PENSAR "GRANDE":

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[NÃO TEMOS A PRESUNÇÃO DE FAZER DESTE BLOGUE O TEU ''BLOGUE DE CABECEIRA'' MAS, O DE APENAS TE SUGERIR UM ''PENSAR GRANDE''].
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“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.

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''Os Economistas e os artistas não morrem..." (NHMedeiros).

"O Economista não pode saber tudo. Mas também não pode excluir nada" (J.K.Galbraith, 1987).

"Ranking'' dos políticos brasileiros: www.politicos.org.br

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# 38 RÉUS DO MENSALÃO. Veja nomes nos ''links'' abaixo:
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folha gmail df1lkrha

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segunda-feira, agosto 06, 2007

XÔ! ESTRESSE [In:] "MEMORIAM"







[Chargistas: Brum, Clayton, Amorim, Duke, Lane].

CPMF: GORDURA "TRANS" PARA O BOLSO DO CONTRIBUINTE! *

Ministro descarta dificuldade para prorrogar CPMF

O ministro das Relações Institucionais, Walfrido Mares Guia, reafirmou nesta segunda-feira (6) que a maior parte das nomeações do segundo escalão sairá nos próximos dias. Ele descartou que pressões dos partidos têm causado dificuldades para o governo prorrogar a cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). “Até agora (a negociação para prorrogar a CPMF) não custou nada e nem vai custar”, disse o articulador político do Palácio do Planalto. “É importante que ela seja prorrogada e nós acreditamos que conseguiremos isso porque vamos apresentar alternativas de outras formas de desoneração”, prosseguiu o ministro. As ampliações dos prazos da CPMF e da Desvinculação das Receitas da União (DRU) constam de uma proposta de emenda constitucional (PEC) que tramita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. O governo tem que aprovar a prorrogação neste semestre para evitar perder a principal receita do Orçamento. O prazo de ambas termina em 31 de dezembro. O ministro tentou minimizar as manifestações contrárias à contribuição, popularmente conhecida por “imposto do cheque”. Ele descartou atender as reivindicações de estados e municípios para dividir a arrecadação da CPMF e reiterou que o governo oferecerá alternativas para compensar os outros entes da federação. “A preferência do governo para desonerar qualquer tributo, seja imposto, seja contribuição, é a folha de pagamento porque formalizará mais as contratações, diminuirá o peso sobre a folha e repactuará de outra forma a arrecadação”, disse Mares Guia. Como é considerada crucial para a sobrevivência financeira da União, o governo tem sido colocado contra a parede pelos partidos no Congresso para atender suas reivindicações. O relator da prorrogação, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), protelou a apresentação da proposta enquanto o governo não formalizou a indicação de seu aliado Luiz Paulo Conde, ex-prefeito do Rio de Janeiro, para a presidência da estatal Furnas Centrais Elétricas. “As nomeações estão acontecendo já há quatro meses, o problema é que há um tramite: o partido político apresenta o nome, esse nome tem que ser analisado pelo Gabinete de Segurança Institucional. O ministro tem que aprovar. Se ele acatar, manda o nome de volta. O processo está em curso, acredito que vamos vencer uma etapa grande e fazer muitas nomeações”, disse. Na semana passada, em reunião do conselho político, os deputados reclamaram da lentidão das nomeações. O presidente Lula estipulou como prazo o dia 15 para as indicações serem oficializadas. Tiago Pariz, G1, Brasília.
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(*) "Trans" (ácido graxo transverso): Gordura "ruim"; aumenta o mal colesterol (LDL).

NOVO PRESIDENTE DA INFRAERO: "APERTEM OS CINTOS"

''''Nessa área não conheço nada''''

O futuro presidente da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), Sérgio Gaudenzi, de 66 anos, admitiu ontem que desconhece o setor aéreo, pois nunca trabalhou em qualquer empresa dessa área. No entanto, ele acredita que isso não será um impeditivo à sua atuação porque, por ser engenheiro civil, tem "flexibilidade" e, por ter experiência como gestor público em vários cargos no Executivo, tem "facilidade" para assumir a função. Ex-deputado e filiado ao PSB, partido da base de apoio do governo Lula, Gaudenzi é baiano e presidia a Agência Espacial Brasileira (AEB) desde julho de 2004. Ele conversou ontem com a reportagem do Estado por telefone e se disse pronto a aceitar a Infraero como "uma missão".
O que o senhor conhece do setor aéreo? Nessa área não conheço nada, porque nunca trabalhei em empresas desse setor. No entanto, não considero isso um impeditivo porque tenho minha formação em engenharia civil, o que dá muita flexibilidade a qualquer pessoa para conhecer as áreas de infra-estrutura. Além disso, tenho experiência como gestor público, o que dá facilidade para isso. Quando assumi a AEB, também conhecia pouco da área (espacial) e ter tido uma equipe técnica muito competente me ajudou a rapidamente conhecer os detalhes.
Está tudo certo para o senhor assumir a Infraero amanhã (hoje)? Estou ainda aguardando um novo contato do ministro da Defesa, Nelson Jobim, que está no Amazonas (durante o fim de semana). Na quarta-feira passada, ele me convidou para uma conversa e me perguntou se eu aceitaria o cargo se fosse convidado. E eu respondi que encararia como uma missão, pois sou um servidor público. Amanhã (hoje) estarei em Brasília pela manhã, à disposição para qualquer novo contato do ministro.
Que avaliação o senhor faz da crise aérea e do papel da Infraero? Para falar sobre a empresa eu teria de primeiro analisar bem os dados sobre ela, conhecê-la antes, para não ser leviano.
Que mudanças o senhor faria na diretoria da estatal? A minha primeira conversa com o ministro Nelson Jobim foi muito geral e não entramos em detalhes. Se confirmado, terei antes de sentar com o ministro e ver o que ele está pensando em fazer.
Qual a experiência do senhor no Executivo e no Legislativo? Eu assumi a Agência Espacial Brasileira (AEB) no início de julho de 2004, durante a gestão do ministro Eduardo Campos no Ministério da Ciência e Tecnologia. Já fui secretário-geral do Ministério da Previdência e Assistência Social (durante o governo de Fernando Henrique Cardoso) e secretário da Fazenda da Bahia. Também já tive mandato de deputado.
Quem é: Sérgio Gaudenzi. É engenheiro civil e ocupava desde julho de 2004 o cargo de presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB). Nos anos 60, militou na extinta Ação Popular (AP) ao lado do ministro da Defesa, Nelson Jobim, e do governador José Serra. Foi deputado federal pelo PSB. Isabel Sobral, Estadão, Brasília.

"QUEM LÊ TANTA NOTÍCIA?"

Governo vai apurar sumiço de objetos de vítimas de vôo da Gol. O ministro Nelson Jobim (Defesa) disse ontem que ordenará a investigação do sumiço de pertences das vítimas do vôo da Gol, que caiu em 29 de setembro de 2006. Familiares querem saber como objetos pessoais dos mortos --celulares, cartões de crédito e documentos-- foram parar nas mãos de falsários, segundo foi noticiado ontem pelo jornal "O Estado de S.Paulo". Corpos de vítimas, que nunca se separaram de seus pertences, como jóias, anéis, colares e relógios, foram entregues sem esses objetos. "O trabalho inicial da Aeronáutica foi a entrega desse material [documentos e pertences das vítimas] à empresa [Gol]. Nós tivemos cerca de sete a nove atores que circularam em torno desses instrumentos", disse, em Manaus. Segundo a Associação dos Familiares e Amigos do Vôo 1907, vários casos similares --quatro "graves"-- foram relatados há dois meses ao ministro Tarso Genro (Justiça), e ao brigadeiro Juniti Saito (Aeronáutica). A Aeronáutica disse à Folha que cabe à polícia investigar o extravio de pertences. da Agência Folha, em Manausda Folha de S.Pauloda Folha de S.Paulo, em Brasília.
Lula diz que vai transformar o Brasil em um canteiro de obras. SÃO PAULO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta segunda-feira, 6, que irá transformar o Brasil em "um verdadeiro canteiro de obra". Lula disse que, na próxima semana, quando voltar da viagem que está fazendo pela América Central, irá começar a anunciar as obras de infra-estrutura em transporte como estradas, ferrovias, gasodutos a portos e aeroportos. "Algumas (obras) já estão em andamento, outras vão começar a andar agora, outras ainda precisam de licenciamento".
Pereira deixa hoje comando da Infraero; presidente da AEB assume. O presidente da Infraero (estatal que controla os aeroportos), brigadeiro José Carlos Pereira, será demitido oficialmente nesta segunda-feira, durante reunião do Conac (Conselho de Aviação Civil). A vaga de Pereira será ocupada pelo ex-deputado Sérgio Maurício Britto Gaudenzi, atual presidente da AEB (Agência Espacial Brasileira), que deve tomar posse ainda hoje.
Jobim confirma que trocará todo o comando da Infraero. O ministro Nelson Jobim (Defesa) confirmou nesta segunda-feira sua disposição em trocar todo o comando da Infraero depois que o presidente da AEB (Agência Espacial Brasileira), Sérgio Gaudenzi, assumir a presidência da estatal que administra os aeroportos. Em encontro na manhã de hoje com o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), relator da CPI do Apagão Aéreo no Senado, Jobim sinalizou que vai promover mudanças mais profundas na Infraero. "Ele disse que tomará medidas possivelmente para trocar todo mundo", disse o senador.
Armas de soldados da Força Nacional são extraviadas pela TAM. MANAUS - Pelo menos uma dezena de pistolas calibre .40, pertencentes a policiais militares amazonenses que atuaram junto à Força Nacional na segurança dos Jogos Pan-Americanos, sumiram de um vôo da TAM, na madrugada da última sexta-feira, 3, quando os soldados retornavam do Rio de Janeiro para Manaus. Os PMs já denunciaram o extravio das armas à Polícia Civil do Amazonas e nesta segunda-feira, 6, o caso será levado à Polícia Federal. Ainda nesta segunda o comando da Polícia Militar do Amazonas abre Inquérito Policial Militar para investigar o caso. O Departamento de Inteligência da corporação também será acionado. Após um mês e meio longe do Estado, 40 agentes amazonenses destacados para reforçar a segurança dos Jogos Pan-Americanos deixaram o Rio de Janeiro, na madrugada de sexta-feira, e retornaram às suas bases, em Manaus. Dois vôos da TAM transportaram os PMs ao Amazonas. Um vôo tinha vinte e nove policiais e outro 11. Segundo informações repassadas pelos próprios soldados, foi no vôo que conduziu os 11 policiais amazonenses, e que chegou em Manaus às 4 horas de sexta-feira, que os extravios das armas foram detectados. Pela contabilidade dos PMs, até domingo, 14 armas estavam desaparecidas, o que indica que na aeronave que conduziu os 29 policiais também pode ter havido extravios. André Alves, do Estadão.

RENAN CALHEIROS [In:] "RÁDIO PIRATA" *



Oposição vai pressionar Renan Calheiros com nova denúncia
BRASÍLIA - Alvo até agora de representações do PSOL, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), será denunciado também pelo segundo maior partido da Casa. Os dirigentes do DEM vão pedir nesta semana ao Conselho de Ética que investigue a suspeita de que o peemedebista é dono oculto de duas emissoras de rádio de Alagoas que valem cerca de R$ 2,5 milhões. Segundo a revista Veja, até dois anos atrás o presidente do Senado também era dono de um jornal, avaliado em R$ 3 milhões. As empresas estariam em nome de laranjas. O líder do DEM, senador José Agripino (RN), afirmou que vai reunir a bancada amanhã para formalizar o pedido de investigação contra Renan. "Pedi ao setor jurídico do partido a elaboração de uma representação. Acertei isso com o presidente do partido, deputado Rodrigo Maia (RJ), e agora quero ouvir a bancada para que a atitude seja do partido", explicou. Para o líder, a sucessão de fatos envolvendo o presidente do Senado deixa o País indignado. "É nosso dever fazer aquilo que a rua reclama, investigar as denúncias até o fim e não deixar nenhuma questão sem respostas." Na avaliação do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), a denúncia de agora é a mais documentada. Ele lembrou que, na primeira acusação a que teve que responder - de que teve contas pessoais pagas pela empreiteira Mendes Júnior -, o próprio Renan se encarregou de complicá-la, ao se defender apresentando documentação suspeita de ser fria. "Mas este caso já vem pronto", afirmou. "Como é que a empresa de rádio foi parar nas mãos do filho de Renan?", questionou, em referência à informação de que um dos laranjas do peemedebista, o funcionário do Senado Carlos Santa Ritta, transferiu sua participação para Renan Calheiros Filho, o Renanzinho, prefeito da cidade de Murici (AL). Renato Casagrande (PSB-ES), um dos relatores do processo que já tramita contra Renan no Conselho de Ética, também reconhece que as novas denúncias são graves e que precisam ser investigadas. Para ele, a comissão de que faz parte pode avaliar as novas denúncias. "Há uma correlação entre elas, uma vez que se discute o patrimônio do senador", afirmou. Enquanto cumprem os trâmites burocráticos para dar seqüência às investigações, os senadores prometem manter Renan sob pressão. Partidos de oposição ameaçam bloquear a pauta de votação caso o senador não se afaste do comando da Casa. Agripino avisou que vai conversar com os colegas do PSDB e do PDT para que nada mais seja votado sob a presidência do peemedebista. "Todos querem um Senado limpo para que as suas decisões sejam respeitadas. As investigações contra Renan subtraem a respeitabilidade da Casa", justificou. "Politicamente, nós temos que agir para tratar do afastamento dele o mais rápido possível", pregou Demóstenes. "Não dá mais. Juridicamente ele se estatelou, mas, enquanto ele resiste, é ruim para o Senado, porque tudo está parado. Ninguém quer votar nada com ele na presidência", completou. Agripino acrescentou ainda que a situação se agrava a cada dia e lembrou o roubo de documentos do frigorífico Mafrial, em Alagoas, que comprou gado de Renan. "Foi um roubo curiosíssimo", resumiu. A suspeita é que o assalto tenha sido organizado por pessoas interessadas em extraviar documentos que revelariam transações irregulares no comércio de bois. Estadão, Foto Rosa Costa.
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(*) RPM - Rádio Pirata (Luiz Schiavon/Paulo Ricardo). "(...) Invadir, pilhar, tomar (...)/Pirataria nas ondas do rádio/ Que está no ar, nas ondas do rádio/ No submundo repousa o repúdio/ E deve despertar/ Disputar em cada freqüência/ Um espaço nosso nessa decadência (...)"

JOSÉ CARLOS PEREIRA (INFRAERO): "AGORA, CÉU DE BRIGADEIRO"!

Erro de projeto levou à falha, diz brigadeiro


Para o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, o acidente com o vôo 3054 da TAM que matou 199 pessoas no dia 17 de julho foi resultado de três fatores encadeados: um erro de projeto do Airbus-A320, manutenção ineficiente por parte da TAM, e os dois, somados, induziram a falha dos pilotos Kleiber Lima e Henrique Di Sacco. Confira abaixo a íntegra da entrevista do brigadeiro José Carlos Pereira concedida no domingo, em Brasília. Próximo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem ajudou nas eleições de 2002, Pereira conduziu a Infraero de março de 2006 até 6 de agosto. Será substituído a partir de segunda-feira pelo engenheiro Sergio Gaudenzi.
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Folha - Por que o sistema aéreo implodiu a partir de 29 de setembro de 2006, quando caiu o Boeing da Gol?
José Carlos Pereira - O sistema já vinha apresentando problemas havia muito tempo, como falta de controladores de vôo. A Aeronáutica reagiu à idéia de fazer concurso para civis, o que é permitido pela lei. O receio é que civis pudessem fazer uma greve e paralisar o sistema, fazer um motim. Então, era melhor ter pessoas só militares, obedientes etc. Além disso, nas reuniões do alto comando sempre havia o assunto da infra-estrutura que precisa ser comprada, dos radares, de como poderíamos trabalhar com o pouco dinheirinho, como otimizar isso ao máximo. O Sivam foi um sistema bem desenvolvido, mas, pelas informações que temos hoje, grande parte daqueles equipamentos se perdeu. Entregar um equipamento para proteção via satélite a um prefeito de uma cidadezinha de dois mil habitantes no interior da Amazônia, sem luz elétrica, é querer demais.
Folha - Na guerra de versões, os controladores diziam que o sistema estava em frangalhos, e a Aeronáutica respondia que era um dos melhores do mundo e a culpa era deles, controladores. Quem tinha razão?
Pereira - O conceito do sistema brasileiro realmente é um dos melhores do mundo, tenho certeza disso. Agora, uma coisa é você ter um belo software, outra é ter um hardware atualizado que possa suportar esse software. E manutenção. Compramos equipamentos fantásticos, como disse a ministra Dilma [Rousseff] para mim: "Temos um BMW, mas não conseguimos fazer a manutenção do BMW". Isso é uma constante, inclusive na Infraero.
Folha - Por quê?
Pereira - As pessoas dizem que são feitos aeroportos muito bonitos, shoppings e jardins, mas as pistas são vagabundas e perigosas. Não é bem assim. Em Guarulhos estamos gastando R$ 270 milhões em pistas e pátio. Mas devo admitir sim que existe uma cultura da estética. É muito mais agradável a qualquer autoridade, qualquer político, inaugurar um belo aeroporto. Como é inaugurar uma pista? É um bloco de cimento colado no chão. Isso também faz parte da cultura.
Folha - Não é perigoso colocar controladores militares para controlar tráfego civil?
Pereira - É o que os controladores de tráfego civil dizem, mas estão defendendo o corporativismo deles. Não diria que é perigoso, mas admito que os controladores militares devem passar por uma pequena lavagem cerebral e um treinamento intensivo. Eles têm a mesma formação, a psicologia é que é diferente.
Folha - É perigoso voar no Brasil?
Pereira - Os controladores podem fazer confusão, podem ser indisciplinados e fazer o que quiserem, mas posso garantir que, quando eles sentam numa console daquela, eles se transformam. É até bonito ver isso. Ele se entrega àquilo ali de uma forma brutal. E, depois do acidente com a Gol, se alguma coisa começar a dar errado no sistema, eles bloqueiam. Fecham aeroporto, separam todo mundo.
Folha - O sr. acredita na hipótese de sabotagem, como setores da Aeronáutica?
Pereira - Não acredito na hipótese de sabotagem. Acredito em ausência de cooperação. Antes do acidente da Gol ninguém sabia de nada disso, o país vivia com vôos no horário, ninguém sabia disso porque os problemas eram resolvidos internamente. Controlador tinha que controlar 14 vôos, controlava 20 e tranqüilamente, sem risco. Já vi controladores militares controlando 40 aviões, sem transponder, supersônicos, em simulação de combate. Depende da boa vontade.
Folha - Agora, quando tem a pane, todo mundo lava as mãos?
Pereira - Exatamente. Antes, isso acontecia e ficava assim. Depois do acidente da Gol, mudou. A primeira coisa que chocou aqueles controladores foi um delegado federal levando a hipótese de um inquérito criminal. Um homicídio culposo de 154 pessoas é coisa muito séria. Doloso, então, nem se fala. O que os controladores sentiram é que estavam fazendo seu trabalho e do lado de fora estava um delegado com algemas na mão. Ai, todas as panes, todos os erros de manutenção começaram a acontecer.
Folha - Mas tivemos panes no Cindacta-1, em que a queda de rádio paralisou o país. No Cindacta-4 houve erro na troca de baterias, no horário de maior movimento da região, feita por um técnico sem a presença de um oficial. Não é estranho?
Pereira - A coisa, colocada assim, é realmente suspeita. Temos que concordar que é suspeito. Se houve alguma coisa de sabotagem, certamente será encontrada.
Folha - No quadro descrito pelo sr. esticou-se a corda até arrebentar.
Pereira - Exatamente. A história está cheia de casos semelhantes. Como é que foi acontecer isso? Como aquele navio naufragou? Como determinada ponte caiu? Como os aviões agora caem? É um problema de esticamento da corda.
Folha - Muita gente diz que na gestão do seu antecessor havia caixa de campanha na infraero. O sr. tinha informações sobre isso?
Pereira - Cheguei na Infraero na Diretoria de Operações, que é completamente alijada. Não cuida de obras, não tem dinheiro, não faz licitação. É operacional, toca os aeroportos para frente. Eu sentia sempre uma vontade muito grande da empresa de ampliar os aeroportos, os terminais de passageiros, e concordava, porque os demonstrativos de demanda demonstravam isso. Era uma coisa aterrorizante. Concordo até hoje, mas sempre briguei pela parte de manutenção, que era a parte que afetava as operações, os problema de balizamento, de rachadura. Acho que houve uma má distribuição de prioridades. Com relação a pagar dívida de campanha, sempre ouvi falar muito, viu? Mas estabeleci o seguinte conceito: não cheguem perto de mim. E nunca nenhum político chegou perto de mim para pedir ou sugerir nada. Com bastante clareza deixei avisos espalhados por tudo quanto é lugar que não me abordassem sobre este assunto sob pena de eu falar. Mas cada diretor tem uma autonomia muito grande. E a Infraero é enorme.
Folha - Mas o sr. ouvia falar em desvios? Comprovou algum?
Pereira - Para campanha, não, nunca. Boato se fala, fala, fala. Mas nunca uma comprovação, absolutamente nada. No entanto, se você for examinar aquela quantidade imensa de processos no TCU, alguma suspeição pode ser levantada, sem dúvida nenhuma. Mas desde o primeiro momento deixei bem claro e precisei mandar mensagens até muito duras para que não se aproximassem.
Folha - Na presidência, o senhor tentou demitir algum diretor?
Pereira - Não me atrevi nem mesmo a ter vontade, porque seria uma frustração. Sabe aquela hora em que é melhor nem ter vontade? É como ver doce na vitrine da confeitaria, ficar doido para comer, mas desiste porque não tem dinheiro para comprar. O ambiente era esse, eu tinha mandato-tampão e decidi administrar aquilo até a eleição.
Folha - O doce era alguma diretoria específica, ou mais de uma?
Pereira - Eu precisaria ali realmente alterar praticamente todas as diretorias. Não necessariamente o diretor, mas a estrutura e a forma de trabalhar, a coordenação, as fiscalizações, a auditoria. Foi muito chocante assumir a empresa e receber do meu auditor um livro dessa grossura com todos os processos e irregularidades de que o tribunal nos acusava. Estabeleci uma meta de tirar uma folha por dia. Um ano e quatro meses depois, acho que tirei apenas umas quatro ou cinco folhas. Mas, pelo menos, não coloquei nenhuma. Deveríamos ter um tribunal anterior ao tribunal de contas. O TCU, quando descobre alguma coisa, já aconteceu. O dinheiro saiu e o que eles conseguem reaver é ínfimo, garanto que não chega a 10%. O projeto básico e executivo de obra deveria passar por uma auditoria.
Folha - O sr. diria com todas as letras que há ou havia corrupção na Infraero?
Pereira - Não posso dizer isso, mas posso dizer que cento e tantos processos no tribunal de contas, na CGU, no Ministério Público, na Polícia Federal... Se fosse um convento bem organizado, com as freirinhas cantando de manhã, certamente não teria isso tudo.
Folha - Vamos falar de pistas. Como estão as pistas brasileiras? Uma porcaria?
Pereira - Quando uma empresa aérea vê que você vai fazer um shopping no aeroporto, uma coisa bonita, com nova estação de embarque para os passageiros dela, ela fica feliz, bate palma. Mas, quando diz que vai fechar uma pista de pouso por duas horas, as companhias entram em alucinação, porque isso para elas é prejuízo, vai gastar pelo menos na gasolina de um ônibus para levar o passageiro para outro aeroporto. Então, há uma natural reação das empresas aéreas a qualquer trabalho feito em pista de pouso ou pátio de estacionamento. Foi muito difícil fazer essa reforma em Congonhas, houve brigas, discussões e protelações, as empresas brigando. Quando você diz que a pista não pode funcionar molhada, as empresas dizem: "O que é isso? pode sim, só um pouquinho molhada não tem perigo nenhum". Nenhum presidente de empresa, nenhum diretor de operações vai colocar em risco seus passageiros, mas é a história do acostamento. Começa a se aproximar muito do acostamento e aí não tem área de escape, pode ficar perigoso. Fizemos a pista auxiliar de Congonhas a duras penas.
Folha - E a pista principal?
Pereira - Como o querosene é mais caro em São Paulo, os aviões, além de transportar passageiros e carga, transportam combustível também, e isso vai aumentando ainda mais o peso dos aviões, ajudando a acelerar a degradação das pistas. Quando fizemos a reforma da pista principal de Congonhas, ficou aquela discussão: entrega só com grooving ou entrega logo. Ia demorar mais 50 dias, e a pista auxiliar operou sem grooving todo o tempo sem problema, nunca aconteceu nada. O grooving não é, de fato, uma necessidade absoluta, e por isso a pista foi aberta ao tráfego. Foi aberta com muito cuidado. Tem uma superfície rugosa bem razoável, a micro-textura foi aprovada em todos os testes, todos os cuidados foram tomados, passamos inclusive a monitorar as reações dos pilotos, que foram todas favoráveis. A pista estava excelente, não empoçava água nenhuma. Naquela pista não há aquaplanagem dinâmica, que é a perigosa. Juro que não tem, porque água não empoça em ladeira.
Folha - Se a pista de Congonhas estava péssima, se o sr. diz que a de Guarulhos não é confiável, o que se pode imaginar no resto do país?
Pereira - Essas são as duas pistas mais solicitadas do país, elas são usadas de forma brutal. Os demais, a gente tira mais ou menos com os pés nas costas. A coisa está sob controle.
Folha - E a reforma da pista de Guarulhos, que o sr. classificou como "não-confiável"?
Pereira - Entreguei ao ministro, e ele já disse que aprovou, uma proposta de reforma em três etapas, de 30 dias cada, que vai custar R$ 11 bilhões. Eles já contratados. É só começar. Dá para fazer duas etapas sem parar a pista, e apenas na parte do meio é que não vai ser possível operar pousos e decolagens. Só sugeri suspender por hora a construção das saídas de alta velocidade, aquelas saídas na diagonal, para que o avião não precise parar para fazer a curva. Elas não são críticas para a segurança.
Folha - Qual o grau de risco dessa pista?
Pereira - Ela pode se tornar muito perigosa se você não tiver uma manutenção diária em cima dela. Toda pista tem que ser vista todo dia de manhã, mas uma nessas condições exige que você passe de manhã, passe de tarde, passe de noite, passe de madrugada e ficar muito atento a qualquer coisa que os pilotos falarem. Ela já tem mais de 20 anos, mas não está ainda na fase de soltar placa, porque, aí, a situação fica realmente preocupante.
Folha - E a sua demissão? Muita mágoa?
Pereira - Nenhuma. Eu sou "imagoável". O historiador Arnold Toynbee já dizia que um clamor popular exige um culpado, sempre tem que haver um culpado. Eu não estou nem aí. Alguém vai atacar a Aeronáutica, a minha Aeronáutica? A Anac, que é imexível pela Constituição? Então, quem sobrou? Quem era o lado mais fraco? Eu. Minha cabeça de milico sabe que, quando você ataca o adversário, ataca pelo lado mais fraco. E ali que você arrebenta com ele, estraçalha. Eu não tenho padrinho político nenhum, nem quero. Qual é o problema do padrinho político? É que você acaba devendo a ele, e ele vai cobrar.
Folha - O lado fraco é o sr. ou a Infraero?
Pereira - Estou falando de mim. Agora, a Infraero tem problemas... Tem que agir ali, tem que demitir gente, tem que fazer o que não pude fazer, não pude mesmo. O menino, o Sérgio [Gaudenzi], está entrando em definitivo, é o homem do governo para ir até o fim.
Folha - A Aeronáutica está fragilizada, depois da greve dos sargentos controladores de vôo e de ter sido desautorizada pelo presidente e pelo ex-ministro da Defesa?
Pereira - A Aeronáutica foi atingida, sim. Levou um golpe no fígado com esse negócio todo, com a rebelião dos controladores. Não foi um golpe mortal, mas sentiu, sim, porque tudo aquilo foi um absurdo. Não sei quem falhou ali no governo, mas senti a falta de chefia, de liderança, de comando e de trabalho de inteligência capaz de perceber o que estava acontecendo e se antecipar aos fatos. As pessoas confundem inteligência com arapongagem, com bisbilhotice da vida dos outros. Não é isso, não. É antecipar o que está para acontecer e prevenir as autoridades.
Folha - Ter e manter um ministro da Defesa fraco foi um dos fatores determinantes da dimensão da crise?
Pereira - Eu adoro o ministro Waldir Pires, ele é o homem que eu gostaria de ter sido, como pensador, como cidadão brasileiro, como defensor do Estado democrático de Direito, mas, mas... inadequado para ações de campo. Foi muito difícil para ele. Quando eu intuí que ia haver problemas com os controladores, eu abortei uma viagem a São Paulo para avisar ao ministro no dia 30 de março. Ele queria saber exatamente o quê, e eu não sabia. Então, ele viajou para o Rio para o fim de semana, e tive de fazer uma operação de guerra, para que pegassem ele na porta do avião, antes que falasse com alguém. Eu temia que ele fosse surpreendido pela imprensa sem saber de nada. Seria uma situação horrível.
Folha - E não tinha ninguém do governo em Brasília.
Pereira - Tive de resolver um monte de pepino. Acho que ninguém sabe, mas naquele dia uns 25 aviões ficaram no ar completamente sem contato com a terra. Um piloto teve que ir se guiando pelo o outro. Piloto brasileiro é muito esperto, mas foi um momento muito delicado.
Folha - As empresas também parecem totalmente soltas. Como o sr. avalia o trabalho da Anac?
Pereira - Um dos problemas da Anac é esse negócio de diretoria colegiada, que, me parece, eles resolveram na semana passada. Isso não funciona. Imagina cinco pessoas, todas com a mesma autoridade sobre os mesmos assuntos. Para funcionar, têm que dormir juntas, acordar juntas, comer juntas, pensar juntas para tomar qualquer decisão. Essas coisas não dão certo, terminam em tragédia.
Folha - Nesse caso, literalmente?
Pereira - Bem, eu falei metaforicamente.
Folha - E as indicações políticas, as suspeitas de vínculos com as companhias aéreas?
Pereira - Por que isso? Porque a autoridade é igual para todo mundo, ninguém manda, ninguém fiscaliza. Não posso dar nomes, mas, se eu fosse presidente de uma companhia aérea, iria fazer tudo possível para ter gente trabalhando para minha empresa dentro do aparato do Estado. Cabe ao Estado se defender contra esse tipo de coisa.
Folha - O Estado está se defendendo?
Pereira - É difícil julgar, mas eu diria que é necessário mais rigor. E não é o tribunal nem a penitenciária depois do crime feito, alguém já morreu. O fundamental é o preventivo.
Folha - Valeu a pena trocar o DAC pela Anac? E a desmilitarização, como anda?
Pereira - Desde que eu estava na ativa, sempre defendi que o DAC saísse da Aeronáutica. Eu dizia que a Força Aérea não pode cuidar da aviação civil de um país imenso como o Brasil e advertia: "Gente, a aviação civil vai engolir todo mundo". Mas é uma área extremamente técnica. A Anac precisa ser muito técnica. Como comparação: se houver uma epidemia, o pessoal da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) tem pelo menos de saber a diferença entre dengue e tuberculose.
Folha - Qual o maior desafio do ministro da Defesa?
Pereira - Criar de fato o Ministério da Defesa, que sempre defendi. E o ministro não pode ser militar, nem mesmo da reserva. As Forças Armadas precisam estar subordinadas ao poder civil no país, tem que ser assim. O nosso Nelson Jobim tem todas as condições para ser um brilhante ministro da Defesa. Foi presidente do Supremo Tribunal, conhece a Constituição do país como ninguém, e as Forças Armadas significa basicamente são questões constitucionais seríssimas. Acho que de todas as indicações que tivemos até hoje, acho que foi a mais forte que teve, de uma pessoa com autoridade absoluta, autoridade muito grande pelo menos nestas questões constitucionais.
Folha - E o diálogo Jobim-Lula?
Pereira - Uma das questões cruciais é como o ministro passa informações ao presidente da República, porque o nível das informações não é o tático, ele não precisa saber que está faltando pneu num quartel. Cada ministro da Defesa ou comandante precisa equacionar isso num plano de reestruturação de longo prazo.
Folha - Qual o papel do presidente da República em um caos aéreo de 10 meses?
Pereira - Participei da primeira reunião da crise. As pessoas preocupadíssimas, a ministra Dilma, o brigadeiro Godinho, o brigadeiro Bueno, Vilarinho, estava o Zuanazzi e todos nós estávamos preocupadíssimo. E o problema era aqui em Brasília, avião não pousava, não sei o quê. Alguém trouxe um mapa das aerovias, a ministra Dilma em 10 minutos entendeu o mapa. E foi explicado que tudo o que estava acontecendo era um excesso de tráfego de aviões pequenos que tentavam sair daqui de Brasília. Achei estranhíssimo, mas me convenceu. A explicação era de muito movimento de políticos no segundo turno em Goiás. Eu saí convencido, mas achei estranho. Todo mundo acreditou naquilo. As pessoas, chega um momento da vida, que elas não têm mais o direito de acreditar na primeira versão.
Folha - Qual seu conselho para o Gaudenzi?
Pereira - Vou tentar passar para o Sérgio Gaudenzi os gargalos de amanhã, da terça-feira, porque é corrida de bastão. Recebeu o bastão, às 17h30 o superintendente de algum aeroporto pode ligar dizendo que há um avião em emergência e a pista não tem balizamento. É preciso colocá-lo numa situação que já entre na velocidade da curva.
Folha - Tem indicação política para esse tipo de cargo?
Pereira - Não é bom. Mesmo. Eu comparo com um médico, que vai operar o seu cérebro e na hora da cirurgia descobre que ele é indicação política, na verdade é um dermatologista indicado pelo senador fulano de tal. Eu levantava da mesa e ia embora.
Folha - Quais os fatores preponderantes no acidente do vôo 3054?
Pereira - Assim que cheguei a São Paulo naquela noite e percebi que não havia mais nada a fazer, fui ver o filme. Quando assisti o filme tive primeiro a certeza de que não tinha sido problema de pista. Mas não fiquei feliz porque não era problema da pista, quando cheguei lá tinha 200 pessoas sendo fritadas, havia cheiro de carne humana. Vi que a pista poderia ter até contribuído para aquilo, mas uma contribuição mínima. Uma coisa que ocorre muito em aviação é ter um erro de projeto num avião, não é algo gritante mas um pequeno detalhe de projeto, que em determinadas situações pode enganar o piloto. Não engana quando tudo está bem. E digo uma coisa: se um piloto foi enganado um dia por isso, é padrão em aviação, mais cedo ou mais tarde um outro piloto vai ser enganado do mesmo jeito. Temos que disciplinadamente aguardar o resultado da investigação. Mas no momento, o meu pensamento está caminhando para um problema de projeto do avião que induz, em determinadas circunstâncias, a um erro de tripulação. Não é nem um erro, mas a não-percepção da tripulação do que está acontecendo.
Folha - E a manutenção?
Pereira - Quando você tem um erro de projeto que induz a um erro de piloto e, some-se a isso, um problema de manutenção, você tem um problema de projeto que em determinadas circunstâncias, normalmente de emergência, induz o piloto ao erro. Se tem uma manutenção que provoca que esse erro de projeto surja, na verdade o erro de manutenção está potencializando o problema de projeto que vai acelerar o erro do piloto. É um encadeamento de coisas. Esses dois pilotos morreram sem saber o que estava acontecendo no avião deles, como morreram no Fokker-100 também, chegaram no céu ou no inferno sem a menor idéia do que estava acontecendo.
Folha - O grooving e a área de escape fizeram falta?
Pereira - O grooving não teve nada a ver. Agora, área de escape... em Congonhas é impossível, não tem como. Ouvi o prefeito de São Paulo conversando sobre fazer um porta-aviões mesmo, com pilares imensas de concreto na direção do Jabaquara, mais 400 metros. Agora há escape lateral, como fizeram os aviões da BRA e o Pantanal na véspera do acidente. Neste caso uma área de escape na reta não ia resolver o problema do vôo da TAM, ele ia sair para a lateral de qualquer maneira. E são pouquíssimas as pistas no Brasil e no mundo onde você tem grandes áreas de escape para se o avião sair da pista. Esse acidente, dentro da tragédia, foi o melhor que poderia acontecer. Se ele tivesse saído para a esquerda violentamente, iria entrar no terminal de passageiros, onde estavam por baixo 1.200 pessoas. Se ele 25 quilômetros por hora a mais, ele passaria por cima daquele prédio da TAM Express. Já viu o que tem ali atrás? Um prédio de apartamentos.
Folha - O que o sr. vai fazer a partir de terça-feira?
Pereira - Vou desligar os meus três celulares e dormir o dia inteiro. Folha Online, Eliane Cantanhêde, Colunista da Folha; Iuri Dantas da Folha de S.Paulo, em Brasília. Foto Folha imagem.

INFRAERO: "TREM DA ALEGRIA" AÉREO

Cargos sem concurso incham Infraero

A crise aérea não poupou o brigadeiro José Carlos Pereira, demitido na sexta-feira da presidência da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), mas passa longe dos assessores, gerentes e assistentes contratados sem concurso público pela estatal. A empresa descumpre, há mais de dois meses, uma regra criada por sua própria diretoria. Um ato administrativo, em vigor desde 1º de junho, limitou o número de contratações especiais - com salários de R$ 1.396,86 a R$ 11.700,73 - a apenas 1% do total do quadro geral de funcionários. A Infraero tem atualmente 10.600 contratados, divididos em cargos de carreira e contratados sem concurso. O Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina) obteve planilhas de cargos e salários da estatal. E preparou um levantamento que mostra que, de 1.130 contratados, 200 são enquadrados como cargos em contratações especiais - ou seja, 1,8% do total de funcionários, quase o dobro do 1% permitido. Como esse porcentual é relativo a apenas parte do quadro geral de empregados, o número de contratos especiais acima do limite de 1% deve ser ainda maior. Desses 200 assessores, só foi possível apontar os vencimentos de 138, que somaram R$ 1.771.586,50 no mês passado. A medida, que não deveria fazer distinção para cortar os cargos em situação especial, só atingiu os salários mais baixos da lista de funcionários sem concurso público. Desde o início de junho, segundo o Sina, só foram demitidos 26 indicados, que ganhavam o piso de R$ 1.396,86. A Assessoria de Imprensa da estatal em Brasília foi procurada desde quinta-feira para se pronunciar sobre o assunto, mas não respondeu à reportagem até ontem. O Ministério Público do Trabalho (MPT) já investiga o caso, antes mesmo da determinação da diretoria executiva. Segundo o procurador Fábio Leal, a apuração de dados começou com base em uma denúncia. "Ainda estamos em fase de instrução, mas já sabemos que do jeito que está não pode ficar", afirmou o procurador. Leal ressaltou que há correntes no Judiciário que entendem não ser permitida nenhuma função comissionada em empresas públicas. Mas disse que algumas funções específicas, como a de assessor de imprensa, costumam ser permitidas. No início da investigação do MPT, o número de contratos especiais era de 263. Nenhum desses funcionários, chamados de "jabutis" pela categoria, é servidor de carreira. A maioria é de parentes de servidores, afilhados e familiares de políticos, afirma o sindicato.Se o ato administrativo tivesse sido cumprido à risca, a Infraero poderia ter economizado, no mínimo, R$ 131.304,84 por mês - considerando-se que cada um dos 94 assessores que precisariam ser demitidos receba o piso. Presidente da Infraero entre 2000 e 2002, Fernando Perrone defende uma reforma administrativa na estatal para transformar as contratações especiais em cargos para servidores concursados. "As contratações devem seguir critérios técnicos." Para o especialista em contas públicas Raul Velloso, é preciso demonstrar "se essas contratações são necessárias para a empresa". Ele citou como exemplo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), onde é pequeno o número de cargos preenchidos por funcionários que não são de carreira. Camilla Rigi e Alexssander Soares, Estadão.

CÂMARA DOS DEPUTADOS/DF: "PIUÍÍÍÍ"!!!


Encontra-se à espera de entrar na pauta de votações do plenário da Câmara um projeto de emenda constitucional de contornos devastadores. Se aprovado, colocará em movimento um super trem da alegria. Concede estabilidade no emprego a servidores que entraram na administração pública pela janela, sem passar por concursos públicos. A mamata vale para a União, para os Estados e para os municípios. A idéia nasceu em 1999. Brotou da cabeça do então deputado Celso Giglio. Se aprovada, tornará estáveis um sem-número de servidores nomeados por compadrio, parentesco, conveniência política ou contratos de terceirização. Basta que estejam trabalhando há pelo menos dez anos. Seriam alojados num “quadro temporário”. Como passariam a ser indemissíveis, seus postos de trabalho seriam extintos apenas no instante em que requeressem aposentadoria. Em 2001, o projeto foi admitido pela Comissão de Constituição e Justiça, um pré-requisito para que pudesse tramitar. Vagava de escaninho em escaninho desde então. Agora, encontra-se pronto para entrar em pauta. Basta que haja um acordo de líderes. A hipótese de que venha a ser votado pôs em estado de alerta o Conselho Federal da OAB. Por sugestão de Ophir Cavalcante Júnior, diretor-tesoureiro da OAB, o tema foi inserido na pauta da reunião do Conselho Federal da Ordem. O encontro começa nesta segunda-feira (6) e se estende até amanhã. Ophir sugere que, além de repudiar o projeto, a OAB impetre no STF uma ação direta de inconstitucionalidade caso ele venha a ser aprovado. “[...] A pretensão do Legislativo é de abrir a porteira do serviço público para que nele adentrem os apadrinhados políticos, numa clara violação aos princípios constitucionais da moralidade, legalidade, igualdade e transparência, tornando letra morta a forma mais democrática de ingresso no serviço público, que se dá através de concurso público de provas e títulos”, anota Ophir na carta que enviou ao presidente da OAB, Cezar Britto. Além do debate proposto por seu diretor-tesoureiro, a OAB discutirá pelo menos mais três temas candentes: a realização da reforma política por meio de uma assembléia revisora exclusiva; a adesão ou rejeição ao engajamento da OAB nacional no movimento “Cansei”; e o ajuizamento de uma ação judicial para destituir os diretores da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Escrito por Josias de Souza, Folha Online.

"TAM EXPRESS": 'PRESSA' EM APAGAR 'MEMÓRIA'!

Prédio da TAM é implodido; Washington Luís é liberada


SÃO PAULO - Após 19 dias do maior acidente da história da aviação brasileira, o prédio da TAM, atingido pelo vôo 3054, foi implodido às 15h30 neste domingo, 5. Em apenas três segundos, o prédio foi ao chão. A TAM confirmou que o terreno será cedido à Prefeitura para a construção de um memorial em homenagem às 199 vítimas da tragédia. A Avenida Washington Luís, interditada desde o dia do acidente, foi totalmente liberada ao trânsito nos dois sentidos neste domingo. Anteriormente, apenas a via no sentido centro vinha sendo utilizada. O Aeroporto de Congonhas, que também havia sido fechado por causa da implosão, foi reaberto para pouso e decolagens 30 minutos após o prédio ter sido demolido. A implosão durou três segundos e uma grande nuvem de fumaça tomou conta da região. Em seguida, homens e máquinas começaram a trabalhar no local dos escombros. Parte do prédio da TAM Express não chegou a cair na implosão e deve ser demolida por funcionários. Segundo o engenheiro responsável pela implosão, Manoel Jorge Dias, a medida foi intencional para garantir a segurança dos prédios vizinhos. A precaução, no entanto, não evitou que três edículas situadas nos fundos de imóveis na Rua Baronesa de Bela Vista fossem destruídas. Segundo a Defesa Civil, os proprietários das casas deverão ser indenizados. A Defesa Civil acrescentou ainda que os 22 imóveis que ainda estão interditados deverão ser liberados nos próximos dias, porque a liberação ainda depende de vistorias que precisam ser feitas com a presença dos respectivos proprietários. Ao longo da semana, eles deverão ser avisados da inspeção. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), e dezenas de curiosos se aglomeraram em frente ao prédio da TAM Express para acompanhar a implosão. Foram utilizados aproximadamente 75 quilos de explosivos em 300 pontos do edifício. A empresa que fez a implosão do prédio é a mesma responsável pela destruição do presídio do Carandiru, em 2002, e do Edifício Palace 2, que desmoronou no Rio de Janeiro em 1998. Acessos das avenidas Washington Luís e dos Bandeirantes foram bloqueados temporariamente, pouco antes do início e do término da implosão. Desde às 14h30, foram interditadas as ruas Baronesa de Bela Vista; Barão de Suruí e a Otávio Tarquínio de Souza, e liberadas às 16 horas. Em nota, a TAM informou nesta manhã que recebeu a documentação dos órgãos envolvidos na investigação das causas do acidente com o Airbus e com a busca de corpos. Segundo a empresa aérea, a secretaria de Segurança do Estado "informa que encerrou completamente os trabalhos de buscas por vítimas e de seus pertences na área". Antes de o prédio ser implodido, familiares das vítimas da tragédia estiveram no local do acidente, na tarde da última sexta-feira, a convite da Defesa Civil do município. A visita, que contou também com um padre, teve como intuito mostrar aos familiares que todos os procedimentos possíveis na busca de corpos e material genético foram realizados e que não havia mais nada a ser feito no local. Os 600 moradores dos 150 imóveis interditados só puderam voltar para casa depois das 16 horas, após a limpeza do entulho. Pela manhã, técnicos da Defesa Civil distribuíram folhetos pedindo que os moradores deixassem suas casas - com portas e janelas trancadas -, desligassem a chave geral, o registro de água e gás, mantivessem os animais presos em lugar seguro (ou que os levassem junto) e que deixassem os veículos fora da área interditada. Os moradores estavam apreensivos com a implosão, mas queriam a liberação das ruas interditadas o quanto antes. "A expectativa é para acabar isso logo. A vida e o trânsito devem voltar ao normal porque hoje vivemos um caos", disse Bruno Barros, de 22 anos, morador da região. O vôo 3054 da TAM, após uma tentativa de pouso fracassada no Aeroporto de Congonhas, fez um vôo rasante sobre a Avenida Washington Luís, via de alto tráfego, e acabou colidindo contra o prédio da TAM Express e explodindo. O Airbus, envolvido no pior acidente da história da aviação brasileira que deixou 199 mortos, fazia o vôo de Porto Alegre a São Paulo. Estadão, (Com Reuters). Foto Hélvio Romero/AE.

LULA: "A MIM NÃO ME PREOCUPA PESQUISA"!

"Não estou preocupado com pesquisa", diz Lula no México

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ao chegar à Cidade do México, neste domingo, que "não está preocupado com a pesquisa" e que o povo tem percebido "as conquistas da sociedade". "A mim não me preocupa pesquisa. O que me preocupa na verdade é que as coisas no Brasil estão indo, os números de economia estão mais do que satisfatórios. Acredito que o Brasil entrou definitivamente no caminho do crescimento econômico e do desenvolvimento e acho que o povo tem sentido isso. O povo tem percebido isso porque isso termina resultando em conquistas diretas da sociedade", afirmou o presidente ao ser questionado pelos jornalistas sobre o resultado da pesquisa Datafolha publicada também neste domingo. A pesquisa mostra que a popularidade do presidente se manteve estável, mesmo com as críticas que ele recebeu após o acidente com o avião da TAM. De acordo com o Datafolha, 48% dos entrevistados consideram o governo Lula ótimo ou bom, o mesmo índice da pesquisa anterior, em março. Inicialmente, o presidente disse que não queria comentar o assunto porque não havia visto a pesquisa e sugeriu que os jornalistas conversassem com o ministro das Relações Exteriores Celso Amorim. Diante da insistência dos jornalistas, acabou falando. O presidente chegou à Cidade do México pouco depois das 18h no horário local (20h de Brasília) e não teve compromisso oficial. Ele se encontrou no hotel com a primeira-dama Marisa Letícia, que já estava na cidade desde quarta-feira, a convite do governo mexicano, para conhecer os museus e sítios arqueológicos da cidade. Lula disse que a visita ao México é "extremamente importante". "Nós queremos que o México cada vez mais se aproxime da América Latina e da América do Sul. Temos trabalhado isso", afirmou o presidente. Questionado sobre a possibilidade de os dois governos firmarem um acordo para a isenção de visto para cidadãos dos dois países - como acontecia até 2005, quando o México passou a exigir visto dos brasileiros - o presidente deu a entender que o assunto será tratado entre as delegações. "Tudo isso faz parte de uma nova discussão com o México. Acho que há a disposição de avançarmos e não criarmos problemas para tanto os mexicanos que vão ao Brasil como para os brasileiros que vão para o México", afirmou o presidente. Lula disse que os dois países estão vivendo um outro momento, e que é preciso aproveitar. "Aproveitar este bom momento em que o mundo está percebendo que quanto mais abrirmos a nossa fronteira, mais chance teremos de atrair não apenas mais investimento como fazer o entrelaçamento cultural, turístico. É para isso que estou aqui. Estou aqui para vender a imagem do Brasil, os produtos brasileiros e para comprar os produtos do México", afirmou. Num artigo publicado neste domingo no jornal mexicano "El Universal", o presidente destaca a importância da integração regional e faz uma referência indireta ao muro que os Estados Unidos planejam construir na fronteira com o México. "Em nosso continente não necessitamos muros. Necessitamos estradas, pontes, gasodutos e linhas de transmissão. A verdadeira integração para que circulem livremente não apenas mercadorias e serviços, mas também pessoas e idéias", diz Lula. Ele destaca também o papel de Brasil e México como interlocutores no cenário internacional, assumindo o papel de representantes dos pontos de vista dos países em desenvolvimento. Um discurso no encontro de empresários mexicanos e brasileiros, organizado pela Confederação Nacional da Indústria e pela associação mexicana equivalente, é o primeiro compromisso do presidente Lula no México nesta segunda-feira. O presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Armando Monteiro Neto, cobrou um maior empenho do governo brasileiro para negociar a ampliação dos itens que integram o Acordo de Complementação Econômica entre Brasil e México, de redução de tarifas de importação dos dois lados. Em vigor desde 2003, o acordo tem atualmente 796 produtos, com redução de tarifas entre 20% e 100% em relação às cobradas de outros países. A CNI também propõe também o corte de 30% em todas as tarifas de importação entre os dois países. O comércio entre os dois países já dobrou entre 2002 e 2006, mas pode crescer ainda mais se tivermos competência e agilidade para adequar os instrumentos que permitam esse crescimento", afirmou Monteiro Neto. Depois do encontro com os empresários, o presidente inicia a parte política da viagem. O primeiro compromisso é uma cerimônia de oferenda floral no Altar da Pátria e um encontro com o presidente Felipe Calderón no palácio nacional. Depois do almoço, que será oferecido por líderes parlamentares, Lula visita a sede do governo do Distrito Federal e o Senado, onde participa de uma sessão solene. À noite, será o homenageado de um jantar no Castelo de Chapultepec. Na terça-feira de manhã, o presidente parte para Honduras, e no fim do dia para a Nicarágua. BBC Brasil, Folha Online.