos sem Fronteiras, estava próximo a Kalma quando o ataque aconteceu. Ele participou do socorro aos feridos. "Nós entramos no campo horas depois e, além de muito sangue no local do massacre, vimos chinelos e sapatos espalhados, deixados para trás durante a correria", conta Hexsel. Como na maioria dos campos, os refugiados de Kalma vibraram ao saber que Al-Bashir havia sido indiciado pelo Tribunal Penal Internacional. Mas, também a exemplo do que ocorre nos outros campos, não esperam que o ditador seja preso ou deposto para tentar melhorar sua vida.

Evelyn Hockstein

"Quando fugi de minha aldeia, caminhei durante dois dias para chegar aqui. Às vezes, o governo cerca o campo e passamos cinco dias sem poder sair para trabalhar."

FATIMA ADAM ABDALA, de 30 anos, que vive há cinco no campo de refugiados de Kalma. Ela não acredita que um dia poderá voltar para casa

Depois de quatro ou cinco anos morando de maneira improvisada, os refugiados procuram dar a suas cabanas um aspecto menos precário. Uma das atividades mais dinâmicas nos arredores dos campos é a produção de tijolos. Entre Abu Shouk e Al Salaam, em Darfur do Norte, o terreno ganhou um aspecto de queijo suíço, com centenas de crateras de onde mulheres, homens e crianças cortam pequenos blocos de barro. Em Hamadiya, em Darfur do Oeste, próximo a Jebel Marra, montanha dominada por rebeldes, as acácias e palmeiras foram derrubadas para alimentar o fogo dos fornos de fabricação de tijolos. Sobraram alguns poucos baobás, árvores de caule largo, comuns na savana africana. Com o tempo, as cabanas de palha ou tendas estão sendo substituídas por casas com paredes de barro ou tijolo artesanal. Taiba, em Darfur do Oeste, e outros campos habitados por clãs árabes são uma exceção. Com medo da guerra, seus moradores abandonaram os hábitos nômades, mas mantiveram a tradição de viver em cabanas de palha efêmeras.

Os campos de refugiados são verdadeiras bombas populacionais: a maioria continua recebendo milhares de pessoas por ano. Elas buscam desesperadamente um lugar onde possam ter alguma sensação de segurança, por menor que seja. "A maioria dos campos está à distância de um dia de caminhada de uma base da Unamid", diz o diretor de Informação Pública Kemal Saiki, um argelino que usa um relógio em cada pulso, come faláfel três vezes por dia e já serviu em meia dúzia de missões de paz ao redor do mundo. Nos campos, os refugiados têm condições mínimas de se sustentar por conta própria, pois não há espaço para plantar ou manter uma criação numerosa de bodes e camelos. "Tenho uma pequena plantação a três horas de caminhada do campo", diz Tigani Bilal Suleiman, de 55 anos, morador de Al Salaam que consegue com isso obter uma renda equivalente a 2 dólares por dia. Outros homens tentam algum subemprego nas cidades e as mulheres recolhem lenha para vender, sob o risco de serem estupradas nos arredores do campo. "A violência sexual é um problema real em Darfur, mas o governo quer abafar o assunto, impedindo as ONGs de criar programas de apoio psicológico às mulheres", disse a VEJA o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, John Holmes.

Evelyn Hockstein

"Voltar para minha aldeia natal é um sonho distante. Mesmo que se firme a paz, não podemos retornar sem ter condições mínimas de sustento ou serviços básicos de educação e saúde. Aqui, dou aulas de inglês, mas preferia ter um emprego em uma agência da ONU em Darfur."

YUSSUF IBRAHIM, de 25 anos, do campo de Hamadiya. A guerra o obrigou a interromper a faculdade de direito. Três de seus irmãos e duas irmãs foram mortos a tiros pelos janjaweeds

O ponto de encontro de trabalhadores de organizações de ajuda humanitária, funcionários da ONU e jornalistas, enquanto lutam contra a burocracia montada para impedi-los de ir a Darfur, é Cartum. A capital do Sudão é uma introdução eloqüente ao país. O banheiro do Ministério das Relações Exteriores não tem vaso sanitário, apenas um buraco no chão. Os diplomatas saem dali e têm de limpar a sola dos sapatos no tapete vermelho do corredor. Com exceção de algumas poucas vias principais, as ruas de Cartum são de terra, inclusive no centro da cidade. Como chove muito pouco – 150 milímetros por ano, um décimo da média de Brasília –, isso faz da capital sudanesa um lugar empoeirado e marrom. Nem o fato de a cidade estar situada junto ao encontro dos rios Nilo Azul e Nilo Branco salva a paisagem.

Não há muito que fazer na capital. Os canais de televisão abertos são controlados pelo governo. Os jornais, censurados. "Todas as tardes, um funcionário da segurança nacional vem à redação para vetar os artigos que falem do indiciamento de Al-Bashir, de Darfur ou dos desastres ambientais causados pela exploração de petróleo", diz Omuno Otto, membro do conselho editorial do jornal Khartoum Monitor. Apenas um em cada 126 sudaneses tem acesso à internet. No Brasil, a média é de um em cada cinco habitantes. Quando podem, os sudaneses embebedam-se às escondidas, trancados em casa, já que a lei islâmica pune com chicotadas o consumo de álcool. Traficantes etíopes oferecem cerveja e uísque nas calçadas do centro, como se vendessem maconha. Uma garrafa do uísque Johnnie Walker Red Label sai por 100 dólares no mercado negro, três vezes mais do que num supermercado brasileiro. Em maio deste ano, o tédio foi interrompido quando um grupo de rebeldes de Darfur, o Movimento da Justiça e Igualdade, ocupou por um dia um subúrbio de Cartum, depois de atravessar 600 quilômetros de deserto. Pela aparência e falta de infra-estrutura, Cartum faz jus à condição de capital de um dos países mais pobres do mundo. O Sudão está logo abaixo do Haiti no ranking do índice de desenvolvimento humano da ONU. A taxa de mortalidade infantil sudanesa é uma das quinze mais altas do planeta. O serviço de saúde gratuito praticamente inexiste. Mesmo o cidadão mais pobre, quando vai a um hospital público, tem de pagar. As clínicas particulares parecem cortiços. A qualidade dos médicos é tão baixa que, com freqüência, o paciente sai da consulta com três diagnósticos diferentes e a orientação para fazer tratamento para todos eles, por garantia.

Lynsey Addario/Corbis/Latinstock

VISADAS
Mulheres de Hamadiya voltam de mercado na cidade de Zalingei, em Darfur do Oeste: afastar-se do campo de refugiados é arriscado, por causa dos estupros freqüentes

As condições de vida dos sudaneses contrastam com os recursos naturais de seu país. A exportação de petróleo estimula um crescimento econômico que, no ano passado, foi de 12,4%. Isso faz do país a segunda economia que mais cresce na África, atrás apenas de Angola. Sob sanção econômica dos Estados Unidos desde 1997, por apoio ao terrorismo islâmico e pelo conflito em Darfur, o Sudão está à margem do sistema financeiro mundial. Todo viajante no país se torna um cofre ambulante, já que cartões de crédito não são aceitos e é preciso carregar dinheiro em espécie. O isolamento aproximou o Sudão da China, hoje seu maior parceiro comercial e investidor. Os chineses são os maiores acionistas da principal empresa petrolífera do país e dominam os contratos na área de infra-estrutura, onde ainda há tudo por fazer: o Sudão tem apenas 3000 quilômetros de estradas e ruas asfaltadas, das quais quase metade foi construída pelo terrorista Osama bin Laden, que viveu em Cartum na década de 90 a convite do governo. Os interesses econômicos da China no Sudão deram a Al-Bashir um aliado com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU. Isso explica em parte por que é tão difícil aprovar resoluções de represália ao seu governo – outra razão é a ajuda que o Sudão recebe de países como o Brasil, que se absteve em 2006 numa votação da ONU que visava a exigir a investigação dos crimes em Darfur. Quando permite a aprovação de sanções, a China não as respeita: o país asiático vende equipamentos militares às forças sudanesas, apesar da resolução das Nações Unidas que proíbe o comércio de armamentos com o país africano.

Há um consenso de que a crise humanitária em Darfur só terá fim com negociações de paz que incorporem os líderes rebeldes à política nacional, como ocorreu no acordo que acabou com a guerra civil entre o norte e o sul do país. Uma tentativa de colocar rebeldes e o ditador Al-Bashir para negociar está sendo feita pelo governo do Catar, no Oriente Médio. O problema é que Al-Bashir já descumpriu outros acordos de cessar-fogo. Por isso, são exigidas do seu governo quatro provas de confiança. A primeira será admitir que os habitantes de Darfur foram vítimas de atos criminosos por parte do estado, cuja obrigação era protegê-los. A segunda será compensar financeiramente os afetados pela guerra. A terceira será abolir a divisão de Darfur em três estados, uma medida adotada na década de 90 para enfraquecer a oposição. Por fim, mas não nessa ordem, o governo deverá cessar por completo os bombardeios e iniciar o desarmamento das milícias. Este será o maior desafio porque, como diz o ditado sudanês, dar comida ao leão é fácil. Difícil é tirar. O indiciamento de Al-Bashir irritou o regime militar do Sudão e atrapalhou o trabalho das organizações internacionais no país. Mas criou uma oportunidade: Darfur voltou ao centro das preocupações dos políticos do país e há uma convicção generalizada de que é preciso encontrar uma saída para a região. Esse pode ser o primeiro passo para a paz. Inshallah.

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http://veja.abril.com.br/241208/p_088.shtml

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sábado, dezembro 20, 2008

EDITORIAL: O TOQUE DE MIDAS ÀS AVESSAS...

:(
E Machado virou circo...


Diogo Mainardi

Machado de Assis é Bentinho. Nós somos Capitu. A analogia é simples: nós abastardamos a obra de Machado de Assis. No centenário da morte do escritor, Dom Casmurro e seus outros romances perderam qualquer sinal de paternidade machadiana. Eles parecem gerados por Escobar, o amante de Capitu.

Luiz Fernando Carvalho, diretor da série televisiva Capitu, é o mais perfeito Escobar que surgiu até agora. Seu "Dom Casmurro" tem o nariz de Luiz Fernando Carvalho, tem o sorriso de Luiz Fernando Carvalho, tem a mentalidade de Luiz Fernando Carvalho. Nada nele recorda o "Dom Casmurro" de Machado de Assis, apesar de reproduzir diálogos do romance. Na série, Bentinho aparece estranhamente caracterizado como Dick Vigarista, do desenho animado Corrida Maluca: nas roupas, no bigode, na magreza, no temperamento e, acima de tudo, na canastrice do ator que desempenha seu papel. Qual é o melhor candidato a Muttley? O agregado José Dias.

A série Capitu tem um aspecto circense. É Machado de Assis encenado por Orlando Orfei. É Bentinho imitando Arrelia no picadeiro de Fausto Silva: "Como vai, como vai, vai, vai? Eu vou bem, muito bem, bem, bem". Luiz Fernando Carvalho usa uma linguagem grotesca, afetada, espalhafatosa, cheia de contorcionismos e de malabarismos. Machado de Assis é o oposto. No livro Dom Casmurro, o relato de Bentinho é espantosamente seco e desencantado. Ele narra sua história apenas para combater o tédio: sem drama, sem sentimentalismo, sem teatralidade. Quando Bentinho descobre que o filho bastardo de Capitu com Escobar morreu de febre tifóide, ele comenta simplesmente: "Apesar de tudo, jantei bem e fui ao teatro".

Luiz Fernando Carvalho só foi autenticamente machadiano na metalinguagem. A atriz que interpreta Capitu está grávida de sete meses. Quando um repórter lhe perguntou se o pai do menino era Luiz Fernando Carvalho – o Escobar de Jacarepaguá –, ela se recusou a responder, limitando-se a declarar, como uma Capitu do funcionalismo público: "Não vou dizer a identidade e o CPF dele".

A literatura brasileira tem um escritor. Um só. O que fizemos com ele, nos últimos cinqüenta anos, foi traí-lo com todos os Escobar que apareceram. Desde que Helen Caldwell, em 1960, negou o adultério de Capitu, moldando Dom Casmurro às suas teorias feministas, Machado de Assis foi raptado pela crítica esquerdista. Em particular, por John Gledson e Roberto Schwarz, que o transformaram ridiculamente num agente da luta de classes, empenhado em denunciar os abusos da classe dominante. Na realidade, Machado de Assis é mais complicado do que isso. Ele é um satirista conformista e resignado, que zomba da mesquinhez de nossa sociedade e acredita que, quando ela muda, muda sempre para pior. A série Capitu festeja o abastardamento da obra machadiana. Machado de Assis sabe bem: de agora em diante, isso só pode piorar.

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http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/171208/mainardi.shtml

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sexta-feira, dezembro 19, 2008

XÔ! ESTRESSE [In:] SAPATADAS e SÓ PATADAS !!!

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[Homenagem aos chargistas brasileiros].
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"QUEM LÊ TANTA NOTÍCIA?"

19 de dezembro de 2008

O Globo

Manchete: Senado ignora a crise e aprova na madrugada pacote de gastos
Em meio à crise econômica, o Senado aprovou ontem de madrugada, a toque de caixa, um pacote de projetos que implica aumento de gastos para o país. Entre eles, o mais grave é a polêmica proposta de emenda constitucional que recria 7.343 vagas de vereadores. A PEC só não foi promulgada ontem mesmo porque a Câmara se rebelou contra os senadores, por causa da retirada de um artigo que reduzia os gastos das câmaras municipais. A decisão abriu uma crise entre os presidentes do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), e da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Garibaldi anunciou que recorrerá hoje ao Supremo Tribunal Federal (STF), com um mandado de segurança contra a Câmara. O Senado também aprovou a criação de uma nova estrutura para administrar os museus brasileiros, com mais 800 cargos públicos, e a criação de aposentadoria especial para o extrativista vegetal. Foram autorizados empréstimos externos para estados e municípios. (págs. 1, 3 e 4)

Mercadante e Suplicy encaminham contra. E votam a favor

Ao microfone, os senadores Aloizio Mercadante e Eduardo Suplicy, ambos do PT de São Paulo, protestaram contra a criação das vagas de vereadores, sem redução de despesas. Mas, depois, votaram a favor da medida. (págs. 1 e 3)

BC discutiu cortar juros no Copom

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem, mostra que os diretores do BC discutiram corte de 0,25 ponto, mas depois mantiveram a taxa em 13,75%. Os juros devem cair em janeiro. (págs. 1 e 31)

IDH: Brasil melhora mas não se mexe (págs. 1 e 36)

Anatel aprova supertele e veta demissão
A Oi foi autorizada pela Anatel a concluir a compra da Brasil Telecom (BrT), formando assim a supertele nacional. No entanto, há 15 restrições ao novo negócio: uma delas é que não será possível fazer demissões até abril de 2011. (págs. 1 e 35)

Raúl propõe a Obama troca de prisioneiros

Numa proposta inédita, o presidente de Cuba, Raúl Castro, disse em Brasília que poderia libertar dissidentes presos em seu país se os EUA soltarem cinco agentes cubanos. Ele disse querer dialogar de igual para igual com Barack Obama. Esta é a primeira vez que um líder cubano liga a libertação dos dissidentes à dos espiões. Os EUA reagiram, dizendo que Cuba confunde maçãs com laranjas. (págs. 1 e 38)

Mãos ao alto

Cinco vereadores de Nova Bandeirantes, em Mato Grosso, são presos em flagrante e revistados. A prisão foi logo depois de eles serem filmados extorquindo dinheiro do prefeito Valdir Barranco (PT). Eles já estão denunciados pelo Ministério Público. (Págs. 1 e 8)

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Folha de S. Paulo

Manchete: Lula não vê motivos para demissões nas empresas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou um recado aos empresários: o governo não irá se engajar na flexibilização das relações de trabalho, não aceita pagar seguro-desemprego durante suspensão temporária de contrato de trabalho e não vê motivo para demissões neste momento. “Acho que é muito engraçado. Os empresários poderiam pagar [os funcionários] com parte dos lucros que acumularam. O governo não vai deixar de assumir a responsabilidade de cuidar dos trabalhadores, mas nenhum empresário tem motivo para mandar trabalhador embora”, afirmou o presidente. Em reunião com Lula, os presidentes da Vale, Roger Agnelli e da Confederação Nacional da Indústria, Armando Monteiro, haviam defendido mudar a lei para permitir suspensão por dez meses, período em que o empregado teria seguro-desemprego pago pelo governo, mas manteria o vínculo. Segundo o presidente, o papel do empresariado “não é ficar encontrando um jeito de manter o lucro”. Para Monteiro, o debate deve se manter na agenda do país independentemente do apoio do governo. (págs. 1 e B1)

Orçamento terá R$ 20 bi bloqueados

O governo federal prepara o contingenciamento de R$ 20 bilhões no Orçamento de 2009 aprovado pelo congresso, que elevou os investimentos em R$ 9,7 bilhões . Apesar de o congresso ter anunciado cortes de R$ 11,7 bilhões , ao final houve redução de apenas R$ 2 bilhões na proposta de R$ 608 bilhões enviada pelo governo. O governo conseguiu ainda aprovar no Senado o Fundo Soberano do Brasil, mas a oposição barrou o repasse dos R$ 14,2 bilhões que iriam banca-lo. ( Págs. 1 e Dinheiro )

Anatel dá aval à operação de venda da Brasil Telecom à Oi

A Agência Nacional de Telecomunicações aprovou a compra da Brasil Telecom pela Oi. A anuência foi concedida com alguns condicionantes, não divulgados até o fechamento desta edição. O negócio envolve R$13 bilhões, a maior parte em financiamento público. Para que a operação acontecesse, o governo teve de mudar o Plano Geral de Outorgas, que divide o país em áreas de atuação para as teles, e pressionar o Tribunal de contas da União. (págs. 1 e B12)

Coluna: LC. Mendonça de Barros- Copom mudou de posição; juros vão cair em janeiro

O copom claramente mudou sua posição ao informar que discutiu a possibilidade de iniciar a esperada ( e necessária) redução dos juros. As mudanças no cenário não passaram despercebidas. Os juros serão reduzidos em janeiro como passo inicial de um ciclo de afrouxamento monetário. ( Págs. 1 e B 2 )

Editoriais

Leia “Equilíbrio difícil”, que comenta a cúpula na Bahia; e “A farra dos vereadores”, sobre votação no Senado. (págs. 1 e A2)

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O Estado de S. Paulo


Manchete: Orçamento corta R$ 4,8 bi do PAC

O Congresso aprovou ontem o Orçamento da União para 2009 com centenas de cortes que sacrificam o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a área social. Os técnicos do Ministério do Planejamento estão avaliando as mudanças e estimam que só os projetos do PAC perderam, no total, R$ 4,8 bilhões. O Ministério da Educação ficou com menos R$ 1,6 bilhão e o da Saúde, com menos R$ 1 bilhão. As receitas disponíveis para gastos caíram só R$ 200 milhões, mas os remanejamentos feitos para custear os projetos previstos nas emendas de parlamentares levaram à inclusão de despesas de R$ 19,5 bilhões. Para minimizar os efeitos, o governo conseguiu embutir no texto a previsão de receitas adicionais de R$ 2,5 bilhões relativos à venda de imóveis da extinta Rede Ferroviária Federal (RFFSA). Na prática, porém, não há nenhuma garantia de que o Executivo conseguirá vender terrenos, armazéns e galpões da antiga estatal. O verdadeiro ajuste ocorrerá em janeiro, quando a equipe econômica terá mais clareza sobre o impacto da crise financeira na arrecadação federal. (págs. 1 e A6)

"Questão com Brasil é só comercial", diz Correa

O presidente do Equador, Rafael Correa, diz que a expulsão da Odebrecht de seu país, por falhas na construção de uma hidrelétrica, não deveria ter aberto uma crise com o Brasil. “É uma questão estritamente comercial”, afirma ele, em entrevista ao Estado. Correa aponta o presidente Lula como “um exemplo para toda a América Latina”. (págs. 1 e A14)

Fundo soberano fica sem fundos

Os parlamentares aprovaram a criação do Fundo Soberano do Brasil sem nenhuma previsão de recursos para sua entrada em operação. A oposição conseguiu derrubar projeto que abria crédito de R$ 14,2 bilhões para o fundo. O Ministério da Fazenda estuda agora a hipótese de usar parte do superávit primário. (págs. 1 e A6)

Exportador mostra pessimismo

Pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas com empresas exportadoras mostra que apenas 3% delas esperam melhora da situação no próximo semestre. Outras 64% prevêem que o quadro deverá piorar. É o maior pessimismo verificado nos últimos dez anos. Os dados mostram ainda que o nível de utilização da capacidade instalada das empresas francamente exportadoras ficou em 83% em novembro, o menor índice em quatro anos. (págs. 1 e B3)

Liderança contestada

A propalada liderança brasileira na região não é inconteste, mas robusta o suficiente para funcionar como elemento moderador de um encontro que ficaria à mercê das bravatas do bolivarianismo. (págs. 1 e A3)

Anatel aprova fusão da Oi com a Brasil Telecom

Após um ano de pressões políticas, a Anatel aprovou a compra da Brasil Telecom pela Oi, o maior negócio do setor desde a privatização da Telebrás. A "supertele" terá receita líquida anual de R$ 30 bilhões. (págs. 1 e B16)

Deputados rejeitam mais vereadores

Projeto que aumenta número de vereadores fora aprovado pelo Senado, que ameaça ir ao STF. (págs. 1 e A10)

"Parasita" financiou candidatos, diz MP

A principal empresa suspeita de fraudes na saúde, flagrada na Operação Parasitas, é acusada pelo Ministério Público Estadual de ter feito doações ilegais a 26 candidatos a prefeito na última eleição. Um documento indica, segundo os promotores, "investimentos" de R$ 3,5 milhões. Em outra lista, feita à mão, os valores somados chegam a R$ 4,1 milhões. Entre os supostos beneficiados estão quatro deputados estaduais de três partidos - só um deles se elegeu prefeito. Todos os candidatos negaram ter recebido dinheiro irregular na campanha. (págs. 1 e A4)

Pichadora da Bienal será solta após 55 dias na prisão

Em decisão surpreendente, a Justiça decidiu ontem libertar a artesã Caroline Pivetta da Mota. Presa durante 55 dias por participar de pichação na Bienal, Caroline tivera dois pedidos de liberdade provisória negados. (págs. 1 e C5)

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Jornal do Brasil

Manchete: Maia é obrigado a cancelar sua festa
O prefeito Cesar Maia sofreu mais uma derrota com a Cidade da Música. A falta de segurança, a lama e o entulho na obra o obrigaram a cancelar o concerto inaugural, poucas horas antes da cerimônia de abertura, marcada para ontem à noite. Faltam, por exemplo, equipamentos de combate a incêndio e grades protetoras em rampas. Integrantes da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), que fariam apresentação ontem, chegaram a ensaiar de máscaras por causa da poeira. O prefeito creditou o cancelamento à lei de Murphy e tenta reagendar a inauguração. (pág. 1 e Cidade, pág. A14)

Editorial

Um mar de lama, nos dois sentidos, cerca a obra. (pág. 1 e Opinião, pág. A8)

Eduardo Paes pede R$ 1 bilhão

O prefeito eleito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), ao ser diplomado ontem pelo Tribunal Regional Eleitoral, ao lado dos eleitos para a Câmara dos Vereadores, anunciou que pediu mais R$ 1 bilhão ao governo federal. Paes prometeu mudar o paradigma da relação entre Executivo e Legislativo. (pág. 1 e Cidade, pág. A13)

IDH: Brasil atrás da Venezuela

O Brasil, este ano, estacionou na 70ª posição no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) divulgado ontem pela Organização das Nações Unidas (ONU). Foi superado, por exemplo, pela Venezuela, de Hugo Chávez. (pág. 1 e Cidade, pág. A6)

Crise não afeta leilão da ANP

Apesar da crise, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) conseguiu leiloar 41,5% das áreas exploratórias oferecidas na 10ª Rodada de Licitações. Petrobras, Shell, Galp, Partex e mais 13 companhias levaram 54 das 130 oferecidas ontem. (pág. 1 e Economia A18)

Congresso muda com a luz do dia

Depois de uma noite de aprovação de projetos com aumento de gastos públicos, em meio à crise econômica, algumas medidas acabaram enterradas durante o dia, a exemplo da ampliação do número de vereadores no país. Foi uma longa queda-de-braço entre governo e oposição. (pág. 1, Tema do dia A2 e A3)

Tempestades

A ponte da cidade mineira de Belo Vale ficou parcialmente encoberta pelas águas do rio. A Defesa Civil do estado anunciou que 39 municípios estão em situação de emergência. Já são 11 os mortos, 4.193 desabrigados e 22.753 desalojados. (pág. 1 e País, pág. A10)

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Correio Braziliense

Manchete: Condomínios entram na lei
Localizado em um dos setores mais nobres de Brasília - à beira do Lago Paranoá, vizinho à Ermida Dom Bosco - o condomínio Villages Alvorada está entre os seis que serão regularizados, neste domingo. Os outros cinco, situados em áreas particulares no Setor Jardim Botânico, são o Lago Sul 1, Jardins do Lago 1 e 2, Ecológico Village 3 e Quintas Bela Vista. Todos receberão os documentos de aprovação do projeto urbanístico e da licença ambiental, que permitirão o registro dos loteamentos em cartório e a concessão da escritura a cada dono de terreno. No Village, que ocupa área pública, a legalização será por meio de licitação. (págs. 1 e 23)

Aparece lá em casa!

Recebido para uma audiência com Lula, o presidente cubano Raúl Castro (C) participa de banquete no Itamaraty: convencido a esticar a visita até o churrasco com os ministros, na Granja do Torto, irmão de Fidel chama Barack Obama de “amigo”. (págs. 1 e 20)

O PAC, que seria poupado, foi mutilado

Por um erro de articulação do governo, o Orçamento da União foi aprovado ontem no Congresso com cortes de R$ 19 bilhões nos investimentos previstos para 2009. Desse montante, R$ 4,9 bi saíram do PAC, que ficou 22% menor. (págs. 1 e 2)

Militares

Plano de reformulação das Forças Armadas prevê a reestruturação da indústria bélica nacional e prioriza a defesa da Amazônia. (págs. 1 e 8)

Aprovada compra da BrT pela Oi (págs. 1 e 17)

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Valor Econômico

Manchete: Petrobras confirma plano de US$ 31 bi para refinarias
As novas refinarias do Maranhão e do Ceará, orçadas em US$ 30,9 bilhões, estarão no plano estratégico da Petrobras para 2009/13 que será votado hoje, em Brasília, pelo conselho de administração da estatal. "Estarão no plano com certeza absoluta", garantiu ao Valor o diretor de abastecimento da empresa, Paulo Roberto Costa. Entre analistas, havia a expectativa de que a Petrobras pudesse retirar os dois projetos do seu planejamento por causa da queda da demanda e dos preços do petróleo e da escassez de crédito provocada pela crise econômica.

Segundo Costa, em 2015 o Brasil estará produzindo cerca de 4,2 milhões de barris de petróleo por dia, enquanto a capacidade de refino, se não for ampliada, estará em apenas 1,8 milhão de barris.

Além dessas duas refinarias, a Petrobras vai manter também a construção das unidades de Pernambuco (Abreu Lima) e do Rio de Janeiro - esta voltada à produção de itens petroquímicos, como unidade básica do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Os dois empreendimentos já estão em obras de terraplenagem.

As quatro refinarias devem custar US$ 44 bilhões a preços atuais e acrescentar 1,25 milhão de barris diários à capacidade atual de refino brasileira, sendo 600 mil no Maranhão, 300 mil no Ceará, 200 mil em Pernambuco e 150 mil no Rio. O cronograma atual prevê que a unidade de Pernambuco começará a operar em 2011, a do Rio em 2012, a do Maranhão em 2013 e a planta cearense em 2014.

O petróleo que será extraído do pré-sal, a uma distância de 300 quilômetros do litoral, vai exigir, segundo Costa, a construção de terminais para o embarque do óleo em grandes navios. Esse petróleo terá dois destinos: seguirá para processamento nas plantas de refino brasileiras ou diretamente para exportação.

O diretor da Petrobras disse que a construção das refinarias é importante para gerar riquezas e empregos a partir do petróleo. “Não queremos ser grandes exportadores de petróleo, queremos ser grandes exportadores de produtos”, acrescentou.

Costa disse que outras empresas pelo mundo afora estão adiando seus projetos. Ele acha que agora, com o mercado na baixa, está na hora certa de fazer os investimentos, dentro da capacidade de pagamento da empresa. Os resultados serão colhidos quando houver a retomada do crescimento mundial que, em sua opinião, começará ainda em 2009. Saindo na frente, ele acredita que o Brasil terá alguma vantagem no futuro. (pág. 1)

Fundo soberano é criado, mas sem dotação

O Senado aprovou, na madrugada de ontem, o projeto que cria o fundo soberano do Brasil. Mas, à tarde, a oposição impediu que o Congresso votasse o crédito suplementar que garantiria a inclusão de R$ 14,2 bilhões para o fundo no orçamento deste ano. Assim, o fundo nasce ainda em 2008, como fazia questão o governo, mas sem dotação orçamentária.

Como não há mais sessões do Congresso marcadas para este ano, o Executivo terá que encontrar outra forma de fazer com que o dinheiro que havia reservado para o fundo gere impacto fiscal primário ainda em 2008, mesmo que só seja gasto, como já se pretendia, a partir de 2009. O vice-líder do governo na Câmara, Gilmar Machado (PT-MG), disse que, uma vez aprovada a lei do fundo, haveria forma alternativa de lhe destinar recursos ainda este ano, talvez por medida provisória.

O governo tem pressa em colocar R$ 14,2 bilhões no fundo para que esse aparte seja considerado despesa primária ainda deste ano e, assim, evitar que engorde o superávit fiscal primário de 2008. Se isso ocorrer, o dinheiro deverá ser obrigatoriamente usado, no pagamento da dívida pública. (págs. 1 e A12)

Fé nos investimentos

Incertezas sobre o futuro da economia não tiveram impacto nas demandas ao BNDES, principal instituição de fomento do país, que deve fechar o ano com desembolso de R$ 90 bilhões. "Até agora, a crise não bateu na porta do banco", diz o presidente da instituição, Luciano Coutinho.

Idéias

Claudia Safatle: "disfuncionalidades" do mercado pesaram na decisão do Copom de manter os juros. (págs. 1 e A2)

Idéias

Maria Cristina Fernandes: desemprego testa poder dos sindicatos. (págs. 1 e A10)

Idéias

Márcio Garcia: se expansão fiscal comprometer o superávit primário, dúvidas sobre a solvência da dívida voltarão. (págs. 1 e A15)

Exportação de carne

Efeitos da crise na economia devem afetar as vendas de carne bovina brasileira para a Rússia, hoje o principal mercado do setor. Ainda assim, as exportações totais em 2009 devem se equiparar às deste ano. (págs. 1 e B11)

Volta Redonda teme o desemprego

A crise econômica global chegou a Volta Redonda, berço da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e principal cidade do sul Fluminense. A usina Presidente Vargas é agora fonte de apreensão entre os 255 mil habitantes. A CSN começou a demitir e a região nunca teve tantas empresas com férias coletivas programadas como neste fim de ano. São cerca de 14,5 mil empregados em casa entre dezembro e janeiro. A luta pela preservação dos empregos reúne hoje a Igreja Católica, historicamente ligada ao movimento sindical local,e até as entidades empresariais da cidade, como a Câmara de Diretores Lojistas. (págs. 1 e A6)

Varejo vai bem, mas pedidos para indústria escasseiam

Enquanto o varejo fala com algum entusiasmo sobre as vendas de Natal e com reticência sobre novos pedidos, a indústria reclama que as encomendas não estão ocorrendo. A intensidade da desaceleração da economia no primeiro trimestre de 2009 dependerá da reposição de estoques.

O comércio ainda vê um Natal positivo, com previsões de expansão de 5% a 15% nas vendas em relação a 2007. Na Lojas Cem, a expectativa é de que as vendas cresçam 5%, segundo o supervisor-geral, Valdemir Colleone. "É um resultado até surpreendente. No começo do mês, projetávamos estabilidade", diz. No ano, a conta fecha com avanço de 10% nas receitas, ante 15% de janeiro a setembro. A empresa deve encerrar o ano com estoques equivalentes a 60 dias de vendas, acima dos 45 normais.

Em Manaus, as indústrias terminam o ano praticamente sem encomendas para 2009. Há estoque acima do normal de eletroeletrônicos e motocicletas. Demissões e paralisações temporárias de produção se espalham pelas fábricas de eletrodomésticos e seus fornecedores em todo o país. (págs. 1 e A3)

Cérebros da TI em pleno agreste

Campina Grande tem o forró de São João mais famoso do país - e a maior concentração de PhDs per capita. Das cem empresas de seu pólo tecnológico saem para 43 países software e hardware que vão de banco de dados de alta complexidade até simples recicladoras de cartuchos. Entre seus clientes estão HP, Nokia, Petrobras e até a Interpol,a polícia internacional para o crime organizado. O pólo já gira 20% da economia da cidade e elevou o salário médio da população a R$ 2,9 mil, o dobro da região.

A Light lnfocon desenvolveu um banco de dados de gestão de informação e gerência eletrônica de documentos que atraiu a atenção da Interpol e hoje tem escritórios de revenda nos EUA e na Austrália. A voz que dá informações aos usuários do metrô de São Paulo e de sete aeroportos do país é, na verdade, um software da Apel, que hoje participa de licitações das gigantes Alstom, Bombardier e Siemens. (págs. 1 e B3)

Embraer prevê ano difícil

Pela primeira vez em quatro anos, a carteira de pedidos firmes da Embraer deverá encolher em 2009. A empresa também vem renegociando prazos de entregas para dar fôlego a alguns clientes. (págs. 1 e B8)

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Gazeta Mercantil

Manchete: Autopeças recebem R$ 3 bilhões do BB
A indústria de autopeças, que se prepara para corte drástico de produção em 2009 - voltando aos níveis de 2006 -, quando prevê que as montadoras produzirão 2,6 milhões de veículos, recebeu ontem do Banco do Brasil uma linha de crédito exclusiva de até R$ 3 bilhões para pagar tributos como PIS e Cofins, IPI, ICMS e contribuições para a previdência social e FGTS.

A brusca queda na produção de veículos obrigou as autopeças a reformular totalmente os planos, com eliminação de turnos e demissões de empregados. “Muitas empresas estão sem caixa e ainda têm que pagar o salário de dezembro, o 13º, a PLR (participação nos lucros e resultados) e os impostos. Como conseguir honrar todos os compromissos sem ter vendas?”, questiona Mário Butino, presidente da Dura Automotive.

Além de aguardar com muita expectativa a programação de produção das montadoras para o próximo ano, a indústria de autopeças tem queixas sobre os custos acumulados com a compra de matéria-prima e aumento dos turnos de produção que envolveu a contratação de novos empregados. “Mudar a estrutura da empresa de repente é difícil, porque até demitir custa caro”, afirma o diretor comercial da Eletromecânica Dyna, que abastece a linha de montagem das montadoras com limpadores de pára-brisa.

Segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), o setor de autopeças deverá encerrar o ano de 2008 com quadro de 223.700 empregados, o que representa 8.200 a menos do que em setembro. “Mais demissões serão inevitáveis”, diz Sergio Castione Veinert, diretor-geral da BorgWarner. (págs. 1 e C5)

Petrobras leva 50% dos blocos negociados

A 10ª rodada de licitações de blocos de petróleo e gás, realizada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), negociou 54 blocos, ou 41,5% das 130 áreas terrestres ofertadas. O percentual ficou acima da média dos leilões anteriores, de 21%. A Petrobras arrematou 27 blocos dos 28 que disputou, ou seja, metade das jazidas negociadas. Ontem, o preço do barril voltou a despencar e fechou na Bolsa de Nova York a US$ 36,22 - o menor valor desde 1º de julho de 2004 -, com desvalorização de quase US$ 4. (págs. 1, C3 e A10)

Cobrança pelo uso de recursos hídricos deve se consolidar no País

Mais de dez anos depois da criação da Lei das Águas, apenas duas bacias hidrográficas implantaram a cobrança pelo uso dos recursos hídricos, uma das principais ferramentas da lei. Para o Ministério do Meio Ambiente, o número de bacias vai disparar nos próximos três anos e os preços cobrados devem subir para estimular o uso racional. O caderno especial Recursos Hídricos, que circula com essa edição, deixa claro que o essencial para os usuários é participar da decisão de como o dinheiro será aplicado. (pág. 1)

Turbulência financeira põe à prova projetos socioambientais

Já é praticamente consensual que muitas empresas diminuirão os investimentos em projetos sociais e ambientais por conta da crise. Mas especialistas ouvidos pelo suplemento Responsabilidade Socioambiental dizem que é o momento difícil que vai diferenciar aquelas que de fato incorporaram os conceitos sustentáveis daquelas que apenas seguiam a moda verde. As tendências indicam que a sustentabilidade ligada ao negócio principal amplia sua eficiência e substitui ações isoladas, como a filantropia. (pág. 1)

Anatel aprova venda da BrT à Oi

A Anatel aprovou ontem a compra da Brasil Telecom pela Oi. A decisão ainda precisa ser aprovada pelo Cade, mas na prática a Oi já pode concluir a aquisição. (págs. 1 e A9)

Juros futuros

Taxas caem como reflexo da ata do Copom. (págs. 1 e B1)

Brasileiros que perderam com Madoff podem processar banco

Os investidores brasileiros que sofreram perdas com o esquema de fraude capitaneado pela gestora do ex-presidente da Nasdaq Bernard Madoff têm recorrido a escritórios de advocacia em busca de uma forma de recuperar os recursos. Alguns deles consideram processar os bancos que ofereceram a aplicação. Até o momento, apenas o Safra reconheceu ter clientes com exposição aos fundos. Para um advogado especialista no setor financeiro, as eventuais perdas com os fundos de Madoff podem até ser questionadas, mas os bancos só poderiam ser responsabilizados se ficasse comprovado que não usaram critérios razoáveis para oferecer os produtos. (págs. 1 e B3)

COC reserva R$ 160 milhões para expansão

A rede COC, uma das maiores empresas do setor de educação do Brasil, tem em caixa R$ 160 milhões reservados para aquisições. O recurso é parte dos R$ 412,5 milhões captados com a abertura de capital realizada no final de 2007 - R$ 290 milhões já foram aplicados em expansão. A receita bruta da empresa, que entre 2004 e 2007 crescia em média 13,9% ao ano, subiu 93,5% no terceiro trimestre de 2008. Há 20 anos, sob o comando de Chaim Zaher, elevou o número de alunos de 10 mil para 400 mil. (págs. 1 e C6)

Advent quer a rede Marabraz por R$ 2,2 bi

O período de caça às empresas do setor varejista está aberto. Ao menos para fundos de investimento como o private equity norte-americano Advent International, que está aproveitando a crise para dar continuidade ao plano de aumentar sua carteira com varejistas brasileiras. Após adquirir participações em empresas como Viena, Frango Assado, Grupo RA e Quero-Quero, o fundo vem negociando com diversas outras empresas. Na mira, redes como Marabraz e Colombo. Todos os envolvidos negam as negociações. Fontes do mercado afirmam que com a rede de móveis Marabraz o namoro é antigo. “O Advent já tenta há uns dois anos adquirir esta empresa”, conta um executivo do setor. E, à primeira vista, com uma proposta apetitosa para os acionistas: o pagamento R$ 2,2 bilhões pelo negócio. A possível conclusão do negócio ainda deve levar de três a seis meses. (págs. 1 e A6)

Usiminas compra a Zamprogna

A Usiminas adquiriu a distribuidora de aço Zamprogna por R$ 160 milhões. É a segunda aquisição de distribuidora feita pela empresa este ano. (págs. 1 e C1)

IIF prevê retração mundial

A economia mundial vai contrair 0,4% em 2009, na primeira queda desde, pelo menos, 1960, depois de ter uma expansão estimada em 2% este ano, prevê o IIF. (págs. 1 e A10)

Ryder deixa de operar no Brasil

Operadores logísticos se preparam para suprir no Brasil a ausência da Ryder, que sairá também da Argentina e do Chile para se concentrar na América do Norte. (págs. 1 e C4)

Opinião

Nelson Pereira dos Reis: As emissões de poluentes atribuídas à indústria paulista são de 3% do total nacional, refletindo a proatividade ambiental do setor. (págs. 1 e A3)

Opinião

Klaus Kleber: É inacreditável que os próprios funcionários dos fundos de hedge de Madoff não soubessem que operavam com contabilidade fictícia. (págs. 1 e A3)

Higiene e beleza

Fabricantes de cosméticos elevam previsão de crescimento para 10%. (págs. 1 e C2)

Alimentos

Vendas de massas em alta, prevê Claudio Zanão. (págs. 1 e C1)

Tempos difíceis

Os anos de 2009 e 2010 serão difíceis para a Embraer. Segundo o presidente Frederico Curado, a empresa não terá tantos novos pedidos como nos últimos anos, quando a aviação mundial voava em "céu de brigadeiro", diz. "Vamos fazer todo esforço para manter a operação atual, mais isso não depende só da Embraer". (págs. 1 e C5)
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