A proposta deste blogue é incentivar boas discussões sobre o mundo econômico em todos os seus aspectos: econômicos, políticos, sociais, demográficos, ambientais (Acesse Comentários). Nele inserimos as colunas "XÔ ESTRESSE" ; "Editorial" e "A Hora do Ângelus"; um espaço ecumênico de reflexão. (... postagens aos sábados e domingos quando possíveis). As postagens aqui, são desprovidas de quaisquer ideologia, crença ou preconceito por parte do administrador deste blogue.
PENSAR "GRANDE":
[NÃO TEMOS A PRESUNÇÃO DE FAZER DESTE BLOGUE O TEU ''BLOGUE DE CABECEIRA'' MAS, O DE APENAS TE SUGERIR UM ''PENSAR GRANDE''].
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“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.
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''Os Economistas e os artistas não morrem..." (NHMedeiros).
"O Economista não pode saber tudo. Mas também não pode excluir nada" (J.K.Galbraith, 1987).
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segunda-feira, junho 06, 2011
BOLSA RIQUEZA = EDUCAÇÃO FORMAL (A informal deve vir de casa).
Só a escola tira da pobreza
Autor(es): Carlos Alberto Sardenberg |
O Estado de S. Paulo - 06/06/2011 |
Não se mede o sucesso de um programa tipo Bolsa-Família pela quantidade de pessoas beneficiadas. É certo que o programa tem o objetivo imediato de aliviar a pobreza corrente e oferecer um mínimo de conforto para as famílias mais necessitadas. Mas isso não retira as pessoas dessa condição. Elas continuam dependendo do dinheiro do governo. Nesse caso, trata-se de assistência social, não de um programa de redução e eliminação da pobreza. Como esse objetivo poderia ser atendido? A medida essencial está no progresso escolar das crianças atendidas. A ideia básica para esses programas, desenvolvida no âmbito do Banco Mundial, partiu do seguinte ponto: as famílias mais pobres transmitem a pobreza a seus filhos porque não têm recursos para mandá-los para a escola ou porque precisam do rendimento do trabalho dessas crianças. Sem educação formal, estas não encontram bons empregos e, assim, não têm como escapar da pobreza. Daí o nome técnico do programa - Transferência de Renda com Condicionalidades (Conditional Cash Transfer) - e sua regra básica: a mãe recebe uma renda mínima e mais dinheiro conforme o número de crianças na escola. Trata-se de cobrir aquilo que o menino ou a menina poderiam ganhar trabalhando. A ideia de entregar o dinheiro partiu da constatação do fracasso de programas antigos, como a distribuição da cesta básica. Em todos os países os problemas se repetiam: corrupção na compra pelo governo, erros na composição da cesta, perdas na distribuição. Auditorias mostravam que, a cada R$ 1 alocado para o programa, menos da metade chegava na casa das famílias pobres. Que tal dar o dinheiro à família? Muitos tecnocratas diziam que isso daria errado, pois as pessoas gastariam tudo com bobagens ou, pior, com bebida, cigarro e jogo. Um equívoco. A prática provou que as famílias sabem cuidar de si, especialmente quando o dinheiro é entregue para a mãe, como é o caso dos atuais programas. A segunda ideia boa foi exigir uma condição. A bolsa está condicionada basicamente à presença da criança na escola e, mais que isso, ao seu progresso na educação (frequentar aulas, passar de ano, etc.). No México Oportunidades, o primeiro programa de âmbito nacional na América Latina, iniciado em 1997 e hoje considerado o mais bem implementado, a bolsa paga por criança aumenta na medida em que esta progride na vida escolar. Vai de US$ 10 (mensais), para alunos do ensino primário, a US$ 58, para os rapazes no 3.º ano do ensino superior, com até 22 anos. As meninas recebem bolsa maior (US$ 66 no ensino universitário) porque são retiradas da escola com mais frequência, para ajudar na casa e no cuidado com os irmãos. Além disso, o México Oportunidades ainda paga uma caderneta de poupança para alunos do ensino médio. Concluindo o curso, eles podem usar o dinheiro para iniciar um negócio ou financiar os estudos universitários. No Brasil, o Bolsa-Família atende crianças de até 15 anos. Eis, pois, um caminho para aperfeiçoar o programa brasileiro, sobretudo porque há um problema grave de evasão escolar e atraso no ensino médio. Outro ponto que se poderia copiar do México: o programa é auditado por uma instituição independente. Resumo da ópera: o programa pode atender 1/4 da população, como ocorre no Brasil e no México, mas fracassará se as crianças não estiverem avançando na escola. Vai daí que a melhora do ensino público é uma condição essencial. É preciso prestar atenção no foco, porque há sempre uma visão político-clientelista, dinheiro em troca de votos, como, aliás, denunciava Lula em suas campanhas eleitorais antes de ganhar. Ele atacava a distribuição de cesta básica e tíquete de leite, definida como prática eleitoral para ganhar o povo pela barriga. Dizia mais o candidato Lula: "Eles (dirigentes) tratam o povo mais pobre da mesma maneira que Cabral tratou os índios, distribuindo bijuterias e espelhos para ganhar os índios. Hoje, eles (da elite) distribuem alimentos... Tem como lógica manter a política de dominação". Isso vale para o Bolsa-Família, se o programa for apenas, ou principalmente, de distribuição de dinheiro aos pobres. Há até um argumento econômico a favor dessa distribuição: os beneficiados gastam o dinheiro e movimentam o consumo, de modo que, quanto mais dinheiro dado, melhor. Os pobres continuam pobres, mas gastando o dinheirinho recebido das mãos dos políticos no governo e... votando neles. O que muda tudo é o foco na educação, o efetivo progresso escolar das crianças. Paternidades. O programa Transferência de Renda com Condicionalidades, desenvolvido no Banco Mundial, foi testado no início dos anos 90 em Honduras. No Brasil, a primeira experiência nasceu em Campinas, em 1994, numa iniciativa do prefeito José Roberto Magalhães. Era um Bolsa-Escola. Um ano depois, o então governador Cristovam Buarque introduziu o programa em Brasília. Buarque batalha a ideia desde os anos 80. Colaborou com pesquisadores do Banco Mundial e a Unicef, que estiveram em Brasília, e ajudou o prefeito Magalhães. O primeiro programa nacional em larga escala começou no México, em 1997. O Brasil foi o terceiro país, com o Bolsa-Escola de 2001, governo FHC, numa iniciativa do Comunidade Solidária, de Ruth Cardoso, que participara dos estudos no Banco Mundial. Em 2002, o Bolsa-Escola e outros programas semelhantes atendiam mais de 4 milhões de famílias. No início de 2004, depois do fracasso do Fome Zero, o presidente Lula criou o Bolsa-Família, juntando todos aqueles programas. E ampliou o número de famílias beneficiadas para 12,5 milhões. O risco, hoje, é afrouxar o controle da vida escolar das crianças, tolerar as faltas à escola e acabar levando o programa mais para a distribuição de dinheiro do que o apoio à educação. Ao anunciar a ampliação do Bolsa-Família na semana passada, a presidente Dilma pouco falou da escola. -------- |
GOVERNO DILMA/Lula [In:] Governo QUEM ? (2)
Começo do fim de um mito
autor(es): Rubem Azevedo Lima |
Correio Braziliense - 06/06/2011 |
Ao intervir no governo da presidente Dilma, Lula fez o que tanto queria: ser uma espécie de Rasputin político de nossa czarina. É difícil dizer quem se saiu pior nesse episódio: ele, como o aventureiro russo, que se dizia purificador de ambientes, ou ela, que aceitou tão estranha taumaturgia. Ambos foram criticados severamente, pelo espetáculo que ofereceram ao Brasil e ao mundo. Por sorte de Dilma, felizmente, dois de nossos partidos comunistas estão alinhados, e bem, com o governo. Seus Lenines e Trotskis apóiam incondicionalmente a czarina. Quem abriu as baterias mais fortes contra o ex-presidente foi seu ex-ministro Ciro Gomes. Este, induzido por Lula, transferiu o título de eleitor no Ceará para São Paulo, acreditando no apoio lulista à sua candidatura a governador desse estado, em 2010. Não sem razão, Ciro condenou o quixotismo intervencionista de Lula, que, a seu ver, fragilizou a criatura por ele mesmo lançada candidata e eleita presidente, como a pessoa mais capacitada a governar o país. Dilma nasceu só da cabeça de Lula, não de uma concha de madrepérola, como nas lendas gregas, que ele achasse na praia de Guarujá. Ele impôs a candidatura de Dilma a seu partido e agora, caprichosamente, age como se reparasse erro de sua pupila. Mas, ao fazê-la defender Palocci, dá um passo arriscado na política brasileira, perigoso para os dois. Ao se expor, exageradamente, pró-Palocci, como salvador da pátria, o ex-presidente não tem a quem responsabilizar por esse fracasso, que põe em xeque sua suposta competência em escapar incólume dos erros que cometeu, quando na Presidência. Sobre os ganhos espantosos da consultoria de Palocci, a pressão de Lula sobre Dilma e desta sobre o Congresso, reavivou, na memória popular, o caso do caseiro que denunciou as estroinices do ex-ministro, forçando o ex-presidente a demiti-lo. Agora, porém, o lado cantinfliano e trapalhão de Lula, em fato muito mais grave, faz — quem diria? — exatamente o contrário e sai em defesa fervorosa de Palocci. Francamente! O mito de sua suposta infalibilidade em acertos dá sinais de desmilinguir-se, inapelavelmente, e ameaça levar de roldão o governo Dilma. ============== |
GOVERNO DILMA/BASE ALIADA [In:] DEGOLA À VISTA e a prazo ! (2)
ALIADOS COBRAM DE DILMA A SOLUÇÃO SOBRE PALOCCI
ALIADOS DÃO ULTIMATO A DILMA |
Autor(es): agência o globo: Cristiane Jungblut, Flávia Barbosa, Geralda Doca e Isabel Braga |
O Globo - 06/06/2011 |
Aliados do PMDB e do PT cobraram da presidente Dilma Rousseff um desfecho para a situação do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, até quarta-feira, quando o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, deve dar seu parecer sobre o caso. A avaliação dos interlocutores do Palácio do Planalto é que a situação de Palocci é insustentável, sob pena de aprofundar a crise e os problemas na relação com o Congresso. Dilma conversou ontem sobre o assunto, por telefone, com o ex-presidente Lula, que é esperado amanhã em Brasília. Uma das alternativas discutidas é a de que Palocci peça licença até o esclarecimento do caso. Deputados admitem que há um grande problema em mexer na composição do governo e criar novas dificuldades com a escolha mal feita do substituto. Dilma teria preferência por uma pessoa com perfil mais técnico, como Graça Foster, diretora da Petrobras, ou a ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Mas isso criaria um problema na articulação política Presidente consulta Lula sobre destino de Palocci após base cobrar decisão até quarta-feira Acabou o prazo para um desfecho político na crise provocada pela revelação da rápida evolução do patrimônio do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. O PMDB e o PT, os dois maiores partidos da base aliada, passaram a cobrar da presidente Dilma Rousseff uma definição pública da situação de Palocci até quarta-feira, sob pena de se aprofundarem a crise e os problemas na relação com o Congresso Nacional. Há a expectativa de que, quarta-feira, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, dê seu parecer sobre o caso. A avaliação dos interlocutores do Palácio do Planalto é que a situação de Palocci é insustentável, mas todos admitem que há um grande risco de mexer na composição do governo e criar novas dificuldades a partir da escolha mal feita de um substituto. O recado foi transmitido ontem por políticos aliados a Dilma. A presidente decidiu conversar sobre o assunto com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ontem. A gravidade da crise levará a encontros hoje entre caciques do PT em São Paulo e Brasília. Lula é esperado amanhã na capital federal. Para o PT e o PMDB, a presidente precisa tomar uma posição pública sob o risco de agravar ainda mais o momento e aumentar a sangria do ministro da Casa Civil, que não conseguiu reverter sua situação com as explicações dadas na entrevista à TV Globo e depois viu surgirem novas denúncias com a reportagem da revista "Veja" mostrando que ele aluga um apartamento em São Paulo de uma empresa de propriedade de laranjas. Os deputados querem evitar um desgaste ainda maior na Câmara, já que o presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), terá que anunciar esta semana a anulação do pedido de convocação de Palocci pela Comissão de Agricultura. No Palácio, uma das alternativas discutidas é Palocci pedir licença até o esclarecimento do caso. A solução lembra o caso de Henrique Hargreaves, ministro da Casa Civil de Itamar Franco, que, alvo de denúncias, deixou o cargo e depois voltou. Já Palocci disse a interlocutores do PMDB que tinha a esperança de que Gurgel decida até quarta-feira sobre o assunto. O procurador viaja na quinta-feira para o exterior. Temor de substituto sem expressão Um dos dilemas de Dilma ontem era encontrar um substituto para Palocci. O temor é que um nome sem expressão política ou alvo de denúncias só aumentasse a crise. O próprio Palocci confidenciou a interlocutores que já tinha feito o que podia, dado as explicações e que a decisão era da chefe. - A solução agora é da presidente, a partir da dimensão que ela avalia ter o problema. Se vai dizer que (o impacto negativo) já está precificado e vamos em frente com Palocci ou se a crise começará a contaminar o governo, esse custo é inaceitável e vamos trocar - afirmou um político que conversou ontem com o ministro. O temor é que a crise acabe afetando o andamento do governo. Ministros já reclamam que há falta de diretrizes devido às indefinições. - A semana é decisiva para Dilma, ela tem que tomar decisão, se fica ou dá tchau ao Palocci. Ela não pode permitir que dúvidas pairem sobre o seu ministro mais importante, que comanda a Casa Civil. Ela tem que encerrar esse debate para não deixar que a crise tenha mais impacto sobre ela. Caso contrário, dará incentivo ao bombardeio - disse um cacique do PT. Dilma, segundo interlocutores, não gostou do desempenho de Palocci nas entrevistas, no sentido de que não trouxeram novos esclarecimentos sobre o faturamento de R$20 milhões de sua empresa de consultoria, a Projeto. Mas a informação sobre problemas no aluguel do apartamento onde mora serviu para aumentar o desgaste. O PMDB mantém a estratégia de defender Palocci. Mas os líderes enfatizam que embora reconheçam a importância do ministro para o governo e para a própria presidente, desde a campanha eleitoral, o ministro é do PT e o PMDB não teve qualquer influência em sua indicação, uma escolha de Dilma. Ela analisava ontem vários rituais para sair da crise. Caciques do PMDB apostavam num tempo até quarta. Já membros do governo e petistas apostavam na saída de Palocci por ser insustentável sua permanência. O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), disse que as explicações legais e jurídicas dadas por Palocci foram "suficientes", mas reconheceu o desgaste diário: - Não é uma posição confortável, a imprensa publicando matérias todos os dias, a oposição fazendo disso um cavalo de batalha. Só a presidente pode decidir o que fazer com ele. Da parte do PMDB, daremos apoio ao ministro, pela importância dele no governo. É decisão exclusiva da presidente, que contará com o respeito e o apoio do PMDB, qualquer que seja ela. - Quem tem o poder de decisão é a presidente. Houve a fala de Palocci, surgiu um novo agravante, mas pode ser explicado. Se ela não quiser contaminar o governo, tem que tomar uma decisão: ou ele fica e ela banca, ou não fica. Acho que ela deve anunciar (a decisão) e, se decidir que ele não fica, deve anunciar o sucessor no ato - disse o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP). |
GOVERNO DILMA/PALOCCI [In:] É MENTIRA, TERTA ? (2)
Grata, Dilma reluta sobre Antonio Palocci
Dilma na hora da decisão |
Autor(es): Vinicius Sassine, Baptista Chagas de Almeida e Diego Abreu |
Correio Braziliense - 06/06/2011 |
A presidente fez contatos com Lula para saber se mantém o ministro na Casa Civil. A decisão, no entanto, não depende apenas do antecessor. Integrantes da base aliada lembram a gratidão pelo papel que Palocci desempenhou na campanha
Presidente passa o domingo fazendo consultas, inclusive ao ex-presidente Lula, sobre o que fazer com Palocci
A presidente Dilma Rousseff manteve contatos no fim de semana com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para decidir se demite ou mantém Antonio Palocci no cargo de ministro-chefe da Casa Civil. A decisão, porém, não será tomada apenas com base num aval de Lula, fiador de Palocci na composição do novo governo. Na interpretação de integrantes da base aliada, próximos às tomadas de decisão do governo, Dilma tem gratidão por Palocci em razão do papel desempenhado por ele na campanha eleitoral. O então deputado ganhou espaço e deixou de ser apenas uma indicação de Lula, como avaliam lideranças da base aliada. Por isso, o ex-presidente perderia peso na decisão da demissão ou da manutenção no cargo. Mesmo assim, Dilma decidiu consultar Lula antes de decidir o futuro da Casa Civil. "Existe a interferência de Lula, mas, na campanha eleitoral, Palocci ganhou força", diz um dos integrantes da base ouvidos pelo Correio. O ministro da Casa Civil, até ganhar o cargo, foi um dos principais nomes do PT na montagem do governo, durante o período de transição. Antes de Dilma assumir, reunia-se diariamente com Palocci na Granja do Torto, residência oficial adotada pela presidente eleita antes da posse e nos primeiros dias de governo. O papel desempenhado na fase de transição credenciou Palocci para o ministério mais importante e de maior proximidade à presidente. "Lula está a favor dele, o indicou para a campanha eleitoral. Mas Palocci ganhou a confiança de Dilma", diz um deputado da base. Agora, a permanência do ministro do cargo, depois do agravamento da crise desencadeada pela revelação de que ele aumentou seu patrimônio em 20 vezes nos últimos quatro anos, passou a depender de uma análise conjunta de Dilma e Lula. O ex-presidente estaria em Brasília ontem para conversar com Dilma, mas a assessoria dele informou que a viagem não ocorreu. Lula teria passado o dia em São Bernardo do Campo (SP), onde mora. Integrantes da base aliada também não souberam informar se Lula esteve em Brasília. Até o início da noite, o ex-presidente não apareceu no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República. Lula e Dilma mantiveram contato por telefone. A presidente não tomará a decisão sobre o futuro de Palocci sem consultar Lula. "Ele é a maior liderança política no país. Qualquer decisão precisará ser comunicada a ele", diz um integrante do governo. Em meio ao acirramento da crise política, Dilma recebe hoje o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. É o primeiro encontro desde a posse. Lula esteve com Chávez na semana passada, numa viagem que incluiu Bahamas, Cuba e Venezuela. O ex-presidente voltou da viagem disposto a conversar pessoalmente com Dilma sobre o futuro de Palocci. Um nome cotado pela presidente para a Casa Civil, caso decida pela demissão do atual ministro, é o da diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster, amiga de Dilma. Também é cogitada a indicação da atual ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Se isso ocorrer, o Planejamento seria assumido por Paulo Bernardo e, para seu lugar no Ministério das Comunicações, seria indicado o atual secretário executivo da pasta, Cezar Alvarez. Palocci passou o fim de semana recluso, com o telefone celular desligado. A última manifestação do ministro, depois da entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, foi a divulgação de uma nota, por meio de sua assessoria, para negar o teor de uma reportagem publicada pela revista Veja no último sábado. A reportagem aponta que o imóvel residencial alugado por Palocci em São Paulo foi colocado em nome de laranjas. "O ministro e sua família nunca tiveram contato com os proprietários", diz a nota. Numa aprovação contestada pela base aliada, Palocci foi convocado para depor na Comissão de Agricultura da Câmara. O presidente da Casa, deputado Marco Maia (PT-RS), decide amanhã se a convocação tem validade do ponto de vista do regimento da Câmara ou se será necessária uma nova votação na comissão. Para o líder do PT na Casa, deputado Paulo Teixeira (SP), a convocação deverá ser derrubada. Trinta deputados da própria comissão fizeram um recurso para que a votação fosse anulada. Deve ser feita uma nova votação. Oposição pressiona PSDB e DEM prometem se mobilizar no Congresso para pressionar o governo a demitir Antonio Palocci. Antes, o objetivo era o de manter a convocação do ministro para depor na Comissão de Agricultura. Agora, a oposição só fala em demissão. Para o líder da minoria, Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), a crise deixou de ser problema de ordem pessoal, restrita ao ministro, para atingir a presidente. "Aguardamos algo de novo, como a demissão dele. Se isso não acontecer, insistiremos na convocação", afirma. Já o líder do DEM, ACM Neto (BA), diz que a avaliação desastrosa que fez da entrevista de Palocci se confirmou. |
GOVERNO DILMA/PALOCCI [In:] É MENTIRA, TERTA ?
DILMA DECIDIRÁ FUTURO DE PALOCCI APÓS PARECER DO PROCURADOR-GERAL
DILMA DIZ A PALOCCI QUE SÓ SE DECIDIRÁ APÓS PARECER DO PROCURADOR-GERAL |
Autor(es): Leonencio Nossa |
O Estado de S. Paulo - 06/06/2011 |
Presidente teme ser acusada de injustiça caso demita ministro e, em seguida, Gurgel rejeite pedido de inquérito; se houver investigação, afastamento do chefe da Casa Civil será justificado sob argumento de que não se deve atrapalhar as apurações Em conversa por telefone, a presidente Dilma Rousseff acertou ontem com Antonio Palocci, pivô da primeira crise política do seu governo, que aguardará o posicionamento da Procuradoria-Geral da República (PGR) a respeito das suspeitas de tráfico de influência por parte do chefe da Casa Civil antes de divulgar qualquer decisão sobre o caso. A espera pela manifestação do procurador-geral, Roberto Gurgel, o que pode ocorrer na próxima quarta-feira, tem dois motivos. Primeiro, Dilma avalia que, se afastar Palocci de imediato, corre o risco de ser cobrada por uma atitude "injusta", no caso de a procuradoria não instaurar inquérito. Na segunda hipótese, de Gurgel achar indícios e abrir investigação, o afastamento de Palocci seria facilitado, sob a alegação de que o governo não vai interferir nas apurações. Há 22 dias, o ministro está sob ataques da oposição e de setores da base aliada por causa do rápido aumento de patrimônio, que levantou suspeitas de enriquecimento ilícito. De 2007 até o fim do ano passado, ele multiplicou seu patrimônio por 20, informação confirmada pelo ministro na entrevista que concedeu ao Jornal Nacional de sexta-feira, quando pela primeira vez deu explicações públicas sobre o caso. No último dia 20, o procurador-geral pediu a Palocci esclarecimentos sobre o aumento do patrimônio pessoal. Números confirmados pelo ministro, na entrevista à TV, mostram que foi no final do ano passado que mais aumentou a renda de sua empresa de consultoria, a Projeto. Justamente nesse período, Palocci comandava a equipe de transição de governo e, paralelamente, mantinha a empresa. Segundo ele, a Projeto já estava fechada quando assumiu a pasta da Casa Civil, em janeiro. Ao informar que tinha pedido esclarecimentos a Palocci, Gurgel antecipou, porém, que não via como crime a prestação de serviços de consultoria. O procurador ponderou que o caso poderia ser questionado, isso sim, do ponto de vista ético. A oposição encaminhou duas representações contra Palocci. A partir das respostas do ministro, Gurgel vai decidir sobre um eventual pedido de abertura de investigação. No Planalto, parte da equipe de Dilma trabalha com a perspectiva de que Gurgel apresentará a sua decisão até quarta-feira. Outra ala acha que não é possível prever um prazo - Gurgel pode adiar o anúncio de sua posição para as próximas semanas, o que esticaria a crise política vivida pelo governo. Chávez. Auxiliares da presidente disseram que ela acertou com Palocci que os dois tentarão manter uma agenda normal nesta segunda-feira, quando o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, será recebido no Palácio do Planalto e no Itamaraty. Dilma passou o fim de semana na residência oficial do Palácio da Alvorada, onde conversou com outros interlocutores por telefone. Já Palocci passou o domingo em São Paulo. Neste fim de semana, Dilma e auxiliares diretos fizeram avaliações sobre a performance do ministro na entrevista ao JN. A presidente se sentiu incomodada ao ouvir o ministro dizer na entrevista que não podia divulgar a sua lista de clientes. Neste fim de semana, houve mais desgaste político com a divulgação de que Palocci aluga um apartamento de 640 metros quadrados, em Moema, zona sul de São Paulo, de uma empresa que usaria laranjas e endereços falsos. Em nota, o ministro ressaltou que não tem responsabilidade sobre os atos do locador. O Estado esteve ontem no local, mas as informações eram de que ele não estava no apartamento. / COLABOROU JULIA DUAILIBI |