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sábado, maio 17, 2008

EDITORIAL: "MARINA, VOCÊ JÁ É BONITA COM QUE DEUS LHE DEU..." *

Marina Silva já vai tarde



13/05/2008

Até que demorou para Marina Silva deixar o governo Lula. A decisão de sair só agora fala mais da disciplina e do caráter da ministra do que de qualquer outra coisa. Mais não vou falar agora porque escrevi para a edição da Folha de amanhã e não quero furar a mim mesmo.
Nada impede, porém, que deixe aqui um testemunho pessoal sobre Marina Silva. Estive no máximo meia dúzia de vezes com ela. Em todas as ocasiões comportou-se como pessoa absolutamente íntegra e gentil. Trata com deferência e atenção até aqueles que a criticam com freqüência.
Projeta em público uma imagem de retidão e inflexibilidade que não corresponde, a julgar por sua gestão no ministério, à capacidade de negociar e fazer compromissos de modo discreto, mas fixando limites claros, além dos quais não se dispõe a prosseguir.
Alguém capaz de dizer, enfim, que estava disposta a perder a cabeça, mas não o juízo. Rola agora a cabeça da ministra, mas sua volta ao Senado vai aumentar consideravelmente o teor de juízo na Casa.

P.S.: Leia a carta de demissão de Marina Silva.
Escrito por Marcelo Leite. Foto-matéria.


-o0o-


14/05/2008
Especialmente para quem não entendeu (ou não quis entender) o título "Marina Silva já vai tarde", na
nota abaixo, reproduzo meu comentário de hoje na Folha de S.Paulo:

Marina sofreu bombardeio desde o 1º mandato de Lula

Ministra fez várias concessões e teve de aceitar derrotas seguidas em 5 anos e 5 meses de governo, mas sai no instante em que desmatamento volta a aumentar
AO FINAL do primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, já estava claro para quem quisesse ver que seu governo não merecia Marina Silva. A voz ao mesmo tempo frágil e firme da ex-doméstica que chegou a senadora permanecia solitária na Esplanada. Era a única a defender que o desenvolvimento econômico não pode ser obtido a qualquer preço, porque não seria de fato desenvolvimento.
Lula repetiu a estratégia Fernando Collor com José Lutzenberger. Pôs Marina Silva na vitrine do MMA (Ministério do Meio Ambiente) para neutralizar pressões internacionais contra o país pela destruição da Amazônia. Funcionou por algum tempo. Tempo demais.
Era fácil deixar a ministra falando sozinha sobre "transversalidade". Soava como (e era de fato) uma abstração insistir na necessidade de injetar a questão ambiental em todas as esferas de decisão e planejamento do governo. O desenvolvimentismo lulista seguiu em frente.
Foram muitas as batalhas perdidas. Primeiro, perante o Ministério da Ciência e Tecnologia, a dos transgênicos. Depois de anos de omissão do governo FHC quanto ao plantio de soja geneticamente modificada contrabandeada da Argentina, Lula capitulou diante do agronegócio e do lobby dos biotecnólogos, permitindo a comercialização do grão ilegal.
Em seguida vieram várias concessões, fracassos e derrotas do MMA: explosão do desmatamento (que chegou a 27 mil km2 em 2004, segunda maior marca de todos os tempos); licenciamento ambiental da transposição do São Francisco e das grandes hidrelétricas na Amazônia; a decisão de construir Angra 3 e outras quatro usinas nucleares...
Apesar disso, Marina Silva continuava como um conveniente bode expiatório. A certa altura, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) parecia ser o maior entrave ao desenvolvimento nacional. Pior que a taxa de juros mais alta do planeta, a julgar pelo bombardeio dos jornalistas de negócios e dos ministérios interessados em camuflar a própria inoperância.
Mãe do PAC, mãe do PAS
O MME (Ministério de Minas e Energia), onde começou a ser gestada a mãe do PAC e também o embrião de um apagão, capitaneava o canhoneio. Entre um mandato e outro, a artilharia quase derrubou Marina Silva. Havia até candidato preferido do MME, segundo se especulava na época: Jerson Kelman, diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). A proverbial raposa no galinheiro.
Marina Silva resistiu e ficou para um segundo mandato. Disse na época que o fez a pedido do próprio Lula. Afinal, o desmatamento na Amazônia vinha caindo, tendência que se confirmou ao longo do primeiro ano do segundo mandato. As cifras traumatizantes despencaram quase 60% em três anos. A ministra continuava bem na fita, pelo roteiro de Lula.
Aí começaram a surgir os primeiros sinais de que o desmatamento na Amazônia voltava a crescer. Era inevitável, diante da alta retomada no preço de commodities agrícolas, como soja, carne bovina e algodão. Enquanto isso, o frenesi dos biocombustíveis tomava conta do Palácio do Planalto.
Só os incautos acreditam que a expansão da produção será obtida apenas com aumento da produtividade e ocupação de áreas degradadas de pastagem. O empreendedor rural se dirige para onde encontrar a melhor combinação de terra e mão-de-obra baratas, solos férteis, topografia favorável e infra-estrutura logística. Soja e cana não desmatam a Amazônia, mas a pecuária, sim -e como.
Diante do trator pilotado pelo Ministério da Agricultura e teleguiado da Casa Civil, o espaço de manobra de Marina Silva se restringiu ainda mais. Nem ela fala mais em transversalidade, embora não deixe de apontar os riscos do excessos de entusiasmo com a expansão do agronegócio.
Os sensores de satélites, capazes de discernir florestas de verdade das áreas em processo de degradação, não se enganam a respeito. O desmatamento está em alta. É indiferente para eles que Lula, Dilma Rousseff e Marina Silva tenham lançado há poucos dias o enésimo programa desenvolvimentista, mais uma compilação de ações anteriormente providenciadas, e o batizem como PAS (Plano Amazônia Sustentável).
Lula tentou fazer blague na cerimônia, afagando a "mãe do PAS". Ao mesmo tempo, designou o ministro Roberto Mangabeira Unger (aquele do aqueduto ligando a Amazônia ao Nordeste) para coordená-lo.
O presidente ainda jactou-se de estar "criando uma nova China aqui". A infeliz frase presidencial -mais uma, apenas- não deve ter sido a causa do pedido de demissão da ministra. Mas nunca esteve nos planos de Marina Silva ajudar a armar a segunda maior bomba-relógio ambiental do planeta.
Escrito por Marcelo Leite

-o0o-

Bancada ruralista festeja saída de Marina do cargo

Adversários de Marina Silva em questões como o uso de transgênicos e pecuária extensiva, integrantes da bancada ruralista no Congresso criticaram a atuação da ministra no Meio Ambiente. Mas ela também recebeu elogios no Senado de governistas e da oposição.
Vice-presidente da CNA (Confederação Nacional de Agricultura) e produtora agrícola, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) reconheceu a importância política de Marina, mas criticou sua atitude ideológica frente à pasta.
"Sem demagogia, eu tenho admiração pela história e a vida da ministra. Só que ela tem um componente ideológico fortíssimo que atrapalha o Brasil a crescer", afirmou ela. "Quando se exagera no protecionismo você incentiva o crime. Quanto mais punitivo, mais você empurra a pessoa para o crime."
Ronaldo Caiado (DEM-GO), um dos líderes da bancada ruralista na Câmara, lembrou que Marina dificultou os avanços na área tecnológica. "Os problemas que ela criou o próprio governo é que tem de explicar."
Caiado, contudo, disse que preferiria "não crucificá-la". "Afinal, ela não tomou as decisões sozinha. Sempre teve o apoio do presidente", disse. "Até tenho muito respeito por ela. É uma das poucas pessoas no governo que têm posição."
O presidente da Comissão de Agricultura da Câmara, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), afirmou que a gestão da ministra representou um atraso para o país e que ela demorou para deixar o cargo. "A saída dela pode fazer com que o bom senso seja retomado nas questões ambientais. Havia uma carga ideológica muito forte, um preconceito contra o agronegócio." "Ela atrasou muito o Brasil com a irracionalidade no trato de questões como os transgênicos."
Para o deputado Marcos Montes (DEM-MG), Marina "tem uma atitude extremamente pontuada na defesa do meio ambiente, mas desconectada do processo produtivo do mundo inteiro". "Acho que ela exagerou nas medidas que tomou. A saída foi muito boa, Lula marcou mais um gol."
Elogios
No Senado, porém, integrantes da oposição e do governo lamentaram a saída da ministra. "É uma perda muito grande. O governo precisa escolher muito bem quem vai substituí-la para não colocar em jogo a soberania da Amazônia", disse o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM).
"É lamentável, porque ela é uma voz muito forte nos fóruns internacionais", disse o líder do PSB, Renato Casagrande (ES).
A líder do PT, Ideli Salvatti (SC),
afirmou que ela será recebida de "braços abertos", mas disse "estar chateada" com a saída de Sibá Machado (PT), suplente de Marina no Senado.
"A senadora é hoje patrimônio da história do Acre senador petista Tião Viana (AC).
e sai de cabeça erguida", disse o Segundo a assessoria do Ministério da Agricultura, o ministro Segundo a assessoria do Ministério da Agricultura, o ministro Reinhold Stephanes "lamentou" a decisão de Marina. "Stephanes fez questão de destacar o bom relacionamento mantido entre ambos e reconheceu o papel significativo de Marina Silva na defesa das causas ambientais do país."
Produtores
O presidente da Famato (que representa agricultores e pecuaristas de MT), Rui Ottoni Prado, disse esperar que "seja indicado alguém com capacidade de discutir questão ambiental e desenvolvimento econômico de forma integrada".
O presidente da Associação dos Produtores de Soja de MT, Gláuber Silveira, chamou a saída de "providencial". "Ela vinha prejudicando a imagem do Brasil no exterior, ao divulgar dados errados sobre o desmatamento."
O presidente do Sindicato das Indústrias Madeireiras do Norte, José Eduardo Pinto, disse que a notícia traz "esperança". O governador Blairo Maggi (PR-MT), que defendeu o desmatamento legalizado para enfrentar a crise global de alimentos, não quis se pronunciar.

[da Folha de S.Paulo, em Brasília; da Agência Folha, em Cuiabá, 14-05-2008].

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u401682.shtml

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(*) Marina. (Dorival Caymmi).