A proposta deste blogue é incentivar boas discussões sobre o mundo econômico em todos os seus aspectos: econômicos, políticos, sociais, demográficos, ambientais (Acesse Comentários). Nele inserimos as colunas "XÔ ESTRESSE" ; "Editorial" e "A Hora do Ângelus"; um espaço ecumênico de reflexão. (... postagens aos sábados e domingos quando possíveis). As postagens aqui, são desprovidas de quaisquer ideologia, crença ou preconceito por parte do administrador deste blogue.
PENSAR "GRANDE":
[NÃO TEMOS A PRESUNÇÃO DE FAZER DESTE BLOGUE O TEU ''BLOGUE DE CABECEIRA'' MAS, O DE APENAS TE SUGERIR UM ''PENSAR GRANDE''].
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“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.
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''Os Economistas e os artistas não morrem..." (NHMedeiros).
"O Economista não pode saber tudo. Mas também não pode excluir nada" (J.K.Galbraith, 1987).
"Ranking'' dos políticos brasileiros: www.politicos.org.br
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quarta-feira, dezembro 19, 2012
XÔ! ESTRESSE [In:] 'OVERDOSE'
2013: ''A CIGANA LEU O MEU DESTINO..." *
2013 - os ventos dominantes
Autor(es): Paulo R. Haddad |
O Estado de S. Paulo - 19/12/2012 |
Os ventos dominantes da economia nacional e internacional sinalizam que 2013 tende a ser um ano de economia com crescimento baixo, com maior taxa de desemprego e um certo grau de desalento entre os agentes econômicos. Não se pode, apenas por mero ato voluntarista dos governantes, estabelecer uma meta de crescimento futuro da economia, ainda que justifiquem este ato como uma técnica de marketing para ordenar as expectativas de investidores e consumidores.
Como se sabe, toda experiência bem-sucedida de planejamento é permeada, destacadamente, por duas instâncias formais. Uma, teleológica, onde se delimitam finalidades, objetivos e metas a serem perseguidos. E outra, processual, onde se definem os procedimentos ou o conjunto de etapas, de estágios e de módulos, de métodos a serem mobilizados tanto para tornar real ou efetiva a instância teleológica quanto para retificá-la, levando em consideração as próprias vicissitudes de sua implementação.
Ocorre que, no nível da instância processual, a eficácia dos instrumentos e mecanismos usados para concretizar as metas desejadas depende profundamente das restrições e condicionalidades a que eles estão subjugados. Neste ponto do processo de projeção dos "limites do possível" é que se diferencia uma meta de crescimento realista de uma meta de fantasia desorganizada.
É evidente que não há fatores objetivos que possam determinar esse grau de realismo. Tudo o que se propuser terá recorrentemente uma forte dose de inteligência intuitiva e de experiência informada. Em defesa de nosso ponto de vista de um cenário menos otimista para a economia brasileira, destaco três restrições e condicionalidades que impõem limites a qualquer sonho de maior prosperidade em 2013.
Iniciaremos o ano de 2013 com a atual crise econômico-financeira nos EUA, na Europa e no Sudeste da Ásia consolidando-se como a mais dramática crise depois dos anos 1930 e sinalizando que a sua superação somente ocorrerá num período muito longo. É ilusório pensar que uma crise nas economias dominantes intensa, longa e profunda possa não atingir significativamente as economias periféricas ou emergentes. Os mecanismos de transmissão se manifestam inexoravelmente por meio da queda nos fluxos de comércio internacional de bens e serviços, nos fluxos de financiamento nos mercados de capitais globalizados e numa histerese socioeconômica do espírito empreendedor.
Por outro lado, são limitados os graus de liberdade que as nossas autoridades econômicas têm para conceber e executar políticas expansionistas. Há um processo de inflação rastejante ou furtiva em andamento que constrange novas e significativas quedas nas taxas de juros. E o orçamento do setor público consolidado se encontra enrijecido por vinculações constitucionais e por comprometimentos políticos com crescentes despesas correntes, em que se destacam as políticas sociais compensatórias, que se tornarão crescentemente indispensáveis se a atual desaceleração econômica se aprofundar.
Finalmente, pesa na definição das perspectivas de uma economia o próprio estilo das políticas econômicas que o governo adota para lidar com as crises. Sabe-se que a atual administração do governo federal ainda não conseguiu estruturar e pôr em marcha um sistema de planejamento de médio e de longo prazos.
O atual sistema de planejamento no Brasil tornou-se apenas o braço orçamentário do sistema fazendário, que tem preferência por ações incrementais e não estruturantes de curto prazo. De curto em curto prazo, corre o risco de se adotarem estratégias equivocadas para encaminhar soluções adequadas para a desaceleração da economia.
Duas estratégias equivocadas que são altamente comprometedoras para a formação de um novo ciclo de expansão da economia: o aprofundamento do protecionismo econômico de indústrias não competitivas globalmente e a elevação da carga tributária de setores produtivos mais dinâmicos e mais bem-sucedidos no cenário mundial.
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(*) O AMANHÃ (João Sérgio ?). Simone.
''A cigana leu o meu destino
Eu sonhei! Bola de cristal Jogo de búzios, cartomante E eu sempre perguntei O que será o amanhã? Como vai ser o meu destino? Já desfolhei o mal-me-quer Primeiro amor de um menino...''
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AS VALQUÍRIAS... *
Não creia em bruxas, mas que as há, ah há!
Autor(es): José Nêumane |
O Estado de S. Paulo - 19/12/2012 |
Em Paris, cenário favorito para desabafos de presidentes petistas, Dilma Rousseff fez uma digressão interessante sobre suas convicções pessoais a respeito de corrupção de agentes públicos: ela é a favor de tolerância zero para pôr fim aos malfeitos dos larápios, mas contra a "caça às bruxas".
O combate sem trégua é dirigido indiscriminadamente contra quem desafiar seu indómito espírito republicano e a vigilância que ela anuncia para evitar malversação do erário.
A exceção refere-se a seu ex-chefe, padrinho e antecessor Luiz Inácio Lula da Silva, sobre quem quaisquer suspeitas, por mais que apoiadas em provas ou evidências, são por ela consideradas uma "indignidade".
A tolerância zero da presidente não garante lisura na gestão do dinheiro público, mas revela seu estilo de mando. É de todos conhecida a curtíssima extensão do pavio da chefe de governo: suas explosões de mau gênio são tão estridentes que os impropérios atravessaram os geralmente indevassáveis salões e corredores palacianos, tornando-se famigerados.
Quanto à corrupção propriamente dita,, sua reação é, sem nenhuma intenção de desrespeitá-la, pavloviana: cada auxiliar de alto escalão que não tenha a proteção de sua benquerença, ao ser denunciado, é logo demitido. Os que habitam os desvãos secretos de seus afetos não recebem tratamento isonômico. É notório o caso do ministro Fernando Pimentel, cujo cargo foi mantido sem que nunca tivesse sido esclarecido de que sabença dispõe para justificar os altíssimos preços pagos por suas palestras.
Para poupá-lo a chefe chegou a levar um ícone da antiga moral petista, o ex-ministro Sepúlveda Pertence, a renunciar à Comissão de Ética da Presidência da República, após não reconduzir membros interessados na contabilidade da consultoria de seu auxiliar do peito.
Nem protegidos de seu padrinho foram poupados quando denunciados pelos adversários da "mídia". Só que, depois, ninguém seria alcançado pelos braços da punição penal, donde se conclui que a perda de cargo é a pena máxima para amigos. Isso, é claro, não vale para os inimigos de ocasião. Não há delito de que seja acusado um companheiro petista que não desperte a sanha de sua base de apoio parlamentar a apontar com seu dedo em riste na direção do ex-presidente Fernando Henrique, cujo único crime reconhecido é a filiação ao PSDB. Se bem que neste momento o referido tucano venha sendo acompanhado por novos desafetos, como o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, acusado de alta traição por ter sido nomeado pelo petista Lula, confirmado por Dilma e, apesar disso, ter apresentado um libelo acusatório que terminou levando o Supremo Tribunal Federal (STF) a condenar os petistas Dirceu, Genoino e Delúbio.
A "caça às bruxas" não atende aos requisitos mínimos da lógica e da verdade.
Haverá, de fato, uma onda de delação, premiada ou não, no momento no Brasil? Vamos aos fatos: o operador do mensalão, que, conforme o PT da presidente, nunca existiu, Marcos Valério Fernandes, procurou o Ministério Público Federal (MPF) para contarque depositou dinheiro da corrupção na conta do ex-segurança e ex-aloprado Freud Godoy supostamente para pagar contas pessoais de Lula, Será verdade? A ministra do STF Cármen Lúcia disse que duvida. Dilma não hesitou: fora do País, sendo recebida pelo presidente da França, François Hollande, não apenas desmentiu, como deu ordens, segundo noticiário confiável, ; para seus ministros saírem em defesa do companheiro-mor. I Estarão corretas as insignes damas republicanas? É simples responder à questão. Basta abrir um inquérito, saber se de fato o depósito foi feito e exigir que o destinatário, caso seja confirmado, conte o que fez com o dinheiro. Aí a polícia, sob as ordens do solerte dr. José Eduardo Martins Gardozo, poderia aproveitar a ocasião para inquirir o mesmo acusado a respeito de sua participação na falsificação de um dossiê contra o tucano José Serra na eleição de 2006.
Em vez de mandar a Polícia Federal investigar, contudo, obediente às ordens emanadas de Paris, o dr. Cardozo absolveu imediatamente o padrinho I da chefe: "Do ponto de vista jurídico, isoladamente, esse depoimento não tem nenhum significado. Foi produzido por uma pessoa que já estava sendo processada, condenada no julgamento, feito visivelmente na tentativa de tumultuar esse processo. Esse depoimento não tem valor probatório". Homem de confiança de Lula no governo atual, o ministro que chefia a Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, sentiu-se à vontade para se acumpliciar com a comandante, batendo duro no delator: "O que mais nos impressiona neste momento é como uma pessoa que foi condenada a longos anos de prisão, por ser o cérebro e o provocador de dois processos, de repente, num gesto de desespero para tentar amainar sua pena, é tomado de tamanha credibilidade. O que este senhor tem revelado, particularmente a respeito do presidente Lula, é de uma falácia, de uma falsidade, impressionantes. Me impressiona a credibilidade que se dá a esse cidadão nessa hora, tanto nos detalhes quanto no conteúdo mais profundo". Trata-se de uma deslavada aposta na amnésia ampla e geral: todos sabem que o dito desqualificado patrocinou uma romaria de banqueiros também condenados no processo do mensalão a gabinetes do alto comando federal no primeiro governo Lula, entre os quais o do chefe da Casa Civil à época, José Dirceu. Se crime não houve, criminoso há? E de que autoridade moral se investe alguém que nega credibilidade à palavra de um réu e atribui a um colega de banco dele no julgamento a aura de mártir injustiçado? Terá Valério nomeado Rosemary Novoa de Noronha, denunciada pelo MPF, para chefiar o gabinete da Presidência da República em São Paulo? Terá sido em seu nome que ela nomeou figurões da burocracia federal? Sob sua égide terá praticado os delitos de que é acusada? Ou será, por acaso, ela a bruxa que Dilma não quer que cacem?
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(*) Ópera de Richard Wagner.
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UMA 'OLDTOWN' ...
A tragédia de Newtown
Autor(es): Edson Luiz |
Correio Braziliense - 19/12/2012 |
Os Estados Unidos encerram o ano sem muito a festejar, depois da tragédia ocorrida na semana passada, quando 20 crianças e seis adultos foram executados por um atirador que, em seguida, também se matou. Como em outras ocasiões, vem a pergunta: já não está na hora de repensar a venda de armas no país? E, de novo, ficamos sem respostas, já que a discussão começa, mas nunca termina. Ou encerra-se sem que haja qualquer definição. Porém, chega um momento em que, além de lamentar, é necessário tomar posições concretas a respeito.
O massacre na Escola Primária Sandy Hook, em Newtown, reacende uma discussão na qual os Estados Unidos parecem ter medo de entrar, que é legalidade da posse de armas. O caso ocorrido no estado de Connecticut mostra muito bem que o problema é bem mais sério do que se pensa. O atirador suicida Adam Lanza levava consigo um rifle de assalto e duas pistolas, além de farta munição. Tudo legalmente comprado pela mãe dele, Nancy Lanza, provavelmente a primeira das vítimas.
Infelizmente, como acontece aqui no Brasil também, foi necessário um novo massacre para que os políticos voltassem a fazer mea-culpa, como o próprio presidente americano, Barack Obama. Porém, o mandatário dos Estados Unidos não pode encarar o problema sozinho, mas contar com os governadores, já que cada unidade da Federação tem suas próprias leis. Mas Obama tem que liderar esse movimento pelo fim das armas, como já fez o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, que pressiona o presidente a tomar uma posição mais enfática.
Muitos se baseiam em estatísticas para tentar minimizar os efeitos da liberação de armas nos Estados Unidos. Um exemplo são os números que saíram na internet, mostrando que, no Brasil, onde a comercialização de armas é proibida, há mais crimes de homicídios. Enquanto isso, nos EUA, que não proíbem o porte de artefatos, há menos crimes contra a vida. Nada justifica. Nos últimos três anos vimos outros massacres e não apenas o da escola Sandy Hook, assim como vemos em nosso país as taxas de delitos caírem por causa da limitação no uso de armamentos.
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IMPOSTÔMETRO [In:] EU PAGO, TU PAGAS, ELES GASTAM
O direito de saber
Autor(es): Indio da Costa |
O Globo - 19/12/2012 |
Chegamos ao final de 2012 com uma grande conquista: o direito de saber quanto pagamos de imposto ao comprar algum produto ou pagar por algum serviço. A Lei 12.741, publicada no Diário Oficial da União no dia 10, determina que as notas fiscais, a partir de junho de 2013, discriminem os tributos, impostos, contribuições e taxas embutidos no preço final. Pagamos caro pelos serviços públicos e devemos saber com quanto contribuímos para exigir qualidade proporcional.
As notas fiscais terão de imprimir os valores aproximados de oito impostos e contribuições: ICMS, ISS, IPI, IOF, PIS, Pasep, Cofins e Cide. Com as novas regras, o consumidor saberá, por exemplo, que, quando compra uma TV LCD 42" por R$ 1.499,90, paga R$ 890,49 de impostos. O produto, livre de tantas taxas, custaria R$ 609,41. Um quilo de arroz ou de feijão, por exemplo, soma, no preço final, mais de 17% de tributos.
Como no Ficha Limpa, o projeto de lei foi apresentado por iniciativa popular. Chegou ao Senado em 2006, com a assinatura de 1,56 milhão de brasileiros mobilizados pela Associação Comercial de São Paulo, então presidida pelo atual vice-governador paulista, Guilherme Afif Domingos, e pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário. Um ano depois foi aprovada pelos senadores e, apenas em novembro agora, pelos deputados. O texto altera o Código de Defesa do Consumidor e regulamenta a Constituição na questão dos tributos.
A lei sancionada é um passo estratégico para conscientizar mais o brasileiro sobre a sanha arrecadatória do Estado, e os consumidores, para a urgência da mudança de regras em direção à simplificação tributária e à transparência no recolhimento de tributos. Iludem-se os que acham que o brasileiro não sabe que paga tributos indiretos. Pesquisa publicada no livro "O dedo na ferida, menos imposto, mais consumo", de Alberto Almeida, mostra que nosso povo sabe sim que paga taxas e contribuições indiretas, mas não quanto isso custa no seu cotidiano.
Saber quanto desembolsa a mais por um produto em impostos fará com que cobremos do governo respostas claras para perguntas objetivas: para que servem tantos tributos, onde é aplicado o dinheiro e, consequentemente, por que ainda há serviços tão ruins?
A carga tributária bruta brasileira bateu novo recorde e fechou 2011 em 35,31% do Produto Interno Bruto (PIB). Uma alta de quase dois pontos percentuais em comparação com o ano anterior. Isso significa que os governos federal, estaduais e municipais arrecadaram R$ 1,46 trilhão (descontando juros e multas) em impostos e contribuições no ano passado.
Sabemos que os entes da Federação não abrirão mão de seus tributos que, infelizmente, elevam o "custo Brasil", reduzem nossa capacidade de competir internacionalmente e, consequentemente, afastam investimentos.
Mas, com a nova lei, teremos como acompanhar de perto a evolução desse volume amazônico de arrecadação e a exigir melhores serviços dos governos federal, estadual e municipal, especialmente nas áreas de Justiça, saúde, educação, segurança e saneamento básico.
Ganhamos mais poder e teremos acesso a informações que nos permitirão exercer com mais competência e eficiência nossos direitos.
Não atingimos ainda o ideal. Com o veto do Poder Executivo à discriminação do custo do IR e da CSLL nas notas, ficaremos sem conhecer o valor total dos impostos no custo final. Mas é importante reconhecer que o que conseguimos já é um grande avanço!
Com a nova Lei caminhamos em linha reta na direção da cidadania fiscal.
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A DELTA E O ÔMEGA DA CONSTRUÇÃO
Este ano, Delta já recebeu da União R$ 379 milhões
O Globo - 19/12/2012 |
Contratos foram mantidos, apesar de declaração de inidoneidade pela CGU;
Ainda que seu faturamento em obras federais seja o menor desde 2007, a Delta Construções está terminando 2012 em terceiro lugar entre as construtoras que mais receberam recursos da União, ficando atrás apenas das gigantes Odebrecht e Queiroz Galvão. Mesmo depois de ter sido considerada inidônea, em 13 de junho, a Delta recebeu R$ 185,4 milhões até o último dia 14. Segundo levantamento do site Contas Abertas, a Delta Construções, desde janeiro, recebeu R$ 379,2 milhões do Executivo. Os repasses continuaram porque seus contratos foram mantidos.
Em 2011, a construtora recebeu da União R$ 862,4 milhões e, em 2010, outros R$ 753,2 milhões. De 2004 para cá, a empreiteira recebeu R$ 4 bilhões do governo federal. A Delta, com sede no Rio de Janeiro, começou a crescer no mercado nacional a partir de 2007, quando foi iniciado o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Depois de citada nas investigações da Polícia Federal que desbarataram o esquema de corrupção comandado pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira, a Delta foi impedida, com a declaração de inidoneidade, de participar de novas licitações ou ser contratada pela administração pública, nas esferas federal, estadual ou municipal.
Segundo a CGU, a construtora violou o princípio da moralidade na administração pública e, nos próximos dois anos, contados a partir de julho de 2012, não poderá assinar novos contratos com prefeituras, estados e governo federal. A decisão foi baseada em apuração, concluída em abril, sobre irregularidades na execução em contratos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) no Ceará.
Depois, na Operação Monte Carlo, a empresa de Fernando Cavendish foi citada em diversas gravações de conversas entre executivos da construtora e Cachoeira e integrantes de seu grupo. Seu ex-diretor para o Centro-Oeste, Cláudio Abreu, foi preso durante a Operação Monte Carlo, da PF.
Segundo a CGU, entre os anos de 2007 e 2010, foram encontradas irregularidades em 60 contratos do Dnit com a participação da Delta. Contratações que somam R$ 632,3 milhões.
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CNI E O PIBINHO
Produção industrial cai em 15 setores
Autor(es): Por Thiago Resende e Lucas Marchesini | De Brasília |
Valor Econômico - 19/12/2012 |
A produção de 15 dos 28 setores da indústria de transformação pesquisados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) caiu entre outubro e novembro, de acordo com a Sondagem Industrial da entidade. Entre setembro e outubro, a queda havia atingido apenas cinco segmentos.
O indicador de produção da indústria ficou em 49,6 pontos em novembro. O indicador varia de zero a cem pontos, sendo que valores abaixo de 50 pontos representam baixa na atividade em relação ao mês anterior. Em outubro, o índice foi de 53,8 pontos.
Entre os 15 setores que tiveram retração na atividade em novembro, estão têxteis, biocombustíveis, borracha, calçados e veículos. Além disso, 18 setores da indústria de transformação estão com estoques menores do que os planejados para o período.
A pesquisa mostrou que a indústria reduziu o otimismo em relação à demanda nos próximos seis meses. O indicador caiu de 55,7 pontos, em novembro, para 54,6 pontos em dezembro.
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APAGÃO ELÉTRICO. SÓ SE COLHE O QUE SE PLANTA (e não precisa ser Odin p´'rá saber...)
A inútil irritação de Dilma
O Estado de S. Paulo - 19/12/2012 |
De nada adiantam os ataques de irritação da presidente Dilma Rousseff, suas cobranças veementes de explicações e providências e suas reprimendas à equipe do setor elétrico. Tão frequentes quanto as interrupções do fornecimento de energia para diversas regiões do País que tanto a incomodam - pelo menos seis casos, vários de grande extensão, desde o fim de setembro, quando elas começaram a ocorrer com regularidade -, tais explosões de braveza têm sido inúteis para milhões de consumidores. O mais recente apagão, expressão que tanto incomoda a presidente, ocorreu no último fim de semana e afetou a vida de 2,7 milhões de brasileiros só nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, O número total de cidadãos prejudicados é certamente bem maior, pois a interrupção se estendeu para mais 10 Estados das Regiões Sudeste, Sul, Gentro-Oeste e Norte.
A falha no sistema interligado de energia elétrica do País começou às 17h43 de sábado (15/12) e, no Estado de São Paulo, só foi totalmente superada às 21h21. Pelo menos 20 bairros da capital e 9 cidades da Grande São Paulo ficaram sem energia elétrica. A distribuidora Eletropaulo, que atende a região, estima que 1,5 milhão de pessoas foram afetadas pelo coite do fornecimento de energia. No Rio, o apagão prejudicou 1,2 milhão de clientes que moram em 26 cidades. Como em outros apagões recentes, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) identificou com razoável precisão as causas do evento. Desta vez, como informou, o problema foi provocado por falhas que levaram ao desligamento de unidades geradoras da Usina Hidrelétrica de Itumbiara, da estatal Furnas, localizada no Rio Paranaíba, entre os Estados de Goiás e de Minas Gerais. Também como fez após outros apagões, o operador do sistema disse que aas causas do evento serão investigadas". No fim de outubro, depois do apagão que deixou sem energia 9 Estados do Nordeste e áreas do Tocantins e do Pará, afetando mais de 50 milhões de consumidores, a presidente Dilma Rousseff - de novo irritada, segundo se informou - exigiu explicações "efetivas" sobre a ocorrência e providências para se reduzir a possibilidade de sua repetição. O ministro interino de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, anunciou, então, que seria realizada uma operação pente-fino no sistema elétrico, para evitar novos apagões.
Foi baixada uma portaria com as ações a serem executadas nessa operação, destinada, segundo o governo, a aumentar a segurança operacional do sistema. O ministro reconhecia que, com a frequência das interrupções no fornecimento de energia para amplas áreas, o sistema estava perdendo confiabilidade.
Engenheiros e outros técnicos do setor elétrico vêm alertando há tempos que a frequência dos apagões mostra a necessidade de investimentos em manutenção. Ao envelhecimento do sistema elétrico, em todas as suas etapas - geração, transmissão, distribuição deve corresponder o aumento proporcional de investimentos em manutenção ou substituição de equipamentos. Mas, ao mesmo tempo que se irrita com os apagões, a presidente Dilma Rousseff impõe ao setor elétrico uma política que, com o objetivo único de reduzir as tarifas de energia que, de fato, são altas cerceia as empresas, burocratiza ainda mais as decisões, impõe-lhes custos adicionais e, assim, tende a tolher os investimentos.Gomo mostrou o Estado (17/12), com a nova política para o setor elétrico, as empresas que aceitaram a renovação antecipada das concessões que vencem entre 2013 e 2015 terão de obter a autorização prévia da Aneel para realizar qualquer gasto com modernização ou ampliação de capacidade de uma usina. Assim, a substituição de equipamentos analógicos por digitais, por exemplo, que pode reduzir os riscos operacionais, terá de ser previamente avaliada pela agência reguladora, que calculará qual será o impacto da despesa sobre a tarifa de energia. Quando o foco está na tarifa, desprezam-se fatores como eficiência e, sobretudo, segurança operacional. É uma forma de alimentar os apagões.
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CONGRESSO NACIONAL: 'RELÓGIO MAIA' DE 25 HORAS
Congresso marca votação de 3 mil vetos
Autor(es): Por Raquel Ulhôa e Juliano Basile | De Brasília |
Valor Econômico - 19/12/2012 |
A decisão do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), de suspender a urgência aprovada por ampla maioria de deputados e senadores para votação do veto da presidente Dilma Rousseff à nova distribuição da receita do petróleo provocou imediata reação do Congresso e intensa mobilização de líderes partidários das duas Casas em busca de uma saída para tentar derrubar o veto nesta quarta-feira. A sessão do Congresso está convocada para às 12h de hoje.
A mesa do Congresso entrou ontem com recurso ao STF contra a liminar concedida por Fux. Ao mesmo tempo, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), definiu estratégia com os líderes para garantir a realização da sessão do Congresso, destinada à votação dos 3.060 vetos presidenciais pendentes de votação. Ao confirmar que convocaria a sessão, Sarney afirmou que estava "sendo flechado como São Sebastião".
Pela decisão de Fux, os vetos têm de ser votados pela ordem cronológica. O do projeto que trata dos royalties e participações especiais do petróleo é o último da fila. Se houver sessão, os milhares de vetos serão listados em cédulas para que os parlamentares marquem voto sim, não ou se abstenham. A derrubada de um veto exige que maioria absoluta de senadores (41) e de deputados (257) vote pela rejeição.
Para conceder a liminar, Fux atendeu a um pedido do deputado federal Alessandro Molon (PT-RJ), em mandado de segurança impetrado no dia 13. Outro mandado foi apresentado em conjunto pelo deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ) e o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). O recurso do Senado, chamado formalmente de agravo regimental, pode ser julgado ainda hoje pelo plenário do STF, na última sessão deste ano, que terá início às 9h.
A estratégia definida pelos líderes com Sarney, pela manhã, gerou dúvidas entre seus próprios articuladores. Em cumprimento ao acordo, líderes das duas Casas assinaram requerimento pedindo a convocação de uma sessão do Congresso, destinada à votação dos votos pendentes.
Sarney leu o requerimento no plenário, pouco depois das 20h, em sessão do Senado.
Os representantes dos dois Estados confrontantes com plataformas de petróleo no mar que mais perderiam com a mudança da regra - e, portanto, querem manter o veto -, Rio de Janeiro e Espírito Santo, estavam preparados para nova batalha regimental para evitar a votação do veto. Ao longo do dia, as assessorias analisavam supostas violações do regimento e da Constituição.
Além do requerimento, foi criada ontem uma comissão de cinco deputados e cinco senadores para dar parecer ao veto dos royalties. Essa é uma das exigências regimentais para o rito de tramitação dos vetos presidenciais - nunca cumpridas. Para relator foi designado o deputado Júlio César (PSD-PI), que já estava com seu parecer pronto para ser lido.
Molon e Lindbergh alegaram, no entanto, que seria necessário uma comissão para analisar cada veto. Do outro lado, o relator indicado rebateu, dizendo que os vetos anteriores já tiveram seus prazos regimentais vencidos e, portanto, não caberia criar comissões específicas. Se a sessão do Congresso for realizada, os representantes dos Estados confrontantes prometem batalha no plenário.
"Se atropelarem nossos direitos, temos possibilidade de entrar com novo mandado de segurança", afirmou Lindbergh, apontando falhas regimentais na tática definida pelos líderes. "Teremos grandes emoções", disse Molon.
Segundo senadores ligados a Sarney, a presidente Dilma Rousseff telefonou ao presidente do Senado, pedindo para que ele não convocasse a sessão. O pemedebista alegou que nada poderia fazer, se os líderes apresentassem um requerimento com as assinaturas da maioria deles. O requerimento foi protocolado à tarde.
"Estou batendo palmas para o ministro Fux. Ele determinou que os vetos sejam votados por ordem cronológica. Acho que ele está certo", afirmou o deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), um dos mais envolvidos na articulação pela redistribuição dos royalties e participações especiais do petróleo localizado no mar.
A assessoria de líderes governistas faziam um "pente fino" nos mais de 3 mil vetos, para verificar o risco de matérias importantes caírem. Entre as preocupações, apareceram os vetos ao Código Florestal e ao fator previdenciário. Já havia movimentação de ruralistas e de outros ligados ao setor previdenciário para tentar derrubar esses vetos.
No agravo regimental da Mesa do Congresso Nacional para tentar reverter a liminar de Fux, a Advocacia-Geral do Senado afirmou que a liminar do ministro teve "efeitos devastadores sobre o funcionamento do Congresso Nacional e das instituições republicanas".
Como exemplo, alega que nem o Orçamento da União pode ser votado, enquanto os vetos não forem apreciados pelo Congresso: "Em uma decisão obtusa, assim, a Corte Constitucional provoca um gravame inaceitável à ordem política, econômica e social do país, e terá por efeito uma grave insegurança jurídica e um afrouxamento dos controles orçamentários e financeiros."
O ministro Marco Aurélio Mello defendeu a decisão de Fux. "O Congresso é terra sem lei? Será que a maioria pode de uma hora para outra rasgar até mesmo o regimento?" Já o ministro Ricardo Lewandowski disse que o recurso é cabível e deve ser analisado. "Essa questão deve ser examinada pelo plenário", resumiu.
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AUMENTO DOS COMBUSTÍVEIS [In:] A VOZ DO POVO, A VOZ DAS URNAS. ''CHORA POVO!''
Dilma autoriza reajuste de combustíveis
Novo ano começa com cenário de inflação alta |
Autor(es): Por Claudia Safatle | De Brasília |
Valor Econômico - 19/12/2012 |
A presidente Dilma Rousseff vai autorizar o reajuste dos preços da gasolina em 2013. O ano vai começar com uma inflação "carregada", segundo alta fonte do governo, e o aumento do preço dos combustíveis deve neutralizar a queda nas tarifas de energia elétrica.
A pesquisa Focus projeta variação do IPCA de até 0,75% em janeiro. O Banco Central estima um pouco menos. Mas não haverá desvalorização da taxa de câmbio para pressionar o IPCA, pela perspectiva do Banco Central.
O ano de 2013 começa com uma taxa de inflação elevada e um agravante: a presidente Dilma Rousseff não pretende segurar mais o aumento dos preços dos combustíveis, segundo informações de fontes oficiais. A previsão do Focus é de que a variação do IPCA pode atingir 0,75% em janeiro.
Novas projeções para 2013 vão ser divulgadas pelo Banco Central nesta quinta feira, no Relatório Trimestral de Inflação. Mas, numa avaliação mais geral, não será um mau desempenho se nos dois últimos anos do governo Dilma Rousseff a inflação, ainda que ao redor de 5% e não mais próxima do centro da meta (4,5%), seja decrescente em relação a este ano. Embora não esteja claro até o momento de quanto será o reajuste da gasolina e, portanto, seu impacto sobre os índices de preços, o fato é que ele deve neutralizar o benefício da queda das tarifas de energia elétrica em fevereiro.
Uma das consequências da retração dos investimentos pelo quinto trimestre consecutivo é que o Produto Interno Bruto (PIB) potencial - a taxa de crescimento econômico não inflacionária - caiu significativamente no país, assim como nas economias mais avançadas. O PIB potencial, que chegou a ser superior a 4% no Brasil, hoje está aquém desse patamar. Prevalecendo essa análise, pode-se até crescer a taxa de 4% ao ano por alguns trimestres, mas não por um período mais longo sem que isso produza pressões inflacionárias.
O patamar da taxa básica de juros (Selic), hoje em 7,25% ao ano, veio para ficar, na avaliação do BC. Isso não significa que eles deixarão de ser o principal instrumento para domar a inflação. Os juros vão subir ou descer conforme os ciclos econômicos, mas não devem mais atingir dois dígitos, "a não ser que alguma coisa esteja muito errada", conforme comentou uma alta fonte do governo. Um exemplo de erro seria adotar uma política fiscal fortemente expansionista. Na avaliação do BC, continua sendo relevante para garantir a vigência de juros baixos um superávit primário de 3,1% do PIB integral, sem descontos dos investimentos.
Não consta do horizonte do BC usar de uma depreciação adicional da taxa de câmbio para impulsionar o crescimento econômico. As conjecturas do mercado nesse sentido eram falsas e tiveram que ser tratadas com "uma certa pedagogia", salientou a fonte. "Não existe essa questão de usar mais câmbio para compensar o fraco desempenho do PIB. Isso sim seria mudar o mix da política macroeconômica e tirar o Banco Central da sua missão de controlar a inflação", disse.
Além das ações do BC no mercado, com os leilões de linhas, e do desmonte de medidas macroprudenciais tomadas no passado para restringir o ingresso de capitais externos, o presidente do BC, Alexandre Tombini, em uma audiência no Senado, lembrou que o que importa é a taxa de câmbio real. Ou seja, de nada adianta se a depreciação se ela for seguida de inflação.
A desvalorização do real frente ao dólar de setembro do ano passado até agora correspondeu a uma maxi de 24% e o repasse dessa para a inflação, antes pequeno, começou a ficar perigoso. Tem, ainda, o lado das empresas que viram suas dívidas em dólar crescer e não foram poucas.
Também não consta dos planos do BC reduzir mais a taxa de juros para acelerar a recuperação da atividade econômica. "Não temos meta de PIB. Temos meta de inflação", responde Tombini sempre que perguntado sobre isso.
Neste ano até junho o BC estava confiante na convergência da inflação para algo próximo ao centro da meta de 4,5%. Naquele momento os títulos públicos indexados a preços indicavam inflação de 4,5% e o boletim Focus marcava expectativas em queda e uma variação de 4,85% para o IPCA do ano.
Em seguida veio a seca nos Estados Unidos e um choque nos preços domésticos dos alimentos. Em maio a inflação de alimentos no IPCA era de 5%. Em outubro havia saltado para 10,8% em 12 meses. O BC, é fato, trabalhou justo, sem margem para abrigar eventuais choques.
Para 2013, a direção do BC coleciona uma lista de eventos que vão ajudar no controle da inflação. Não haverá mais desvalorização cambial - a não ser em caso de agravamento da crise externa com impacto sobre os fluxos de capitais -; o reajuste do salário mínimo, que neste ano foi de 14%, será bem menor, em torno de 8% em janeiro; as medidas de redução dos custos de produção devem começar a surtir efeitos; a expansão do crédito será moderada; e o cenário internacional continuará frágil, resultando em fator de contenção da demanda.
Os maiores riscos estão no comportamento dos preços dos alimentos e no impacto do aumento da gasolina.
O ano de 2012 começou com expectativas de 3,30% de crescimento, 5,35% de inflação, 9,50% de taxa de juros, e R$ 1,75 de taxa de câmbio, segundo o relatório Focus, do BC. E termina com cerca de 1% de crescimento, inflação resistente da ordem de 5,7%, juros de 7,25% ao ano e o câmbio em torno de R$ 2,10.
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CONGRESSO vs. STF [In:] EGOLATRIA
A GUERRA DOS ROYALTIES - CONGRESSO SE REBELA E MANOBRA CONTRA STF
UMA SESSÃO, 3.060 VETOS |
Autor(es): Fernanda Krakovics, Danilo Fariello e Junia Gama |
O Globo - 19/12/2012 |
Sarney convoca sessão para analisar, de uma só vez, 3 mil vetos de 12 anos
Bancada do Rio promete recorrer novamente ao Supremo se veto de Dilma for derrubado
Numa reação sem precedentes, o Congresso manobrou e aprovou requerimento convocando para hoje sessão que analisará 3.060 vetos presidenciais que tramitavam há 12 anos. O objetivo é derrubar o veto de Dilma à nova distribuição dos royalties. Parlamentares começaram a receber a "cédula" de 463 páginas. O presidente do Senado, José Sarney, em recurso ao STF, disse que a decisão do ministro Luiz Fux, que anulou sessão anterior do Congresso, "deixa o Legislativo de joelhos" Se o veto for derrubado, a bancada do Rio vai recorrer ao STF.
Congresso manobra para derrubar veto de Dilma a royalties, sem descumprir liminar do STF
Em articulação feita por deputados e senadores de estados não produtores de petróleo, amparados pelos líderes partidários da Câmara e do Senado, o Congresso realizará hoje, ao meio-dia, sessão para analisar 3.060 vetos presidenciais. Esta é mais uma ofensiva para derrubar os vetos da presidente Dilma Rousseff a artigos da lei que redistribui royalties do petróleo. O alvo é o artigo terceiro da lei, que trata das áreas já licitadas. Com o veto, foram preservados contratos e a distribuição atual para estados produtores.
O Congresso reagiu de forma dura e atípica à decisão do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, que recomendou a análise dos vetos por ordem cronológica. De um lado, encaminhou ao STF um "agravo regimental" (recurso ) onde classifica a decisão de Fux de " obtusa, equivocada e uma ingerência indevida do Poder Judiciário". De outro, montou uma estratégia complexa, articulada pelos parlamentares de estados não produtores que querem uma fatia dos royalties, para a votação de hoje, em resposta à liminar de Fux.
Cada deputado e senador vai receber um impresso, de 463 páginas, com todos os vetos, podendo marcar "sim", "não" ou "abstenção". Mas os parlamentares dos estados não produtores pretendem deixar tudo em branco, e só votar pela manutenção do artigo que redistribui para todos os estados o dinheiro dos royalties dos poços já licitados. A votação é secreta, e o resultado não sairá na hora. Os votos serão contabilizados pela Secretaria Especial de Informática do Senado (Prodasen).
A bancada do Rio ameaça ir de novo ao Supremo pedindo um mandado de segurança para impedir a derrubada dos vetos do petróleo. Para o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), o Congresso tem que dar parecer sobre cada veto:
- Se desrespeitarem de novo o regimento, vamos entrar de novo com um mandado de segurança. Acredito que eles (não produtores) vão cometer um segundo erro. A gente ainda tem esperança que o bom senso prevaleça.
A movimentação no Congresso começou pela manhã, em reunião dos líderes partidários do Senado com o presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP). Ficou a cargo do senador Wellington Dias (PT-PI) e do deputado Marcelo Castro (PMDB-PI) recolher assinaturas da maioria dos líderes das Casas para viabilizar o requerimento pedindo a convocação da sessão para apreciar os vetos. O único que se recusou a apoiar o pedido foi o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP). Como presidente do Congresso, Sarney recebeu o requerimento e convocou a sessão, mas não pretende comandá-la.
- Estou que nem São Sebastião, só levando flechada - disse Sarney. - Tradicionalmente quem preside as sessões do Congresso é a vice-presidente da Câmara (deputada Rose de Freitas). Temos que dividir tarefas.
Embora o Congresso tenha recorrido da liminar, deputados e senadores de estados não produtores estão pessimistas quanto a uma vitória no Supremo. Por isso decidiram apreciar de uma vez só todos os vetos pendentes de votação.
A articulação ocorre em um ambiente de grande insatisfação com o STF, tanto pela manifestação de Fux, quanto pela decisão do plenário do Supremo que determinou a cassação dos deputados condenados pelo mensalão.
- Não é isso que o Supremo quer? Vamos votar então todos os vetos - afirmou o líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (PT-BA).
Para atender a uma exigência da Constituição e do regimento do Congresso, Sarney nomeou uma comissão de cinco deputados e cinco senadores para apresentar um relatório sobre os vetos. O relator será o deputado Júlio César (PSD-PI), que deve dar seu parecer oralmente, durante a sessão do Congresso. Nessa comissão não há deputados do Rio nem do Espírito Santo.
O relator disse que só se manifestará sobre os vetos referentes aos royalties. Segundo ele, os outros, que têm mais de 30 dias, não precisariam de parecer. Júlio César minimizou o fato de a comissão ser composta apenas por representantes de estados não produtores:
- O Fux já representou o Rio ao dar a liminar. Ele é carioca.
Em reunião pela manhã dos líderes da base aliada na Câmara, o líder do PDT, deputado André Figueiredo (CE), defendeu que o Congresso aproveite a oportunidade para derrubar um veto a uma proposta que acabava com o fator previdenciário. Nessa reunião, o líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), lavou as mãos em relação à operação para derrubar os vetos do petróleo. O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), que participou da reunião dos líderes com Sarney, também disse que não há o que fazer. A própria presidente Dilma já declarou isso.
Integrantes da bancada do Rio criticaram a postura de "Pôncio Pilatos" adotada por Dilma. Nos bastidores, o Planalto considera que o tema royalties já não é prioritário e que houve desgaste político.
No Rio, o governador Sérgio Cabral reafirmou a importância de se respeitar os contratos já assinados e em vigor.
- A autonomia do Congresso deve ser preservada e respeitada. Se o Congresso vai se reunir e votar esta quantidade de vetos, é um direito do Congresso e nós temos que respeitar. Estamos lutando pelo que achamos que é nosso direito, direito constitucional - disse Cabral. - Vamos aguardar os próximos passos. Se derrubarem os vetos, e eu não gosto de trabalhar com hipóteses, reafirmo que entraremos com uma ação no Supremo para garantir nossos direitos. Eu acredito que é preciso dar razão à fala, é hora de ponderação. Não podemos abrir um precedente desses: outros estados podem ser vítimas. (Colaborou Fabiana Ribeiro)
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CPI DO CACHOEIRA [In:] ''HO, HO, HO, HO !!! "
CPI DO CACHOEIRA TERMINA EM ACORDO E SEM INDICIADOS
BASE E OPOSIÇÃO FAZEM ACORDO E CPI DO CACHOEIRA TERMINA SEM INDICIADOS |
Autor(es): Débora Bergamasco Ricardo Britto |
O Estado de S. Paulo - 19/12/2012 |
Texto aprovado pelos congressistas, de 1 página e meia, atende aos interesses da base governista e da oposição
A CPI do Cachoeira aprovou ontem, por 21 votos a 7 e sob protestos, relatório de apenas uma página e meia do deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF) que descarta o indiciamento dos investigados. Depois de a Comissão consumir oito meses de trabalhos, a única providência do parecer é encaminhar as conclusões de apuração para a Polícia Federal e para o Ministério Público Federal. A convergência de interesses da base governista e da oposição blindou as investigações. Os parlamentares resolveram fazer um "acordão da madrugada" e rejeitaram, por 18 votos a 16, o texto final do relator Odair Cunha (PT-MG), de 5 mil páginas, que propunha o indiciamento de 29 pessoas, colocava no foco da investigação o governador de Goiás, Marconi Perilo (PSDB), e protegia nomes de interesse da base aliada e do PT, como o do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB). O autor do relatório aprovado se justificou dizendo que seu trabalho é "muito mais abrangente" do que o texto anterior.
Depois de consumir R$ 120 mil e oito meses de trabalho de parlamentares e assessores? a CPI do Cachoeira aprovou ontem, entre protestos de que tudo virou "presepada" e "piada", um relatório de uma página e meia sem apontar ninguém como suspeito de integrar ou participar do grupo do contraventor já condenado a quase 40 anos de prisão por comandar um esquema de jogos ilegais apoiado por agentes públicos.
A convergência de interesses dábase governistas e da oposição blindou as investigações sobre o contraventor Carlinhos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o dono da empreiteira Delta, Fernando Cavendish, o senador cassado Demóstenes Torres, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e o prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), entre outros,
Os parlamentares que integram a comissão rejeitaram o texto final do relator, o deputado Odair Cunha (PT-MG), de 5 mil páginas, que colocava no foco da investigação o governador tucano e poupava nomes importantes da base aliada e do PT, como ós do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e do Distrito Federal, o petista Agnelo Queiroz.
O relator já havia feito "ajustes" em seu texto a fim de que fosse,: aprovado. Inicialmente, queria indiciar mais de 40 pessoas, entre elas o jornalista da revista Veja Policarpo Jr., que aparece numa série de interceptações conversando com Cachoeira. Também queria que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, fosse investigado por não ter aberto procedimento contra Demóstenes mesmo após a Operação Vegas da Polícia Federal ter apontado indícios de sua ligação com o contraventor.
Cunha acabou recuando nesses dois pontos por causa de resistência na própria base aliada, mas ; não conseguiu garantir apoio a seu texto. Num "acórdão da madrugada", governistas e opositores resolveram aprovar a página e meia do deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF),
O documento de Pitiman, se não contempla todos os interesses petistas ou tucanos, tampouco compromete a vida de qualquer partido da base ou da oposição. Sem citar ninguém, pede apenas que todos os sigilos fiscais e telefônicos obtidos pela CPI e os cinco votos em separados sejam enviados para a Polícia Federal e para o Ministério Público Federal, para que essas instituições continuem as investigações.
A proposta original de Cunha foi rejeitada por 18 votos a 16. Na lista de indiciados do relator, constavam Perillo, Raul Filho, Demóstenes e o deputado federal Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO). Ao todo, havia pedido para que 29 pessoas fosses indiciadas - ou seja, haveria indícios suficientes para que essas pessoas já fossem consideradas suspeitas de ligação ilícita com Cachoeira.
Cunha afirmou que o resultado da CPI "foi uma pizza geral". O deputado OnyxLorenzoni (DEM-RS) ironizou o acordo: "Só o que : está faltando são os lencinhos e as champanhes francesas que o senhor Fernandp Cavendish vai pagar, com certeza, para a banca da que enterrou a CPMI do Cachoeira", disse ele, referindo-se a fotos divulgadas após uma viagem de integrantes do governo Cabral a Paris na qual confraternizavam com diretores da Delta.
Para o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que votou contra o relatório aprovado, o Congresso Nacional protagonizou "uma das piores cenas de sua história com substituição de parlamentar na madrugada, mudanças de última hora, encaminhamento, conchavos, mudança de voto de imediato." Já o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), que votou a favor do parecer de Pitiman, negou que tenha blindado Marconi Perilo, e disse que "Votar o relatório (proposto por Odair Canha) seria chover no molhado, em relação ao governo do Marconi, pois já houve autorização do STJ para a investigação do governador". Disse ainda, que todas as investigações que seguirão no âmbito dos órgãos permanentes de investigação estarão a salvo da "política partidária" adotada na CPI. E concluiu afirmando que ; a Comissão quis "agredir apenas uns e proteger os outros".
"Abrangente", Para justificar seu parecer, o autor do relatório vencedor disse que seu texto é muito mais abrangente do que o rejeitado de Odair Cunha, uma vez que todo o material produzido será remetido para as investigações da polícia e do MP.
"Em plena festa natalina, este relatório final é uma presepada", criticou o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), após a aprovação do texto.
"Não me compete aqui ficar tendo sentimentos, o que eu posso dizer que é lamentável, que, apesar de todo o esforço feito pelos membros da CPI, por todos nós aqui, diante de provas incontestes da CPMI, não existe um juízo de valor sobre nada. Ela se nega a fazer aquilo que é a sua missão essencial Levantar provas, identificar indícios e apresentar conclusões. As conclusões aqui são nada, um vazio, Uma pizza geral, lamentável", criticou Odair Cunha, ao final da sessão de ontem..
ALVARO DIAS
"Votar o relatório (proposto peio relator Odair Cunha) seria chover no molhado, em relação ao governo do Marconi (Perillo, governador de Goiás), pois já houve autorização do STJ para a investigação do governador".
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