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“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.

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''Os Economistas e os artistas não morrem..." (NHMedeiros).

"O Economista não pode saber tudo. Mas também não pode excluir nada" (J.K.Galbraith, 1987).

"Ranking'' dos políticos brasileiros: www.politicos.org.br

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# 38 RÉUS DO MENSALÃO. Veja nomes nos ''links'' abaixo:
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sexta-feira, abril 15, 2011

XÔ! ESTRESSE [In:] ''ELEMENTAR MEU CARO WATSON! "

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Homenagem aos chargistas brasileiros.
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ENSINO SUPERIOR [In:] UM DIPLOMA NO ''QUADRO''

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Nos caminhos do diploma


Autor(es): Diego Viana | De São Paulo
Valor Econômico - 15/04/2011

O professor José Carlos Pereira de Almeida aproveita o silêncio dos alunos, que vão tentando resolver exercícios de sala, para anunciar a data do exame de planejamento tributário, a matéria que ele ministra para o terceiro ano de contabilidade da Universidade Cruzeiro do Sul, em São Paulo. O exame será realizado na semana seguinte ao feriado de Páscoa. Sem surpresa, a notícia gera protestos nos alunos que planejavam viagens. Mas o professor dá uma justificativa: "Vocês vão ter quatro dias sem aula e sem trabalho para se preparar. Viram como sou bonzinho?"

O argumento é bem recebido por muitos dos estudantes, sobretudo aqueles que saíram diretamente do emprego, às 18h, para a aula, com início às 19h. O intervalo é curto demais para trocar a roupa ou completar os exercícios passados pelo docente na aula anterior. "Se o senhor tivesse chegado pelo menos um pouquinho atrasado, eu teria tido tempo de terminar", diz, para divertimento dos colegas, uma aluna que estava na sala uma hora antes do início do curso, resolvendo as perguntas. Ela veste uma jaqueta com o logotipo da empresa em que trabalha e admite que, da quinta questão em diante, a folha de exercícios está em branco.

Os cursos noturnos de universidades particulares são o universo mais representativo da expansão do ensino superior brasileiro nas últimas duas décadas, tanto em sua expressão meramente numérica - passou-se de 1,6 milhão de universitários no país em 1994 a 3,6 milhões em 2002 e 5,95 milhões em 2009 -, quanto em sua expressão econômica. No Brasil, um país com índice de alfabetização persistentemente baixo e ensino público de qualidade duvidosa, embora caminhe para a universalização, o diploma se configurou tradicionalmente como um símbolo distintivo das classes dirigentes. Na última década, os dados revelam uma mudança no quadro, ainda que tímida.

Os novos estudantes das universidades brasileiras vieram majoritariamente de outros universos socioeconômicos além das elites. Entre 2002 e 2009, a proporção de universitários oriundos das classes C e D, conhecidas também, respectivamente, como "classe média baixa" e "classe baixa", subiu de 45,3% para 72,4%. A cifra referente à classe D é mais notável: de 5% dos alunos apenas, passou-se a 15,3%. Apesar dos custos consideráveis com mensalidades, transporte e materiais, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revela que 76,6% das vagas universitárias brasileiras, em 2009, pertenciam a instituições de ensino particulares, que, com exigências menores de entrada, são acessíveis a jovens oriundos do sistema público de ensino. Graças a bolsas, ensino a distância e outros programas, esses jovens aproveitam a oportunidade: segundo a consultoria Data Popular, especializada em negócios voltados para as classes C e D, embora 37% dos jovens da classe C aspirem ao diploma universitário quando saem da escola, apenas 27% ambicionam uma vaga em universidades públicas e gratuitas.

"Se o senhor tivesse chegado pelo menos um pouquinho atrasado, eu teria tido tempo de terminar", diz a aluna que não fez todos os exercícios

Nem só de jovens recém-saídos do ensino médio vivem as universidades. Marcio Sebastião Pereira, aluno de administração no Centro Universitário Anhanguera, em São Paulo, tem 45 anos e uma história de vida característica de muitos trabalhadores da indústria. Filho de um eletricista de manutenção que trabalhou durante 25 anos nas indústrias Matarazzo e jamais passou da quarta série, seguiu os passos do pai, cortou os estudos aos 12 anos e foi trabalhar no setor de expedição de uma fábrica de produtos alimentícios. Hoje, é operador de empilhadeira para uma indústria de autopeças e entrevê a possibilidade de obter cargos melhores graças ao diploma universitário, em seguida à conclusão do ensino médio. "Gosto da área em que trabalho e vejo que existem muitas vagas sendo abertas para profissionais diplomados", conta Marcio. "Entrei no curso de logística e não ajudou muito, então agora estou na administração."

Como Marcio, muitos dos inscritos em cursos superiores almejam resultados práticos e rápidos no mercado profissional. O aumento proporcional das classes C e D na universidade acompanha a trajetória de ascensão social vivida no Brasil na última década. De acordo com dados do IBGE, a classe C, cuja renda está entre quatro e dez salários mínimos, passou de 37% da população brasileira em 2002 a 49,7% em 2009. Ou seja, obteve-se uma classe média com mais de 95 milhões de pessoas. Famílias até então excluídas dos principais benefícios da sociedade de consumo passaram a ter acesso, por meio de melhores salários e crédito mais abundante, a produtos de grife, eletroeletrônicos e viagens de avião.

A inserção no ensino superior, porém, tem implicações mais amplas do que o acesso ao consumo. Dentre os novos membros da classe média brasileira, aqueles que entram no ensino superior são, na maioria das vezes, os primeiros membros da família a chegar à universidade. Segundo a Data Popular, 68% dos jovens da nova classe média estudaram mais do que os pais. Esse dado expõe a importância do diploma para quem vê nele seja a possibilidade de galgar degraus na escala social, seja a garantia de manter os ganhos que a família já fez. "Esse estudante, cujos pais têm pouca educação e pouca perspectiva de ascensão social, que é o primeiro membro da família a chegar à universidade, cujos estudos exigem, muitas vezes, um sacrifício enorme da família inteira, não vai perder essa oportunidade que apareceu de jeito nenhum", afirma Renato Meirelles, especialista da Data Popular.

Pelo caminho dos estudos universitários, os brasileiros procuram todas as formas de melhoria socioeconômica. "O diploma não só dá acesso a uma vida melhor, mas ele também é uma garantia de que a pessoa não vai voltar às condições anteriores", diz Meirelles. O empreendedorismo é o que move o estudante de administração de empresas Pablo Ferreira da Paixão, colega de sala de Marcio. Ele conta que teve de começar a trabalhar em tempo integral ainda na adolescência, quando o pai se afastou da família e parou de oferecer qualquer tipo de contribuição. Aos 37 anos, Pablo é vendedor de uma corporação multinacional produtora de café, mas abriu há cerca de um ano sua microempresa, ao perceber uma oportunidade para lucrar com a comercialização de roupas para animais de estimação.

"Eu vinha adiando minha volta aos estudos, mas, com a empresa, resolvi tomar uma atitude", conta Pablo. "O trabalho e o estudo estão sempre em relação. Aplico tudo que aprendo aqui na minha empresa e aproveito minha experiência profissional para os trabalhos da faculdade." O novo microempresário confessa que, apesar de toda a experiência de trabalho que acumulou, não saberia como conduzir seu negócio sem o aprendizado recebido no ensino superior. "O relacionamento com os clientes melhorou muito, com os fornecedores também, tudo..."

As oportunidades do mercado profissional são a motivação mencionada por quase todos os universitários que falaram ao Valor. Mudar de emprego, conseguir um aumento e evoluir dentro de uma empresa são expressões citadas com frequência. Maria Aparecida Dias, de 46 anos, estuda com Marcio e Pablo. Ela trabalha no setor administrativo do escritório de advocacia em que o próprio marido é advogado. "Ele está se desenvolvendo na carreira. De vez em quando meu marido comenta como ele vai subindo e eu fico estagnada, porque não estudei tanto quanto ele. Foi por isso que me incentivou a entrar na faculdade pela primeira vez", conta.

Os estudantes percebem com muita clareza o aumento explosivo da oferta de emprego para trabalhadores com boa formação, aquilo que, do ponto de vista do empregador, é apelidado de "apagão da mão de obra qualificada". Segundo Renato Meirelles, a expansão do ensino superior é uma forma que o mercado encontrou para tentar contornar sua própria insuficiência de trabalhadores bem formados. "Agora não dá mais para tomar aquela cerveja de domingo, preciso ficar fazendo trabalhos para a faculdade. Parou de vez!", diz Pablo Paixão, misturando o orgulho e a lamentação. Ao tomar a decisão de sacrificar horas de lazer para se preparar para exames, o trabalhador procura preencher essas vagas e ganhar um salário melhor, o quanto antes. "Recebemos muitos alunos com uma ansiedade enorme. Eles querem ver a vida mudar depois de dois meses de aula, só. Como não acontece, muitos querem desistir. Meu trabalho é controlar essa ansiedade e mostrar que a persistência pode levar longe", diz a professora Alvani Guanaes, que leciona a disciplina de comportamento organizacional para a turma de Pablo, Marcio e Maria Aparecida.

Para o consultor Renato Meirelles, o primeiro membro da família a chegar à faculdade não perde a oportunidade de jeito nenhum

"Muitas pessoas entram na sala e se dão conta de que sempre tiveram trabalhos braçais. Elas se perguntam o que estão fazendo nesse ambiente tão diferente", diz a professora. A faculdade, portanto, não é necessariamente um ambiente acolhedor para quem perdeu o hábito de acompanhar aulas e fazer exames, ainda mais para pessoas que trabalham durante todo o dia e à noite precisam do deficiente transporte público brasileiro para estudar. Maria Aparecida conta que, nos primeiros meses, quase desistiu, mas recebeu apoio dos colegas. A ajuda mútua é apontada pelos alunos como uma força indispensável não apenas para manter a motivação, mas também para facilitar a inserção no mercado. "Os amigos da faculdade são o melhor currículo de todos nós", resume Juliana de Souza Nascimento, de 24 anos, colega de Pablo e Maria Aparecida. Kleber Silva de Oliveira, o mais jovem do grupo, com 19 anos, complementa: "Nossa classe é um mercado negro de currículos, todo mundo indica todo mundo para empregos. É gente conhecida, dá para confiar".

As características mais visíveis dos novos universitários são, por um lado, ter mais estudo do que os pais e, por outro, a ambição de crescimento socioeconômico. Essas são duas semelhanças que definem um universo de grande amplitude, onde cabe uma diversidade considerável de situações sociais e objetivos de vida. Na ponta mais afluente do espectro está a aspirante a contadora Silmara da Luz Barbosa Silva, de 20 anos, aluna do professor Pereira de Almeida na Universidade Cruzeiro do Sul. Silmara e sua família estão perfeitamente incorporadas à sociedade de consumo. A jovem completou o ensino médio em escola particular, ganhou um carro ao completar 18 anos e vive numa casa que pertence à família, no Capão Redondo, periferia da zona Sul de São Paulo, dentro de uma vila protegida por guarita e vigia. Seu pai, microempresário, é dono de uma pequena frota de caminhões. Ele soube aproveitar a prosperidade que o Brasil atravessa desde o início deste século, recorreu ao crédito - que passou de 25,8% do PIB em 2001 a 46,7% em 2010 - e conseguiu ganhos materiais e profissionais.

"Ele quita uma dívida e começa outra", conta Silmara, para quem o pai às vezes comete loucuras demais. "É dívida da empresa, dívida pessoal..." Mas o recurso a empréstimos é o meio mais simples e garantido para fazer o pequeno negócio crescer e a família consumir. "Alguns períodos foram complicados, mas agora, graças a Deus, a empresa está dando um pequeno lucro", diz a estudante.

Para a família de Silmara, a ascensão à classe C é fato consumado. De motorista de ônibus a microempresário, de morador de conjunto habitacional a proprietário de imóvel, a melhora econômica é considerável e se consolida culturalmente com a chegada da filha à universidade. Nem o pai, nem a mãe de Silmara, que trabalhou a maior parte da vida como costureira e hoje cuida da parte administrativa da empresa familiar, passaram da quarta série, mas colocar os filhos na faculdade sempre foi uma meta. Silmara escolheu a profissão que viria a estudar quando tinha 10 anos, por sugestão da mãe à menina que se interessava por matemática. Pelo bom desempenho nos exames de admissão, a jovem obteve uma bolsa de 75% da mensalidade, o que a poupa de desembolsar mais de R$ 1.600 todo mês.

Silmara repele com veemência a hipótese de herdar o espírito empreendedor do pai. Hoje estagiária numa empresa de equipamentos médicos, sua aspiração é ser efetivada para desenvolver uma carreira que dê segurança à família que pretende formar com o noivo, Renan Ribeiro, estudante de engenharia civil de 21 anos. Esse objetivo exigirá, como reconhece Silmara, uma pós-graduação, sob pena de ficar para trás diante de uma concorrência cada vez mais acirrada. "Hoje em dia é muito fácil fazer uma graduação", ela diz. "Não uma boa faculdade, mas ter um diploma. Agora, o verdadeiro diferencial é ter pós."

Na outra ponta do panorama universitário, Adolfo Pereira de Mendonça, aluno de nutrição da Universidade São Judas Tadeu, também em São Paulo, é responsável pela própria ascensão à classe média e à sociedade de consumo. Aos 28 anos, ele está no terceiro ano do curso, mas sua epopeia estudantil começou quando tinha 17 anos e percebeu que não chegaria longe com o que aprendeu na escola estadual em que estudou, no bairro Jardim Popular, zona Leste de São Paulo. "Todo mundo sabe como é a escola pública no Brasil... Não precisa estudar nada, não precisa aprender nada, todo mundo passa", diz Adolfo, que até então não gostava de estudar e preferia passar as tardes empinando pipas na rua.

"Hoje em dia é muito fácil fazer uma graduação. Não uma boa faculdade, mas ter um diploma. Agora, o verdadeiro diferencial é ter pós"

O rapaz acreditava que seu destino, como o dos vizinhos, seria terminar os estudos básicos e trabalhar pelo resto da vida em empregos que não exigem qualificação. Sua mãe o incentivava não a estudar, mas a trabalhar, principalmente depois que o pai foi morar no interior de São Paulo, ganhando a vida como garçom, e perdeu o contato com os filhos. Adolfo se inscreveu em um curso de auxiliar de escritório e foi contratado por uma grande empresa de advocacia paulistana.

Chamado para servir o Exército, Adolfo tomou gosto pelas atividades de cozinha e decidiu trilhar uma carreira em nutrição. Àquela altura, a universidade ainda lhe parecia fora do alcance, então ele se inscreveu na Escola Técnica Carlos de Campos para obter uma formação como técnico em nutrição. Ao mesmo tempo, inscreveu-se em cursinhos pré-vestibulares e trabalhou como atendente de telemarketing e vendedor em lojas de centros comerciais.

"No cursinho, eu tinha de recuperar o tempo perdido na escola. Foi a primeira vez que tive contato com matérias básicas, como matemática e história. Até ali, nunca tinha lido um livro, mas comecei a gostar de literatura", conta Adolfo. Foram três anos de cursinho. Ao fim de cada ano, o estudante prestava a prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e os vestibulares de universidades públicas, isto é, gratuitas. Pagar pelo curso estava fora de cogitação. Ao encontrar uma faculdade privada que concede bolsas a movimentos camponeses, o jovem não hesitou em encontrar um para se filiar, embora tenha vivido a vida inteira na maior cidade do país. Nessa faculdade, porém, ele não passou.

Formado no curso técnico, Adolfo encontrou emprego no Hospital Regional de Osasco, distante duas horas de sua casa, num trajeto realizado diariamente em trem, metrô e ônibus. Na mesma época, inscreveu-se no ProUni (Programa Universidade Para Todos), pelo qual o Ministério da Educação (MEC) concede bolsas para estudantes de baixa renda. Ao abrir mão das universidades públicas, foi possível chegar à faculdade, usando a nota do Enem, a bolsa de 50% do ProUni (porque sua renda comprovada se situa entre 1,5 e 3 salários mínimos) e o resto financiado pelo Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior), também do MEC. Ao inaugurar um projeto que leva adolescentes de escolas estaduais para conhecer a universidade, o estudante pôde dispensar o financiamento público, porque a própria instituição de ensino complementou sua bolsa.

Adolfo abre um sorriso envergonhado para dizer que, embora ainda faltem quase dois anos para a formatura, já tem uma renda superior à de seus pais. O conforto, porém, ainda passa longe. Além do trabalho e da faculdade, que consomem manhã, tarde e noite e eventualmente avançam pelo fim de semana, ele vendeu seu único bem, um fusca que lhe rendeu R$ 5 mil, para pagar um curso de inglês. "Hoje em dia ninguém consegue nada sem inglês", reconhece.

As deficiências que Adolfo identifica em sua educação estão no centro das preocupações dos empregadores, dos especialistas e das próprias universidades. Algumas, como a Universidade São Judas e o Centro Anhanguera, oferecem cursos específicos de recuperação dessas deficiências, particularmente em português e matemática. A professora Alvani Guanaes diz acreditar que as medidas são suficientes, se não para suprir a carência educacional de quem saiu do ensino público, ao menos para fortalecer capacidades cognitivas específicas necessárias para as profissões. "Embora a criança tenha muito mais facilidade de aprender, o adulto, quando aprende, sabe exatamente o que quer e tem muito mais interesse em aprendê-lo. Daí a eficiência da recuperação."

O professor Pereira de Almeida, que, além de lecionar, é proprietário de um escritório de contabilidade, enxerga a situação com menos otimismo. "As pessoas acham que vão recuperar na faculdade o tempo perdido de aprendizado, mas não vão, não. A coisa mais difícil, hoje, é encontrar profissionais qualificados. Eles saem da universidade ainda com muitos problemas", diz. Por mais que exista uma motivação mais forte em pessoas que dependem de bolsas para estudar e dos estudos para prosperar, a associação do esforço ao desempenho não é direta, como adverte o antropólogo George Zarur. "Eu gostaria que assim fosse, isto é, que os mais carentes fossem capazes, em massa, de superar pelo esforço suas limitações de formação. Isso pode acontecer em alguns cursos, mas não, por exemplo, nos integrais, mais difíceis e inviáveis para quem precisa trabalhar", diz.

O professor Pereira de Almeida relata que as turmas dos primeiros anos dos cursos têm muito mais alunos do que as turmas mais avançadas, a ponto de algumas unidades terem até 170 estudantes na sala de primeiro ano. "Não sabemos se alguém está ouvindo o que dizemos", diz o professor, "e a surpresa chega na hora de corrigir as provas". Os alunos menos comprometidos ou com maiores dificuldades para arcar com as despesas acabam ficando pelo caminho, deixando salas com 40, 20 ou até 15 estudantes apenas nos últimos anos.

As deficiências na educação trazidas do ensino médio público também desempenham um papel nesse índice de desistência. "Muitos estudantes têm como referência a escola pública, onde alguns professores mais faltam do que comparecem", afirma a professora Alvani Guanaes. "Alguns não têm referência do que é uma escola que tem livros, tecnologia, exigências de desempenho." Os problemas aparentemente insuperáveis do ensino público fundamental e médio brasileiro podem comprometer a expansão do ensino superior, principalmente no desenvolvimento da qualidade acadêmica dos formandos.

Renato Meirelles, da Data Popular, diz acreditar que pode ser positiva a expansão do ensino superior mesmo antes da melhora da escola pública. Para o consultor, o diploma universitário torna os pais mais exigentes quanto à qualidade da escola dos filhos. "Hoje, os pais das classes baixas não conseguem nem avaliar, nem acompanhar os estudos dos filhos, porque eles não têm referência da boa escola", afirma. "Com pais diplomados, o nível de exigência das escolas públicas tende a aumentar muito e, em consequência, também a qualidade."

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DESARMAMENTO [In:] ''CORONÉ ANTONIO BENTO..." *

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Plebiscito oportunista

O Estado de S. Paulo - 15/04/2011

Numa explícita demonstração de oportunismo político, com o qual tenta reconstituir alguns traços de sua desgastada imagem popular, o presidente do Senado, senador José Sarney (PMDB-AP), apresentou - com o generoso e igualmente oportunístico apoio de 26 de seus pares, incluindo os líderes dos partidos governistas - projeto de decreto legislativo que convoca novo plebiscito nacional no qual a população dirá se concorda ou não com a proibição da venda de armas de fogo e munição no País.

Trata-se de matéria vencida, sobre a qual a população já deu sua opinião muito clara. Em outubro de 2005, convocados para manifestar-se sobre a proibição do comércio de armas de fogo, os eleitores deram esmagadora vitória ao "não", que obteve 64% dos votos, contra 36% favoráveis à proibição. Portanto, se o projeto for aprovado pelas duas Casas do Congresso, os brasileiros terão de se manifestar novamente, no dia 2 de outubro, sobre questão que já resolveram de maneira tão peremptória. Um desperdício de tempo e dinheiro público.

A questão só está sendo trazida ao debate por interesse pessoal de quem tenta aproveitar um momento de grave preocupação social com a segurança pública, provocada pelo bárbaro assassínio, cometido por um psicopata, de 12 estudantes na Escola Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro. Políticos espertos não perdem a oportunidade para, em nome de boas causas, mas mesmo à custa da razão e do bom senso, e às vezes até dos princípios, apresentar-se ao público como autores de uma iniciativa salvadora.

A proibição da venda de armas de fogo é uma dessas ideias que de tempos em tempos ressurgem. Desta vez, esclareceu o senador maranhense do Amapá, não se propõe um referendo, como foi a consulta popular de 2005, porque, nesta modalidade, o eleitor é chamado a decidir sobre algo que já existe. "O plebiscito é para consultar (a população) sobre se nós podemos ou não modificar lei que já existe", completou Sarney.

Esta explicação sobre a diferença entre referendo e plebiscito é a única coisa útil na iniciativa de Sarney. A proposta, em si, é inútil. Por que chamar novamente a população para se manifestar sobre algo a respeito do qual já deu sua opinião clara há seis anos? Desde então não mudaram as regras do convívio social, nem o quadro da criminalidade que atormenta o País, nem as políticas do governo para conter a violência e o banditismo, a ponto de justificar nova consulta.

Lembre-se, a propósito, que uma consulta popular tem custos para os contribuintes. O referendo de 2005 custou R$ 252 milhões aos cofres públicos, segundo o Tribunal Superior Eleitoral. Por que não utilizar o dinheiro para melhorar as condições operacionais dos órgãos de segurança pública, em vez de realizar uma consulta desnecessária?

A nova consulta é improcedente não apenas porque a resposta já é conhecida, mas, sobretudo, porque uma eventual proibição do comércio de armas de fogo não impedirá que os criminosos continuem a obtê-las pelos mesmos métodos que utilizam hoje. Bandidos em geral não usam armas legalizadas, muito menos registradas em seu próprio nome. Psicopatas com impulsos homicidas - como foi o caso do autor do morticínio em Realengo -, tampouco. Eles as adquirem no mercado clandestino e é isso o que, com ou sem proibição, continuarão a fazer.

Ninguém contesta que a circulação de armas de fogo deve ser rigorosamente controlada pelas autoridades. Mas sua atenção deve estar centrada no combate ao comércio ilegal. Aí está, de fato, um dos caminhos importantes para reduzir a criminalidade. A proibição do comércio de armas é apenas "uma cortina de fumaça", para desviar a atenção dos problemas de segurança pública, como observou o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante.

Além disso, a proibição desarma o cidadão honesto, sem desarmar o criminoso. Não reduz a criminalidade e fere direitos e garantias individuais, como o exercício da legítima defesa por quem é ameaçado por um bandido armado. Na busca apenas de votos e prestígio, os que propõem a proibição omitem esses aspectos de sua proposta.

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(*) Tim Maia.
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BRICS [In:] ''SOPÃO'' DE LETRAS...

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Brics querem reformar ONU, FMI e Bird

Brics pedem reforma do Conselho de Segurança


Autor(es): agência o globo:
Gilberto Scofield Jr.
O Globo - 15/04/2011

Além disso, países também sugerem mudanças em organismos multilaterais como FMI e Banco Mundial

SANYA (China). Os líderes dos cinco países que integram os Brics - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - encerraram ontem seu terceiro encontro no balneário de Sanya, no Sul da China, com um comunicado em que pedem conjunta e explicitamente, pela primeira vez, mudanças no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Sem citar especificamente as pretensões de Brasil e Índia de integrarem o Conselho, o texto defende reformas na ONU para aumentar a representatividade na instituição. Além disso, os Brics pediram reforma do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial.

E num gesto que busca dissipar desconfianças, os dois únicos membros permanentes do Conselho de Segurança no Brics - China e Rússia - dizem apoiar o desejo de Brasil, Índia e África de Sul de terem mais voz na entidade. Participaram do terceiro encontro de cúpula dos Brics a presidente Dilma Rousseff; o presidente da China, Hu Jintao; o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh; o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev e o presidente da África do Sul, Jacob Zuma.

- A reforma da ONU e de seu Conselho de Segurança é essencial. Não é possível que ao iniciarmos a segunda metade do século XXI ainda estejamos atrelados a formas institucionais erguidas no pós-guerra - disse a presidente Dilma Rousseff que, no entanto, fez questão de dizer que os Brics não trabalham contra os países desenvolvidos.

A presença do termo Conselho de Segurança no comunicado final não foi tarefa fácil para os diplomatas brasileiros e indianos, afirmou um diplomata presente às negociações. Brasil, Índia, Alemanha e Japão decidiram pleitear em conjunto um assento no Conselho de Segurança, mas a China não parece disposta a negociar a entrada do Japão e, menos enfaticamente, da Índia no Conselho. Para a Rússia, a expansão do conselho dilui o seu poder nas Nações Unidas após o esfacelamento da União Soviética e o enfraquecimento econômico da antiga potência da Guerra Fria.

Os países dos Brics criticaram também a "ameaça dos grandes fluxos de capitais" para os países emergentes, cujas taxas de juros, maiores do que as dos países desenvolvidos, atraem grande volume de recursos em busca de ganhos rápidos, provocando desequilíbrio na cotação das suas moedas.

"Apelamos a uma maior atenção diante dos riscos que representam os fluxos em massa de capitais internacionais sobre as economias emergentes", diz o comunicado dos países. Parte desse processo, dizem os países, será facilitado com mudanças no comando dos organismos multilaterais de crédito, como FMI e Banco Mundial. Para evitar que seu discurso fosse interpretado como um libelo contra os países ricos, a presidente Dilma destacou, em entrevista, o caráter "neutro" do grupo.
- A agenda dos Brics não se define por oposição a nenhum outro grupo. Queremos agregar - afirmou - Somos a favor de um mundo multipolar, sem hegemonias nem zonas de influência.

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GOVERNO DILMA [In:] SEM NOVO imPACto

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EM 100 DIAS, GOVERNO DILMA USA SÓ 0,25% DA VERBA DO PAC

""VITRINE"" NA ELEIÇÃO, PAC EMPERRA E DILMA SÓ LIBERA 0,25% DOS RECURSOS


Autor(es): Marta Salomon
O Estado de S. Paulo - 15/04/2011

Lançado como uma das bandeiras de campanha da então candidata Dilma Rousseff, o PAC 2, segunda versão do Plano de Aceleração do Crescimento, avança graças a contratos firmados ainda no governo Lula, em 2010. Levantamento da ONG Contas Abertas mostra que, dos R$ 40,1 bilhões de gastos autorizados para as versões 1 e 2 do PAC, apenas R$ 102 milhões (0,25%) foram pagos até terça-feira. Por conta disso, o governo avalia fundir os programas em uma única rubrica, com o nome genérico de PAC

Propalada durante a campanha eleitoral, a implantação de centenas de unidades de pronto-atendimento (UPAs) não saiu do papel. Na mesma situação, encontram-se também a construção de unidades básicas de saúde e a implantação de postos de polícia comunitária e de espaços integrados de esporte, cultura, lazer e serviços públicos, as chamadas "praças" do PAC.

Entre os gastos autorizados pela lei orçamentária para 2011, há quase R$ 1,3 bilhão destinados a esses projetos, voltados às populações das regiões metropolitanas. Mas, passados os primeiros cem dias de governo Dilma Rousseff, nenhum deles passou pela primeira etapa do processo de gasto público, o chamado empenho.

A radiografia dos números mostra que as duas versões do PAC hoje avançam pela inércia, à custa de contratos realizados no ano passado, ainda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Assim, percebe-se que no mesmo período os pagamentos feitos foram dominados por obras e serviços contratados até o final do ano passado.

Esses pagamentos têm de ser feitos com o dinheiro arrecadado com tributos cobrados neste ano. Dos R$ 6,7 bilhões já pagos, R$ 6,6 bilhões referem-se a contas pendentes deixadas pelo governo Lula, inclusive da época em que Dilma Rousseff, na condição de chefe da Casa Civil, coordenava o PAC.

Paralisia. O projeto do PAC que recebeu o maior volume de dinheiro neste ano é mais um bom exemplo da situação de quase paralisia. Trata-se do Fundo de Arrendamento Residencial, dinheiro repassado às empreiteiras responsáveis pela construção de imóveis a famílias de baixa renda, selecionadas por prefeituras e governos estaduais.

O programa recebeu R$ 1,7 bilhão até 12 de abril. Esse dinheiro, no entanto, faz parte do saldo de contas pendentes deixadas por Lula, do qual faltam pagar mais R$ 5 bilhões. Os R$ 9,5 bilhões destinados ao programa pela lei orçamentária de 2011 nem começaram a sair do papel.

Com o programa patinando, o Ministério do Planejamento confirma que pode a mudança da nomenclatura PAC está em estudo no governo, que oficialmente insiste na tese de que não haverá cortes no programa.

Segundo o Planejamento, agora responsável pela coordenação do Programa de Aceleração do Crescimento, o próximo relatório de avaliação dos projetos será divulgado em julho. Até o final do governo Lula, os relatórios eram divulgados a cada quatro meses. Com Dilma na presidência, serão semestrais.

Sem registro do desempenho das novas ações, o portal do PAC ainda mantém a terminologia PAC 2, com explicações sobre o seu significado. "O PAC 2 chega com a missão de manter a roda da economia girando, investindo em obras e ações que diminuem as desigualdades e geram ainda mais qualidade de vida para os brasileiros".

O site não registra a mudança na periodicidade das avaliações. "A prestação de contas do PAC é feita para a sociedade através de balanços quadrimestrais."

Megainvestimento. O PAC 2 prevê investimentos de R$ 1,59 trilhão. São obras nas áreas de transportes e energia e também as que se destinam aos grandes centros urbanos, bairros populares e bolsões de pobreza. Entre os projetos do PAC 2 estão a ampliação do Minha Casa, Minha Vida e o Água para Todos, além do Cidade Melhor, segundo anúncio feito em março de 2010.

O novo foco em moradores das grandes cidades seria uma das novidades do PAC 2, se disse no lançamento do programa. Os investimentos seriam dirigidos a projetos de saneamento e mobilidade urbana. O Comunidade Cidadã ampliaria a presença do Estado em bairros populares. Haveria investimentos bilionários na construção de 500 unidades de pronto atendimento, 8,7 mil unidades básicas de saúde, mais de 10 mil quadras poliesportivas, 2,8 mil postos de polícia comunitária e 800 praças do PAC.

As faturas de obras já contratadas deixadas pelo governo Lula não param de pressionar os novos gastos do PAC. Até terça-feira, restavam por quitar contas de R$ 26,4 bilhões, quatro vezes o valor já pago nos primeiros cem dias de governo Dilma.

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''QUEM LÊ TANTA NOTÍCIA?''

SINOPSES - RESUMO DOS JORNAIS

15 de abril de 2011

O Globo

Manchete: Governo afrouxa controles para garantir obras da Copa
Ipea avalia que 9 de 13 aeroportos não conseguirão fazer reformas a tempo

O governo pretende fixar no projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2012. Que será enviado hoje ao Congresso, regras mais flexíveis para a realização das obras da Copa do Mundo e das Olimpíadas no país. A LDO, a primeira proposta pela presidente Dilma Rousseff, deve dar tratamento especial a obras ligadas aos dois eventos - como aeroportos, estradas e metrôs - para que tenham mais agilidade e trâmites mais curtos. Na prática, isso vai afrouxar o controle sobre esses empreendimentos, e deve alterar as regras para licitações. O relator da LDO, deputado Márcia Reinaldo Moreira (PP-MG), defendeu regras especiais para obras da Copa e das Olimpiadas: “Quando paralisa, quem é prejudicado é a sociedade. E, nas obras da Copa, já estamos ganhando puxão de orelha (sobre atrasos).” Nove dos 13 aeroportos das cidades brasileiras que vão sediar os jogos da Copa de 2014 não terão suas obras concluídas a tempo, alerta um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A estimativa é que o prazo seja de sete anos para as reformas. O Ipea alerta a ainda para o fato de que os terminais logo terão sua capacidade esgotada, porque a demanda cresce rapidamente. (Págs. 1, 3 e 28)

Brics querem reformar ONU, FMI e Bird

Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul pedem mais representatividade no Conselho de Segurança

No comunicado de encerramento do seu terceiro encontro, em Sanya, na China, os líderes dos cinco países dos Brics (Brasil, Rússia, índia, China e África do Sul) pediram explicitamente, pela primeira vez, mudanças no Conselho de Segurança da ONU. Sem citar as pretensões de Brasil e Índia de integrar o Conselho, o texto defende reformas na ONU para aumentar a representatividade. Além disso, os Brics pediram reforma do FMI e do Banco Mundial (Bird). (Págs. 1 e 27)

Foto-legenda: O premier da Índia, Singh, o presidente da Rússia, Medvedev, o presidente da China, Hu Jintao, Dilma e o presidente da África do Sul, Zuma.

Foto-legenda: Alimentando invasões

Governo da Bahia dá 600 quilos de carne por dia a invasores do MST

O governo de Jaques Wagner (PT) está distribuindo, diariamente, 600 quilos de carne para os sem-terra que invadiram e estão ocupando, desde segunda-feira, instalações do prédio da Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária, em Salvador. O estado também montou para os invasores 32 banheiros químicos, além de toldos e chuveiros – tudo pago com dinheiro público. Desde o inicio do chamado Abril Vermelho, o MST já invadiu 40 propriedades rurais na Bahia. (Págs. 1 e 10)

‘Ajuda’ à Petrobras poderá custar 3 bi

Para ceder ao pleito da Petrobras de subir o preço da gasolina nas refinarias, o governo deverá reduzir a Cide, tributo que incide sobre combustíveis. Assim, alivia o aumento ao consumidor final. Mas o custo é arrecadar menos. Em 2008, quando usou esse artifício, o governo abriu mão de R$ 3 bi em receita. (Págs. 1 e 25)

Jirau prepara demissões em massa

Após negociar com governo e trabalhadores uma redução no ritmo das obras da usina de Jirau, a Camargo Corrêa, responsável pelo projeto, deve demitir entre 4 mil e 8 mil operários. (Págs. 1 e 28)

Marrocos e Síria soltam presos políticos

Sob pressão de manifestações, o rei do Marrocos, Mohammed VI, e o presidente da Síria, Bashar al-Assad, libertaram presos políticos e anunciaram reformas. O rei perdoou e reduziu sentenças de 187 presos. Assad libertou detidos em protestos. (Págs. 1 e 33)

Otan cobra mais caças para atacar Kadafi

Sob críticas do grupo de países que formam os Brics, que condenaram a intervenção na Líbia, o comandante militar da Otan, James Stavridis, solicitou aviões mais precisos para evitar a morte de civis. A aliança está dividida: dos 28 países, apenas seis participam de ataques. (Págs. 1 e 32)

Argentina condena último ditador à prisão perpétua (Págs. 1 e 33)

Fornecedor de munição da chacina é preso
O segurança Manoel de Freitas Louvise, de 57 anos, foi preso e confessou ter vendido a Wellington Menezes o revólver calibre 38, arma mais usada no massacre, 77 balas e recarregadores. (Págs. 1 e 18)

Ancelmo Gois: Prefeitura vai indenizar as famílias das vítimas do massacre em Realengo. (Págs. 1, 20 e 21)

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Folha de S. Paulo

Manchete: Triplica o número de policiais civis expulsos em SP
Em 2010, foram 219 demissões, contra 64 em 2009; na PM, com duas vezes mais homens, expulsões caíram de 259 para 229

O total de policiais civis expulsos no Estado de São Paulo no ano passado mais do que triplicou em relação a 2009, informam Rogério Pagnan e Manso Benites.

Números da Secretaria da Segurança mostram ter havido 219 demissões, em 2010, e 64, no ano anterior. (Pág. 1 e Cotidiano, Págs. C1 e C3)

Preso segurança que vendeu arma a atirador

A polícia do Rio prendeu ontem, em Nova Iguaçu, o segurança Manuel Freitas Louvise, que disse ter vendido, em setembro de 2010, o revólver 38 que Wellington Menezes de Oliveira usou no massacre em Realengo.

O psiquiatra Timothy Brewerton, que atuou com sobreviventes do ataque de Columbine (EUA), disse que é importante ouvir as crianças da escola. Em Columbine, elas não voltaram para o mesmo colégio. (Pág. 1 e Cotidiano, Pág. C4)

Pai de ministro da AGU recebe concessão de emissora FM

O governo autorizou a abertura de emissora FM educativa por fundação dirigida por Reinaldo Adams, pai de Luís Inácio Adams, advogado-geral da União, informa Elvira Lobato.

O pai nega ter feito pedido ao filho. O Ministério das Comunicações afirma que a autorização foi decidida antes da suspensão de concessões de rádio e TV. (Pág. 1 e Poder, Pág. A4)

Premiê diz ser preciso limitar imigração no Reino Unido

O premiê do Reino Unido, David Cameron, afirmou que o país precisa reduzir o ritmo de entrada de imigrantes para evitar o aumento de pressões sociais.

Em fala ao Partido Conservador, do qual faz parte, defendeu políticas de “boa imigração”, em vez da entrada em massa no país, e restrição a visto de trabalho. Oposição e coalizão reagiram com críticas. (Pág. 1 e Mundo, Pág. A21)

Brasil dribla G20 e quer que OMC debata a guerra cambial

O Brasil fará uma consulta sobre a guerra cambial à Organização Mundial do Comércio, informa Clóvis Rossi, enviado à China.

A tentativa de debater a subvalorízação das moedas dos EUA e da China - o que facilita as exportações dos dois países - enfrenta resistência no G20 e no FMI. A ideia não é fixar regras, mas discutir como o tema influi no comércio. (Pág. 1 e Poder, Pág. A13)

Mundo

China bate novo recorde com reservas de US$ 3 trilhões. (Págs. 1 e A17)

Fernando de Barros e Silva

É evidente o que diz FHC; o PSDB deve seguir à direita. (Pág. 1 e Opinião, Pág. A2)

Editoriais

Leia “As rédeas da inflação”, sobre conveniência de aumento pequeno dos juros; e “Limites para o sigilo”, que saúda nova lei para documentos oficiais. (Pág. 1 e Opinião, Pág. A2)

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O Estado de S. Paulo

Manchete: Em 100 dias, governo Dilma usa só 0,25% da verba do PAC
Gastos realizados foram contratados ainda na gestão Lula; governo diz que não haverá corte de verbas

Levantamento da ONG Contas Abertas mostra que, dos R$ 40,1 bilhões de gastos autorizados para as versões 1 e 2 do Programa de Aceleração do Crescimento para 2011, apenas R$ 102 milhões (0,25%) foram pagos até terça-feira, informa a repórter Marta Salomon. Os números mostram que as duas versões do PAC avançam graças a contratos do governo Lula. A implantação de unidades básicas de saúde, de postos de polícia comunitária e de espaços íntegrados de esporte, cultura, lazer e serviços públicos não saiu do papel. O governo diz que o PAC não sofrerá cortes e que em julho divulgará balanço. (Pág. 1 e Nacional, Pág. A4)

Jirau terá ritmo reduzido

Em reunião no Palácio do Planalto, governo, sindicalistas e empresas fecharam acordo para diminuir o ritmo das obras das usinas de Jirau e Santo Antônio. O objetivo é tentar eliminar problemas no tratamento dos empregados. O governo reconhece que a medida pode levar a demissões. (Pág. 1 e Economia, Pág. B1)

Brics defendem reforma em conselho das Nações Unidas

A declaração dos líderes do Brics, bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, defendeu de maneira expressiva necessidade de reforma do Conselho de Segurança da ONU. É a primeira vez que o nome da instituição aparece em comunicado do bloco, relata a enviada especial Cláudia Trevisan. Textos anteriores tratavam a reforma de maneira genérica. (Pág. 1 e Nacional, Pág. A15)

Preço de commodities divide Brasil e China

A excessiva volatilidade no preço das commodities põe em risco a recuperação da economia global e deve ser controlada, declararam os Brics. O tema dividiu Brasil e China. (Pág. 1 e Economia, pág. B7)

Foto-legenda: Com Copa, sem estrutura

A fila para pegar táxi no aeroporto de Congonhas denuncia a falta de estrutura do País para receber a Copa do Mundo. Mesmo com RS 5,6 bilhões de investimento da Infraero, 9 dos 13 aeroportos de cidades que receberão o evento não terão obras prontas até 2014, diz Ipea. Págs. 1 e C4)

Ministros viajam e Supremo para

A dez dias da Páscoa, o Supremo Tribunal Federal já está esvaziado e as votações param, na dependência de quórum. Três ministros estão em viagem oficial à Europa, incluindo o presidente, Cezar Peluso. Eles voltam na semana que vem, mas já folgam em seguida, por causa do feriado. (Pág. 1 e Nacional, Pág. A13)

Nova lei na Itália livra Berlusconi de julgamento

Deputados italianos aprovaram projeto que abrevia o tempo de prescrição de processos judiciais. A lei invalida processo no qual o primeiro-ministro, Silvio Berlusconi, é acusado de corrupção. Berlusconi anunciou que não tentar a reeleição ao fim de seu mandato, em 2013. (Pág. 1 e Internacional, Pág, Al6)

Otan quer mais recursos para combater Kadafi (Pág. 1 e Internacional, Pág. A18)


Conta de luz vai subir em cinco Estados (Pág. 1 e Economia, Pág. B3)


Dora Kramer: Réus confessos

Se os deputados punirem Jaqueline Roriz, abre-se o precedente de a maioria deles se tornar passível de punição por infrações semelhantes. (Pág. 1 e Nacional, Pág. A5)

Notas & Informações: Plebiscito oportunista

O projeto de plebiscito sobre armas é matéria vencida, sobre a qual a população já deu opinião. (Págs. 1 e A3)

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Valor Econômico

Manchete: Nova queda do dólar terá pouco impacto na inflação
O impacto da nova rodada de valorização do câmbio sobre os preços deve ser modesto, mas pode ser o suficiente para que a inflação não supere o teto da meta perseguida pelo Banco Central neste ano, de 6,5%. A expectativa de um dólar mais próximo de R$ 1,50 no fim do ano pode tirar algo como 0,2 a 0,4 ponto percentual do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a depender da evolução da taxa ao longo dos próximos meses. Nas últimas semanas, especialistas passaram a apostar num câmbio mais apreciado em 2011, depois que a moeda caiu abaixo de R$ 1,65, sem que isso provocasse uma reação mais enérgica do BC.

O economista Fábio Ramos, da Quest Investimentos, lembra que o dólar barato ajuda a segurar a inflação dos bens comercializáveis internacionalmente. As já comportadas cotações dos bens duráveis (como automóveis e eletroeletrônicos) poderiam ter um comportamento ainda mais favorável - em 12 meses até fevereiro, estão em alta de apenas 0,53%, segundo o IPCA. Os alimentos podem ter algum alívio, uma vez que, com um câmbio mais apreciado, as cotações em reais das commodities tendem a recuar, diz Ramos. No caso de produtos têxteis e de vestuário, o dólar barato pode ao menos impedir repasses adicionais da escalada do algodão. (Págs. 1 e A3)

Sucesso latino do McDonald's na bolsa de NY

A abertura de capital da Arcos Dorados, operadores de lanchonetes McDonalds na América Latina e no Caribe, foi uma das mais bem-sucedidas após a crise financeira - a demanda superou a oferta em mais de dez vezes e os papéis foram vendidos a US$ 17, acima da estimativa de US$ 13 a US$ 15. Na estreia na bolsa de Nova York, subiu 24,7% e chegou a US$ 21,20. Em 2010 a empresa faturou US$ 3 bilhões, mais da metade disso no Brasil (US$ 1,59 bilhão). A maior parte dos recursos irá para o os atuais sócios, entre eles Woods Staton e o Gávea Investimentos. "Vamos reformar cerca de cem lojas na América Latina este ano para adaptá-las ao novo layout adotado pela rede e abrir outras cem com esse conceito", disse ao Valor o presidente da companhia, Woods Staton. "Queremos investir mais em outros formatos, como McCafé e quiosques", afirmou. (Págs. 1 e D4)

Os Brics sob o domínio da China

Após anos de exortações dos EUA e seus aliados para que a China desempenhe um papel mais "responsável" nos assuntos do mundo, Pequim está começando a cumprir isso, mas não exatamente como se esperava. O grupo dos Brics - com a África do Sul desta vez - está se tornando um fórum dominado pela China, em que Pequim pode pressionar por sua agenda, sem a presença dominante dos EUA. Ao final da reunião anual dos líderes dos Brics ficou claro que Pequim está no controle. A "Declaração de Sanya" está repleta de termos que Pequim gosta de usar domesticamente e um porta-voz chinês disse que os países chegaram ao consenso de que "o Século XXI deve ser de paz, harmonia, cooperação e desenvolvimento científico" - expressões que são slogans do Partido Comunista da China. (Págs. 1 e A4)

Foto-legenda: Manmohan Singh, Dmitri Medvedev, Hu Jintao, Dilma Rousseff e Jacob Zuma, chefes de Estado dos Brics, durante cúpula em Sanya, na China

Com anos de atraso, Brasil começa a produzir chips

O início da produção do primeiro chip brasileiro está marcado, finalmente, para 2012, algo que pelos planos originais deveria ter ocorrido em agosto de 2007. O fabricante será o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), como parte de um projeto que completa dez anos desde a doação dos primeiros equipamentos pela Motorola. Nesse período, recebeu investimentos de R$ 500 milhões. A instituição havia sido constituída como associação civil sem fins lucrativos e em 2008 foi transformada em estatal para receber um fluxo estável de recursos, mas continuou sofrendo com sucessivos atrasos no cronograma.

Contratado em agosto de 2010 e conhecedor dos meandros da administração pública, o físico Cylon Gonçalves da Silva impôs uma nova dinâmica ao trabalho da estatal e adotou uma visão estratégica mais aberta à interação com o mercado. (Págs. 1 e B1)

Expectativas dirigem ações da Usiminas

As ações com direito a voto (ON) da Usiminas foram negociadas ontem a R$ 27,46, valor 57% acima do preço das preferenciais (PNA). Historicamente, as cotações das duas sempre oscilaram em níveis próximos. A preferência dos investidores pelas ONs dá uma dimensão da expectativa do mercado quanto à mudança de controle na companhia.

As especulações começaram no fim de janeiro, quando a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) confirmou ter feito aquisições em bolsa e já deter 4,99% das PN e 5,03% das ON da Usiminas. Naquele momento, começou a chamar a atenção a diferença entre os dois tipos de papéis, que se alargou mais depois que a Gerdau anunciou oferta pública de ações que culminou com a captação de R$ 3,6 bilhões para o caixa. O mercado tomou a oferta como espécie de confirmação de rumores de que a Gerdau também tem interesse em comprar fatia na empresa. (Págs. 1 e B1)

Polícias se desentendem em São Paulo

Com a menor taxa de homicídios desde os anos 90, o Estado de São Paulo vive um clima de guerra entre seus policiais militares e civis. O plano de integração das duas forças esbarra na insatisfação crescente da Polícia Civil, que pode redundar em greve semelhante à que cercou o Palácio dos Bandeirantes em 2008. Com o terceiro pior salário do país, os delegados lideram a insatisfação. Bacharéis em direito e formados numa academia de polícia que custa R$ 100 mil por aluno ao Estado, os delegados fazem da Polícia Civil uma força mais elitizada que a PM. Custam a aceitar que sua Corregedoria tenha sido subordinada ao gabinete do secretário de Segurança, que é egresso da Polícia Militar. Queixam-se também da partilha dos boletins de ocorrência com a PM e ainda da perda de poder representada pela saída dos policiais civis do Detran, desde a eclosão de denúncias de corrupção na instituição.

"Se o Rio tivesse uma Corregedoria forte, o secretário de Segurança de lá não precisaria ter pedido à Polícia Federal para apurar a corrupção na corporação", diz o secretário de Segurança de São Paulo, Antonio Ferreira Pinto. (Págs. 1 e A14)

União, sindicatos e empresas vão monitorar obras do PAC

Governo, empresas e centrais sindicais discutirão um novo cronograma para a conclusão das obras de Jirau, segundo participantes da reunião de ontem em Brasília. A antecipação do prazo de conclusão da obra, de janeiro de 2013 para março de 2012, contribuiu para o motim ocorrido entre os operários há quase um mês. A Camargo Corrêa informou que "está discutindo o replanejamento da obra".

Segundo o secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, um avanço na reunião foi a composição de comissão tripartite, com representantes do governo, das empresas e dos trabalhadores, para acompanhar o andamento das obras. "Cada grande obra no Brasil vai ter daqui para frente uma comissão interna para evitar a violência e a falta de diálogo", disse Carvalho. (Págs. 1 e B7)

União Europeia reclama de barreiras argentinas à importação (Págs. 1 e A5)

Nova classe média busca na faculdade a consolidação de sua ascensão (Pág. 1 e EU&Fim de Semana)

Déficit na indústria de tecnologia

Entre janeiro e março, a balança comercial da indústria de alta e média-alta tecnologia, onde estão concentrados os setores intensivos em capital e inovação, registrou déficit de US$ 17,7 bilhões, o pior resultado em 22 anos. (Págs. 1 e A2)

Telefónica volta-se à AL

A Telefónica poderá reduzir sua força de trabalho na Espanha em 20% nos próximos três anos, enquanto se volta para a América Latina, numa tentativa de compensar a queda das receitas no mercado doméstico. (Págs. 1 e B2)

Fleury planeja nova marca

O grupo Fleury já definiu como será sua estratégia de crescimento fora do Estado de São Paulo: vai criar uma nova marca, ainda sem nome definido, para reunir 13 redes de laboratórios em seis Estados. (Págs. 1 e B6)

Brasil cresce no Carrefour

No primeiro trimestre, o Carrefour faturou € 3,304 bilhões no Brasil, o equivalente a R$ 7,6 bilhões. Com o resultado, o país ultrapassou a Espanha e se tomou a segunda maior operação da varejista no mundo. (Págs. 1 e B6)

Produtores na defesa do rio Xingu

Cerca de 350 produtores rurais do Mato Grosso, em parceria com a organização Instituto Socioambiental, desenvolvem um programa de reflorestamento das matas ciliares na bacia do rio Xingu, para garantir o abastecimento de água. (Págs. 1 e B12)

Itaú entra no banco Carrefour

O Itaú Unibanco pagou R$ 725 milhões por 49% da Carrefour Serviços Financeiros, braço de financiamento ao varejo da rede francesa de supermercados no Brasil. Segundo o Valor apurou, o Bradesco também estava na disputa. (Págs. 1 e C1)

Arbitragem reformulada

A Câmara de Arbitragem do Mercado, da BM&FBovespa, prepara mudanças em sua regulamentação para se tomar mais atrativa. Criada em 2001, até hoje só foi acionada cinco vezes. A principal mudança é a publicação do resumo das decisões. (Págs. 1 e E1)

Ideias: Claudia Safatle

O vírus da indexação, que transporta para o futuro a inflação passada, permanece vivo e com alto risco de disseminação. (Págs. 1 e A2)

Ideias: Cláudio Gonçalves Couto

O esmaecimento do DEM coloca o PSDB como único partido de oposição capaz de confrontar o governo, apesar dos rachas. (Págs. 1 e A6)

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