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domingo, setembro 12, 2010

A HORA DO ''ÂNGELUS'' [In:] REFLEXÃO

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A Al Qaeda, nove anos depois



O grupo de Osama bin Laden parece não ter mais força para realizar ataques como o 11 de Setembro, mas a ameaça do terror islâmico se tornou mais complexa


José Antonio Lima
Khalid Tanveer/AP
BONANÇA PARA A AL QAEDA. Muçulmanos do Paquistão protestam contra a queima do Corão nos Estados Unidos. Obama interveio, disse que ato facilitaria o recrutamento por parte da Al Qaeda, mas o estrago estava feito.


Pare e pense na data de amanhã. Agora recue nove anos no calendário, e você certamente se lembrará onde e com quem estava naquela terça-feira, 11 de setembro de 2001, quando os Estados Unidos foram colocados de joelhos diante do maior atentado terrorista da história da humanidade. Naquele dia, o grande público foi apresentado à Al Qaeda, a primeira organização a atingir o território americano desde os ataques a Pearl Harbor, em 1941. Hoje, nove anos depois do horror daquele dia, a situação do grupo comandado pelo saudita Osama bin Laden está muito diferente. Por um lado, Bin Laden e seus seguidores parecem não ter mais força para organizar grandes ataques como aquele. Por outro lado, a ideologia que move o terrorismo islâmico e as práticas da Al Qaeda se espalharam pelo mundo, tornando a ameaça ainda mais complexa.

A organização de Osama bin Laden atingiu seu auge a partir de 1996. Naquele ano, o saudita foi expulso do Sudão – por pressão dos Estados Unidos – e encontrou abrigo no Afeganistão, país dominado pelo grupo radical Talibã, que dava os primeiros passos na transformação do país em um califado islâmico onde as mulheres não podiam estudar e trabalhar e no qual música, cinema e até pipas eram proibidas. O ambiente criado pelo Talibã fez com que o Afeganistão continuasse sendo, mesmo após o fim da guerra contra a União Soviética, um polo de atração de fanáticos religiosos. Protegido pelo Talibã, rico e armado com um exército de lunáticos, Bin Laden fez dois grandes ataques aos EUA. Em 1998, destruiu as embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia. Em 2000, atacou o USS Cole, um navio de guerra atracado no Iêmen. No ano seguinte, veio o 11 de Setembro.

A resposta do governo George W. Bush aos atentados não tardou. Ainda na noite de 11 de setembro a capital do Afeganistão, Cabul, foi bombardeada. Em 7 de outubro, após ouvir a recusa do Talibã de entregar Bin Laden, os EUA invadiram o país. Em um primeiro momento, a operação foi um sucesso. As tropas americanas e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) esfacelaram a Al Qaeda e o Talibã, mas falharam em dar o golpe final, ao transferir a prioridade do Afeganistão para o Iraque de Saddam Hussein, invadido em março de 2003. Bin Laden e seu braço direito, o médico egípcio Ayman al-Zawahiri, nunca foram capturados, e o grupo continua existindo, ainda que muito mais fraco. De acordo com informações de 2009 da CIA, a agência de inteligência americana, o núcleo da Al Qaeda é formado por cerca de 300 pessoas. Para a inteligência egípcia, é menor ainda, e tem apenas 200 integrantes. “A Al Qaeda hoje é muito menor do que era em 2001, mas a ideologia por trás do movimento liderado por Bin Laden ficou mais forte”, diz Lawrence Wright, americano autor do livro O Vulto das Torres, fruto de uma pesquisa sobre a Al Qaeda e o 11 de Setembro que consumiu cinco anos.

Não é difícil comprovar a avaliação de Wright. Do Oriente Médio à África, há braços da Al Qaeda e grupos associados a ela em frequente atividade. No norte da África atua a Al Qaeda no Magrebe. Em julho, o grupo repeliu a tentativa de resgate do trabalhador humanitário Michel Germaneau, realizada por militares da França e da Mauritânia, e executou o idoso, de 78 anos. Na região conhecida como Chifre da África está o Al-Shabab, que tenta instalar um Estado islâmico na Somália. O grupo se diz associado à Al Qaeda e, em 11 de julho, matou 70 pessoas em um atentado em Kampala, capital de Uganda. O país é o que fornece a maior parte dos 6 mil soldados da União Africana que servem na Somália. No mês passado, a Al Qaeda no Iraque atacou com carros e homens-bomba, simultaneamente, 13 cidades iraquianas. O grupo mais forte hoje em dia parece ser o autodenominado Al Qaeda no Iêmen, classificado pela CIA como “a maior ameaça à segurança dos EUA atualmente”. Na noite do Natal passado, o grupo embarcou o nigeriano Abdul Farouk Umar Abdulmutallab em um avião que ia de Amsterdã, na Holanda, para Detroit, nos Estados Unidos. Ele carregava, costurados na cueca, 80 gramas de um explosivo que só não derrubou o avião por uma falha no detonador que o homem carregava. Seu guia espiritual seria o americano-iemenita Anwar al-Awlaki, o líder da Al Qaeda no Iêmen, primeiro cidadão americano a ser colocado na lista de alvos da CIA.

Se identificar a expansão do fundamentalismo é um trabalho relativamente fácil, entender como esse fenômeno se dá é muito mais difícil. “Se fosse preciso resumir em uma palavra, eu usaria o desespero”, diz Lawrence Wright. “Desespero causado por repressão política, desemprego, pobreza, analfabetismo, sexismo e um sentimento de insignificância cultural”, afirma. O mesmo panorama foi traçado pelo ex-agente da CIA Graham Fuller, em entrevista a ÉPOCA em agosto. Hoje professor de História na Universidade Simon Fraser, em Vancouver, no Canadá, ele afirma que os problemas do Oriente Médio não são religiosos, mas geopolíticos, e têm raízes no início do século passado, quando as potências ocidentais “colonizaram” a região, e em disputas recentes por território e recursos. “O islamismo é o veículo, a bandeira, o símbolo, não a origem”, disse Fuller.

Foi carregando essa bandeira que a Al Qaeda ganhou fama e prestígio entre os radicais. “Não há dúvidas de que o mundo de hoje é um lugar muito mais polarizado e violento em termos de radicalismo islâmico do que era em 2001”, afirma o jornalista britânico Jason Burke, autor do livro Al Qaeda: A Verdadeira História do Radicalismo Islâmico. E parte da culpa por essa situação está nos países ocidentais. “O fundamentalismo islâmico é uma ideologia que não oferece nenhum tipo de resolução para os problemas da sociedade, da economia ou do meio ambiente, mas dá apenas explicações sobre por que as coisas deram errado”, diz. “Isso é baseado em uma ideia de choque de civilizações, e qualquer coisa que reforça essa imagem só vai contribuir para as pessoas suscetíveis acharem que o fundamentalismo está certo”, afirma. Um exemplo cristalino ocorreu nesta semana. Terry Jones, pastor de uma minúscula igreja evangélica americana, prometeu queimar cópias do Corão no aniversário do 11 de Setembro. O medo de aumentar a tensão foi tanto que até o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, apelou para Jones desistir, afirmando que o ato de intolerância daria à Al Qaeda um “período próspero de recrutamento”. Obama estava certo, e o fim da semana foi marcado por diversas manifestações e protestos enfurecidos contra os EUA em países muçulmanos.

Apesar de ter conseguido expandir o fundamentalismo, a Al Qaeda não teve sucesso ao tentar transformar em realidade uma das principais partes de seu projeto – fazer de sua luta uma guerra global. “Depois de um pico de violência em 2005 e 2006, o apoio à Al Qaeda e ao terrorismo diminuiu, porque quando o atentado envolve você, sua família, seus amigos, o policial que você conhece, os monumentos que você visita, o terrorismo se torna menos atrativo”, diz Burke. Isso pode ser comprovado também pela falta de popularidade dos partidos muçulmanos, uma face do radicalismo menos radical do que a Al Qaeda e outros grupos terroristas. Uma pesquisa feita pela União Interparlamentar e publicada em janeiro pela revista americana Foreign Policy mostra que vitórias de partidos religiosos em países muçulmanos – como o Hamas nos territórios palestinos e o Partido Justiça e Desenvolvimento na Turquia – são exceções, e não a regra. Segundo o levantamento, 86 eleições parlamentares realizadas nos últimos 40 anos em 20 países muçulmanos incluíram um ou mais partidos religiosos. Dessas legendas, 80% tiveram menos de 20% dos votos e a maioria teve menos de 10%. Em uma análise qualitativa das eleições, ficou claro que quanto mais democrático o país, pior é a votação desses partidos. Segundo a revista, em eleições “relativamente livres” a porcentagem de cadeiras no parlamento dos partidos islâmicos é dez pontos mais baixa do que em eleições sem liberdade. Nas eleições mais livres, os partidos islâmicos também falam menos na xaria (a lei islâmica) ou na jihad armada e costumam defender a democracia e os direitos das mulheres.

Apoiar os moderados é o caminho a ser seguido pelas grandes potências, especialmente os EUA, para frear a Al Qaeda e o fundamentalismo. Como mostrou o colunista de ÉPOCA Fareed Zakaria em fevereiro, desde o governo Bush, os EUA mantêm uma série de programas no mundo muçulmano para fortalecer os moderados, apoiar a sociedade civil e construir forças de tolerância e pluralismo. Com a eleição de Obama, a política externa americana passou a ser outra forma de incentivar a moderação. "Ainda que alguns grupos mais radicais não percebam atos como a saída do Iraque como um avanço, o nível de tensão vai cair à medida que as pessoas percebam que a intenção dos EUA é que cada país tenha a sua autonomia", afirma o especialista em terrorismo Renatho Costa, professor do departamento de Relações Internacionais da Universidade Federal dos Pampas. "Quanto mais a política externa dos EUA apontar para o sentido de menor intervenção no mundo muçulmano, maior será a repercussão na diminuição das ações terroristas", diz.

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