PENSAR "GRANDE":

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“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.

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sábado, junho 22, 2013

EDITORIAL 2 [In:] REDES SOCIAIS. O PROMETHEUS DESACORRENTADO

21/06/2013
Mídia social e transformação política


Por Viana de Oliveira | 
Para o Valor, de São Paulo


Em 2002, o crítico cultural e especialista em mídias digitais Howard Rheingold escreveu que as "multidões espertas" seriam a "próxima revolução social". 


No campo político, a Primavera Árabe chegou a ser conhecida como "revolução do Twitter". Hoje, quando o Brasil vai às ruas graças, em parte, a manifestações convocadas pela internet, Rheingold adverte: uma coisa é incentivar protestos, outra bem diferente, e mais difícil, é iniciar transformações políticas.
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Seu último livro, publicado no ano passado, chama-se "Net Smart" e defende que os cidadãos percebam o quanto a tecnologia digital que têm disponível na palma da mão oferece possibilidades muito maiores do que o entretenimento e mesmo os protestos. Para Rheingold, o essencial é expandir a alfabetização digital, isto é, o conhecimento sobre as possibilidades de uso da tecnologia.


Valor: As tecnologias digitais tiveram um papel importante em 2011. No ano passado, a onda refluiu, para voltar neste ano. Como é a dinâmica do ativismo digital?

Howard Rheingold: Meu livro sobre isso, "Smart Mobs", saiu em 2002. A mídia social levou tanto tempo para gerar movimentos de impacto político por causa do tempo que leva para as pessoas aprenderem a usar a tecnologia, ver as possibilidades, criar as redes. É a alfabetização digital. Mas é preciso separar as demandas políticas do papel das redes sociais. À medida que as pessoas têm acesso às tecnologias, veem o que podem fazer. O maior efeito é eliminar as barreiras à ação coletiva. Se as pessoas podem se comunicar diretamente, em tempo real, por um vasto território, erguer-se é mais fácil.

Valor: No ano passado, pareceu que essa possibilidade tinha se frustrado.

Rheingold: Sem entrar na política, esses casos são uma mensagem importante para quem se mobiliza agora. As mídias sociais são um instrumento muito vivo, para a manifestação de curto prazo. Mas há uma enorme diferença entre isso e construir um movimento político duradouro. Hoje, esse é o desafio do ativismo eletrônico: não só mobilizar a opinião pública, mas conduzir à ação política sofisticada e organizada. Não que seja impossível, mas o assunto não se encerra no êxtase das ruas.

Valor: Uma crítica recorrente aos movimentos é que não têm propostas concretas.

Rheingold: Para conseguir o apoio de uma parte significativa da população, abraça-se a insatisfação e o sentimento difuso das demandas. Nas ruas, o que aparece é a multiplicidade da ideias. Construir algo concreto é outra história.

Valor: Cartazes na passeata anunciavam "saímos do Facebook". O on-line e o off-line são contraditórios?

Rheingold: A contradição reside no fato de que é fácil estar on-line. Ao sair à rua, você põe seu corpo em risco. Estive na Turquia há três anos e soube que é um dos países com maior número de usuários no Facebook. Não são fatos completamente isolados, mas estar na mídia social não garante a mobilização das últimas semanas, nem a disposição de brigar com a polícia.

Valor: Em alguns lugares houve briga; em outros, como Nova York, quando a polícia retirou as tendas do Occupy Wall Street, os manifestantes acataram. O manifestante do mundo online tem menos propensão ao corpo a corpo?

Rheingold: Desde o início, o movimento Occupy Wall Street, em Nova York, se propôs a fazer resistência não violenta. Essa resistência tem suas técnicas e a pergunta é: todos conheciam as técnicas da resistência não violenta? Não. Mas é uma questão de alfabetização digital, usar a tecnologia para transmitir o conhecimento.

Valor: Outro fenômeno deste ano é a descoberta do programa secreto do governo americano Prism. Como o senhor vê o tema da vigilância?

Rheingold: Em 1995, escrevi que os cidadãos deveriam tomar atitudes contra a tecno-vigilância. Naquela época, dava tempo de evitá-la. Agora, é tarde demais. Só em Londres, há 500 mil câmeras, que, hoje, conseguem identificar as pessoas. Mas não é tarde para tentar fazer algo. Edward Snowden e o Wikileaks revelam que é uma via de mão dupla. O poder põe os cidadãos em perigo, mas os cidadãos também põem o poder em perigo com a mesma tecnologia. Tudo que os governos e as corporações fazem está em computadores. Alguém vai burlar a segurança e revelar as informações.

Valor: Seu último livro, "Net Smart", procura incentivar as pessoas a usar essas tecnologias em seu próprio interesse. A alfabetização digital está muito aquém do possível?

Rheingold: É fundamental que as pessoas saibam o máximo possível o que podem fazer com seus aparelhos. Para a maioria das pessoas, é só entretenimento, mas isso é um desperdício enorme. A mídia social pode agir na formação da esfera pública, na capacidade de assumir compromissos, definir estratégias. A tecnologia afeta a vida das pessoas e as pessoas têm expandir a consciência de como usá-la. A mais poderosa das armas é cada vez mais o conhecimento.
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EDITORIAL [In:] ''CONHEÇA A VERDADE E A VERDADE VOS LIBERTARÁ'' (S. João, 8: 32)

21/06/2013 - 03h30

Aprendizado essencial



Ninguém deveria estar surpreso, sabíamos que iria ocorrer. A internet ajuda a mudar tudo: a cultura, os negócios, as comunicações. Por que só a política não seria afetada?

Carlos Nepomuceno diz que três fatores ajudaram a transformar o mundo: a impressão em papel, a Revolução Francesa e a independência dos EUA. Eles compuseram a realidade de dois séculos e nos trouxeram até aqui, mas são insuficientes para configurar um mundo com 7 bilhões de pessoas e uma ferramenta que quebra as estruturas convencionais para intermediar a informação, a internet.

Tenho falado, aqui mesmo na Folha, daquilo a que chamo movimentos de borda. Eles se afastam do centro político estagnado, das instituições enrijecidas, das disputas por dinheiro e poder. Neles predomina um ativismo autoral, não mais dirigido por partidos ou lideres carismáticos. A presença destes é residual e produz incômoda sensação de oportunismo. Não há comando único, há relação horizontal e lideranças móveis: hoje lidero, amanhã sou liderado; hoje sou arco, amanhã sou flecha.

Esse ativismo não tem porto, carrega sua âncora e estaciona onde quer. Basta ver quantos sites temporários há na internet, usados numa mobilização ou num momento.


O essencial é perceber o que está latente. 


Não são os 20 centavos no Brasil, as árvores da praça na Turquia, ou qualquer demanda simbólica visível. O que está em pauta é a democratização da democracia. As pessoas não querem ser meros espectadores, lugar em que foram colocadas pelos partidos que detêm o monopólio da política. Querem ser protagonistas, reconectar-se com a potência transformadora do ato político.

Deve-se reconhecer esse desejo e respeitar o sujeito político que surge. Muitos se apressaram em desqualificar os novos movimentos, os abaixo-assinados, a campanha de defesa das florestas, a solidariedade aos índios, o "Fora Renan". Agora se esforçam para descobrir uma forma de interlocução, mas mantendo a ansiedade de liderar, usurpar, controlar.


Não basta dar 20 centavos para tirar o incômodo da sala. O que está havendo é significativo: no país do futebol, durante a Copa das Confederações, as pessoas protestam contra o custo dos estádios e dizem que queremos nosso dinheiro em saúde e educação.


O Brasil pode aprender a fazer diferente: nem transição eterna e lenta nem ruptura brusca, mas o diálogo produtivo e criativo da democracia ampliada. Temor de vandalismo? Ora, cultivemos uma cultura de paz. Prefiro sentir-me representada pelas pessoas que estão nas ruas, dizendo o que não querem, a exigir que tenham projetos definidos.

Não há salvadores da pátria, há homens e mulheres que trabalham juntos. Que seja este nosso aprendizado essencial, nossa maior mudança.


Marina Silva
Marina Silva, ex-senadora, foi ministra do Meio Ambiente no governo Lula e candidata ao Planalto em 2010. Escreve às sextas na versão impressa da Página A2.