PENSAR "GRANDE":

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[NÃO TEMOS A PRESUNÇÃO DE FAZER DESTE BLOGUE O TEU ''BLOGUE DE CABECEIRA'' MAS, O DE APENAS TE SUGERIR UM ''PENSAR GRANDE''].
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“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.

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''Os Economistas e os artistas não morrem..." (NHMedeiros).

"O Economista não pode saber tudo. Mas também não pode excluir nada" (J.K.Galbraith, 1987).

"Ranking'' dos políticos brasileiros: www.politicos.org.br

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# 38 RÉUS DO MENSALÃO. Veja nomes nos ''links'' abaixo:
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sábado, junho 19, 2010

EDITORIAL [In:] ELEIÇÕES. PSDB avisa!!!

Entrevista: José Serra

"Ouvir, argumentar, decidir"

O candidato do PSDB à Presidência da República diz que o loteamento de cargos no governo do PT turbinou a corrupção e dá sua receita de governabilidade sem clientelismo


Eurípedes Alcântara e Fábio Portela

"A manutenção da estabilidade
é inegociável. Isso significa
manter a inflação baixa"
Paulo Vitalle


Nenhum outro político brasileiro tem no currículo uma vida pública como a de José Serra, 68 anos, candidato do PSDB à sucessão de Lula. Jovem, presidia a União Nacional dos Estudantes (UNE) quando veio o golpe de 64, que o levou ao exílio, expatriação que duraria até 1978. De volta ao Brasil com diploma de economia no bolso, foi secretário do Planejamento, deputado constituinte, senador, ministro do Planejamento e da Saúde, prefeito e governador. Sobre Dilma Rousseff, ele diz: "Hoje me choca ver gente que sofreu sob a ditadura no Brasil cortejando ditadores que querem a bomba atômica, que encarceram, torturam e matam adversários políticos, fraudam eleições, perseguem a imprensa livre, manipulam e intervêm no Legislativo e no Judiciário. Isso é incompatível com a crença na democracia e o respeito aos direitos humanos".

O senhor já enfrentou todo tipo de adversário em eleições, mas, desta vez, a se fiar nas palavras do presidente Lula, vai concorrer com um "vazio na cédula", preenchido com o nome de Dilma Rousseff. Afinal, quem é seu adversário nesta eleição?
Só tenho a certeza de que não vai ser Lula, cujo mandato termina no próximo dia 31 de dezembro. Adversários são todos os demais candidatos à Presidência da República. Por trás dos nomes na tela da urna eletrônica há a história, as propostas e a credibilidade de cada um. Minha obrigação é me apresentar aos brasileiros sem subestimar nem superestimar os demais. Deixemos que os eleitores julguem. É muito bom que os candidatos sejam diferentes entre si
e também em relação aos presidentes que já deram sua contribuição ao Brasil. A beleza da vida está justamente em cada um ter seus próprios atributos.

Depois que os repórteres da sucursal de VEJA em Brasília desvendaram uma tentativa de aloprados do PT de, uma vez mais, montar uma central de bisbilhotagem de adversários, as operações foram desautorizadas pela cúpula da campanha. O senhor responsabiliza a candidata Dilma Rousseff diretamente pelas malfeitorias ali planejadas?
Só cabe lamentar e repudiar as tentativas de difusão de mentiras, de espionagem, às vezes usando dinheiro público, às vezes usando dinheiro de origem desconhecida, como em 2006. São ofensas graves e crimes que ferem até mesmo direitos básicos assegurados pela Constituição brasileira. Isso não é honesto com o eleitor. É coisa de gente que rejeita a democracia. A candidata disse que não aprova esse tipo de atitude, mas não a repudiou, não pediu desculpas públicas nem afastou exemplarmente os responsáveis. Essa reação tímida e a tentativa de culpar as vítimas fazem dela, a meu ver, responsável pelos episódios.

Por que para a democracia brasileira é positivo experimentar uma alternância de poder depois de oito anos de governo Lula?
Querer se pendurar no passado é um erro, não de campanha, mas em relação ao país. Eleição diz respeito ao futuro. Por isso, a questão que se coloca agora aos eleitores é escolher o melhor candidato, aquele que tem mais condições de presidir o Brasil até 2014. Eu ofereço aos brasileiros a minha história de vida e as minhas realizações como político e administrador público. Ofereço as minhas ideias e propostas. Espero que os demais candidatos façam o mesmo, para que os brasileiros possam comparar.

Como o senhor conseguiu governar a cidade e o estado de São Paulo sem nunca ter tido uma única derrota importante nas casas legislativas e sem que se tenha ouvido falar que lançou mão de "mensalões" ou outras formas de coerção sobre vereadores e deputados estaduais?
Em primeiro lugar, é preciso ter princípios firmes, não substituir a ética permanente pela conveniência de momento. É vital ter e manifestar respeito à oposição, ao Judiciário, à imprensa e aos órgãos controladores. Exerci mandatos de deputado e senador durante onze anos. Todos os que conviveram comigo no Congresso sabem que minhas moedas de troca são o trabalho, a defesa de ideias e propostas, o empenho em persuadir os colegas de todos os partidos e regiões. O segredo está em três palavras: ouvir, argumentar, decidir. Há o mito de que emendas de deputado são sempre ruins. Não são. Na maioria das vezes, elas visam a resolver ou aliviar problemas reais que afligem as pessoas de sua região. Portanto, atender os deputados segundo critérios técnicos é atender seus eleitores. Outra coisa fundamentalmente diferente é distribuir verbas ou cargos em troca de votos. Isso eu nunca fiz e nunca farei.

O PT fez?
Fez. Cito como exemplo as agências que criei quando fui ministro da Saúde, a Anvisa e a ANS. Sabendo como eu atuo, nenhum parlamentar, nem mesmo os do meu partido, sequer me procurou em busca de alguma indicação. Eles sabiam que não teriam êxito. E qual é a situação agora? O atual governo loteou totalmente as agências entre partidos, fatiando-as entre grupos de parlamentares e facções de um mesmo partido. A mesma partilha se abateu sobre os Correios e sobre a maioria – se não todos – dos órgãos públicos. O loteamento foi liberado e se generalizou. Essa prática é uma praga que destrói a capacidade de gestão governamental e turbinou como nunca a corrupção. Mais ainda, a justificativa oferecida foi a de que se tratava de "um mal necessário" para garantir a governabilidade. Se eleito, vou acabar com isso à base de um tratamento de choque.

Por que criar um Ministério da Segurança Pública e como ele atuaria exatamente no combate ao crime, que, no atual regime federativo, é uma atribuição estadual?
A segurança é um problema em todos os estados. Portanto, é um problema nacional. O governo federal e o presidente, que é o chefe do governo, não podem mais fingir que o problema da segurança está equacionado. Não está. Segurança é um dos três grandes problemas do Brasil. Temos de enfrentá-lo. O Brasil não pode continuar a ter 50 000 homicídios por ano. É um número escandaloso. Apenas o crescimento econômico não arrefece os criminosos. O Nordeste é um exemplo disso. A região experimentou um crescimento expressivo, mas a população sofre com a explosão da criminalidade. Só a Presidência da República reúne as condições para coordenar uma ação nacional da magnitude que o problema exige. Precisamos criar um SUS da segurança. O Ministério da Segurança será o símbolo e a ferramenta dessa prioridade. Com ele, estou dizendo o seguinte: brasileiros, vamos encarar o desafio para valer, vamos resolver essa situação. Esse será meu compromisso como presidente.

Falando em federação, como concertar com os governadores uma reforma tributária em que ninguém se sinta lesado ou pagando a conta?
É menos complicado do que parece, e nem é necessário mexer na Constituição. Para começar, é preciso aprovar uma lei que preveja que os impostos sejam explicitados nos preços das mercadorias. Isso aumentará a consciência das pessoas a respeito da carga tributária. Em São Paulo, fizemos uma lei para criar a Nota Fiscal Paulista, um instrumento de grande sucesso através do qual 30% do imposto estadual sobre o varejo é devolvido aos contribuintes, com crédito direto na conta bancária. Vamos criar a Nota Fiscal Brasileira, para devolver parte dos tributos federais. A reforma que farei vai aliviar a carga tributária incidente sobre os indivíduos, desonerar os investimentos, simplificar a formidavelmente complexa estrutura de tributos atuais. Além disso, restabeleceremos a neutralidade em relação à distribuição de recursos. É uma proposta coerente.

Segundo o folclore, o senhor seria seu próprio ministro da Fazenda, seu ministro do Planejamento, seu presidente do Banco Central e seu ministro da Saúde...
Nossa! É folclore mesmo. Quem trabalha ou trabalhou comigo sabe que não centralizo a administração, que dou grande autonomia às diferentes áreas. Fixo metas, objetivos, acompanho, cobro, mas nunca imponho nada exótico ou irrealista. E mais: tenho grande capacidade de ouvir.

Como seria a política econômica em um eventual governo Serra? Qual é o perfil ideal para o cargo de ministro da Fazenda?
A manutenção da estabilidade é inegociável. Isso significa manter a inflação baixa. Com a combinação dos regimes fiscal, monetário e cambial, caminharíamos sem rupturas para um ambiente macroeconômico cujo resultado inevitável seria a trajetória descendente dos juros. Uma taxa de juros menor é, aliás, condição para atrair mais investimentos privados destinados à infraestrutura, sem ter de dar os subsídios que hoje distorcem o processo. Quanto mais alta a taxa real de juros, maior é a taxa interna de retorno exigida pelos investidores privados em infraestrutura. Para compensar o juro alto, o governo é obrigado a dar subsídios.

E o perfil do seu ministro da Fazenda?
É preciso ganhar a eleição primeiro. Mas sempre cuidei de reunir à minha volta, na administração e no Congresso, pessoas preparadas, prudentes, com reconhecido espírito público. Escolho gente experiente, com senso prático e desapegada de doutrinas – ou que, pelo menos, prefere acertar abandonando suas convicções acadêmicas a errar por fidelidade a elas. No governo federal, será desse mesmo jeito. Precisarei ter comigo auxiliares que entendam que a política econômica é um processo político também. Na política, para fazer com que as
coisas aconteçam, você tem de se equilibrar sobre o fio da navalha. É uma eterna balança entre paralisar-se por se aferrar a certas concepções ou abandoná-las de vez e se perder no caminho. Isso fica claro na negociação política. É menos evidente mas tão válido quanto na condução da política econômica.

Dê o exemplo de um economista que preencha os requisitos acima, a quem o senhor admire e com quem ainda não trabalhou.
Olhe lá! Não estou fazendo nenhuma nomeação antecipada. Mas teria muitos exemplos. Um deles? O Arminio Fraga, como perfil. Sabe economia, é pragmático, não doutrinário. Soube navegar em mar revolto e deu enorme contribuição à estabilidade econômica do país ao instituir o regime de metas de inflação.

Por que no Brasil, apesar do enorme destaque atual no cenário da economia mundial, a discussão de política econômica é sempre revestida de ansiedade, como se vivêssemos em um estado permanente de emergência?
O instantâneo da economia brasileira é realmente bastante satisfatório. Não diria o mesmo sobre o filme. Ou seja, se não forem corrigidas a tempo, as distorções atuais podem se desenvolver de maneira desfavorável. Essa é uma questão complexa que, infelizmente, talvez não possa ser tratada da maneira que merece em um clima de campanha, muito menos no escopo de uma entrevista. Mas, a título de fazer refletir, sugiro que se comece por responder a certas questões. A saber, por que razão o Brasil tem a maior taxa real de juros do mundo, a maior carga tributária do mundo em desenvolvimento e é lanterninha nas taxas de investimento governamental do planeta? Por que o suado dinheiro dos contribuintes brasileiros não está sendo bem aplicado em investimentos na infraestrutura econômica e social que garantam o crescimento sustentado da economia? É evidente que há um problema com esse modelo. É essa a discussão que precisa ser feita no Brasil.

O que o senhor faria para consertar esse modelo?
Tenho experiência para equacionar as principais questões, a partir do primeiro dia de trabalho, caso eleito. Não existe uma bala mágica, um golpe que bem aplicado resolva todos os problemas. Isso exige um leque de ações coordenadas e bem planejadas, muitas das quais citei aqui e tenho exposto em fóruns e seminários. Minhas passagens pelo Executivo federal, estadual e municipal me permitem afirmar que, para começar, na saúde, mesmo sem gastar muito mais do que é gasto hoje, seria possível fazer uma revolução com resultados positivos a curto prazo. Na educação, logo no início do governo, trabalharia para atingir a meta de abrir 1 milhão de novas vagas em escolas técnicas de nível médio em todo o país, com cursos de duração variada e vinculados à vocação econômica de cada região e localidade. O Brasil tem pressa e precisa aproveitar o ciclo da economia mundial altamente favorável aos países emergentes. Temos de aproveitar o empuxo desse ciclo e emergir dele com uma economia moderna, exportadora de produtos de alto valor agregado, produzidos aqui por uma mão de obra sadia, preparada e consciente de que para ela o futuro chegou.

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VEJA.

EDITORIAL [In:] ABENÇOADO ''TWITTER'' ...

Especial

O pássaro que ruge

O locutor esportivo mais conhecido do Brasil foi alvo da campanha "Cala boca Galvão" no Twitter, que mostrou até onde a rede de 140 caracteres pode levar um assunto: o mundo


Jadyr Pavão Júnior e Rafael Sbarai
Joel Silva/Folhapress
"SALVEM O GALVÃO"
Imagem do vídeo que se seguiu à frase do Twitter: grandes jornais e sites de notícias se interessaram pelo assunto.



Ferir com palavras, pondo para circular histórias falsas com o objetivo de irritar ou destruir alguém, é uma prática tão antiga quanto a história humana. A humanidade viajava ainda à velocidade de 16 quilômetros por hora das carroças, mas as notícias ruins e fofocas já pareciam ter asas. As línguas de trapo mal esperavam o conquistador romano Júlio César, talvez o mais celebrado general e estadista de todos os tempos, sair de Roma para começar seu trabalho de intriga e destruição. Conforme registrou o historiador Gaius Suetonius Tranquillus, morto por volta do ano 122 da era cristã, o patriciado "punha para circular histórias" dando conta de que César arrancava todos os pelos do corpo com pinças e era chamado de "marido de todas as esposas e esposa de todos os maridos". Foi assim antes com gregos, macedônios e egípcios. As maledicências continuaram viajando mais rápido na Idade Média, durante e depois da Revolução Industrial. O que há de novo nesse campo? A internet. Se já voavam de ouvido em ouvido, as fofocas e falsidades ganharam o dom da instantaneidade com os milhões de computadores, celulares e tablets de todo o planeta interconectados por uma rede em que, pela primeira vez na história, todas as máquinas se comunicam na mesma linguagem, sem incompatibilidades nem fronteiras.

A fofoca digital pode criar verdadeiros tsunamis que chicoteiam o globo jogando as opiniões de milhões de pessoas de um lado para o outro. Antes que alguém possa verificar a verdade de um fato, sua versão ou versões já se tornaram o fenômeno. O caso que engolfou o locutor Galvão Bueno, a voz oficial das Copas do Mundo e das Olimpíadas nas transmissões da Rede Globo, é uma amostra do poder dessas novas correntes de pensamento criadas na internet. "Cala a boca, Galvão" era uma tirada que já circulava por aí fazia anos. Há pouco mais de uma semana, contudo, ela ganhou o mundo. Postada por usuários no Twitter, a rede social de troca de mensagens de até 140 caracteres, a frase CALA BOCA GALVAO - assim mesmo, em letras maiúsculas, sem vírgula e sem acento - virou hit e se manteve entre os dez assuntos mais comentados do serviço da internet durante toda a semana. Os brasileiros aumentaram a fervura, atribuindo sentidos absurdos à frase: segundo uma das versões, em português, cala boca significaria salve, e galvão, o nome de um pássaro em extinção. Alguns dos maiores sites e jornais do mundo, como o The New York Times, tentaram decifrar a brincadeira, e assim a difundiram ainda mais.

Justin Sullivan/Getty Images
O CONCORRENTE
Mark Zuckerberg, do Facebook: empate com o Twitter no Brasil em número de visitantes únicos


Nascido em 2006 como ferramenta para facilitar a troca de mensagens de trabalho via celular, o Twitter teve uma vida discreta por aproximadamente um ano, até que, durante um festival de música americano, percebeu-se que ele não precisava ficar restrito às empresas. Durante o evento, o número de posts diários saltou de 20 000, em média, para 60 000. Uma luz se acendeu na cabeça de seus criadores - jovens empreendedores do Vale do Silício, na Califórnia, com o programador Biz Stone à frente. A ideia das mensagens curtas não era propriamente uma novidade: os torpedos de celular (SMS) já permitiam apenas 160 caracteres. Mas ao adotar o slogan "O que você está fazendo?" o Twitter se apresentou como uma ferramenta que oferecia algo diferente: um canal para as pessoas dizerem ao mundo o que sentem, pensam ou fazem no exato momento em que teclam. A outra característica crucial do Twitter era permitir que aqueles que de outra forma jamais se aproximariam se ligassem numa rede de seguidos e seguidores. Inicialmente, o esforço para acumular seguidores tinha ares de brincadeira. Ostentar um grande número de fãs era um galardão vazio. Mas, no começo de 2009, quando o ator Ashton Kutcher e a rede de TV CNN disputaram tweet a tweet quem atingiria antes a marca de 1 milhão de seguidores (ele venceu), já estava claro que o Twitter não precisava ser apenas um amplificador de vaidades e irrelevâncias.

Atualmente, há 105 milhões de usuários do Twitter espalhados pelo mundo. Todos os dias, 600 milhões de buscas e 65 milhões de mensagens movimentam a rede. Por mês, são 190 milhões de visitas únicas. Esses números fazem do Twitter a segunda maior rede social do planeta, atrás do Facebook, com mais de 400 milhões de pessoas (a rede Qzone tem 310 milhões de usuários, mas só na China, em mandarim). No Brasil, a ferramenta é vice-campeã em número de acessos, ao lado do Facebook, com 10,7 milhões de visitantes únicos ao mês, atrás do Orkut, com 26,9 milhões.

A sede do Twitter, em São Francisco, reúne um pequeno corpo de funcionários: 175. Como tantas iniciativas revolucionárias da internet, o modelo de negócio da empresa ainda não está claro. Gigantes da web já tentaram "abocanhar o passarinho", símbolo do Twitter. Em 2008, o Facebook teria posto sobre a mesa de seus donos uma oferta de meio bilhão de dólares. Um ano depois, foi a vez do Google. Biz Stone explicou por que as ofertas foram recusadas: "O Twitter está focado em desenvolver novas funcionalidades e em permanecer independente". Em 2009, a empresa fechou as contas no azul graças a uma parceria com Microsoft e Google. Pelo acordo, avaliado em 25 milhões de dólares, as gigantes passaram a incluir tweets nos seus resultados de buscas na web.

AFP
DESAFIO AOS AIATOLÁS
A iraniana Neda Agha-Soltan é baleada durante protesto em Teerã: o Twitter ajudou os manifestantes a expor a repressão


Em quatro anos, o Twitter já provocou impactos na política, nos negócios, na cultura do entretenimento. O exemplo mais extraordinário de suas potencialidades deu-se há um ano, nas eleições iranianas. Em repúdio à reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad, alinhado com o regime ditatorial dos aiatolás, uma fatia da população recorreu à rede para denunciar fraudes na apuração, organizar protestos nas ruas de Teerã e divulgar imagens da repressão policial. O movimento chegou a ser saudado como "revolução do Twitter". "Numa rede como essa, a voz das pessoas comuns ganha enfim dimensão pública", diz Tim Hwang, do Web Ecology Project, centro de estudos sobre a internet da Universidade Harvard.

O Twitter também se mostrou eficaz num contexto político democrático. Nas eleições americanas de 2008, o então candidato democrata Barack Obama fez uso da ferramenta para mobilizar a militância, arrecadar fundos e conquistar novos eleitores. No Brasil, os três principais candidados à Presidência - José Serra, Dilma Rousseff e Marina Silva - tuítam. "Todos os políticos brasileiros vão querer ser o Obama da eleição deste ano", vaticina Alex Primo, pesquisador de redes sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Com base nos dados do IBGE e do Comitê Gestor da Internet no Brasil, o consultor em marketing digital Cláudio Torres calcula que 18% do eleitorado é formado por jovens entre 18 e 24 anos com acesso à internet - e, portanto, expostos às campanhas on-line.

O mundo empresarial já abraça o Twitter, uma ferramenta poderosa para anunciar e interagir com os consumidores. Uma pesquisa realizada em fevereiro com companhias americanas reflete a tendência. Segundo a Society for New Communications Research, mais de um terço das 500 maiores empresas listadas pela revista Fortune usa o Twitter de forma consistente. Companhias de diversos segmentos utilizam a rede para se relacionar com o seu público de forma mais íntima e instantânea, além de oferecer promoções exclusivas aos seus seguidores. O ator Ashton Kutcher, que, antes de bater a CNN, era mais conhecido como o namorado bonitão da atriz Demi Moore, foi outro que aprendeu a fazer negócios no Twitter. Ele dominou tão bem a arte de falar com seguidores em 140 caracteres que se tornou uma espécie de guru. Abriu uma consultoria, a Katalyst, voltada às novas mídias.

No campo do entretenimento, o Twitter transforma anônimos em famosos e abre novos horizontes para os célebres. No Brasil, quem despontou graças aos microposts foi Tessália Serighelli de Castro, que até adotou o apelido Twittess em homenagem à mãozinha recebida do Twitter. Colecionadora de 60 000 fãs quando ainda era anônima, ela foi convidada pela Globo para participar do Big Brother Brasil 10. O âncora do Jornal Nacional, William Bonner, está no segundo time, dos usuários que, já célebres, abriram uma nova seara na rede. Ele aumentou sua claque de seguidores à base de comentários fortuitos sobre o noticiário, recados para a mulher, Fátima Bernardes, e consultas como: "Que gravata usar na próxima edição do Jornal Nacional?". As mensagens curtas se mostraram propícias a bate-bocas inusitados. Na semana passada, em um de seus monólogos radiofônicos, o ditador venezuelano Hugo Chávez jurou que Ricky Martin era um chavista. O cantor acionou imediatamente seu 1,2 milhão de seguidores para desmentir o coronel. O ex-menudo ainda emendou, usando uma hashtag, marcação típica do Twitter: "# free Venezuela". ("Libertem a Venezuela").

Em boa parte do tempo, o Twitter é uma espécie de vuvuzela da internet, que apenas amplifica o nada. Mas, por sua velocidade, mobilidade e alcance, é uma plataforma que, em certas circunstâncias, parece "dar poder ao homem comum", como gostam de dizer alguns teóricos. "É como se cada indivíduo tivesse seu próprio meio de comunicação", diz o sociólogo francês Michel Maffesoli. Empresas e celebridades já se viram em apuros por causa do Twitter. Formou-se um certo conhecimento sobre como agir nessas situações. No episódio do CALA BOCA, a Globo mobilizou artistas de seu elenco acostumados a usar a rede para que defendessem Galvão Bueno. Na terça-feira, dia da estreia do Brasil na Copa, a emissora fez com que Galvão falasse do episódio numa entrevista. Ele disse aceitar tudo como brincadeira, e isso minimizou os danos à sua imagem. Mas o passarinho do Twitter deixou sua marca no ombro do locutor.

Bem, amigos...

Divulgação
A VOZ DO BRASIL
Com façanhas marcantes e gafes inesquecíveis, Galvão Bueno é, há mais de trinta anos, o narrador esportivo número 1 do país


Desde 1978, quase todas as glórias e tristezas do esporte brasileiro chegaram aos olhos, ouvidos e corações dos telespectadores pela narração rascante, emocionada e ufanista do locutor carioca Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno, que está às vésperas de completar 60 anos. Fosse a conquista do pentacampeonato mundial de futebol de 2002 - quando transmitia os gols de Ronaldo, Ronaldinho e Rivaldo multiplicando os erres até não poder mais, uma de suas marcas registradas -, a morte na pista, em 1994, de seu amigo Ayrton Senna, cujos 41 triunfos ele anunciava ao som do Tema da Vitória, ou as medalhas olímpicas do vôlei, lá estava no ar a voz mais ouvida do país.

Dono de uma audiência cativa, Galvão Bueno é tão admirado que em qualquer estádio em que esteja presente são desfraldadas faixas nas arquibancadas com seu nome. E ao mesmo tempo tão achincalhado - nos jogos, na imprensa, nos programas humorísticos, na internet - que teria todos os motivos do mundo para andar de mau humor. Ele acha graça de tudo, sempre sorridente, falando sem parar, cheio de si, dono da verdade, a começar pelo episódio da campanha "Cala boca Galvão".

Capaz de narrar com precisão qualquer esporte, dono de timbre impecável e raciocínio rápido, Galvão é autor de façanhas como a de pedir aos telespectadores que piscassem as luzes de casa durante os jogos que passavam de madrugada na Copa de 2002, realizada na Coreia do Sul e no Japão. O país inteiro virava um vaga-lume. Só um personagem com seu poder, em uma emissora como a Globo, poderia provocar uma reação desse tamanho. Mas, da mesma forma que se orgulha disso, ele lamenta alguns momentos constrangedores que protagonizou. Dois ficaram para a história. Um foi seu grito esganiçado, quase histérico, "é tetra, é tetra!" em 1994, ao lado de Pelé e do comentarista de arbitragem Arnaldo Cézar Coelho. O outro aconteceu na Copa de 1974, quando narrou por um pool de três emissoras paulistas, diretamente de um estúdio brasileiro, a partida entre Alemanha Oriental e Austrália pensando que estivessem jogando Bulgária e Sué-cia. Só percebeu o desastre depois que as imagens transmitidas da Alemanha mostraram no placar do estádio quais seleções de fato estavam em campo. Apreciador de vinhos de qualidade, lançará em agosto um tinto e um espumante gaúchos com seu nome. Com um salário estimado em 1 milhão de reais por mês, Galvão mora a maior parte do tempo em Mônaco, mas tem também endereços no Rio de Janeiro e em Londrina (PR), cidade de sua segunda mulher. Acusado de ufanismo, tira a referência de letra, como fez no caso do Twitter. "Sou um torcedor-narrador, e daí?", responde. "Meu trabalho é passar emoção a quem está em casa." Bem, amigos, o homem é mesmo um prodígio.