PENSAR "GRANDE":

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[NÃO TEMOS A PRESUNÇÃO DE FAZER DESTE BLOGUE O TEU ''BLOGUE DE CABECEIRA'' MAS, O DE APENAS TE SUGERIR UM ''PENSAR GRANDE''].
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“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.

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''Os Economistas e os artistas não morrem..." (NHMedeiros).

"O Economista não pode saber tudo. Mas também não pode excluir nada" (J.K.Galbraith, 1987).

"Ranking'' dos políticos brasileiros: www.politicos.org.br

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# 38 RÉUS DO MENSALÃO. Veja nomes nos ''links'' abaixo:
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valor ...ria...nine

folha gmail df1lkrha

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quinta-feira, fevereiro 07, 2008

XÔ! ESTRESSE [In:] "SE SEGURA, JOÃO ..." *











[Chargistas: Fausto, Dálcio, Lane, Renato, Lute].

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(*) Adoniran Barbosa - Torresmo à Milanesa [Adoniran Barbosa e Carlinhos Vergueiro].
O enxadão da obra/Bateu onze horas/ Vamo simbora, João/Vamo simbora, João/Que é que você troxe/ Na marmita, Dito?/Truxe ovo frito/Truxe ovo frito/(...)/Vamos armoçá/ Sentados na calçada/ Conversar sobre isso e aquilo/ Coisas que nóis/ Não entende nada (...)/[É dureza João! 3x]. O mestre falô/Que hoje não tem vale, não/Ele se esqueceu/Que lá em casa num só eu... [É dureza João! 3x]".


CARTÃO CORPORATIVO: "SIGILO TOTAL..." *

Governo defende cartão como melhor forma de fiscalizar gastos

O governo voltou a defender o cartão corporativo como a melhor alternativa para fiscalizar os pequenos gastos públicos. Mas reconhece que é preciso mais rigor para controlar abusos e a grande quantidade de saques em dinheiro. dinheiro.
Veja o site do Jornal Nacional
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse que o governo aprovou um decreto para reduzir os saques com os cartões. Ela disse que o volume do total de recursos gastos com despesas emergenciais caiu no governo Lula, e que o governo já adotou as sugestões do Tribunal de Contas da União (TCU) para prevenir irregularidades. “Nós somos inteiramente a favor do cartão, porque ele é rastreável e transparente. Estamos reduzindo sistematicamente os saques. Não se paga despesa pessoal com eles. Não se pode usar o saque em conta corrente pra pagar conta pessoal”, advertiu a ministra.
Esteira ergométrica
A dona de uma loja de material esportivo em São Bernardo do Campo (SP) confirmou a compra com o cartão corporativo de pesos e barras para exercícios físicos por seguranças da Presidência da República. Nesse fim de semana, o jornal “Folha de S.Paulo” informou que os seguranças do presidente Lula e parentes, em São Bernardo, gastaram, em três anos, R$ 149 mil. De acordo com o jornal, foram compradas esteiras ergométricas e material de construção. Os seguranças pessoais de Lurian, filha do presidente Lula, que mora em Florianópolis, também gastaram R$ 55 mil. Nesta quarta-feira (6), o ministro-chefe do gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, Jorge Félix, disse que a família do presidente tem direito por lei à segurança 24 horas por dia. E que não houve nenhuma irregularidade nos gastos.
Governo estuda tirar dados da internet
Os comprovantes, segundo ele, estão à disposição dos órgãos de fiscalização. Mas disse que estuda a retirada das informações da internet, por questões de segurança. Ele disse que, pelas características das compras, alguém poderia deduzir o número de seguranças que estão à disposição do presidente. “As informações que, no nosso entender, trouxerem algum tipo de prejuízo à segurança do presidente e às demais pessoas, essas informações não mais estarão presentes no Portal da Transparência”, disse Félix.
Marinha
Outras áreas do governo também deram explicações. No dia 6 de setembro, uma funcionária do Estado Maior da Armada, ligado à Marinha, pagou R$ 7.150 a um hotel localizado na Avenida Atlântica, em Copacabana. Quatro dias depois, outra funcionária da marinha pagou R$ 7.684 ao mesmo hotel. A seção da Marinha no Portal da Transparência mostra outros pagamentos curiosos, como o gasto no mesmo dia – três de setembro, de R$ 41 em chocolates finos e R$ 100 em flores. Além de compras no valor de R$ 935 em uma loja de pedras brasileiras. Em nota, o Comando da Marinha disse que os gastos realizados com os cartões corporativos foram decorrentes de visitas oficiais, especialmente de dignitários de outras Marinhas, e que as funcionárias que pagaram hotéis, chocolates e flores são oficiais da Marinha responsáveis pela coordenação de eventos que envolvem autoridades estrangeiras.
Inmetro
No Inmetro de Goiás, no ano passado, o cartão foi usado exclusivamente para saques: mais de R$ 250 mil. A direção do Inmetro em Goiás disse que o dinheiro foi usado para cobrir despesas de viagens dos servidores. Na semana passada, três ministros tiveram de explicar os gastos com cartão corporativo e estão sendo investigados pela Controladoria-Geral da União (CGU). A ministra Matilde Ribeiro pediu demissão, depois de admitir erro ao usar o cartão para compras e aluguéis de carros, segundo ela, em missões oficiais.
CPI
O Congresso Nacional voltou nesta quarta-feira (6) ao trabalho, e o principal assunto foram as denúncias de uso indevido dos cartões de crédito do governo. Até líderes governistas passaram a defender a criação de uma CPI sobre o caso. Ao comentar o pedido de CPI, alguns deputados reconheceram que os gastos da Câmara também não têm a transparência que deveriam. E citaram como exemplo a verba indenizatória de R$ 15 mil recebida por eles durante as férias de janeiro. A oposição defendeu uma CPI para investigar os gastos com os cartões corporativos . O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), se antecipou e apresentou o pedido de abertura da CPI. “O governo, assim, demonstra que não tem nenhum medo de qualquer esclarecimento que seja necessário prestar”, disse Jucá. “O governo quer fazer investigação. Quer fazer de agora para trás. Nós aceitamos investigar até o Pedro Álvares Cabral”, disse o democrata Demóstenes Torres (GO).
G1./notícias políticas. 0602.
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(*) Amante Profissional. [Composição: Banda Herva Doce]. "Pra qualquer tipo de transação/ Sem compromisso emocional só financeiro/ E o endereço pra comunicação/ Prá caixa postal do amante profissional/Amor sem preconceito/ Sigilo total, (...)"

BRASIL/IGREJAS: ECUMENISMO CONTRA O ABORTO

Igreja lança sua maior ofensiva contra a prática do aborto no Brasil

Sob o lema "Escolhe, pois, a vida", adotado pela Campanha da Fraternidade de 2008, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou ontem a maior ofensiva da Igreja contra a proposta de legalização do aborto no País. Também estão sendo combatidas quaisquer intenções de se permitir eutanásia (procedimento que antecipa a morte de um doente incurável) e pesquisas com embriões humanos. A escolha do tema, apresentado na sede da CNBB, em Brasília, abre uma linha de fogo contra três medidas polêmicas apoiadas pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, e por importantes setores do governo. A campanha da fraternidade tradicionalmente elege temas consensuais, como paz no trânsito, justiça social, juventude e família. No Brasil, o aborto só é permitido nas hipóteses de estupro ou risco de morte para a mãe. Temporão acha que a proibição para os demais casos - saúde física e mental, situação econômica da mãe ou deficiência do feto - é fruto de preconceito machista. Ele defende que o tema seja decidido sob a ótica da saúde pública, já tendo defendido realização de plebiscito. Mas a Igreja é radicalmente contra as iniciativas do governo e do Congresso para ampliar as hipóteses de aborto legal, segundo informou o secretário-geral da CNBB, d. Dimas Lara Barbosa.
REVOGAR LEI DE 1940
E não ficará por aí: "Está no nosso horizonte, num segundo momento, lutar para revogar a permissão legal do aborto nos casos já permitidos", disse d. Dimas, citando o exemplo de uma santa canonizada por ter preferido morrer para permitir que o filho nascesse. No lançamento da campanha, que teve o depoimento de médicos antiaborto e de notáveis como dona Zilda Arns, criadora da Pastoral da Criança, a CNBB usou uma série de argumentos religiosos, científicos, políticos e éticos para mostrar que o aborto, além de ferir a dignidade da mulher, atenta contra o direito à vida dos bebês e viola os direitos humanos. Apelou até para o argumento duvidoso de que o aborto seria a principal causa de câncer de mama, a doença que mais mata mulheres no Brasil. Preocupado com a mobilização católica, o governo mandou dois representantes ao lançamento da campanha: o chefe-de-gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, e o secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, que se manteve quieto. Ouvido pelo Estado, Temporão evitou polemizar. "Acho importante que o tema continue sendo debatido e a igreja é um bom espaço para que isso ocorra", disse. Mas ele não recua de suas convicções favoráveis à descriminação do aborto e não acredita em retaliações da Santa Sé, como a ameaça de excomunhão, feita pelo papa Bento XVI, contra os defensores da medida. "Que o resultado dessas discussões seja levado ao fórum adequado, que é o Congresso'''', completou. Para d. Dimas, lutar pelo direito à vida e contra o aborto não é um dogma religioso, mas "constatação a partir de análises sérias da boa ciência". Para ele, o aborto é questão ética e não de saúde pública. No segundo semestre, está prevista uma plenária dos organismos latino-americanos de defesa da vida. A CNBB vai também procurar Temporão e outros dirigentes do Executivo, além de ONGs que, na avaliação de d. Dimas, "fazem manipulação de dados" em defesa do aborto. "Não é um embate da Igreja com o governo. Diversos órgãos civis defendem a mesma postura da Igreja e estão articulados conosco pela vida."
FRENTE ECUMÊNICA.
D. Dimas informou que também ganha força uma frente com representantes de várias religiões. A primeira reunião, há um mês, já teria selado um pacto entre católicos, espíritas, evangélicos e movimentos espiritualistas. O secretário-geral da CNBB avaliou ainda que, em eventual plebiscito, o povo se posicionaria contra o aborto, "se esclarecido sobre o tema com isenção e honestidade". Mas ele é contra a realização da consulta. "A defesa da vida é inegociável para nós. Não é (a manifestação de) minoria ou maioria que mudará um valor universal dos cristãos." O cardeal-arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer, reforçou ontem, ao lançar a campanha na cidade, que a oposição à legalização do aborto, da eutanásia e do uso de embriões humanos em pesquisas não é uma questão religiosa, mas de direitos humanos. "A inviolabilidade da vida humana é definida pela Constituição brasileira e pela Organização das Nações Unidas", disse o cardeal.Ao celebrar a Missa de Cinzas, que abriu ontem o período da Quaresma, d. Odilo convidou os fiéis a lutar contra todos os casos de violência e de ameaças à vida humana. "Não podemos aceitar leis contrárias à vida humana", insistiu d. Odilo, acrescentando que, mesmo se não convencer quem defende posições contrárias, a Igreja terá de cumprir o seu dever, que é defender a vida. "Se não conseguirmos frear esses atentados contra a vida, (ao menos) teremos cumprido nosso dever", afirmou o cardeal. É o que, lembrou, tem feito Bento XVI, que enviou mensagem à CNBB. No texto, o papa adverte que todas as ameaças à vida - ele cita o aborto e a eutanásia - devem ser combatidas. D. Odilo admite que a Igreja enfrenta dificuldades para fazer valer seus argumentos quando se trata de salvar a vida da mãe - caso em que o aborto é permitido pela lei brasileira. "A morte da mãe é uma possibilidade sempre lamentável, mas é preciso redimensionar os números usados, pois, segundo o Ministério da Saúde, eles são menores que os divulgados", disse o cardeal. Quanto à alegação de que o uso de pesquisas com células-tronco embrionárias pode salvar outras vidas, d. Odilo argumenta que, "sendo um ser humano, o embrião não pode ser sacrificado, porque a vida humana não é um bem utilizável". A Igreja, acrescentou o cardeal, não se opõe a pesquisas com células-tronco, mas à utilização de embriões.
Estadão, Vannildo Mendes e José Maria Mayrink. 0602.

CARTÃO CORPORTIVO: "VALE-TUDO"

Dez servidores ligados ao gabinete de Lula gastaram R$ 3,6 mi com cartões

Os dez funcionários responsáveis pelas despesas relacionadas diretamente ao gabinete da Presidência gastaram em 2007 com cartões corporativos um total de R$ 3,6 milhões. Há, por exemplo, faturas de viagens do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua comitiva, urgências com a manutenção dos palácios presidenciais, pagamento de eventos sociais nas residências oficiais e despesas de Lula e da primeira-dama Marisa Letícia. O gasto equivale a 58,6% do total usado, no mesmo período, pelos 154 servidores e assessores lotados na Presidência que dispõem de cartões. Os nomes dos ecônomos - assessores responsáveis pelo registro, administração e prestação de contas das despesas feitas com cartões -, identificados pelo Estado, encabeçam uma lista de milhares de assessores e funcionários do governo que utilizaram o "dinheiro de plástico" em 2007. A relação foi elaborada pela assessoria de Orçamento do DEM, a partir de pesquisa no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), que registra todas as despesas orçamentárias executadas pela administração pública. Conforme a pesquisa, esses assessores apresentaram, individualmente, as mais elevadas contas do governo ao longo do ano passado. Dos dez nomes identificados, sete ocupam as primeiras colocações na lista dos maiores gastos. O ecônomo João Domingos da Silva Neto é o primeiro colocado: em 2007, o cartão sob sua responsabilidade acumulou uma fatura de R$ 585,9 mil. É o dobro do gasto da ex-ministra da Igualdade Racial Matilde Ribeiro, que se demitiu na semana passada após a revelação de irregularidades com o cartão. Em segundo lugar está o ecônomo Clever Pereira Fialho, com R$ 570,7 mil. O terceiro da lista é José Carlos Ferreira, com despesas de R$ 531,9 mil em 2007. O responsável pela coordenação do grupo é o ajudante de ordens de Lula e o oficial das Forças Armadas Rawlinson Gomes de Souza. Dos dez ecônomos, Souza é o que acompanha mais de perto o presidente. Apóia Lula em todos os eventos e viagens. No entanto, suas despesas no cartão estão entre as mais modestas da lista: R$ 5,1 mil em todo o ano passado. Ele está em 1.760º lugar no levantamento. De todos os nomes identificados pelo Estado, o de Souza é o único divulgado no site Portal da Transparência, administrado pela Controladoria-Geral da União (CGU). Os demais integram um grupo de 82 assessores da Presidência cujos nomes estão citados no Siafi, mas não no Portal da Transparência. Para o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA), que assume a liderança do partido na Câmara nesta semana, o maior problema do uso dos cartões é a falta de regras nesse tipo de mecanismo. "São gastos elevados, sujeitos ao arbítrio de servidores. É preciso ter regras mais claras e rígidas na sua utilização e mais clareza na divulgação dos gastos", afirma ACM Neto, que defende a criação de uma CPI para investigar os gastos com cartões.
ROTINA
No dia-a-dia, o grupo de ecônomos é responsável por despesas corriqueiras e emergenciais diretamente ligadas à manutenção das residências oficiais (Granja do Torto e Palácio da Alvorada), segurança e manutenção do gabinete presidencial. Durante as viagens, a equipe cobre com o cartão corporativo gastos de hospedagem, deslocamento, alimentação e locomoção do presidente, do vice-presidente e da comitiva que o acompanha, além das despesas relacionadas às equipes de apoio e de segurança. A Presidência define o tamanho da comitiva, tanto nas viagens domésticas como nas internacionais. As despesas feitas pelo presidente, porém, são classificadas como sigilosas, por questões de segurança. Funcionários do Palácio do Planalto ouvidos pelo Estado dizem que despesas do presidente e da primeira-dama entram também na fatura dos cartões. Daí, explicam, a impossibilidade de separar o que são gastos do casal daqueles relacionados ao funcionamento do gabinete e a integrantes de comitivas em viagens presidenciais. Nas viagens, os ecônomos se revezam, mas alguns têm funções específicas. É o caso de José Ivo de Souza Barbosa, administrador do Alvorada. Em 2007, ele gastou R$ 127,4 mil no cartão. Alguns ecônomos estão há anos na função - um deles desde 2001, no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Estadão, Sônia Filgueiras e Leonencio Nossa. 0702.

LULA & CARTÃO CORPORATIVO: "-- ATÉ TÚ BRUTUS?"; "-- SIM!"



O Ministério Público do Distrito Federal abriu, há 15 dias, um inquérito civil para apurar suspeita de irregularidades no uso de cartões de crédito do governo. Refere-se a gastos realizados pela secretaria de Administração da Casa Civil da Presidência da República. Incluem as despesas de hospedagem de comitiva precursora de uma viagem de Lula.
Deu-se em 2 de maio de 2003. Nesse dia, Lula, que assumira a presidência havia cinco meses, visitou os municípios paulistas de Ribeiro Preto e Sertãozinho. Inaugurou uma termelétrica e compareceu a uma feira agrícola. Para organizar a viagem, o Planalto enviara às duas cidades um “escalão avançado” –agentes de segurança e equipe de apoio técnico. Hospedaram-se em dois hotéis. Descobriu-se o seguinte: com cartão de crédito do Planalto, um funcionário pagou R$ 3.030 por 22 diárias de pessoas que não constavam da lista de integrantes da comitiva oficial. Financiou também R$ 1.475 em diárias que excederam ao período de permanência de alguns dos membros da comitiva que preparou a visita de Lula. Constatou-se, de resto, um indício de superfaturamento. Em 2003, o cartão de crédito do Planalto deixou no hotel que abrigou a comitiva precursora em Sertãozinho R$ 23.830. Num levantamento feito em 2006, verificou-se que, quatro anos depois, o mesmo hotel cobrava preços bem mais módicos. A mesma comitiva custaria ao erário R$ 10.208. Ou seja, a presidência pode ter desembolsado R$ 13.622 além do necessário. Somando-se o custeio da estadia de pessoas estranhas à comitiva, as diárias excedentes e o valor que extrapolou os preços de mercado, chega-se a um gasto supostamente irregular de R$ 18.127. Para complicar, verificou-se que todas as 76 notas fiscais emitidas pelo hotel de Sertãozinho foram “calçadas”. Na via levada aos arquivos do Planalto, o valor da diária é R$ 125. Na segunda via, grudada ao talonário da hospedaria, o valor é outro: R$ 15,00. As informações contam de um relatório do Tribunal de Contas da União. Integra processo aberto pelo TCU em 2006, sob o número 007.512. O texto encontra-se anexado ao inquérito do Ministério Público. Começa na folha 41 dos autos. Vai até a página 77. O blog obteve cópia do documento. Assinado pelos auditores André Gerardo Carneiro de Oliveira e Maurício Lopes Casado Jr., o “relatório de auditoria” do TCU é uma das peças de resistência do inquérito. O documento contém o resultado da terceira fiscalização realizada pelo tribunal na contabilidade dos cartões de crédito do Planalto. Nas duas auditorias anteriores, o tribunal ocupara-se de aspectos formais. Nesta, examinou a “regularidade” das notas fiscais levadas aos arquivos do Planalto. Escarafuncharam-se notas emitidas de setembro de 2002, quando a presidência, ainda sob FHC, começou a utilizar cartões de crédito, a julho de 2005. Todas as impropriedades apontadas pelos auditores referem-se aos primeiros dois anos e meio da gestão Lula. Os auditores partiram da análise de um arquivo eletrônico que continha 22.915 registros de despesas. Selecionaram, por amostragem, 254 notas fiscais. No curso da investigação, acabaram inspecionando 648 notas. Enviaram-se oficias às receitas dos Estados e dos municípios onde as despesas foram realizadas.

Descobriram-se coisas como as que se seguem:
1. o Planalto alugou carros em Ponta Porão (MS). Gasto sigiloso. Por isso, o nome da firma não consta do relatório do TCU. Consultado, o fisco municipal informou que não autorizara a emissão das 25 notas levadas à prestação de contas arquivada no Planalto. Somam R$ 206.640,07. Anotam dois endereços diferentes. Num deles, o TCU não encontrou vestígio da empresa. Noutro, “encontraram-se evidências da existência da empresa à época da emissão das notas fiscais.” No Planalto, a prestação de contas tem aparência regular. Sem poderes para quebrar sigilos bancários e fiscais, o TCU encaminhou o papelório ao Ministério Público.
2. O Planalto alugou veículos também em São Luiz. Quatro notas. Total: R$ 30.147,09. Despesa sigilosa. Consultado, o fisco local disse não ter tomado conhecimento das notas. Nos registros do Planalto, tudo regular. Para apurar o indício de “elisão fiscal”, o TCU remeteu o caso à Receita de São Luiz, ao fisco federal e ao Ministério Público.
3. A presidência alugou veículos em Santana do Parnaíba (SP). Emitiram-se 46 notas fiscais. Dezessete foram “calçadas”. Exibem nas primeiras vias o valor de R$ 40.416,90. Nas vias grudadas ao talonário, o montante é bem menor: R$ 3.062,61. Diferença de R$ 37.354,29. Nos arquivos do Planalto, tudo regular. Na dúvida, os documentos foram enviados ao fisco municipal e ao Ministério Público.
4. O Planalto alugou automóveis numa empresa de São Paulo, com filial em Barueri. Gastos confidenciais, realizados entre 2004 e 2005. Valores “superiores a R$ 1 milhão”. Foram aos arquivos do Planalto “notas de locação” sem valor fiscal. Trazem no rodapé a seguinte inscrição: “Dispensada a emissão de nota fiscal de serviços conforme lei complementar nº 116 de 31/07/2003”. Dizem os auditores: “Utilização de documento não-fiscal para omitir receita tributável, com conseqüente dano ao erário público, associado ao possível cometimento de crimes fiscais.” Em visita à filial da empresa em Barueri, o TCU “não conseguiu obter informações confiáveis com os vizinhos sobre a existência da empresa no local.” Os papéis seguiram para o Ministério Público, “órgão que pode direcionar a investigação, inclusive com solicitação de informações protegidas por sigilo, para examinar a possibilidade de realização de operações não detectáveis pelo exame documental.”
5. o Planalto alugou carros em duas locadoras de São Caetano do Sul (SP). Uma emitiu 22 notas fiscais. Ouvido, o fisco municipal informou que os valores não lhe chegaram ao conhecimento. Em visita ao endereço mencionado nas notas, o TCU “não encontrou evidências da existência da empresa.” Em consulta no cadastro de pessoas físicas, descobriu endereço diferente. Nova visita. Verificou-se que, no local, “já funcionou uma locadora de veículos.” A segunda locadora emitiu sete notas. Consultado, o fisco local disse que é “desconhecido o paradeiro” da firma. Em visita ao endereço, o TCU “não encontrou evidências da existência da empresa no período da emissão das notas.” Os auditores foram ao cadastro de CNPJ. Traz outro endereço. Nova visita. Apurou-se que, no local, “já funcionou uma locadora de veículos.”. Tudo regular na prestação de contas do Planalto. O TCU enviou os papéis aos fiscos estadual e municipal e ao Ministério Público.
6. Os auditores identificaram indícios de irregularidades fiscais em outras cinco operações de compra realizadas com cartões de crédito do Planalto. Envolvem de compras em empresas fornecedoras de “material de expediente” a transação efetuada numa firma de confecção de chaves. Gastos miúdos. O mais expressivo (serviços de editoração eletrônica) soma R$ 800 reais. O mais inexpressivo refere-se a “despesa de refeição” realizada na Beline, uma panificadora chique de Brasília. Na via enviada pela casa de pães ao fisco do DF, o valor é R$ 9,44. Na via arquivada no Planalto, está anotado R$ 99,44.
O inquérito do Ministério Público, a cargo da procuradora Eliana Pires Rocha, foi solicitado pelo deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) em dezembro de 2003. O pedido dormitou na gaveta por arrastados quatro anos. Só foi efetivamente acolhido depois que os extratos do cartão da ex-ministra Matilde Ribeiro (Integração Racial) foram pendurados nas manchetes dos jornais. Nesta quarta-feira (6), o governo aderiu à tese da CPI. Os papéis anexados ao inquérito são peças obrigatórias de qualquer investigação que se pretenda séria.
Folha Online, Escrito por Josias de Souza às 04h46. 1702. Imagem matéria.