PENSAR "GRANDE":

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[NÃO TEMOS A PRESUNÇÃO DE FAZER DESTE BLOGUE O TEU ''BLOGUE DE CABECEIRA'' MAS, O DE APENAS TE SUGERIR UM ''PENSAR GRANDE''].
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“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.

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''Os Economistas e os artistas não morrem..." (NHMedeiros).

"O Economista não pode saber tudo. Mas também não pode excluir nada" (J.K.Galbraith, 1987).

"Ranking'' dos políticos brasileiros: www.politicos.org.br

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# 38 RÉUS DO MENSALÃO. Veja nomes nos ''links'' abaixo:
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segunda-feira, setembro 28, 2009

XÔ! ESTRESSE [In:] CHAVE DE CADEIA

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[Homenagem aos chargistas brasileiros].
...

ILHA DE VERA CRUZ/ELEIÇÕES 2010 [In:] QUARTETO EM ''RÉ MENOR''

Brasil

O número 2 de Lula

Preocupado com a queda de Dilma Rousseff, o governo revê
sua estratégia para 2010 e decide incentivar uma segunda
candidatura chapa-branca – a do deputado Ciro Gomes


Otávio Cabral
Fotos Sergio Dutti/AE
DIVISÃO DE TAREFAS
Dilma seguirá o roteiro de herdeira de Lula, enquanto Ciro se encarregará de atacar os tucanos:
o compromisso fechado com o presidente é que não haja fogo amigo entre seus aliados

Para o presidente Lula, eleger o sucessor em 2010 é uma obsessão. Ele é dono de índices espetaculares de aprovação, coleciona comendas mundo afora e está convicto de que a história do Brasil será dividida entre os períodos a.L. e d.L. – antes de Lula e depois de Lula. A derrota nas urnas de um herdeiro político não cabe nesse currículo. Há mais de seis meses o presidente está em campanha apresentando nos palanques sua candidata, a ministra Dilma Rousseff. Até agora, porém, a fama de eficiente dela e a popularidade dele não têm se transformado em intenções de voto no volume esperado. O que parecia ser a receita correta para o continuísmo está se mostrando um fracasso na prática. Diante do quadro até agora desfavorável, Lula pôs em andamento um plano alternativo. O governo decidiu dividir as bênçãos da aprovação plebiscitária de Lula entre Dilma e um segundo nome identificado com a atual administração – o deputado Ciro Gomes, do PSB.

Disputar a eleição presidencial com dois candidatos ungidos pelo Planalto parece, à primeira vista, mais uma daquelas obras de arquitetura política muito atraentes no papel, mas que não se sustentam no mundo do concreto. A estratégia faz mais sentido quando examinada em dois tempos. Dar publicidade a esse caminho agora aumenta, pelo menos teoricamente, a perspectiva de continuidade no poder do atual grupo governante. Isso soa como música aos ouvidos dos potenciais aliados que abominam a ideia de sentir saudade das emas do Palácio da Alvorada a partir de janeiro de 2011. Quanto maior a perspectiva de vitória, maior o poder de atração de apoios. Quem se beneficiou disso foi Ciro Gomes. O deputado apareceu na última pesquisa de intenção de voto empatado na segunda colocação com Dilma Rousseff – ambos muito atrás do governador de São Paulo, José Serra. A diferença é que Ciro está em ascensão, enquanto Dilma vem perdendo fôlego, principalmente depois do anúncio da candidatura da senadora Marina Silva, do PV (veja o gráfico abaixo).

Craig Ruttle/AP
OBSESSÃO
Lula quer garantir um candidato
oficial no segundo turno. Mas quem?


Lula relutou em abraçar a candidatura Ciro Gomes. Nos últimos três meses, o presidente se empenhou em tentar convencer o deputado a transferir o domicílio eleitoral para São Paulo e disputar o governo estadual. Assim, com uma única tacada, ele se livraria de um adversário incômodo no plano federal e ganharia um aliado em São Paulo. As últimas pesquisas, porém, mostraram que Ciro e Dilma podem, pelo menos no primeiro turno, constituir uma aliança informal pelo parentesco ideológico e, principalmente, pelo adversário comum. Ciro é um orador inflamado, exímio construtor de frases que, a despeito da falta de lógica e amparo na realidade, têm poderoso efeito comunicador. Os julgamentos sobre o que é certo ou errado, bom ou ruim, velho ou novo, saem da boca de Ciro com a certeza de um pregador protestante. Ele faz o mundo parecer simples. Isso agrada aos ouvidos de certo tipo de eleitor incapaz ou indisposto diante do desafio de destrinchar discursos mais complexos. Nesse particular, Ciro é o oposto de Dilma. A ministra é quase sempre cerebral ao ponto de enregelar as audiências com o fogo frio de seu olhar e a cordilheira de números que deita sobre seus ouvidos.

O ponto decisivo para convencer Lula foi o fato de a estratégia ter dado certo antes. Eduardo Campos, atual governador de Pernambuco, estava em terceiro lugar, mas acabou vencendo a eleição no segundo turno. Para superar o candidato que liderava com folga todas as pesquisas, PT e PSB, aliados, lançaram cada um seu próprio candidato com o compromisso de que o perdedor apoiaria o vencedor num eventual segundo turno. Deu Campos. Diz Ciro Gomes, que adorou o arranjo: "Eu não serei um candidato contra o governo ou contra Dilma. Pelo contrário, a condição para eu ser candidato é ser aliado de Lula. A candidata do partido dele é Dilma, mas ele também vai me apoiar". Na campanha, uma das principais funções do candidato do PSB, segundo o plano traçado pelo governo, será fustigar José Serra. Enquanto Dilma fará uma campanha propositiva, aos moldes do "Lulinha paz e amor" de 2002, Ciro vai atacar o tucano, relembrando escândalos do governo FHC e mostrando os pontos fracos do governo paulista. Ele não terá dificuldades em cumprir esse papel. Ciro, que já foi do PSDB, tem uma antiga rixa com o governador paulista. Ele abandonou o ninho tucano por desavenças políticas e pessoais com a ala paulista do partido, principalmente com Serra. Na campanha de 2002, ele atribuiu ao tucano o naufrágio de sua candidatura. "Havia uma equipe de TV do Serra no meu encalço o tempo todo. Todo escorregão que eu dava estava no dia seguinte no programa de TV do PSDB", conta, ainda demonstrando muita mágoa. Ciro repetirá que o governo de Lula foi melhor que o de Fernando Henrique Cardoso e que a eleição de um novo presidente tucano seria um retrocesso. "Não podemos deixar que eles voltem" é bordão repetido em entrevistas e debates do candidato.

Eleitoralmente, Ciro também representa um contraponto à própria Dilma, o que pode parecer um problema, mas também já foi devidamente calculado. Lula acredita que essa diferença é útil em uma campanha, pois cada um pode enfraquecer Serra em uma frente distinta. Dilma, a número 1, é novata em disputas eleitorais, enquanto Ciro, o número 2, está no ramo há quase trinta anos. Dilma é mineira e fez carreira no Rio Grande do Sul, enquanto Ciro é paulista e fez a vida no Nordeste. A petista lutou na clandestinidade contra a ditadura quando o socialista ainda nem pensava em fazer política. Pelas pesquisas, Dilma tem mais penetração no eleitorado menos esclarecido, mais pobre e morador do interior, enquanto Ciro se destaca entre os mais escolarizados, com mais dinheiro e moradores de grandes cidades. Parece perfeito, mas o PSB e o governo têm uma preocupação capital: a personalidade do próprio Ciro. Em 2002, quando estava bem cotado nas pesquisas, ele mesmo se derrotou ao chamar um eleitor de burro em um programa de rádio. Depois, disse que a função de sua mulher, a atriz Patrícia Pillar, era apenas dormir com ele. Para tentar evitar novos contratempos, o PSB estabeleceu condições para aprovar a candidatura. Ciro não poderá falar mal de Lula e do governo, nem hostilizar o PT – e terá de manter o equilíbrio, sem reagir a provocações. Diz o deputado: "A política é cruel, aprendi. Vão me provocar, mas eu vou ter de engolir, vou ter paciência, dar uma risadinha e deixar pra lá".


Jojser Patricio
TERCEIRA VIA
Marina acabou de entrar na disputa e já preocupa governo e oposição




Sinal vermelho no PV

Fotos Ueslei Marcelino/Obritonews e Wilson Dias/ABR
BARRADOS NO BAILE
O PV abriu as portas para filiados de várias origens, mas
dispensou o ex-governador Luiz Antonio Fleury e Ivo Cassol,
governador de Rondônia

A mais recente rodada de pesquisas reforçou a pororoca eleitoral armada pela candidatura presidencial da senadora Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente de Lula, ex-petista e agora estrela do Partido Verde (PV). Conhecida por apenas 18% dos brasileiros, Marina já tem 8% das intenções de voto no cenário mais provável, que exclui a ex-senadora Heloísa Helena da disputa. Isso significa que, de cada dois brasileiros que a conhecem, um está disposto a votar nela. A onda verde está atraindo surfistas de todas as tribos para a praia do PV, partido que chegou a ser ameaçado de extinção antes de abonar a ficha de Marina. A média de filiações saltou de 500 por mês para 2 600 após a chegada da senadora. A nova militância é bastante eclética. Inclui ambientalistas, evangélicos, intelectuais e até a líder das prostitutas fluminenses, Gabriela Leite, que se filia neste domingo para disputar um mandato de deputada federal. O potencial eleitoral do PV está atraindo até políticos dispostos a lustrar a biografia. Luiz Antonio Fleury, que governava São Paulo quando ocorreu a chacina do Carandiru, e Ivo Cassol, governador de Rondônia, às voltas com suspeitas de fraudes amazônicas, flertaram com o PV, mas foram descartados – sinal de que a epifania da diversidade, bandeira do partido, pode ser relativa.

As sondagens pré-eleitorais já captaram uma tendência. Os eleitores que reprovam o governo por envolvimento em episódios como o mensalão e a salvação do senador José Sarney estão migrando para a candidatura de Marina Silva. A senadora está fazendo sua parte para se tornar um hit eleitoral. Evangélica fervorosa e intransigente em sua militância verde, seu discurso está cada vez mais moderado. Na semana passada, em entrevista ao programa Roda Viva, ela elogiou os avanços dos governos do ex-presidente Fernando Henrique e do presidente Lula, dizendo que eles devem ser mantidos. E fez uma crítica, suave mas muito acertada, ao principal programa social do governo Lula, o Bolsa Família. "As pessoas não podem depender para sempre do Bolsa Família. Tem de haver um processo de libertação de qualquer tipo de dependência em relação ao estado", disse a senadora, que ultimamente tem se dedicado ao estudo da psicanálise.

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http://veja.abril.com.br/300909/numero-2-lula-p-068.shtml

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HONDURAS: QUEM É QUEM ?

Especial

O pesadelo é nosso

Na contramão da tradição diplomática nacional, o Brasil se
intromete na política interna de outro país e o faz da pior
maneira possível: como coadjuvante de Hugo Chávez


Otávio Cabral e Duda Teixeira
Edgard Garrido/Reuters
À vontade
Zelaya dorme na embaixada brasileira em Tegucigalpa: ele se diz torturado por "mercenários de Israel" com "radiação de alta frequência"


Lula tem na política o instinto matador que caracteriza os grandes artilheiros do futebol tão admirados por ele. Na semana passada, essa habilidade abandonou o presidente da República. Ele esteve em Nova York para discursar na abertura da 64ª Assembleia-Geral da ONU, palco privilegiado para fazer aquilo de que mais gosta e que faz como poucos: enaltecer o Brasil aos olhos do mundo. Em sua fala, Lula assinalou os avanços no uso de energias limpas no Brasil e mesmerizou os burocratas internacionais com ataques à caricatura do mercado onipotente. Ficou nisso. A maior parte do tempo passado sob os holofotes foi dedicada por Lula a falar de um país estrangeiro, Honduras, uma nação paupérrima sem nenhuma relação especial com o Brasil. Politicamente instável, Honduras vem de ejetar do posto e exilar um presidente, Manuel Zelaya, pela tentativa de desrespeitar a Constituição e, por meio da convocação de um plebiscito, perpetuar-se no poder.

Caso típico da contaminação ideológica patrocinada pelo venezuelano Hugo Chávez, Zelaya vendeu a Caracas seu pouco valorizado passado de latifundiário direitista. De repente, começou a se pautar pela cartilha populista chavista de miséria moral e material, supressão de liberdades individuais, desrespeito às leis, aos costumes civilizados, associação com o narcotráfico e, claro, eternização no poder – receita que estranhamente passou a ser chamada de esquerda na América Latina. Em uma operação comandada por Chávez, Zelaya foi conduzido de volta a Honduras e se materializou com numerosa comitiva na casa onde funciona a Embaixada do Brasil em Tegucigalpa. Esse hóspede incômodo, de aparência bizarra e com sinais evidentes de distúrbios mentais – ele se diz vítima de ataques por radiação de alta frequência e gases tóxicos que ninguém mais percebe –, foi o grande assunto de Lula em Nova York. O Brasil pode esperar outra oportunidade.

Zelaya é um problema dos hondurenhos que encurtaram seu mandato antes que ele o espichasse indefinidamente. É um problema também de Chávez, que não se conforma em perder o investimento feito na conversão dele ao seu credo. É um problema dos Estados Unidos pela proximidade geográfica e por estar na sua esfera de influência histórica. Pois a semana acabou com Zelaya sendo um problema e constrangimento para o Brasil. Golpe de mestre de Chávez, que evitou alojar Zelaya na Embaixada da Venezuela, ordenando a seus amigos na paradiplomacia brasileira chefiada por Marco Aurélio Garcia que o acolhessem na representação brasileira. "Hoje, o Brasil tem um problema em Honduras e Chávez, que o produziu, não tem nenhum", diz Maristela Basso, professora de direito internacional da Universidade de São Paulo. Chávez age como o líder do subcontinente americano. Faz troça dos Estados Unidos e ignora Lula.

Edgard Garrido/Reuters
SINTAM-SE EM CASA
Partidários de Zelaya sob proteção brasileira: a embaixada em Honduras foi convertida em palanque eleitoral


Com as eleições marcadas para o próximo dia 29 de novembro, o governo interino que derrubou Zelaya se preparava para reconduzir o país à normalidade democrática. O candidato ligado a Manuel Zelaya aparecia até bem colocado nas pesquisas de intenção de voto. Seria uma saída rápida e democrática para um golpe, coisa inédita na América Latina. Seria. Agora o desfecho da crise é imprevisível. O mais lógico seria deixar o retornado sob os cuidados dos amigos brasileiros até depois das eleições, que, se legítimas, convenceriam a comunidade internacional das intenções democráticas dos golpistas. E, claro, com-binar isso com os apoiadores e detratores de Zelaya nas ruas (veja a reportagem da enviada especial de VEJA, Thaís Oyama), já que elas costumam ter sua própria e volátil dinâmica. O Brasil, que poderia ser parte da solução da crise de Honduras, tornou-se, graças a Chávez, o problema. A embaixada brasileira agora tem um hóspede que ouve vozes e uma paradiplomacia que ouve ditadores estrangeiros.

"O Brasil passou à condição de refém de Zelaya. Ele jamais quis nossa proteção, tudo o que quer é usar a embaixada como palanque eleitoral", definiu na sexta-feira passada o embaixador Marcos Azambuja, expoente do passado de diplomacia profissional de padrão mundial que um dia prevaleceu no Itamaraty. O ministro-conselheiro Francisco Catunda Resende, único diplomata brasileiro em Honduras, foi quem recebeu Zelaya, acompanhado da mulher, Xiomara, filhos e bagagem, às 11 horas da manhã de segunda-feira. Catunda Resende já tinha sido informado, em termos misteriosos, da iminente chegada de um visitante ilustre, conforme VEJA apurou no Itamaraty. O que não estava combinado era que Zelaya transformaria a embaixada em comitê de campanha, com centenas de correligionários acampados dentro do prédio. Ele deu entrevistas dentro da embaixada e proferiu um discurso da varanda do 2º andar. Disse que lutaria pelo cargo até a morte e conclamou a população a resistir. Tomou conta do lugar com tal desfaçatez que seu pessoal se recusou a dividir com os funcionários brasileiros a comida enviada pela ONU. A situação é inédita nas relações internacionais (veja o quadro). Em geral, um país dá asilo em sua embaixada a alguém que é perseguido e corre risco no país. Não é o caso de Zelaya, que estava em segurança na Nicarágua e resolveu voltar para Honduras, onde há um mandado de prisão contra ele. A versão oficial do Itamaraty é que está "abrigando o presidente Zelaya numa situação peculiar, na qual ele corre risco" e que ele "não é um asilado". "Se eu estivesse lá, deixaria o presidente deposto entrar na embaixada e o manteria lá. O que não tem cabimento é a chegada de 300 aliados políticos, que passaram a utilizar a embaixada como um comitê", diz Roberto Abdenur, que foi embaixador em Washington.

Fotos Henry Romero/Reuters e Franklin Rivera/AFP
PAÍS TUMULTUADO
Hondurenhos protestam contra Chávez e, ao lado, partidário de Zelaya: o incrível latifundiário que virou ícone esquerdista


A ajuda a Zelaya é a confirmação da primazia da ideologia sobre o interesse nacional no governo Lula. Honduras só tem importância na retórica e nos planos de Chávez, que procura ampliar sua influência entre os pequenos países centro-americanos. Honduras não está na agenda diplomática do Brasil – aliás, de nenhum país exceto seus vizinhos e a Venezuela – porque não tem importância política ou econômica. É um exportador de bananas e, com sua instabilidade crônica, serviu de modelo para a criação da expressão "república bananeira". Praticamente, só conta com um parceiro comercial, os Estados Unidos. A crise é um daqueles casos em que os dois lados envolvidos não têm razão. Incentivado por Chávez, Zelaya tentou modificar uma cláusula pétrea da Constituição e instituir a reeleição. O Congresso e o Judiciário proibiram um plebiscito sobre o tema, que foi mantido por Zelaya. A Suprema Corte, então, decretou sua prisão. Em vez de prendê-lo, porém, um comando militar invadiu sua casa durante a madrugada e o expulsou do país, ainda de pijama. Em seu lugar foi empossado Roberto Micheletti, presidente do Congresso e membro do mesmo partido de Zelaya.

Houve um golpe de estado? Sim. País pequeno e pobre, Honduras foi transformada num caso exemplar do repúdio da comunidade internacional aos golpes de estado. Foi castigada com sanções econômicas e congelamento nas relações diplomáticas. Exceto por isso, o problema não era tão grande. A medida de força foi, até certo ponto, justificável pelas leis do país. Até o momento do golpe, o maior perigo para a democracia era o presidente Manuel Zelaya. Ele seguia os passos de Hugo Chávez, Rafael Correa e Evo Morales, e queria reescrever a Constituição para ampliar o próprio mandato. Não foi um golpe revolucionário, que rasga a Constituição, militariza o Poder Executivo e elimina a liberdade de expressão. Ao contrário, o objetivo era preservar as instituições. As eleições foram mantidas, com a presença da oposição, em 29 de novembro. Havia calma nas ruas, apesar de o país sentir o peso das sanções econômicas. A situação em Honduras só tinha importância para Zelaya. Se as eleições fossem realizadas, um novo presidente assumiria e o deposto cairia no anonimato. Em entrevista a VEJA, o americano Peter Hakim, do Diálogo Inter-Americano, um centro de estudos em Washington, colocou a questão em termos realistas: "Honduras pode ter cometido um pecado, mas não é a Sérvia ou Darfur. A comunidade internacional deveria focar no retorno da melhor democracia que eles possam ter". O governo Lula preferiu apoiar os planos de continuísmo de Zelaya. Essa intervenção jogou lenha na fogueira e pôs Honduras à beira da anarquia.

Rodrigo Abd/AP
CAOS E TEMOR
O país estava em paz, mas a volta do presidente deposto esquentou os ânimos: supermercado saqueado


Manuel Zelaya é o mais improvável dos ícones adotados pela esquerda pró-Chávez. Um homem rico, dono de fazendas e madeireiras, anda sempre de botas, guayabera (a camisa típica da América Central) e chapéu branco, de abas largas. Com quase 2 metros de altura, bigodão de mexicano em filme americano, ele cultiva a imagem de um homem do campo honesto e trabalhador. Gosta de ser chamado de "Comandante Vaqueiro". Filho de uma família tradicional de fazendeiros, Zelaya filiou-se ao Partido Liberal, o mais à direita de Honduras, em 1970. Seu pai tinha sido do mesmo partido, mas teve suas ambições políticas frustradas quando passou sete anos na cadeia. Foi condenado como mandante do assassinato de dois padres e treze agricultores sem-terra que haviam invadido sua propriedade. A aproximação com Chávez ocorreu em 2008 e contou, no início, com apoio no Congresso. Em troca de 130 milhões de dólares, 4 milhões de lâmpadas e 100 tratores, Honduras entrou para a Alba, a associação de amigos de Chávez.

Os hondurenhos desconheciam então que o presidente também recebera de Chávez conselhos perversos sobre como se utilizar de mecanismos democráticos, como eleições e plebiscitos, para aniquilar a democracia e se perpetuar no poder. Um comunista diria que faltaram ao chavista neófito as condições objetivas para aplicar o modelo bolivariano de tomada do poder. Em fim de mandato, com popularidade baixa (30%), andava às turras com os companheiros liberais e, quando não conseguiu cooptar o chefe das Forças Armadas para a realização do plebiscito, ele fez a besteira de demiti-lo sumariamente. É um mistério como ele pretendia ser aceito como caudilho sem ter o apoio do Judiciário, do Legislativo, das Forças Armadas e da população. É difícil deduzir se Zelaya se atrapalhou por esperteza ou ingenuidade. Não se deve descartar a hipótese de que o homem seja um lunático. Como sugere sua queixa, na semana passada, de que "um grupo de mercenários israelenses" estava perturbando seu cérebro com "radiações de alta frequência". A paranoia dos raios mentais é um sintoma clássico de esquizofrenia. O certo é que Zelaya não cabe no figurino de um mártir da democracia.

Oswaldo Ribas/Reuters
SEQUELAS DO GOLPE
Roberto Micheletti, presidente interino de Honduras: sanções econômicas já causaram uma queda de 6% no PIB hondurenho


Desde que foi deposto e expulso do país, em 28 de junho, Zelaya conta com a ajuda do Brasil. O presidente Lula e o senador José Sarney o receberam em Brasília com honras de chefe de estado. Um exagero, mas ainda dentro do razoável. Lula é obcecado por fazer do Brasil um protagonista no cenário mundial. Daí a mania de dar palpite em temas sobre os quais seria melhor ser discreto. O Brasil está bem equipado para desempenhar um papel mais ativo. Uma das dez maiores economias do mundo, o país é uma democracia de dimensões continentais. Seu presidente, por sua vez, é festejado e bem-vindo no exterior. Pode-se contar também com o apoio dos Estados Unidos, que veem o fortalecimento do Brasil como uma boa forma de conter a influência de Chávez no continente. Se o país é humilhado pelos vizinhos, tem suas riquezas roubadas impunemente e acumula derrotas nos organismos internacionais, é porque o presidente e seus diplomatas escolheram o caminho da ideologização da diplomacia nacional (veja o quadro). Qualquer regime minimamente antiamericano conta com o apoio tático do governo brasileiro – ainda que esteja envolvido em genocídio, como o do Sudão, ou seja tratado como pária mundial, como o do Irã. As estripulias dos governantes de esquerda da região – mesmo que eles estejam agindo contra os interesses brasileiros – são toleradas em silêncio pelo presidente Lula. "Por causa dessa política externa, estamos sempre a reboque dos acontecimentos", disse a VEJA Rubens Barbosa, que foi embaixador brasileiro em Washington. O Brasil poderia ser protagonista de uma solução pacífica em Honduras, cujo formato foi definido por Oscar Arias, Prêmio Nobel da Paz e presidente da Costa Rica, com o apoio dos Estados Unidos e da Organização dos Estados Americanos. Chávez foi mais convincente. Na Assembleia-Geral da ONU, em rompante, Lula chegou a dar ultimato ao governo de Honduras. Vai mandar os fuzileiros navais? Seria a suprema vitória de Chávez na armadilha que armou para Lula.

Com reportagem de Thomaz Favaro

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http://veja.abril.com.br/300909/pesadelo-nosso-p-116.shtml

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BRASIL: EDUCAÇÃO. ENSINAR É PRECISO

Próximo desafio: ensino de qualidade

Jornal do Brasil - 28/09/2009

RIO - É esclarecedora a entrevista concedida pelo economista Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV), publicada ontem no caderno de economia do Jornal do Brasil. Especialista em políticas públicas com mais de uma centena de trabalhos na área, Neri faz um balanço acurado – otimista, porém cauteloso – sobre o percurso brasileiro e os enormes avanços sociais obtidos ao longo das duas administrações dos presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.

Dali, depreende-se que, se na década de 90, o Brasil se engalfinhou na luta contra a inflação e pela estabilidade econômica, e estes anos 2000 estão sendo caracterizados como a era da redução da desigualdade social, a próxima década deverá – ou pelo menos deveria – ser marcada pelo engajamento nacional pela educação de qualidade.

É esse um dos principais entraves ao desenvolvimento do país. Depois de ter avançado em termos quantitativos, ao aumentar a cobertura da rede de ensino, o Brasil precisa melhorar, urgentemente, os indicadores de qualidade. Segundo resultados do Pisa, teste internacional com alunos de mais de 50 países, os brasileiros estão atrás da maioria dos estudantes de nações com desenvolvimento socioeconômico semelhante.

A tarefa não é simples, como reconhece Marcelo Neri, ao lembrar que o tema da educação é frustrante, pois a meta é de longo prazo e porque, para um político, esta agenda talvez não seja muito “sexy”. Pesquisas recentes, contudo, mostram que, até entre as pessoas em geral, a educação figura em sétimo lugar como prioridade.

É uma contradição, pois a taxa de retorno da escolaridade no Brasil é de quase 15% por ano de estudo, bastante alta se comparada a aplicações financeiras. Em interessante estudo sobre esse paradoxo, publicado no recém-lançado livro Educação básica no Brasil (Campus/Elsevier), o mesmo Neri mostra que diferentemente do senso comum, o principal motivo que leva os alunos a abandonar a sala de aula não tem a ver com a necessidade de geração de renda, mas à falta de interesse intrínseco pelos estudos.

O benefício da educação é gigantesco, mas os estratos mais pobres da população não têm a dimensão desse retorno. Há um problema de mentalidade a ser resolvido. Pais, na maioria das vezes com educação precária, não incentivam os filhos. Logo, o desafio é duplo. Não basta oferecer o ensino de qualidade. Há de se investir numa mudança de comportamento de pais e alunos, convencê-los da importância da educação.

Outro ponto importantíssimo é superar a maior lacuna de cobertura do sistema de ensino brasileiro: a pré-escola. Estudos feitos nos Estados Unidos mostram que os primeiros anos de vida são um período crucial no desenvolvimento da cognição e do comportamento humanos. Programas educacionais voltados para a primeira infância reduzem a repetência e chegam a diminuir as taxas de criminalidade no futuro em até 30%.

Investir nesta fase é uma forma de atacar o mal pela raiz: o background social e suas repercussões. Hoje, os programas sociais brasileiros, como o Bolsa Família, são essenciais e até exportados para outros países. Mas representam um alívio tardio, na vida das pessoas, e um paliativo, para o desenvolvimento da nação.

ILHA DE VERA CRUZ (ELEIÇÕES): DIREITA, VOU VER...

O incerto destino dos votos da direita em 2010

Valor Econômico - 28/09/2009

Comemora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o fato de a eleição presidencial de 2010, até agora, não apresentar nenhuma pré-candidatura de "trogloditas" de direita. É de se louvar o fato de nas próximas eleições não haver "trogloditas", de esquerda ou de direita, embora o comportamento passado de alguns recomende muita cautela. O que talvez se deva discutir é se é saudável para a jovem democracia brasileira não haver candidatos assumidamente à direita no espectro político nacional.

Não tem e nunca teve, pois ainda hoje são raros os candidatos que têm coragem de assumir claramente uma posição de direita. Reflexo, quem sabe, do longo inverno da ditadura militar (1964-1985). Quando fala em "trogloditas de direita", aliás, Lula nem está se referindo às eleições de 1989, quando foi vítima de intrigas inomináveis, como a de que iria confiscar poupança ou avalizar que os sem-teto e classe média teriam que dividir o mesmo teto, caso eleito.

Lula tem em mente, na realidade, a última eleição presidencial. O presidente acha que Geraldo Alckmin, o candidato tucano, mudou até o estilo afável que o caracterizava por uma agressividade, inesperada para o petista, quando foi confrontado com a questão da privatização e recuou. Lula pode se ressentir da mudança no estilo Alckmin, mas é certo que, ao recuar, o candidato tucano deixou órfão um eleitorado nada desprezível e que nada tem de troglodita.

São liberais que defendem o Estado enxuto e menos impostos, ou sociais liberais que incorporaram a seu discurso a estruturação de uma rede de proteção social por um governo que não gaste mais do que arrecada.

Os quatro atuais pré-candidatos a presidente são identificados com a esquerda, pelo menos na sigla, como é o caso de Ciro Gomes, que teve origem no PDS e hoje se habilita à indicação do PSB para candidato. No momento, Ciro corre na faixa da esquerda com uma bandeira moralista na política. Ele costuma usar a frouxidão moral da aliança PT-PMDB e tira votos da candidata do governo, Dilma Rousseff.

A senadora Marina Silva (PV-AC), ex-ministra do Meio Ambiente, é a novidade e quem pode trazer uma atitude diferente às eleições. Dificilmente será candidata monotemática (o meio ambiente) e deve atrair parte do eleitorado de Lula desapontado com o que vê como declínio moral do governo e do PT. Mas também atrai uma direita mais conservadora no que se refere aos costumes. Para não haver mal entendidos: Marina Silva nunca deixou que suas opções pessoais (sobre aborto e o criacionismo, por exemplo) contaminassem o discurso político da candidata.

O governo e sua candidata devem tentar pregar a pecha da "privataria" nos tucanos, sendo o candidato José Serra ou Aécio Neves. Acontece que Serra tem um passado nacionalista e no governo paulista, quando teve de vender um bem (Nossa Caixa), o fez para uma estatal federal, o Banco do Brasil. No entanto, é certo que tanto um como o outro serão empurrados para um discurso civilizado de bandeiras da direita, devido a total falta de um representante desse segmento da sociedade para assumí-lo. Trata-se de segmento capaz de decidir uma eleição disputada palmo a palmo, como a que se prevê para 2010.

Os mais expressivos candidatos identificados com direita e os liberais, na eleição de 1989 obtiveram 10,2 milhões de votos: Paulo Maluf, que levou 8,28% do eleitorado, no primeiro turno, Guilherme Afif Domingos, com 4,53%, Ronaldo Caiado, com 0,68% e Aureliano Chaves e Enéas, com 600 mil e 360 mil votos cada um. Isso para não falar de Mário Covas (PSB), o primeiro a falar em choque de capitalismo, e seus 7,7 milhões de votos, e do próprio Fernando Collor, que venceria o pleito com Lula e no primeiro turno assegurou 22,6 milhões de votos.

Naquela eleição, a maior parte do espectro político esteve representada. Com o tempo, a direita liberal foi se desmilinguindo. Hoje seu representante mais orgânico é o Democratas. É o partido que tem um ideário liberal e faz reuniões programáticas com frequência incomum entre os partidos brasileiros. Seria bom, para o amadurecimento da democracia no país, que todas as variantes ideológicas se apresentassem na eleição. Tornaria mais clara e rica a discussão.

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ILHA DE VERA CRUZ [In:] FANTASIAS E QUIMERAS

Ciro quer dar vaga de vice para o PDT

Ciro deve oferecer vice ao PDT para ter tempo na TV


Autor(es): Christiane Samarco
O Estado de S. Paulo - 28/09/2009
O pré-candidato do PSB à Presidência, deputado Ciro Gomes (CE), tem um trunfo para fechar a aliança com o PDT do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, e viabilizar sua candidatura com maior espaço na propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão. Um aliado de Ciro que acompanha as negociações da corrida sucessória informa que o pré-candidato deve oferecer o posto de vice em sua chapa justamente ao ministro Lupi, que é presidente licenciado do PDT.

Além dessa oferta aos pedetistas, o PSB de Ciro trabalha para reeditar o bloquinho que funcionou na Câmara com o PDT e o PC do B porque só tem garantido 1 minuto e 11 segundos em cada um dos dois blocos diários de 25 minutos de propaganda eleitoral na TV. O tempo pode dobrar com a divisão da sobra dos minutos que couberem aos partidos que não apresentarem candidatos a presidente. Ainda assim é pouco.

O desafio de fortalecer o palanque eletrônico não é o único que ocupa os aliados de Ciro. O PSB não pode confrontar com o PT da pré-candidata e ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e tem de contar com a "compreensão" do governo para fechar as alianças com partidos aliados ao presidente Lula.

"Temos de montar o palanque do Ciro sem desmontar o palanque da Dilma", resume o senador Renato Casagrande (PSB-ES), certo de que é possível manter um bom relacionamento na base governista para que os aliados estejam juntos no segundo turno da corrida presidencial. "Mesmo com duas candidaturas teremos diálogo nos Estados." Casagrande é um dos que veem no PDT um bom parceiro para compor a vice com os socialistas. Adverte, porém, que por enquanto não existe uma proposta oficial de seu partido à direção pedetista.

Um interlocutor comum de Ciro e Lupi aposta que o ministro aceitaria o convite e acrescenta que ele tem autonomia para fazê-lo, na condição de presidente nacional licenciado do PDT. Pondera, no entanto, que Lupi precisará obter o aval de Lula para fechar o acordo. O mesmo interlocutor explica que o ministro do Trabalho não faria nada que contrariasse uma determinação presidencial.

Em qualquer cenário, Ciro terá de enfrentar a resistência de alguns setores do PDT. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) é um dos que admitem que a parceria "faz sentido" dentro do processo eleitoral, mas diz que tem dificuldades para compreender a candidatura Ciro como uma alternativa progressista para o País. Ele defende a tese de que a melhor opção para fortalecer o partido seria o lançamento de um nome próprio para disputar a Presidência, em vez da candidatura a vice.

Vários pedetistas também se queixam de que a experiência da última eleição não foi boa e dizem que Ciro anunciou apoio a Lula no segundo turno de 2002 sem antes consultar os companheiros. "O discurso dele passa a ideia de um homem conservador e emocionalmente instável", diz Cristovam. "É um discurso sobre taxa de crescimento que faz com que ele passe a ideia de candidato a ministro da Fazenda, e não de um estadista que defende uma inflexão na história do Brasil."

ELEIÇÕES 2010: CARGOS E CARGA TRIBUTÁRIA

Cargos por votos

Criação de cargos confunde oposição


Autor(es): Izabelle Torres
Correio Braziliense - 28/09/2009

Entre atacar as despesas federais e correr risco de perder votos, adversários do Planalto apoiam projetos governistas de abertura de vagas no serviço público

Iano Andrade/CB/D.A Press - 23/1/08
Henrique Fontana, do PT: promessas de empenho na votação de projetos de criação de cargos no Congresso

Há vagas

A criação de cargos como arma eleitoral para 2010 toma conta dos debates no Congresso. Se por um lado os aliados tentam colocar em prática as orientações do Planalto e negociam a aprovação de vagas no serviço público na Câmara, por outro a oposição tem se visto no dilema de votar a favor das propostas — ajudando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o candidato governista — ou rejeitá-las, correndo o risco de perder votos e popularidade. “Minha preocupação é que a criação de vagas é sempre popular. Até a oposição tem sido a favor dessas propostas, mesmo que não se saiba sobre o futuro orçamentário do país. Neste tempo de pré-eleição há um movimento de bondades incontrolável no Parlamento e é possível que muita coisa seja aprovada mesmo”, analisa o deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP).

A preocupação do tucano — um dos poucos a se declarar contra a criação de cargos(1) — tem justificativas numéricas. Este ano já foram criadas 26.181 vagas no serviço público, sendo 25% delas cargos de livre nomeação e que são preenchidos sem a realização de concurso público. Mas o que mobiliza os parlamentares que estão de olho em 2010 são as quase 50 propostas à espera de votação pela Câmara. Juntas, elas propõem a criação de 70.701 vagas e podem resultar no impacto financeiro de R$ 5,3 bilhões. A grande maioria desses cargos prestes a serem criados estará no

Executivo. O Planalto deve ganhar 52.925 dessas vagas. Mas o número é ainda maior, visto que há propostas de anos anteriores que pedem a criação de quatro mil cargos.

Os projetos movimentam a agenda dos deputados, que recebem servidores e até aspirantes às carreiras do serviço público. Os que prometem se empenhar pelas causas ganham a promessa de votos. “Nosso empenho é certo e vamos conseguir aprovar essas matérias. Há um clima favorável”, prometia na semana passada o líder governista Henrique Fontana (PT-RS) a um grupo que reivindicava a aprovação de uma das propostas.

Na semana passada, por exemplo, o governo conseguiu emplacar a criação de nada menos do que 249 cargos em comissão do grupo-direção e assessoramento superior (DAS), que são preenchidos por indicação política. As vagas foram para o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e para a Fundação Nacional do Índio (Funai). Sendo que para a pasta responsável pelo Bolsa-Família — carro-chefe da gestão Lula e moeda eleitoral do governo na tentativa de eleger a ministra Dilma Roussef — foram destinadas 164 dessas vagas, enquanto a Funai ganhou apenas 85. A proposta foi aprovada com ampla maioria na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, e contou com o parecer favorável do relator da matéria, o tucano Tasso Jereissati (PSDB-CE).

Onda favorável
A disposição do Congresso de abrir as portas do serviço público como estratégia eleitoral deve acentuar um quadro ascendente no que se refere ao aumento dos gastos com pessoal. De acordo com a proposta orçamentária enviada pelo Executivo ao Congresso, as despesas com salários de servidores públicos devem chegar a R$ 169,4 bilhões, o que representa 5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. O valor é cerca de 8,5% do que foi estimado como gasto com o funcionalismo para este ano.

De acordo com o Ministério do Planejamento, a criação das novas vagas já era prevista e o número alto de cargos do Executivo que consta nos projetos que estão atualmente na Câmara se deve a propostas de anos anteriores que nunca foram votadas. Além disso, o ministério informou que o impacto salarial não gera um efeito imediato, visto que a maioria dos projetos de lei prevê que os cargos sejam criados de forma fatiada, ano a ano. Até hoje, foram criados 214.090 cargos no governo Lula. Em 2008, foram cerca de 80 mil. Este ano, apesar da crise econômica e com a onda eleitoral favorável, a marca pode ultrapassar 90 mil novas vagas.


1- Apreciação
Entre as mais de 70 mil vagas à espera de votação pela Câmara, 10.743 são para o Ministério Público e outras 7.031 para o Judiciário. Além desses cargos que esperam pelos deputados, outros 2.800 no Executivo e no Judiciário já foram aprovados pela Câmara em 2009 e estão à espera de apreciação pelos senadores.

Da forma que a coisa tem caminhado, é possível que o governo peça um número X de cargos e o Congresso, com o aval da oposição, dê até mais. É um festival de bondades”

Arnaldo Madeira (PSDB-SP), deputado
Versão Digital da Notícia:
cargos por votos.jpg

"QUEM LÊ TANTA NOTÍCIA?"

28 de setembro de 2009

O Globo

Manchete: Honduras barra a OEA e faz ameaças ao Brasil

Lula rejeita ultimato que põe em risco imunidade da embaixada brasileira

O governo de Honduras deu ultimato ao Brasil para que decida, em dez dias, o status do presidente deposto, Manuel Zelaya, sob pena de a embaixada brasileira perder sua imunidade diplomática. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu irritado ao comunicado e disse que não acata "ultimato de um golpista". O governo de Roberto Micheletti elevou ainda mais a tensão com a Organização dos Estados Americanos (OEA), ao proibir a entrada no país de uma missão de diplomatas. A pedido de Lula, o chanceler Celso Amorim repreendeu Zelaya por pregar, de dentro da embaixada, a revolta popular no país. (págs. 1, 20 e 21)

Chávez torce por Dilma

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou que a ministra Dilma Rousseff é sua candidata para 2010 e que ela será a "próxima presidente do Brasil". Lula disse que ele foi gentil e lamentou o fato de Chávez não ser um eleitor no Brasil. (págs. 1 e 4)

Foto legenda: Lula confraterniza com Hugo Chávez e o líbio Muamar Kadafi, em reunião de cúpula na Venezuela

Investigação revela fraude nos bingos

Conversas gravadas durante investigação da Polícia Federal sobre a máfia dos bingos revelam como são violadas as máquinas caça-níqueis e videobingos para enganar o apostador nas casas de jogos. Nos diálogos, os interlocutores tratam da manipulação do valor acumulado de apostas e da indução de resultados. (págs. 1 e 3)

‘Bunker’ será construído de olho em 2016

Um centro de controle, que vai monitorar de ocorrências policiais a acidentes de trânsito em toda a cidade do Rio, será inaugurado no ano que vem, com câmeras 24 horas por dia, de olho na segurança dos Jogos de 2016. Chefes de estado da América do Sul e da África aprovaram moção de apoio ao Rio. (págs. 1, 10 e 11)

Preso na Suíça, Polanski pode ser extraditado

O cineasta Roman Polanski foi preso na Suíça, onde seria homenageado pelo Festival de Cinema de Zurique, sob a acusação de abuso sexual de uma menor em 1978. Considerado fugitivo pela polícia americana, Polanski vive na França e pode ser extraditado para os EUA. (págs. 1 e 22)

Foto legenda: Churrasco na concessionária

No último fim de semana de IPI reduzido, o movimento dobrou nas concessionárias, que ofereceram até churrasco. Luciana e Rogério Pitta fecharam negócio. (págs. 1 e 16)

Merkel e Sócrates reeleitos em Alemanha e Portugal

O CDU, partido da chanceler Angela Merkel, obteve 33,8% das cadeiras no Parlamento alemão. Apesar de ser um dos piores resultados de sua história, o CDU vai liderar a coalizão de governo. Em Portugal, apesar dos baixos índices de comparecimento às urnas, os socialistas comandados por José Sócrates se reelegeram com cerca de 36% dos votos. (págs. 1 e 22)

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Folha de S. Paulo

Manchete: Lula diz refutar 'ultimato de golpista'

Presidente afirma não conversar com usurpador; governo de Micheletti dá dez dias para Brasil definir status de Zelaya

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu à exigência feita pelo regime de Roberto Micheletti sobre a proteção do Brasil ao presidente deposto Manuel Zelaya. "O governo brasileiro não acata ultimato de um golpista. E nem reconheço como um governo interino. O Brasil não tem o que conversar com esses senhores que usurparam o poder". afirmou na Venezuela.

O presidente golpista havia dado um prazo de dez dias para o Brasil definir o status de Zelaya. Lula repetiu que o presidente deposto é "hóspede" do Brasil.

O regime de Micheletti proibiu ontem a entrada de uma missão da OEA (Organização dos Estados Americanos), informa Fabiano Maisonnave, enviado a Tegucigalpa. Diplomatas da Argentina, do México, da Espanha e da Venezuela também foram barrados pelos golpistas. (págs. 1, A10 e A11)

Entrevista da 2ª: Especialista vê tensão com os EUA

O protagonismo do Brasil na crise em Honduras, em contraste com a posição vacilante dos Estados Unidos, expõe a tensão entre os dois paises, afirma Julia Sweig.

Para a especialista em América Latina, a diplomacia brasileira pode ter mais atenção dos EUA se adotar um tom firme sobre o programa nuclear do Irã. (págs. 1 e A16)

Telecom Italia espionou outras 3 teles no Brasil

Ex-executivos da Telecom Italia disseram à Justiça italiana que a empresa espionou Vivo, Telefônica e Telmex (que controla a Claro e a Embratel), informam Leonardo Souza e Valdo Cruz. Já se sabia que os italianos espionaram Daniel Dantas, do Opportunity.

Os antigos dirigentes contaram como invadiam computadores e furtavam documentos. O Ministério Público de Milão acusa o trio de fazer escutas ilegais na Itália e no exterior. A Telecom Italia, dona da rIM, diz que isso ocorreu em outra administração. (págs. 1 e B1)

Governo não controla 23% dos jovens do Bolsa Família

O governo ignora a frequência escolar de 447,8 mil jovens beneficiados pelo Bolsa Família, ou 23% dos 1,9 milhão de participantes.

O programa exige dos alunos de 16 e 17 anos o comparecimento em 75% das aulas. Sem essa condição, o benefício pode ser cancelado.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, evasão, mudanças de cidade ou de instituição de ensino e falhas no envio das informações ao sistema colaboram com a falta de dados. (págs. 1 e A4)

Merkel vence e fará governo de centro-direita na Alemanha

A premiê conservadora Angela Merkel venceu as eleições parlamentares de ontem na Alemanha. Ela conseguiu 1/3 dos votos, o suficiente para formar o primeiro governo de centro-direita no país nos últimos 11 anos, informa a enviada especial Carolina Vila-Nova.

Esse resultado representa o fim da grande coalizão entre a União Democrata Cristã e o Partido Social Democrata, que sofreu uma derrota histórica. (págs. 1, A12 e Leia análise de Marcos Nobre à pág. A12)

Editoriais

Leia "Competição bancária", sobre crescimento da concentração no setor durante a crise global; e "Lula, o filme". (págs. 1 e A2)

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O Estado de S. Paulo

Manchete: Lula rejeita ultimato para definir status de Zelaya

Presidente deposto incita partidários a protestarem em Tegucigalpa

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rejeitou ontem o ultimato dado pelo governo de facto de Honduras para que o Brasil defina em dez dias o status do presidente deposto Manuel Zelaya, abrigado na embaixada em Tegucigalpa. "O governo brasileiro não acata o ultimato de um golpista", disse Lula, em tom irritado, em entrevista coletiva na Ilha de Margarita, na Venezuela, durante reunião de cúpula de 65 países da América do Sul e da África, relata o enviado especial Lourival Sant'Anna. "O governo brasileiro não negocia com ele. Quem tem de negociar é a OEA (Organização dos Estados Americanos) e o Conselho de Segurança das Nações Unidas, que já tomaram as decisões (pela volta de Zelaya ao poder)." Convocados pejo presidente deposto, milhares de manifestantes devem protestar hoje na capital do país. (págs. 1 e A10)

Missão da OEA é expulsa

O governo de facto de Honduras deportou cinco representantes da OEA que tentavam entrar no país. Quatro dos diplomatas - dois espanhóis, um americano e um colombiano - seguiram para a Costa Rica no mesmo avião em que chegaram ao país. (págs. 1 e A11)

Ciro quer dar vaga de vice em sua chapa para o PDT

O pré-candidato do PSB à Presidência, deputado Ciro Gomes (CE), cogita oferecer o posto de vice em sua chapa ao ministro do Trabalho, Carlos Lupi, do PDT. O objetivo do PSB é aumentar o tempo na propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV. O desafio é montar seu palanque sem ferir a aliança com o governo, da pré-candidata Dilma Rousseff (PT). (págs. 1 e A6)

'Estado' sob censura há 59 dias (págs. 1 e A9)

Multinacionais transferem fábricas para o Brasil

A crise global está trazendo linhas de produção e até fábricas inteiras para o País. Segundo o governo, cerca de 50 empresas - de autopeças, alimentos, têxteis, químicos, móveis e mineração - pediram autorização para importar máquinas. (págs. 1 e B1)

Atrás da casa própria e do carro zero

Mais de R$ 300 milhões foram concedidos em financiamento nos quatro dias do Salão Imobiliário São Paulo, encerrado ontem. Das 100 mil habitações à venda, 48% se enquadravam no programa "Minha casa, minha vida". Já o último fim de semana com isenção total do IPI para automóveis lotou lojas e feirões. As vendas da indústria deverão subir neste ano em relação a 2008. (págs. 1, B5 e B6)

Foto legenda: Pressa – Ricardo de Souza deixou férias na Bahia para comprar casa no Salão

Notas e Informações: G-20, reformas sem pressa

A missão mais urgente do G-20, converter o cassino financeiro mundial num lugar respeitável, vai ser cumprida gradualmente. Mas o resultado da Cúpula foi comemorado. (págs. 1 e A3)

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Jornal do Brasil

Manchete: Cruz Vermelha quer acesso a presídios

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha solicitou oficialmente ao governo federal acesso aos presídios do Rio de Janeiro. É um caso previsto apenas em guerra, mas a organização considera que o quadro de "violência grave" da cidade é retroalimentado pelas más condições de saúde e direitos humanos de quem está preso - e cita como exemplo a criação do Comando Vermelho. Ter acesso aos cárceres, sustenta o CICV, dará maior abrangência aos projetos com moradores de sete favelas do estado. Além disso, vai ajudar no trabalho de conscientização das polícias Civil e Militar.(págs. 1 e Tema do dia A2 e A3)

Foto legenda: Com as bençãos do Cristo

Amém - Políticos e esportistas pediram, no Cristo Redentor, que o Rio seja escolhido sede dos Jogos de 2016. A tática do Brasil é conquistar votos das delegações da Ásia e da África. (págs. 1 e Esportes D8)

Lula diz que o Brasil crescerá 5% em 2010

A economia brasileira vai crescer 5% no ano que vem, disse o presidente Lula. Funcionários da área econômica do governo já haviam indicado a hipótese de elevar a previsão de crescimento para 2010 para além do prognóstico anterior de aumento de 4,5% no PIB. (págs. 1 e Economia A15)

Brasil não cumprirá ultimato de golpistas de Honduras

O governo brasileiro não reconhece - portanto, não cumprirá - o ultimato de 10 dias dado pelos golpistas de Honduras para redefinir a situação do presidente deposto, Manuel Zelaya, abrigado na embaixada do Brasil em Tegucigalpa. A ditadura hondurenha ameaça tirar o status diplomático da representação brasileira. (págs. 1 e Internacional A21)

Chuvas no Sul desabrigam

Santa Catarina continua sofrendo com o clima. Ventos fortes e chuvas de granizo, entre a noite de sábado e ontem, causaram estragos em 15 municípios da Grande Florianópolis e do Oeste e Sul do estado. Há pelo menos 193 pessoas desalojadas. (págs. 1 e País A6)

Informe JB

Serra cai. Marina e Dilma empatam. (págs. 1 e A4)

Coisas da política

O mal está em toda a parte. (págs. 1 e A2)

Carlos Eduardo Novaes

Olimpíada 2016: por que não o Rio? (págs. 1 e D3)

Editorial

Educação de qualidade é próximo desafio. (págs. 1 e A8)

Sociedade Aberta

João Trajano Santos Sé
Cientista político

RJ deve atender à Cruz Vermelha. (págs. 1 e A3)

Sociedade Aberta

Bene Barbosa
Presidente do Movimento Viva Brasil

Desarmamento não gera segurança. (págs. 1 e A7)
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http://clipping.radiobras.gov.br/clipping/novo/Construtor.php?Opcao=Sinopses&Tarefa=Exibir
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