A proposta deste blogue é incentivar boas discussões sobre o mundo econômico em todos os seus aspectos: econômicos, políticos, sociais, demográficos, ambientais (Acesse Comentários). Nele inserimos as colunas "XÔ ESTRESSE" ; "Editorial" e "A Hora do Ângelus"; um espaço ecumênico de reflexão. (... postagens aos sábados e domingos quando possíveis). As postagens aqui, são desprovidas de quaisquer ideologia, crença ou preconceito por parte do administrador deste blogue.
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“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.
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quarta-feira, maio 11, 2011
BRASIL/OPOSIÇÃO [In:] PSDB. O FUTURO À CONVENÇÃO PERTENCE !
O dilema tucano outra vez
Marcos Coimbra - Marcos Coimbra |
Correio Braziliense - 11/05/2011 |
Aécio e Serra não poderão evitar a disputa presidencial. Nenhum dos dois parece disposto a ceder ao outro a vez. E nada indica que estarão mais propensos a isso adiante Sociólogo e Presidente do Instituto vox Populi Marcada para o próximo dia 28, a convenção nacional do PSDB ocorre em um momento especialmente importante para o partido. Talvez mais que em qualquer outra, nela ele se defrontará com escolhas decisivas para seu futuro. Por extensão, para o futuro das forças políticas e sociais que fazem oposição ao PT e ao governo. Em função de vicissitudes de nossas eleições desde os anos 1990, o PSDB se tornou o principal e, para muitos efeitos, o único contraponto real ao petismo. Na vitória e na derrota. Nada sugere que o quadro será diferente em 2014. Pelo que se pode antever, deve voltar a sair do PSDB o candidato oposicionista, pois das outras legendas (as que sobreviverem até lá) dificilmente algum nome emergirá. (Se tivéssemos que apostar, o mais provável é que se repita um cenário parecido com o do ano passado: oposições unidas, em torno de um tucano, contra mais de uma candidatura egressa do governismo. Não foi isso que ocorreu com Serra versus Dilma e Marina?) A convenção peessedebista é relevante, portanto, para o jogo político nacional, e não somente para o partido. O que lá for deliberado tem consequências para todo o sistema político. Com sua atávica predileção por ficar em cima do muro, as lideranças do PSDB conseguiram evitar uma confrontação que agora parece inevitável. Na verdade, o que fizeram foi apenas circunscrevê-la, não deixando que se explicitasse e se tornasse uma guerra aberta. Mas até as pedras da rua sabem que o PSDB está dividido entre duas correntes, o serrismo e o aecismo. Pelo menos nas questões nacionais, pois, nas regionais, há outras. A mais relevante é liderada por Alckmin, mas seu horizonte é diferente. Enquanto Serra e Aécio só têm a Presidência da República pela frente, ele pode voltar a disputar o governo de São Paulo (o que, se for bem-sucedido, vai fazer com que atinja a marca impressionante de permanecer no Palácio dos Bandeirantes por 14 anos, pulverizando o recorde de Ademar de Barros, de 11, contado o período como interventor). Como também sabem as pedras da rua, Alckmin e Serra não se entendem, pelo menos desde quando o segundo sucedeu o primeiro e não o poupou de críticas a (quase) tudo que fizera. Começou ali o pior período da carreira de Alckmin, que se acentuou quando, na eleição para prefeito da capital em 2008, Serra fez de tudo para eleger Kassab, pensando em ter o DEM a seu lado na eleição presidencial de 2010. Derrotado, só restou ao atual governador aceitar um posto subalterno no governo Serra. Quem achou que essa era uma jogada de mestre de Serra vê agora que o efeito foi nulo, para dizer o mínimo. Hoje, Alckmin administra com seus aliados de primeira hora e deixou o serrismo ao relento. Com boa imagem e apoio popular (pelo menos neste início de mandato), ele terá uma decisão complicada em 2014: se larga o estado (e corre o risco de ver o serrismo de volta) para disputar uma eleição difícil contra Dilma (talvez Lula) ou tenta continuar no governo. Faz sentido que opte por não sair de São Paulo. Já Aécio e Serra não poderão evitar a disputa presidencial. Serra não terá nada nas mãos (pois é pouco provável que concorra à prefeitura de São Paulo) e o fato de Aécio ser senador só aumenta a possibilidade de que venha a ser candidato a presidente (pois também é pouco provável que queira voltar ao plano estadual ou encerrar sua carreira no Senado). Nenhum dos dois parece disposto a ceder ao outro a vez. E nada indica que estarão mais propensos a isso adiante. O PSDB pode deixar a decisão para a frente, como é sua tendência. Pode reencenar o “colégio de ilustres”, convocando os caciques (FHC, Serra, Aécio, Tasso, mais um ou outro) para fingir que estão de acordo. Pode deixar que as pesquisas de opinião voltem a comandar a escolha quando tiver que sair de cima do muro. A pergunta é qual identidade pretende assumir agora e nos próximos anos. Se quiser ficar com a que tem, basta não fazer nada e deixar que a convenção do dia 28 se esvazie. Se achar que perder três vezes é um sinal de que as coisas não vão bem e que precisa mudar, é bom que se prepare para o enfrentamento. |
BRASIL/LINHA DA POBREZA [In:] HÁ UM TEMPO PARA GESTAR, UM TEMPO PARA ''PICAR''
Ovos da serpente
Autor(es): Carlos Lessa |
Valor Econômico - 11/05/2011 |
Outro dia conheci uma moça de 20 anos. Já é mãe de três filhos, sendo que o pai das crianças, motoqueiro, havia sido exterminado em conflito de quadrilhas. A jovem teve apenas os primeiros cinco anos de escolaridade e é praticamente analfabeta. Trabalha para sustentar as três crianças e, para isso, deixa uma das crianças em uma creche e as duas outras ficam com "mães crecheiras". Ser "mãe crecheira" é uma atividade desenvolvida nas comunidades pobres: uma mulher toma conta e dá proteção a diversas crianças de mães que trabalham. É uma espécie de babá múltipla, versão da pobreza. A situação dessa família uniparental - assim denominada pelo IBGE - inspira diversas reflexões sobre a questão social. Creio que, na Região Metropolitana do Rio, 17% das famílias são uniparentais. Mais da metade tem como cabeça de família uma jovem mulher. Com um ou mais filhos, quase sempre o pai não assume qualquer paternidade. Muitas dessas jovens desconhecem o fecundador. Formam o segmento de mão de obra não qualificada mais vulnerável do Rio de Janeiro. Em sua maioria, pretendem um emprego de doméstica, porém é raro o empregador que aceite a presença de filho(s). Geralmente, obtém renda monetária em cooperativas de prestação de serviços de limpeza em escritórios, negócios e até mesmo fábricas. Essas cooperativas não respeitam a legislação trabalhista e escondem "gatos" que exploram o trabalho dessas mulheres. Em qualquer repartição pública como a UFRJ ou o IBGE, entre outras, essas mulheres estão reproduzindo a situação de doméstica vulnerável a uma intermediação. Não é difícil projetar a situação de pobreza estrutural e de baixa capacidade de organização sindical dessa fração social que forma, a meu juízo, o maior contingente de pobres urbanos sem destino. Sempre me surpreendeu não ver movimento feminista assumir esse contingente de "irmãs". Sempre me pergunto qual será o destino dessa novíssima geração de brasileiros das famílias pobres uniparentais. Não há nenhum programa sistêmico de melhoria das condições de trabalho das "mães-crecheiras". A retórica de creche para todos parece desconhecer o custo de operação como uma barreira financeira à educação pré-escolar. Apenas uma minoria de crianças é atendida pela rede de creches. Se, na creche popular, prevalecer o que vem acontecendo nos primeiro anos da rede escolar temos nessa crianças uniparentais um contingente desassistido. Não é difícil nem exagero imaginar sementes de violência - entre os meninos - e de reprodução precoce de família uniparental. Os dois fenômenos são manifestações estruturais da vida urbana barbarizada. Defendo o Bolsa Família, porém qualquer política de cobertura dessa fração extremamente vulnerável do corpo social - mães pobres chefes de família - exigiria, ao menos, uma preferência por vaga em creche pública, uma política de educação, vigilância médica e melhoria de instalações das "mães-crecheiras", além de suficiente cobertura pediátrica para as crianças. Quando Brizola propôs os Cieps, imaginou a escola pública de tempo integral com educação complexa e completa de alta qualidade. Teve o mérito de sublinhar a necessidade de guarda e proteção dos menores de 14 anos. Guarda e proteção é o item que as famílias da pobreza mais desejam para suas crianças, pois mesmo nas famílias de casal, normalmente pai e mãe trabalham para compor a renda familiar, porém morrem de medo que seus filhos estejam nas ruas em horário fora das aulas, sendo cooptados por traficantes e marginais e/ou confundidos com "meninos de rua" e bandidos-mirins. Imaginem o medo da mulher pobre, cabeça de família, que ganha um salário mínimo, e vê a rua como um espaço perigoso para seu filho, após as horas de escola. Essa jovem mãe é torturada pela tesoura do salário baixo e a necessidade de guarda e proteção. O padrão Ciep é impossível de ser generalizado em um país que prioriza o pagamento de juros e que compromete, com esse tipo de rendimento, um gasto muito superior a tudo o que é gasto em saúde e educação. Obviamente, no Brasil, programas como os do Ciep cobrem uma fração relativamente pequena da população-alvo, porém, já seria possível ampliar a guarda e proteção de todas as crianças de 7 a 14 anos com o aumento do tempo de permanência na escola, com atividades extra-curriculares. Após as horas de aula, deveria a escola reter suas crianças com um leque de atividades que caminha desde a realização dos deveres, passando por atividades culturais até a difusão de jogos e brincadeiras. Haverá quem argumente que não é possível ampliar a carga horária dos atuais professores primários. É reconhecida a insuficiente remuneração que leva a quase todos terem mais de uma matrícula, porém há um contingente disponível para um "voluntariado" de apoio nos horários extra-classe: os aposentados, a população de terceira idade que, em função da desagregação da família patriarcal, tem tempo livre e gostaria de "ensinar" as crianças a fazerem os deveres, acessar elementos culturais e a fazer brinquedos e brincar. Imaginem a alegria desses voluntários e a "reconstituição" da saudável relação que deve existir entre idosos e crianças. No horário extra-classe, submetidos às orientações da direção da escola, os voluntários poderiam desdobrar múltiplas atividades. As crianças devem aprender a criar brinquedos e a brincar. Aquele que ensina uma criança a jogar bola de gude e a fazer um papagaio, aquele que lê contos e, talvez, poemas, aquele que ensina atividades artesanais, que socializa a história da cidade, do bairro e do lugar, que chama a atenção para as artes, que faz piadas e convive sem autoritarismo com as crianças é por elas considerado um ser inesquecível e amado, encaminha o menor em direção à cidadania e à socialização pelo convívio produtivo com seus colegas. A convivência idoso-menor pode exorcizar fantasmas da vida atual. A sociedade do consumo, que ensina a sucatear as coisas, a valorizar apenas o que é novo/novidade exclui a criança pobre da visibilidade e naturalidade do ciclo de vida. Penso que a escola com voluntariado idoso para atividades extra-curriculares resgata o valor e a sabedoria do velho, elemento imprescindível para a vontade de viver. A hipervalorização do mercantil, do objeto recém-fabricado, o sonho de consumo da novidade, a moldagem de uma sociedade do desperdício pode levar a uma desvalorização do viver e da vida. É uma semente de brutalidade para um povo pobre, e é particularmente daninho para a criança da família uniparental pobre, sem a referência da figura paterna. Creio que a psicologia social identificaria nisso sementes de uma brutalização social. Ninguém deve se surpreender se a criança pobre sem guarda e proteção escolher seus elementos míticos e valores nos traficantes bem-sucedidos. O trabalho terá uma imagem terrível se o relato for o da mãe sofrida que, após oito ou mais horas de atividades sub-remuneradas, tenha ainda a exaustão do tempo de ir e vir. Trabalho, lar e família são categorias fracas na vivência da criança pobre da família uniparental. Como a presidente da República quer eliminar as raízes da pobreza, anotei essas sugestões, que merecem ser financiadas, ao invés da exaustão pública com o pagamento de juros obscenos. ------------- Carlos Francisco Theodoro Machado Ribeiro de Lessa é professor emérito de economia brasileira e ex-reitor da UFRJ. Foi presidente do BNDES; escreve mensalmente às quartas-feiras. |
BRASIL/MERCADO INTERNO OU ''COMMODITIES'' [In:] QUEM DÁ MAIS ???
Mais açúcar e menos álcool na nova safra
Valor Econômico - 11/05/2011 |
A moagem de cana deverá totalizar 641,9 milhões de toneladas nesta safra 2011/12, segundo o 1º levantamento da Conab sobre a nova temporada sucroalcooleira, divulgado ontem. Se confirmado, o volume será 2,9% superior ao do ciclo 2010/11. Em termos percentuais, o maior avanço virá do Centro-Oeste, nova fronteira da cana no país. A moagem nessa região deverá avançar 15,3%, para 107,6 milhões de toneladas, puxada pelo incremento em Mato Grosso do Sul. Conforme o relatório da Conab, o pequeno crescimento desta safra se deve, principalmente, aos canaviais das novas usinas. Apesar de a produção de cana ser maior, a produtividade será 1,8% menor por causa da estiagem no Centro-Sul que afetou os canaviais. A Conab prevê ainda uma produção maior para o açúcar no país. O número deve atingir 40,9 milhões de toneladas, ante as 38,1 milhões de toneladas da safra anterior, a 2010/11. Já a produção de etanol no Brasil, segundo a companhia, deve ser de 27 bilhões de litros, um pouco menor do que as 27,5 bilhões do ciclo anterior. |