PENSAR "GRANDE":

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[NÃO TEMOS A PRESUNÇÃO DE FAZER DESTE BLOGUE O TEU ''BLOGUE DE CABECEIRA'' MAS, O DE APENAS TE SUGERIR UM ''PENSAR GRANDE''].
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“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.

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''Os Economistas e os artistas não morrem..." (NHMedeiros).

"O Economista não pode saber tudo. Mas também não pode excluir nada" (J.K.Galbraith, 1987).

"Ranking'' dos políticos brasileiros: www.politicos.org.br

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# 38 RÉUS DO MENSALÃO. Veja nomes nos ''links'' abaixo:
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valor ...ria...nine

folha gmail df1lkrha

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segunda-feira, abril 30, 2012

XÔ! ESTRESSE [In:] AMIGOS, AMIGOS, NEGÓCIOS AMISTOSOS...

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CPI-DEMÓSTENES-CARLINHOS [In:] PARodiando ...

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Meu Brasil brasileiro

30 de abril de 2012 | 3h 05

Marco Antonio Villa. HISTORIADOR; É PROFESSOR DA UNIVERSIDADE
 FEDERAL DE SÃO CARLOS (UFSCAR) - O Estado de S.Paulo.

O Brasil é um país, no mínimo, estranho. Em 1992, depois de grande mobilização nacional e de uma comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) acompanhada diariamente pela população, o então presidente Fernando Collor de Mello teve o seu mandato cassado. Foi o primeiro presidente da República que teve aprovado um processo de impeachment no País. De acordo com os congressistas, o presidente foi deposto por ter cometidos crimes de responsabilidade. Collor foi acusado de ter articulado com o seu antigo tesoureiro de campanha, Paulo César Farias, um grande esquema de corrupção que teria arrecado mais de US$ 1 bilhão. Acabou absolvido pelo Supremo Tribunal Federal por falta de provas. 
Passados 20 anos, o mesmo Fernando Collor, agora como senador por Alagoas, foi indicado por seu partido, o PTB, para compor a CPMI que se propõe a investigar as ações de Carlinhos Cachoeira. Deixou a posição de caça e passou a ser um dos caçadores.
Quem mudou: Collor ou o Brasil? Provavelmente nenhum dos dois. Algo está profundamente errado quando um país não consegue, depois de duas décadas, enfrentar a corrupção. Hoje, diferentemente de 1992, as denúncias de corrupção são muito mais graves. Estão nas entranhas do Estado, em todos os níveis, e em todos os Poderes. Não se trata - o que já era grave - simplesmente de um esquema de corrupção organizado por um grupo marginal do poder, recém-chegado ao primeiro plano da política nacional.
Ao longo dos anos a corrupção foi sendo aperfeiçoada. Até adquiriu status de algo natural, quase que indispensável para governar. Como cabe tudo na definição de presidencialismo de coalizão, não deve causar admiração considerar que a corrupção é indispensável para a governabilidade, garante estabilidade, permite até que o País possa crescer - poderia dizer algum analista de ocasião, da turma das Polianas que infestam o Brasil.
Parodiando Karl Marx, corruptos de todo o Brasil, uni-vos! Essa poderia ser a consigna de algum partido já existente ou a ser fundado. Afinal, a nossa democracia está em crise, mas não é por falta de partidos. É uma constatação óbvia de que o Brasil não tem memória. O jornalista Ivan Lessa escreveu que a cada 15 anos o Brasil esquecia o que tinha acontecido nos últimos 15. Lessa é um otimista incorrigível. O esquecimento é muito - mas muito - mais rápido. É a cada 15 dias. Caso contrário não seria possível imaginar que Fernando Collor estivesse no Senado, presidisse comissões e até indicasse diretores de empresas estatais, como no caso da BR Distribuidora. E mais: que fosse indicado como membro permanente de uma CPMI que visa a apurar atos de corrupção. Indo por esse caminho, não vai causar nenhuma estranheza se o Congresso Nacional revogar o impeachment de 1992 e até fizer uma sessão de desagravo ao ex-presidente. Como estamos no Brasil, é bom não duvidar dessa possibilidade.
Em 1992 muitos imaginavam que o Brasil poderia ser passado a limpo. Ocorreram inúmeros atos públicos, passeatas; manifestos foram redigidos exigindo ética na política. Até surgiu uma "geração de caras-pintadas". Parecia - só parecia - que, após a promulgação da Constituição de 1988 e a primeira eleição direta presidencial - depois de 29 anos -, a tríade estava completa com a queda do presidente acusado de sérios desvios antirrepublicanos. O novo Brasil estaria nascendo e a corrupção, vista como intrínseca à política brasileira, seria considerada algo do passado.
Não é necessário fazer nenhum balanço exaustivo para constatar o óbvio. A derrota - de goleada - dos valores éticos e morais republicanos foi acachapante. Nos últimos 20 anos tivemos inúmeras CPIs. Ficamos indignados ouvindo depoimentos em Brasília com confissões públicas de corrupção. Um publicitário, Duda Mendonça, chegou mesmo a confessar - sem que lhe tivesse sido perguntado - na CPMI do Mensalão que havia recebido numa conta no exterior o pagamento pelos serviços prestados à campanha do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva. A bombástica revelação foi recebida por alguns até com naturalidade. O que configurava um crime de responsabilidade, de acordo com a Constituição, além de outros delitos, não gerou, por consequência, nenhum efeito. E, vale recordar, com a concordância bovina - para lembrar Nelson Rodrigues - da oposição.
A aceitação de que política é assim mesmo foi levando à desmoralização da democracia e de seus fundamentos. Hoje vivemos um simulacro de democracia. Ninguém quer falar que o rei está nu. Democracia virou simplesmente sinônimo de realização de eleições, despolitizadas, desinteressadas e com um considerável índice de abstenção (mesmo com o voto obrigatório). Aqui, até as eleições acabaram possibilitando expandir a corrupção.
Na política tradicional, a bandeira da ética é empunhada de forma oportunista, de um grupo contra o outro. Na próxima CPI os papéis podem estar invertidos, sem nenhum problema. É um querendo "pegar" o outro. E muitas vezes o feitiço pode virar contra o feiticeiro.
E as condenações? Quem está cumprindo pena? Quem teve os bens, obtidos ilegalmente, confiscados? Nada. O que vale é o espetáculo, e não o resultado.
O Brasil conseguiu um verdadeiro milagre: descolou a política da economia. O País continua caminhando, com velocidade reduzida, por causa da má gestão política. Mas vai avançando. E por iniciativa dos simples cidadãos que desenvolvem seus negócios e constroem dignamente sua vida. Depois, muito depois, vão chegar o Estado e sua burocracia. Aparentemente para ajudar, mas, como de hábito, para tirar "alguma casquinha", para dizer o mínimo. E a vida segue.
Não vai causar admiração se, em 2032, Demóstenes Torres for indicado pelo seu partido para fazer parte de uma CPI para apurar denúncias de corrupção. É o meu Brasil brasileiro, terra de samba e pandeiro.
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STF/MENSALÃO [In:] ''... TEMPO PARA COLHER''

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Mensalão e Judiciário




Autor(es): Almir Pazzianotto Pinto
Correio Braziliense - 30/04/2012
 

Advogado, foi ministro do Trabalho e presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST)
O constrangedor conflito entre ministros do Supremo Tribunal Federal nasce da necessidade de julgar os réus no processo conhecido como mensalão. A causa tramita desde 2006, quando o procurador-geral da República, Antonio José de Sousa, denunciou ao STF 40 envolvidos no maior escândalo político das últimas décadas.
Grandes e pequenos episódios de corrupção o antecederam, outros se lhe seguiram, a exemplo da máfia dos sanguessugas, que atingiu diretamente o Ministério da Saúde, sendo indigitados dezenas de parlamentares e prefeitos, além de diversos empresários.
A morosidade é renitente inimiga do Poder Judiciário, cujos melhores e mais operosos integrantes mostram-se incapazes de derrotar. Para certos magistrados, o tempo inexiste; ou não importa. É da lentidão, contudo, que crime e impunidade se alimentam. Não se conhece melhor fermento para a corrupção do que a certeza de que o tempo agirá com solvente, e fará desaparecer, no esquecimento, o enriquecimento ilícito.
Algumas justificativas são apresentadas, com o propósito de isentar os juízes vagarosos: a fadiga, o acúmulo de serviço, a impermeabilidade da magistratura a pressões externas.
Convenhamos, todavia, que do juiz espera-se disposição para tarefas que, ao se candidatar ao cargo, presumiria serem extenuantes. Quanto ao acúmulo, a morosidade é das maiores responsáveis, por se deixar para amanhã o que se deveria fazer hoje. A Constituição assegura, entre os direitos e garantias fundamentais, a razoável duração do processo. A carga mais pesada, em qualquer julgamento, incumbe ao relator, cuja tarefa é suplementada pelo revisor. Compete-lhes submeter ao plenário do tribunal relatório, que sintetizará as principais ocorrências registradas no andamento da causa, a fim de facilitar o proferimento dos votos restantes.
A informatização facilitou a tarefa de julgar. Além do revisor, os membros do tribunal passaram a ter imediato acesso ao relatório, pela rede interna de comunicação. Considero excessivo o prazo de cinco anos, decorridos do recebimento da denúncia, em março de 2012. Não houve escassez de tempo, para que os ministros conseguissem separar inocentes e culpados.
Há pressão no sentido do julgamento da causa. Pressão legítima, que resulta do sentimento nacional de cidadania, rogando ao Supremo o cumprimento do dever de se pronunciar. Tanto quanto o Legislativo e Executivo, o Judiciário é pago com o suado dinheiro do contribuinte, criminosamente desviado pelos envolvidos nos escândalos que abalam a República, o governo, e corroem a imagem da democracia.
O Supremo está farto de saber que não goza de imunidade diante do correr dos dias. Já se ouve dizer que o mensalão será julgado no segundo semestre, sem definição de data. Ora, no segundo semestre ocorre o recesso do mês de julho, paralisando os trabalhos da Corte. Em seguida virão as eleições em 5.564 municípios. Três dos onze ministros do STF participam do Superior Tribunal Eleitoral. Com as atenções divididas entre STF e TSE, S. Exas. terão tempo para se dedicar ao mensalão? Não bastasse, o ministro Ayres Brito aposentar-se-á em novembro, fato que exigirá do Supremo a escolha de novo presidente. Somadas essas, e outras circunstâncias, há probabilidade de o julgamento ser adiado para 2013.
Prescrição é contagem obsessiva e regressiva. A cada hora mais se avizinha o momento em que os acusados serão agraciados pela lentidão. A denúncia formulada pela Procuradoria-Geral cairá, então, no vazio. Tornar-se-á inútil. Os acusados ficarão livres das acusações pela inexorável ação do tempo. Voltarão a ter ficha limpa, aptos a disputar mandato, ou a exercer cargos de confiança.
Não é isso o que aspira a nação vigilante. O povo aguarda que a irrecorrível decisão do STF identifique culpados e inocentes. É o mínimo a se esperar do órgão máximo do Poder Judiciário, sobretudo porque os réus o têm como foro único e privilegiado.
Neste momento histórico, os olhos dos brasileiros estarão concentrados em três ministros: Ayres Britto, presidente, Joaquim Barbosa, relator, e Ricardo Lewandowski, revisor. Deles se espera que ingressem, com honras e glórias, na história do Poder Judiciário.
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CPI DEMOSTENES-CACHOEIRA-DELTA [In:] ''SESSÃO DA TARDE'' (... UAAAHHHH.... bocejos)

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CPI e corrupção




Autor(es): Rubem Azevedo Lima
Correio Braziliense - 30/04/2012
 

Não há como não voltar ao assunto do dia no Brasil, a corrupção e a CPI mista de senadores e deputados que pretendem apurá-la: uns com esse poder; outros, não. Isso, infelizmente, virou praxe no parlamento. Os governistas podem tudo; as oposições, pouco ou nada, embora a Constituição lhes assegure tal direito. O curioso é que o pivô desse episódio tem trajetória política igual à do partido governista, o PT. Esse, antes do governo Lula, era modelo de defesa da honestidade na coisa pública e na política. Não diziam, como dizem hoje até honestos petistas, que tal preocupação era hipócrita e que a mídia e a oposição só queriam atrapalhar o governo, com a busca de seus malfeitos irrelevantes.
Repita-se, aqui, o dito acaciano de São Gregório Magno: "Os bons, quando se corrompem, tornam-se péssimos". Foi isso que aconteceu com o senador Demóstenes, pivô mencionado acima, incansável e brilhante crítico de tudo que lhe parecia malfeito contra o erário, contra os direitos humanos e a biodiversidade. Suas palavras pareciam as do velho PT e de seu xará ateniense, em relação aos excessos de Filipe, da Macedônia. Mas ele, Demóstenes, perdeu-se, por ligações com o bicheiro e empresário Carlos Cachoeira.
Nisso, ele repetiu, ferozmente, a linha original do PT, no governo, no Congresso e nos palanques, sob a batuta de Lula. Esse, diante do mensalão, em 2005, julgou-o uma farsa, depois admitiu que todos os partidos cometiam a mesma fraude. O Supremo Tribunal Federal discordou de Lula e enquadrou 38 lulistas envolvidos nos crimes do mensalão. O ex-deputado Roberto Jefferson e Marconi Perillo, governador goiano, mostraram a Lula a realidade do mensalão.
Para vingar-se de ambos e "arrasar a oposição", ele impôs a Dilma a CPI que envolve aliados e adversários. E agora, Lula? Abafar esse assunto é impossível. Nem que ele recomende à presidente a criação de outra CPI, também explosiva, como, por exemplo, a dos mistérios de rombos havidos na Casa da Moeda. Infelizmente, para Lula, isso aconteceu na era gloriosa do PT, após o mensalão, mas ainda na fase de leniências ocultas do novo Demóstenes e desse partido, no governo.
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CPI/CACHOEIRA-DELTA [In:] ''CAIA NA GANDAIA/ENTRE NESSA FESTA..." *

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GOVERNO OPERA PARA CONTROLAR FOCO DA CPI




GOVERNO OPERA PARA RESTRINGIR CPI A PERILLO E TIRAR EMPREITEIRA DELTA DO FOCO

Autor(es): EUGÊNIA LOPES
O Estado de S. Paulo - 30/04/2012
Partidos aliados do governo, em especial o PT, já definiram a estratégia para a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira. Os principais pontos são concentrar as investigações no governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), evitar eventuais vazamentos de documentos sigilosos e poupar a Delta Construções, limitando a apuração aos funcionários da empreiteira com participação no esquema do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Os petistas, incentivados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, querem também tirar o foco da Delta por sua condição de principal construtora do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Centralizar tudo nas mãos de poucos para evitar eventuais vazamentos de documentos sigilosos, poupar a Delta Construções, limitar a apuração aos funcionários da empreiteira com participação no esquema do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e tentar pôr o foco das investigações em cima do governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo.

Esta é a estratégia que começou a ser montada pelos partidos aliados do governo, em especial o PT, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira.
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Incentivados pelo ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, os petistas buscarão tirar o foco das investigações de cima da Delta Construções, principal empreiteira do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal.
A ideia é impedir a convocação de empregados da empresa que não têm relação com o esquema de Cachoeira, como defende a oposição.
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A oposição estuda elaborar requerimentos, que os governistas tentarão derrubar, propondo a convocação dos diretores e gerentes da Delta dos 23 Estados onde existem obras da empresa. Ao mesmo tempo em que tentam restringir as investigações em torno da Delta, a orientação é procurar incriminar o governador tucano no esquema ilegal de Carlinhos Cachoeira. A tática dos governistas é verbalizada pelo líder do partido na Câmara, Jilmar Tatto (SP), e será posta em prática tão logo sejam analisados os documentos das operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal. Parlamentares do PT estão convencidos de que a atividade criminosa em Goiás tinha como parceira a Segurança Pública do Estado. Ou seja, em última instância, contava com o aval do governador Marconi Perillo.

Em relação ao governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), que teve seu nome citado por integrantes do esquema de Cachoeira, os petistas tentarão poupá-lo neste primeiro momento de trabalhos da CPI. Porém, nos bastidores já avisaram que, se for necessário, não vão titubear em entregar a "cabeça de Agnelo". "O envolvimento neste momento é muito maior do governador do PSDB", diz Tatto, para quem está claro que Perillo tem uma "relação muito próxima com Cachoeira".
Controle. Para conseguir manter as rédeas da CPI, os governistas também já decidiram que não vão ceder ao apelo da oposição para criar sub-relatorias por temas dentro da comissão. Dessa forma, estão certos de que evitaram vazamentos de informações e o esvaziamento do relator Odair Cunha (PT-MG). O temor é que as sub-relatorias ganhem "vida própria" e acabem se tornando mais importantes do que o trabalho do relator.

A blindagem da CPI tem a anuência do presidente da comissão, Vital do Rego (PMDB-PB), que já avisou ser contrário às sub-relatorias. Reticente em relação à criação da CPI, o PMDB participa da comissão com parcimônia, com nomes apontados como de "segundo escalão" dentro da hierarquia partidária. Bem diferente do PT que reforçou a CPI com suas estrelas partidárias. A não ser que apareça alguma surpresa, como o depoimento inusitado de algum personagem envolvido no esquema de Cachoeira, os governistas estão confiantes de que conseguirão manter a CPI sobre controle. Nem mesmo o eventual depoimento do ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot assombra os aliados.

A avaliação é que Pagot não vai dar "um tiro no pé". Um líder governista lembra que Pagot não vai correr o risco de "sair de exonerado para preso", se realmente quiser falar. Além disso, argumenta o aliado, o PR, partido do qual Pagot se desfiliou somente na semana passada, controla a maioria dos Dnits do País. Não seria, portanto, de interesse do PR incentivar a "rebeldia" de Pagot que, em última instância, poderá acabar enredado na teia de eventuais irregularidades. Cautela. Nestes primeiros dias de CPI, a cautela impera entre os integrantes da comissão.

Tanto governistas quanto oposição apostam que os trabalhos da CPI começarão a deslanchar daqui a dez dias, com a análise dos inquéritos da Polícia Federal. "Só aí poderemos aprovar requerimentos de convocação e de quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico", diz o ex-líder Cândido Vaccarezza (PT-SP), um dos integrantes da comissão. Apesar do estardalhaço em torno da CPI do Cachoeira, integrantes da comissão veem com parcimônia os trabalhos do grupo. Alegam que a parte principal das investigações já foi feita pela Polícia Federal, que descobriu o esquema ilegal de Cachoeira e suas ramificações.
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Acostumado a comissões de inquérito, o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) é um dos que arriscam que a CPI do Cachoeira só vai ganhar fôlego se surgir um "depoimento bombástico", como o do motorista Eriberto França, que foi a gota d"água para o pedido de impeachment do ex-presidente Fernando Collor, em 1992.
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Motorista de Ana Acioli, secretaria particular de Collor, Eriberto revelou pegar dinheiro e cheques nas empresas de Paulo Cesar Farias para efetuar pagamento do então presidente da República. Também foi uma entrevista ao Estado, em 2006, do caseiro Francenildo Santos Costa que levou à queda do então poderoso ministro da Fazenda Antonio Palocci. Na época, o caseiro disse ter visto Palocci se reunir com lobistas e partilhar dinheiro numa mansão, em Brasília, onde eram realizadas festas animadas por garotas de programa. "Na verdade essa CPI está começando do fim: o Cachoeira está preso, o dono da Delta diz que a empresa está quebrando e o senador Demóstenes Torres já é alvo de processo para ter o mandato cassado", resume o deputado Sílvio Costa (PTB-PE).
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(*) Dancing Days. Lulu Santos (As Frenéticas.).
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SINOPSES - RESUMO DOS JORNAIS


30 de abril de 2012
O Globo

Manchete: Portos terão investimentos de R$ 31 bi com privatizações
As regras para concessão de portos brasileiros à iniciativa privada já estão prontas e devem ser anunciadas em breve pelo governo. Com as licitações, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) prevê que os terminais do país receberão R$ 31 bilhões em investimentos privados para aumentar a eficiência e a lucratividade. Desse total, o Rio receberá R$ 7,5 bilhões nos próximos cinco anos. Entre os primeiros a serem licitados estão os portos de Manaus, Espírito Santo e Sul da Bahia. O programa para o setor prevê também R$ 6 bilhões em investimentos federais até 2014, sendo quase R$ 1 bilhão para o porto do Rio, principalmente para a expansão de dois terminais de contêineres e um de veículos. Mais de 95% das exportações brasileiras em volume usam navios como meio de transporte. (Págs. 1 e 18)
Demóstenes foi ao STJ por Cachoeira
Senador procurou ministros para influenciar decisão envolvendo aliado do contraventor

Para evitar a condenação de um vereador de Anápolis (GO) aliado de Cachoeira, o senador Demóstenes Torres procurou ministros do STJ. Em conversa com o contraventor, disse que “aquele ministro que nós pedimos votou com a gente”, em referência a Mauro Campbell Marques, único entre quatro que foi a favor da anulação do caso. Marques confirma que o recebeu, mas nega combinação de voto: "Se isso está nas gravações, ele está vendendo algo que não pode ter." (Págs. 1 e 3)

PM fará segurança dentro de escolas
A partir de maio, policiais militares armados vão atuar dentro de colégios da rede estadual. O convênio entre as secretarias de Educação e Segurança será assinado na quarta-feira. Inicialmente, o policiamento será feito em 90 escolas, por 450 PMs de folga. A lista dos colégios atendidos pelo programa foi feita a partir de queixas de pais e diretores, que vão do uso indevido das instalações a brigas, roubos e até consumo de drogas. (Págs. 1 e 9)
Jovens da favela rumo à pós-graduação
No Complexo da Maré, uma das primeiras favelas a ter pré-vestibular comunitário e gratuito, começou a funcionar no mês passado o projeto Novos Saberes, que pretende facilitar o acesso de moradores de comunidades carentes a programas de mestrado e doutorado. (Págs. 1 e 4)
Europa terá € 200 bi para voltar a crescer
A Comissão Europeia planeja anunciar em maio um projeto para estimular o crescimento dos países mais afetados pela crise. A ideia é investir € 200 bilhões em infraestrutura, energia limpa e alta tecnologia, com participação do setor privado, para não elevar a dívida dos governos. (Págs. 1 e 19)
Jornalista francês vira refém das Farc
Repórter do “Le Figaro” e do canal France 24, o jornalista Roméo Langlois foi ferido no braço e levado pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) durante um confronto no departamento de Caquetá, no qual três militares e um policial morreram. (Págs. 1 e 25)
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Folha de S. Paulo

Manchete: Vídeo revela atuação de policiais para Cachoeira
Delegado acusado de ser informante foi filmado ao entrar no carro do contraventor

Vídeos inéditos feitos pela PF e revelados ontem pelo “TV Folha” mostram a ligação de Carlinhos Cachoeira com policiais federais acusados de atuar para sua organização criminosa.

Acusado de ser informante de Cachoeira na PF, o delegado federal Fernando Byron foi filmado por colegas em maio de 2011 entrando no carro do empresário. (Págs. 1, Poder A4 e A8)

Maria Cristina Frias
Para FHC, corrupção é maior agora do que no período de seu governo

Para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a corrupção aumentou em relação a seu governo. Ele diz que Dilma Rousseff talvez não avalie o risco político que corre em sua “faxina”.

O Congresso é mais forte do que se pensa. Se não tem certa capacidade de entender o papel do Congresso no sistema brasileiro, você pode se dar mal ”, disse FHC em Abu Dhabi. (Págs. 1 e Mercado B2)

Entrevista da 2ª Luis Moreno-Ocampo
Brasil deveria dar prioridade ao combate à impunidade

Promotor-chefe do TPI (Tribunal Penal Internacional), o argentino Luis Moreno-Ocampo, 59, diz que o Brasil deveria priorizar o combate à impunidade.

“Acabou a ideia de dar aos líderes [que cometeram crimes políticos] um exílio dourado na costa sul francesa. O conceito de impunidade está acabando.” (Págs. 1 e A15)
Tráfico persiste nacracolândia 4 meses após a ocupação da PM
Às vésperas de a ocupação da PM na cracolândia completar quatro meses, a venda e o consumo de drogas permanecem intensos na região. A Folha encontrou traficantes, cercados de usuários, atuando em diversos momentos do dia.

No início do ano, a PM dissera que em 30 dias o tráfico de crack estaria desarticulado na área. Ontem, o chefe da PM na região disse não haver prazo. (Págs. 1 e Cotidiano C1)
China caça ativistas envolvidos na fuga de dissidente cego
Em resposta à fuga espetacular do advogado cego Chen Guangcheng da prisão domiciliar, o governo chinês prendeu pelo menos três envolvidos no seu resgate e reforçou a censura na internet. De acordo com ativistas, Chen está em Pequim sob proteção diplomática da Embaixada dos EUA. (Págs. 1 e Mundo A12)
Austeridade fiscal piora desemprego na Europa, diz OIT
A austeridade fiscal e as reformas trabalhistas em países em crise da Europa são responsáveis pela falta de criação de empregos, diz relatório da Organização Internacional do Trabalho.

A previsão é que o número de desempregados no mundo chegue, neste ano, a 202 milhões. (Págs. 1 e A11)
Editoriais
Leia “Seca de projetos”, acerca de estiagem no semiárido brasileiro, e “Cálculo eleitoreiro”, sobre tentativa do PSD de obter fatia do Fundo Partidário. (Págs. 1 e Opinião A2)
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O Estado de S. Paulo

Manchete: Governo opera para controlar foco da CPI
Base aliada quer restringir investigações a Marconi Perillo e desviar as atenções da empreiteira Delta

Partidos aliados do governo, em especial o PT, já definiram a estratégia para a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira. Os principais pontos são concentrar as investigações no governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), evitar eventuais vazamentos de documentos sigilosos e poupar a Delta Construções, limitando a apuração aos funcionários da empreiteira com participação no esquema do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Os petistas, incentivados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, querem também tirar o foco da Delta por sua condição de principal construtora do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). (Págs. 1 e Nacional A4)

Cuidados com a Delta

Dilma Rousseff determinou que os contratos da Delta sejam divulgados na Internet, informa Sonia Racy. (Págs. 1 e A4)

Importados estão parados nos portos e aeroportos
Produtos comprados em sites internacionais estão demorando até quatro meses para serem entregues no País. A Operação Maré Vermelha, da Receita Federal, cujo objetivo oficial é reduzir o contrabando, aumentou a fiscalização para itens que vem do exterior e consumidores. Mercadorias adquiridas por comércio eletrônico e cargas de importadores estão paradas em portos e aeroportos. As compras pela internet são as que mais afetam o consumidor final. (Págs. 1, Economia B1 e B5)
Cadastro de transplantes é falho, diz TCU
Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) identificou falhas na segurança do Sistema Nacional de Transplantes que abrem espaço para fraudes. O trabalho critica, por exemplo, a falta de integração do sistema de registro em São Paulo com a base de dados nacional. (Págs. 1 e Vida A16) 
Currículo com cor local
Para conter a evasão em comunidades extrativistas, ensino formal é aliado a conhecimentos tradicionais. (Págs. 1 e Vida A18)
3 milhões não declararam o IR: prazo termina hoje (Págs. 1 e Economia B9)

Marco Antonio Villa
Meu Brasil, brasileiro

Passados 20 anos, Fernando Collor é indicado para compor a CPMI do Cachoeira. Quem mudou: Collor ou o Brasil? Nenhum dos dois.
(Págs. 1 e Espaço Aberto A2)
Notas & Informações
A guerra fiscal vai continuar

A guerra dos portos pode continuar por mais oito meses, e até com maior intensidade. (Págs. 1 e A3)

Link
À espera do 4G. A internet móvel ainda tem problemas no Brasil. Mas a quarta geração já vem aí. (Pág. 1)
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Correio Braziliense

Manchete: DF registra dois ataques a bancos por semana
Aumenta o número de ataques a agências bancárias do Distrito Federal, alguns com uso de explosivos. Só nos três primeiros meses do ano houve 20 casos, o que representa uma alta de 17,6%, em comparação ao mesmo período de 2011, conforme dados da Secretaria de Segurança (SSP-DF). Em abril, ocorreram outros 10. Segundo o diretor do Sindicato dos Bancários de Brasília, Eduardo Araújo, a situação exige diferentes reforços. “Há falta de vigilantes e também é necessária a ampliação dos itens de segurança", acredita. (Págs. 1 e 21)
Receita ainda aguarda a declaração de 3 milhões
No último dia para fazer o Imposto de Renda, retardatários não devem dar chance ao azar. Envio de dados nos minutos finais da noite está sujeito congestionamento no site da Receita Federal. Aqueles que preferirem entregar em disquete devem estar atentos ao expediente da Caixa e do Banco do Brasil. (Págs. 1, 7 e Visão do Correio 10)
A CPI não tem tempo a perder, dizem congressistas
A semana ficou curta devido ao 1° de Maio, mas senadores e deputados prometem trabalho intenso para apresentar, em breve, um cronograma de atividades e definir os primeiros depoimentos da comissão mista. Enquanto isso, lista de políticos visados por grupo de Cachoeira não para de crescer. (Págs. 1, 2 e 3)
Pecuária no DF cresce com tecnologia
Os rebanhos locais estão entre os mais produtivos do país, garantindo carne com alta qualidade. O uso de modernas técnicas também faz a região se destacar no mercado de leite. (Págs. 1 e 17)
Na mão das Farc
Jornalista francês teria sido capturado durante confronto entre Exército colombiano e guerrilheiros no sábado. Episódio sepulta tentativa de trégua anunciada há dois meses. (Págs. 1 e 13)
África sangra
Escalada de conflitos étnicos e religiosos faz do continente um barril de pólvora. (Págs. 1 e 12)
Acidente mata quatro brasileiros na Argentina (Págs. 1 e 13)

Crise roubou o emprego de 50 milhões, admite OIT (Págs. 1 e 8)

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Valor Econômico

Manchete: Governo exige a troca de operadores de aeroportos
O governo vai exigir a troca dos operadores que integram os consórcios que venceram a licitação para administrar os aeroportos de Guarulhos, Brasília e Campinas. Alegará que a mudança será feita com base no “interesse público”, uma vez que os operadores dos grupos vitoriosos no leilão, realizado em fevereiro, não têm experiência de gestão de aeroportos de grande porte.
Técnicos admitem que foi um erro não estabelecer maiores exigências quanto à capacidade dos operadores. Lamentam, ainda, a baixa exigência de capital das empreiteiras. Por isso, o governo pretende impor agora condições que, no fim, obriguem os consórcios a abrir espaço para a entrada de grandes "‘projetistas” (construtoras). A ideia, ao baixar as exigências feitas no leilão, foi promover maior concorrência na licitação, o que de fato ocorreu — o ágio médio foi de 347%. (Págs. 1 e B12)
Soja mantém o fôlego de valorização
A soja foi a única das principais commodities agrícolas exportadas pelo Brasil que se valorizou em abril. Sua cotação média foi 6,28% maior que a de março e 24,97% superior à de dezembro. A atual curva “altista” do grão começou a ganhar forma na primeira quinzena de dezembro, quando ficou claro que a estiagem provocada pelo La Nina prejudicaria a colheita no Brasil, na Argentina e no Paraguai. A quebra não só reduziu a oferta mundial como ampliou a demanda por soja americana, o que atraiu ainda mais investimentos dos grandes fundos especulativos e maximizou a valorização na bolsa de Chicago. A demanda, como acontece desde meados da década passada, continuou a ser puxada pela China, que comprou volumes recordes nesses primeiros meses de 2012. (Págs. 1 e B12)
'Sucatões' da Presidência serão trocados
O governo começa a preparar a compra de dois aviões para a Presidência da República. Há cerca de um mês, o comando da Aeronáutica pediu informações a esse respeito às empresas Airbus, Boeing e Israel Aerospace Industries. Os novos aviões irão substituir os Boeing 707, usados nas missões de transporte intercontinental da Presidência. A FAB possui quatro Boeing 707, mas o estudo prevê a compra de dois, apurou o Valor.
A ideia da substituição ganhou força no alto escalão do governo nos últimos dois meses, diante da necessidade da presidente ter uma aeronave com capacidade de fazer voos internacionais sem escalas. As viagens de Dilma Rousseff no A319 costumam ser acompanhadas do jato Embraer 190, cujo alcance máximo é de cerca de 8.300 km. O A319 custou US$ 56,7 milhões. Uma aeronave A330-200, que faz voos de maior distância sem escala, custa por volta de US$ 208,6 milhões. (Págs. 1 e B1)
Salários de admissão aumentam
A capacidade das empresas de encontrar trabalhadores no mercado formal dispostos a receber salários menores do que os pagos aos demitidos se estreitou bastante. A diferença entre a remuneração dos admitidos e dos desligados cai desde 2002, com exceção apenas de 2009. Desde então, com o mercado de trabalho apertado e a política de valorização do salário mínimo, que tende a elevar o piso de diversas categorias, essa diferença se reduziu a 7,3% em 2010 e 6,5% em 2011, segundo levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese). No primeiro trimestre de 2012, ela foi, em média, de apenas 4,5%. (Págs. 1 e A4)
STJ julga liminar da Vale
Após apresentar à Justiça uma garantia de R$ 1,7 bilhão para impedir o bloqueio de parte dos R$ 5,48 bilhões em dividendos que serão distribuidos hoje aos seus acionistas, a Vale brigará na quinta-feira para que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) não derrube uma liminar que suspendeu a cobrança fiscal de R$ 24 bilhões da companhia. Os ministros da 1ª turma da Corte voltarão a analisar o recurso da Fazenda Nacional contra a medida que interrompeu a execução fiscal do débito. A Vale e a União discutem na Justiça o pagamento de Imposto de Renda e CSLL sobre o lucro de controladas da companhia no exterior. No Tribunal Regional Federal na 2ª Região, a empresa perdeu o mérito da disputa. (Págs. 1 e E1)
Novo sistema de licitações estreia com bons resultados
Apontado pelo governo como um sucesso que pode ser estendido às obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o regime diferenciado de contratações públicas só foi usado até agora pela Infraero, por 17 vezes, para destravar obras e serviços nos aeroportos que há tempos aguardavam uma solução.

Seis concorrências foram concluídas com sucesso, oito estão em andamento, duas terminaram fracassadas e uma precisou ser revogada. Houve deságio médio de 15% nas licitações homologadas. A duração média do processo de contratação caiu de 248 dias, sob a Lei de Licitações (8.666/93), para 78 dias, usando o chamado RDC. (Págs. 1 e A3)
Bolsa sente os efeitos da valorização do dólar
A valorização do dólar no segundo bimestre do ano está se refletindo nas ações da Bovespa. Em tese, o real mais barato torna a bolsa mais atrativa e beneficia os papéis de exportadoras com custos em moeda local. Na contramão, empresas com dívidas e gastos na moeda americana tendem a sofrer com a mudança no câmbio. O dólar comercial bateu na mínima do ano em 28 de fevereiro, e, desde então, já subiu 11,07% (até o dia 27).

Especialistas ouvidos pelo Valor citam pelo menos 17 ações que, pela própria natureza dos negócios, estão mais propensas a sentir os efeitos - positivos e negativos - do câmbio. O melhor exemplo é a Embraer, exportadora de aeronaves. (Págs. 1 e D1)
Vantagens das debêntures da infraestrutura
Recém-criadas para tornar viável a captação de longo prazo para empresas, as debêntures de projetos de investimento e infraestrutura começaram a ser oferecidas por bancos como uma forma mais eficaz, do ponto de vista tributário, de trazer recursos ao país. Sua principal vantagem é a alíquota zero de Imposto de Renda e IOF para investidores estrangeiros. Em apenas um banco, as operações de investimento de multinacionais sob a forma de debêntures de longo prazo em andamento somam R$ 10 bilhões.

Pelo menos dois caminhos já foram criados para isso. No primeiro, uma multinacional com planos de investimentos no país pode adquirir debêntures emitidas pela filial brasileira. No outro, uma empresa nacional faz emissão de bônus no exterior por meio de subsidiária, que traz os recursos para o país investindo nas debêntures da companhia. Em ambos, a operação escapa do IR de 15% que incide em empréstimos ou em emissão direta de bônus no exterior. (Págs. 1 C1)

Entraves à geração
Estudo do Instituto Acende Brasil revela que, de 155 hidrelétricas que deveriam entrar em operação até o terceiro trimestre de 2011, 55 o fizeram após o previsto e 27 ainda não foram concluídas. (Págs. 1 e A2)
OHL rejeita obrigação de oferta
A Comissão de Valores Mobiliários e a BM&F Bovespa já avaliam a operação anunciada na semana passada entre as espanholas Abertis e OHL quanto à necessidade de uma oferta pública de aquisição aos minoritários da OHL Brasil. (Págs. 1 e B1)
Mais tecnologia na educação
Os gastos das universidades brasileiras com tecnologia da informação devem triplicar nos próximos cinco anos e chegar a R$ 3 bilhões em 2017, segundo estimativa da consultoria especializada Hoper. (Págs. 1 e B3)
Rodovias
Operadoras logísticas tentam colocar contêineres nos trilhos, aliviando o modal rodoviário. “As ferrovias brasileiras não estão preparadas para operar contêineres, uma carga muito diferente das commodities que circulam na maioria dos trens”, diz Alan Fuchs, da Brado. (Págs. 1 e Caderno especial)
Seca ameaça cacau baiano
Em meio à pior estiagem em três décadas, a produção de cacau na Bahia — responsável por mais de 70% da produção nacional — está ameaçada. A colheita principal, que começa em outubro, está em floração. (Págs. 1 e B12)
Apostas nos emergentes
Os fundos de pensão dos países desenvolvidos deverão aumentar sua alocação em mercados emergentes, atualmente de 3%, para até 10% em três anos, segundo previsão do J.P. Morgan. (Págs. 1 e C12)
Pequenas e Médias Empresas
Vendas externas realizadas por via postal no Brasil, por meio da Declaração Simplificada de Exportação, que beneficia principalmente as micro e pequenas empresas, superaram US$ 280 milhões no ano passado, alta de 8,2% em relação a 2010. (Págs. 1 e Caderno especial)
Ideias
Renato Janine Ribeiro

Dar posse na chefia do Executivo a candidato que o povo rejeitou fere o maior valor da Constituição, a democracia. (Págs. 1 e A6)

Roberto Luis Troster

Políticas para indústria e setor financeiro estão fadadas a ter resultado pífio e levam a crescimento aquém do potencial. (Págs. 1 e A10)
Comissão Europeia acena com plano para reativar crescimento (Págs. 1 e A9)

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sexta-feira, abril 27, 2012

XÔ! ESTRESSE [In:] ''QUANDO EU VIM DE MINAS, TROUXE OURO EM PÓ..."

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(*) Clara Nunes.
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CPI-CACHOEIRA-DELTA [In:] ... E O MARACA DOMINGO *

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24/04/2012
 às 2:37 \ Direto ao Ponto

Para devassar todas as catacumbas da quadrilha, é necessária uma CPI da Delta



Um post aqui publicado em 22 de junho de 2011 registrou a repulsa dos brasileiros honestos com o desempenho de Lula num encontro do PT em Sumaré. No Sermão aos Companheiros Pecadores, clímax da missa negra, o mestre ensinou a seus discípulos que, sem união, nenhum bando escapa de perdas dolorosas. Explicou que Antonio Palocci, por exemplo, perdeu o empregão na Casa Civil não pelo que fez, mas pelo que o rebanho deixou de fazer. Foi despejado não por excesso de culpa, mas por falta de braços solidários.
Para ilustrar a tese, o pregador evocou o escândalo do mensalão ─ sem mencionar a expressão banida do vocabulário do bordel das antigas vestais. “Eu sei, o Zé Dirceu sabe, o João Paulo sabe, o Ricardo Berzoini sabe, que um dos nossos problemas em 2005 era a desconfiança entre nós, dentro da nossa bancada”, disse o pregador. “A crise de 2005 começou com uma acusação no Correio, de três mil reais, o cara envolvido era do PTB, quem presidia o Correio era o PMDB e eles transformaram a CPI dos Correios, para apurar isso, numa CPI contra o PT, contra o Zé Dirceu e contra outros companheiros. Por quê? Porque a gente tava desunido”.
Com o cinismo dos que espancam a verdade desde o berço, o sumo-sacerdote da seita omitiu o essencial. Foi ele quem entregou o controle dos Correios ao condomínio formado pelo PMDB e pelo PTB. O funcionário filmado embolsando propinas era afilhado do deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB, que merecera do amigo presidente “um cheque em branco”. O desconfiado da história foi Jefferson, que resolveu afundar atirando ao descobrir que o Planalto não o livraria do naufrágio. Ao contar o que sabia, desmatou a trilha que levaria ao pântano do mensalão.
Não podemos errar de novo, advertiu o embusteiro. Para tanto, é preciso preservar a coesão do PT e da base alugada recorrendo à receita caseira: “A gente se reúne, tranca a porta e se atraca lá dentro”, prescreveu. Encerrada a briga de foice, unifica-se o discurso em favor dos delinquentes em perigo.  “Eu tô de saco cheio de ver companheiro acusado, humilhado, e depois não se provar nada”, caprichou na indignação de araque o padroeiro dos gatunos federais.
Aos olhos do país que presta, gente como o mensaleiro José Dirceu, a quadrilheira Erenice Guerra ou o estuprador de sigilo bancário Antonio Palocci têm de prestar contas à Justiça. Para Lula, todos só prestaram relevantes serviços à pátria. A lealdade ao chefe purifica.  “Os adversários não brincam em serviço”, fantasiou. “Toda vez que o PT se fortalece, eles saem achincalhando o partido”.
Milhões de brasileiros não conseguem enxergar no homem que brinca de xerife o vilão do faroeste de quinta categoria. Ao longo de oito anos, enquanto cuidava de transformar a ignorância em virtude, Lula acelerou a decomposição moral do país. O Brasil deste começo de século lembra um grande clube dos cafajestes sustentado por multidões de sobreviventes para os quais a vida consiste em não morrer de fome. Essa sim é a herança maldita.
Se conseguisse envergonhar-se com alguma coisa, o ex-presidente estaria pedindo perdão aos brasileiros por ter institucionalizado a impunidade dos corruptos companheiros. Se não fosse portador da síndrome de Deus, saberia que ninguém tem poderes suficientes para revogar os fatos e decretar a inexistência do mensalão. Como Lula é o que é, continua convencido de que livrará do merecidíssimo castigo os bandidos de estimação.
Neste outono, para perseguir inimigos e, simultaneamente, dispersar os holofotes concentrados no processo à espera de julgamento no Supremo Tribunal Federal, o Grande Pastor ordenou ao rebanho que apressasse a instauração da CPI do Cachoeira. Má ideia. As escavações mal começaram e a Delta Construção, a empreiteira que mais lucrou com as licitações bandalhas do PAC, vai assumindo o papel principal na ópera dos ladrões.
Uma CPI do Cachoeira abrange as maracutaias protagonizadas por um sócio da empresa que ganhou bilhões na construção do Brasil Maravilha de cartório. Para devassar por inteiro a rede de catacumbas,  é necessária uma CPI da Delta. É essencial ouvir o que tem a dizer Fernando Cavendish, porque as coisas vão muito além de Goiás e do Distrito Federal. “Como está o Serginho?”, quis saber Lula de um amigo comum na semana passada. Serginho é Sérgio Cabral, compadre, amigo do peito e parceiro de Cavendish em aventuras bilionárias. Se já não está, logo estará muito mal no retrato.
Lula acha que os leais prontuários infiltrados na CPI manterão as investigações sob controle. Vai descobrir outra vez que pode muito, mas não pode tudo. A CPI acabará tropeçando nos incontáveis corruptos de bom tamanho espalhadas pelo caminho. Um dos mais graúdos enriqueceu como consultor no trecho que passa por Belo Horizonte.
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Fonte: Veja.
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(*) BESTA É TÚ. Moraes Moreira. Os Novos Baianos.
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DELTA [In:] RAPTE-ME CAMALEOA (*)

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O fator Delta




Autor(es): Fernando Gabeira
O Estado de S. Paulo - 27/04/2012
No princípio, alguns políticos queriam excluir a Delta da CPI do Cachoeira. Desistiram. Era como arrancar o delta do alfabeto grego. Depois se falou em concentrar as investigações no eixo Brasília-Goiás. Mas o delta é foz de um rio com muitos braços e canais. Acidente geográfico, a Delta está no Rio de Janeiro.
Da cachoeira à foz, deságua num imenso mar de dúvidas. Não se trata só de uma CPI para dissecar os laços da Delta com Carlos Cachoeira e seus tentáculos na política e nos governos. A ascensão fulminante da empresa e de seu dono, Fernando Cavendish, pode fornecer material para excelente estudo sobre o Brasil moderno. Como se fazem essas fortunas, como se entrelaçam com interesses políticos, como prosperam à sombra do governo e como driblam os frágeis mecanismos de controle? Eis algumas perguntas sobre a mesa.
Isso foi sempre assim, dirão alguns. Mas há algo de singular na meteórica carreira de Cavendish como empreiteiro. O vice de Sérgio Cabral, Luiz Fernando Pezão, afirmou que o segredo do sucesso da Delta era sua agressividade, traduzida em preços mais baixos. Mas a tática da Delta, de acordo com quem entende de licitações, era vencer com preço baixo e correr atrás dos aditivos que eram acrescentados ao valor inicial do projeto. Em alguns casos, de 300%! Se isso era tão evidente para o mercado, como escapou aos experientes responsáveis pelos contratos do governo? Foram todos enganados por um jovem ambicioso?
Segundo algumas reportagens, Cavendish é simpático e bonachão, por isso se aproximou do governador do Rio e se tornou seu amigo íntimo. Os repórteres esqueceram alguns traços que podem trazer ruído à fotografia: ambos gostam de viagens, hotéis caros, cruzeiros de luxo. É possível que uma extraordinária empatia tenha movido a amizade desinteressada deles. Mas seria preciso outro ajuste de imagem. Cavendish diz em gravações que seu método para conquistar políticos é comprá-los. Como pode sair comprando políticos Brasil afora se no Rio, onde grande parte da sua fortuna foi conquistada, usou só seus belos olhos? Pode ser que Cavendish, como Demóstenes Torres, seja um caso de dupla personalidade: no Rio é um santo, fora do Rio, um tremendo predador.
Lendo o que foi publicado, noto outros sinais de pureza nos gestos de Cavendish no Rio. Ele reuniu suas empresas, segundo a imprensa, e as registrou em nome de uma tia, professora em Pernambuco. Havia um programa humorístico em que o ator Miguel Fallabela dizia: "Salvem a professorinha". Cavendish foi tão radical que pôs toda a sua fortuna na mão de uma delas.
Desde o desastre de helicóptero na Bahia em que morreram mulher e filhos de Cavendish, Cabral tenta explicar a amizade dos dois. O Ministério Público do Rio avaliou o caso e concluiu que não havia nenhuma ilegalidade, mas isso será revisto por um colegiado.
Cabral tende muito a proteger a privacidade de sua relação com Cavendish. Desmentiu logo que seria padrinho de um dos filhos dele: "Compadre, não. Somos só bons amigos". Na verdade, é uma proteção que estende a todos os seus amigos empresários. Indício dela é o fato de não divulgar quantas vezes e com quem viajou pelo mundo, o que deveria ser público para quem exerce o cargo de governador. Houve várias tentativas de obter a lista no Rio. Em vão. Novas tentativas foram feitas via Câmara dos Deputados. De novo em vão, o PMDB não abandona os seus. Como jornalista, é preciso reconhecer que a imprensa não se interessou pelas constantes viagens de Cabral, provavelmente com família, babás, caros hotéis no exterior. No meu tempo de jovem repórter, isso era notícia. Agora é só uma ironia aqui e ali, piada. Mas notícia mesmo, texto e fotos, nada apareceu ao longo dos seis anos em que Cabral descobriu o mundo.
Não questiono a amizade dos dois nem o que lhes parece uma boa vida em Paris. Mas a falta de transparência protegeu a Delta. Suas obras seriam julgadas sob outro crivo e suas vitórias nas concorrências, examinadas com lupa. Obras sem licitação após os temporais na Serra Fluminense? Nem pensar.
Cabral e Cavendish podem esconder os detalhes de sua relação em nome da privacidade. Mas ela é um pedaço do Brasil moderno. Merece estudo, pesquisa, quem sabe até novela ou filme: jovens simpáticos e bonachões que conquistaram o Rio, viveram tragédias, viajaram pelo mundo e, com os serviços profissionais do ex-ministro José Dirceu, exportaram sua energia positiva para o Planalto: a Delta transformou-se na grande empreiteira do PAC.
Em 2010, quando denunciei os laços de Cabral com Cavendish, o TRE-RJ tirou o programa do ar e mais tarde me condenou a pagar multa. Recorri, por meio do advogado do partido. Era só o que faltava, derrotado na eleição, não tinha como pagar multa. O caso caiu nas mãos do presidente do TRE, Luiz Sveiter, que se considerou suspeito para julgá-lo e o passou adiante. A gente vai perdendo tudo, mas o humor eles próprios não nos deixam perder. Uma grande ajuda que a CPI do Cachoeira dará à geografia política do Brasil é iluminar a Delta, com todos os seus braços e canais. E trazer um pouco de transparência ao complexo sistema de dominação fluminense, em que se entrelaçam todos os Poderes, muitas vezes até o quarto poder, com objetivo de nos ocultar parte da verdade.
Numa CPI tudo pode acontecer. Quem sabe Cabral e Cavendish vivem uma amizade desinteressada e o esquema de proteção que envolve o governador não é só uma conspiração do bem contra invasores da privacidade alheia? Como neste momento tudo é suposição, que tal começar pelas obras, seus preços e sobrepreços, maracutaias e maracanãs? Há uma história material a desvendar e só os fatos podem separar a realidade da fantasia.
Não sei se a CPI vai descobrir muita coisa. Na verdade, minha experiência mostrou que ela suscita mais descobertas do que propriamente as faz. De longe, só posso dizer que o Rio continua lindo, nada deveria impedir o Brasil de conhecê-lo melhor. O Rio de Janeiro, fevereiro e março, alô, alô, Cachoeira, aquele abraço.
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(*) RAPTE-ME CAMALEOA (Caetano Veloso).

''Rapte-me camaleoaAdapte-me a uma cama boa..."---

MEIO AMBIENTE-MUNDO-BRASIL [In:] APENAS UM ''MEIO''...

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Vende-se a natureza




Autor(es): Frei Betto
Correio Braziliense - 27/04/2012

Escritor, é autor, em parceria com Marcelo Barros, de O amor fecunda o Universo - Ecologia e espiritualidade (Agir), entre outros livros
Às vésperas da Rio+20 é imprescindível denunciar a nova ofensiva do capitalismo neoliberal: a mercantilização da natureza. Já existe o mercado de carbono, estabelecido pelo Protocolo de Kyoto (1997). Ele determina que países desenvolvidos, principais poluidores, reduzam as emissões de gases de efeito estufa em 5,2%.
Reduzir o volume de veneno vomitado por aqueles países na atmosfera implica subtrair lucros. Assim, inventou-se o crédito de carbono. Uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) equivale a um crédito de carbono. O país rico ou suas empresas, ao ultrapassar o limite de poluição permitida, compra o crédito do país pobre ou de suas empresas que ainda não atingiram seus respectivos limites de emissão de CO2 e, assim, fica autorizado a emitir gases de efeito estufa. O valor dessa permissão deve ser inferior à multa que o país rico pagaria, caso ultrapassasse seu limite de emissão de CO2.
Surge agora nova proposta: a venda de serviços ambientais. Leia-se: apropriação e mercantilização das florestas tropicais, florestas plantadas (semeadas pelo ser humano) e ecossistemas. Devido à crise financeira que afeta os países desenvolvidos, o capital busca novas fontes de lucro. Ao capital industrial (produção) e ao capital financeiro (especulação), soma-se agora o capital natural (apropriação da natureza), também conhecido por economia verde.
A diferença dos serviços ambientais é que não são prestados por uma pessoa ou empresa; são ofertados, gratuitamente, pela natureza: água, alimentos, plantas medicinais, carbono (sua absorção e armazenamento), minérios, madeira etc. A proposta é dar um basta a essa gratuidade. Na lógica capitalista, o valor de troca de um bem está acima de seu valor de uso. Portanto, tais bens naturais devem ter preços.
Os consumidores dos bens da natureza passariam a pagar, não apenas pela administração da "manufatura" do produto (como pagamos pela água que sai da torneira em casa), mas pelo próprio bem. Ocorre que a natureza não tem conta bancária para receber o dinheiro pago pelos serviços que presta. Os defensores dessa proposta afirmam que, portanto, alguém ou alguma instituição deve receber o pagamento — o dono da floresta ou do ecossistema.
A proposta não leva em conta as comunidades que vivem nas florestas. Uma moradora da comunidade de Katobo, floresta da República Democrática do Congo, relata: "Coletamos lenha, cultivamos alimentos e comemos. A floresta fornece tudo — legumes, todo tipo de animal —, e isso nos permite viver bem. Por isso somos muito felizes com nossa floresta, porque nos permite conseguir tudo que precisamos. Quando ouvimos que a floresta poderia estar em perigo, isso nos preocupa, porque nunca poderíamos viver fora da floresta. E se alguém nos dissesse para abandonar a floresta, ficaríamos com muita raiva, porque não podemos imaginar uma vida que não seja dentro ou perto da floresta. Quando plantamos alimentos, temos comida, temos agricultura e também caça, e as mulheres pegam siri e peixe nos rios. Temos diferentes tipos de legumes, e também plantas comestíveis, frutas e todo de tipo de coisa que comemos, que nos dá força e energia, proteínas, e tudo mais que precisamos".
O comércio de serviços ambientais ignora essa visão dos povos da floresta. Trata-se de um novo mecanismo de mercado, pelo qual a natureza é quantificada em unidades comercializáveis.
Essa ideia, que soa como absurda, surgiu nos países industrializados do hemisfério Norte na década de 1970, quando houve a crise ambiental. Europa e EUA tomaram consciência de que os recursos naturais são limitados. A Terra não tem como ser ampliada. E está doente, contaminada e degradada.
Frente a isso, os ideólogos do capitalismo propuseram valorizar os recursos naturais para salvá-los. Calcularam o valor dos serviços ambientais entre US$ 16 trilhões e US$ 54 trilhões (o PIB mundial, a soma de bens e serviços, totaliza US$ 62 trilhões). "Está na hora de reconhecer que a natureza é a maior empresa do mundo, trabalhando para beneficiar 100% da humanidade — e faz isso de graça", afirmou Jean-Cristophe Vié, diretor do Programa de Espécies da IUCN, principal rede global pela conservação da natureza, financiada por governos, agências multilaterais e empresas multinacionais.
Em 1969, Garret Hardin publicou o artigo "A tragédia dos comuns" para justificar a necessidade de cercar a natureza, privatizá-la, e assim garantir sua preservação. Segundo o autor, o uso local e gratuito da natureza, como o faz uma tribo indígena, resulta em destruição (o que não corresponde à verdade). A única forma de preservá-la para o bem comum é torná-la administrável por quem possui competência — as grandes corporações empresariais. Eis a tese da economia verde.
Ora, sabemos como elas encaram a natureza: como mera produtora de commodities. Por isso, empresas estrangeiras compram, no Brasil, cada vez mais terras, o que significa uma desapropriação mercantil de nosso território.
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