A proposta deste blogue é incentivar boas discussões sobre o mundo econômico em todos os seus aspectos: econômicos, políticos, sociais, demográficos, ambientais (Acesse Comentários). Nele inserimos as colunas "XÔ ESTRESSE" ; "Editorial" e "A Hora do Ângelus"; um espaço ecumênico de reflexão. (... postagens aos sábados e domingos quando possíveis). As postagens aqui, são desprovidas de quaisquer ideologia, crença ou preconceito por parte do administrador deste blogue.
PENSAR "GRANDE":
[NÃO TEMOS A PRESUNÇÃO DE FAZER DESTE BLOGUE O TEU ''BLOGUE DE CABECEIRA'' MAS, O DE APENAS TE SUGERIR UM ''PENSAR GRANDE''].
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“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.
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''Os Economistas e os artistas não morrem..." (NHMedeiros).
"O Economista não pode saber tudo. Mas também não pode excluir nada" (J.K.Galbraith, 1987).
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segunda-feira, junho 25, 2012
''ESTO NON ECZISTE'' !
Mensalão e respeito ao Judiciário
Autor(es): Carlos Alberto Di Franco |
O Estado de S. Paulo - 25/06/2012 |
A partir de 1.º de agosto, o ex-presidente do PT, ex-ministro da Casa Civil e deputado cassado José Dirceu será julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por formação de quadrilha e corrupção ativa. Será um julgamento histórico, pois, talvez pela primeira vez, poderosos prestarão contas de seus atos à Justiça. Trata-se de uma mudança cultural da maior importância. O recado, independentemente do resultado do julgamento, é claro: ninguém está acima da lei.
José Dirceu, no entanto, manifesta surpreendente dificuldade de transitar nos espaços normais das sociedades democráticas. Alega inocência e se diz vítima da mídia. Falando, recentemente, aos cerca de mil estudantes presentes ao 16.º Congresso Nacional da União da Juventude Socialista, ligada ao PC do B, no Rio de Janeiro, Dirceu afirmou que o julgamento que o aguarda será a "batalha final". Posando de vítima de um sistema opressor, Dirceu convoca suas milícias. "Essa batalha deve ser travada nas ruas também", conclamou, "senão a gente só vai ouvir uma voz pedindo a condenação, mesmo sem provas." Refere-se à mídia. Daí a obsessão com o chamado "controle social" dos meios de comunicação. Imprensa livre e independente não serve.
A conclamação de Dirceu é também uma rebelião contra as normas vigentes na democracia. Esconde, no fundo, um grave questionamento ao próprio Poder Judiciário. Para Dirceu, o STF, não obstante a solidez da denúncia do procurador-geral da República, só tem um caminho: absolvê-lo. Na hipótese de uma condenação, possibilidade que o atormenta, o caminho não é o respeito ao Judiciário, mas o grito das ruas. O Brasil, no entanto, amadureceu muito. Collor conclamou a população contra a sua destituição. A resposta da sociedade foi pedir o seu impeachment. Agora, diante do mais clamoroso caso de corrupção da República, a reação da cidadania será um vigoroso respaldo à decisão do STF, seja qual for.
O Brasil, felizmente, tem uma imprensa de qualidade e um Judiciário que funciona. As tentativas de desqualificação do mensalão não previram a consistência das instituições do País. O então procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza, nomeado para o cargo pelo ex-presidente Lula, apontou Dirceu como "chefe da quadrilha" ou da "sofisticada organização criminosa" que produziu o mensalão, a compra sistemática de apoio de deputados federais ao governo Lula.
A denúncia ao STF foi aceita por unanimidade. No ano passado, o atual procurador-geral, Roberto Gurgel, reconduzido ao cargo pela presidente Dilma Rousseff, ratificou o pedido de condenação de Dirceu e de 35 outros réus. Fracassou, portanto, a tentativa de desqualificação do mensalão. O primeiro sinal do empenho de desmonte do mensalão foi dado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao deixar o governo, ele disse que sua principal missão, a partir de janeiro de 2011, seria mostrar que o mensalão "é uma farsa". A "farsa" a que se referia Lula derrubou ministros do seu governo, destituiu dezenas de diretores de estatais e mandou para o espaço a cúpula do seu partido. Recentemente, o ex-presidente cometeu um grave equívoco: a constrangedora e extemporânea reunião com o ministro Gilmar Mendes no escritório do ex-ministro Nelson Jobim. Não pegou nada bem.
Está nas mãos do Supremo assumir o papel histórico de defesa da democracia e dos valores republicanos. A sociedade tem o direito de confiar nos ministros do STF. Eles saberão honrar suas togas e suas biografias. Os brasileiros esperam que os ministros respondam à indignação da sociedade.
O esforço investigativo da imprensa está contribuindo para restabelecer o equilíbrio nas relações sociais. Para o jornalismo verdadeiramente ético e independente não há distinções e imunidades. Os holofotes da mídia têm projetado fachos de luz em zonas turvas do poder. Incomoda? É claro. E deve ser assim. Jornalismo chapa-branca não contribui com a democracia. "Jornalismo", disse George Orwell, "é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é relações públicas." É preciso que exista certa tensão entre imprensa e governos. No entanto, a memória do cidadão não é das mais fortes. E a vertiginosa sucessão de delitos acaba sendo importante aliada do esquecimento. Não basta denunciar. É preciso focar e perseverar num autêntico jornalismo de denúncia que, por óbvio, não se confunde com o denuncismo.
Não podemos mais tolerar que o Brasil seja um país que discrimina os seus cidadãos. Pobre vai para a cadeia. Poderoso não só não é punido, mas invoca presunção de inocência, submerge estrategicamente, cai no esquecimento e volta para roubar mais. A CPI do Cachoeira está aí para confirmar a radical separação entre os anseios de limpeza da sociedade e a resistência delinquente do mundo político. Ao rejeitar a convocação do empresário Fernando Cavendish, antigo dono da Delta, e do ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes Luiz Antonio Pagot, os parlamentares deixaram claro que a CPI é tudo, menos investigativa. Por isso, insisto, o julgamento do mensalão é tão importante e simbólico. Os ministros do STF, vitalícios e inamovíveis, não estão algemados por interesses obscuros e subalternos. Podem julgar com independência. É o que o Brasil espera. A ausência de punição é a mola da criminalidade.
Chegou a hora de a sociedade civil mostrar sua cara e sua força. O Brasil pode sair deste pântano para um patamar civilizado. Mas, para que isso aconteça, com a urgência que se impõe, é preciso que os culpados sejam punidos. O Supremo, com a independência que lhe compete, pode escrever uma bela página na história da nossa democracia.
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''THE DREAM IS OVER'' (II)
Opções de Lula
Autor(es): Rubem Azevedo Lima |
Correio Braziliense - 25/06/2012 |
O ex-presidente Lula, com Fernando Haddad, ex-ministro da Educação, candidato a governador de São Paulo, a tiracolo, pediu e obteve, terça-feira última, apoio de Paulo Maluf para eleger seu pupilo a esse pleito. Os três pareceram alegres, na primeira página dos jornais.
Ficha moralmente suja, Maluf, eleito deputado federal naquele estado, foi acusado e condenado nos EUA por lavar dinheiro. Assim, se ele viajar para fora do Brasil, será preso imediatamente. Lula não se importa com essa condenação. O que ele quer são os votos de Maluf, nos quais o ex-presidente ainda acredita, em S.Paulo.
No último pleito, o palhaço de circo Tiririca, em voto de protesto do povo paulistano contra os malfeitos do Poder Legislativo, foi o mais votado no país para deputado federal, com 1,3 milhão de votos, ou seja, mais do que o dobro do meio milhão de Maluf.
Segundo a Folha de S.Paulo, o prestígio eleitoral de Lula está em queda nesse estado. Além disso, contra esse projeto, somam-se a reação negativa da aliança com Maluf; a renúncia da ex-prefeita de São Paulo, Luiza Erundina, à vice-governança de Haddad e a indiferença da senadora petista Marta Suplicy, vetada por Lula para esse pleito.
Para agravar ainda mais tal situação, a Cia. das Letras lançou, do jornalista e escritor Leonel Leonêncio, o livro Mata!, valendo-se dos arquivos secretos da ditadura, sobre os combates do major Sebastião Curió aos guerrilheiros do Araguaia. Pois Lula promoveu Curió a general de brigada do Exército, por atos de heroísmo. Tal episódio estava esquecido e volta agora à lembrança dos brasileiros.
Foram mortos, entre os guerrilheiros, segundo Vitória Grabois, seu pai, ex-deputado Maurício Grabois, líder do movimento; seu irmão André e seu marido, Gilberto Olímpio. O ato de Lula, uma leniência imperdoável para as maiores figuras do PT, foi aplaudido pelo Exército. Em inferno zodiacal, neste mês de junho, Lula, por desgraça, não tem vidente como Sana Khan, que leu, nas mãos de Vargas, derrotado nas urnas em 1930, a vitória num golpe de estado. Sua ditadura durou 15 anos. A opção de Lula é governar mais oito anos. Mas, como todos os sonhos, esse também, segundo o poeta, é só mais um sonho.
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A PARTE QUE ME CABE NESSE LATIFÚNDIO... *
Brasiguaios pedem que Dilma apoie novo líder
Autor(es): Por Fabio Murakawa | De São Paulo |
Valor Econômico - 25/06/2012 |
Os "brasiguaios" - agricultores brasileiros que vivem no Paraguai - comemoraram a deposição de Fernando Lugo, apoiam o novo governo, mas estão preocupados com a reação de Brasília, principalmente no caso de se confirmar a já cogitada suspensão do país vizinho do Mercosul.
Ontem, cerca de 200 agricultores estiveram no consulado do Brasil em Ciudad del Este e entregaram um documento ao cônsul-geral, embaixador Flavio Bonzanini, manifestando apoio ao presidente Federico Franco.
"Solicitamos que o governo do Brasil reconheça o novo governo paraguaio e restabeleça a fraterna relação que sempre existiu entre Brasil e Paraguai. Essa decisão é sumamente necessária para dar tranquilidade ao povo paraguaio e a esta grande comunidade brasileira", diz o documento, que Bonzanini se comprometeu a encaminhar hoje ao Itamaraty.
Marilene Sguarizi, que representa a comunidade brasileira no Paraguai, disse ao Valor que "é unânime o apoio dos imigrantes brasileiros ao novo governo". E que interlocutores de Bonzanini já entraram em contato para manifestar o desejo de Franco de se reunir com lideranças brasiguaias, o que deve ocorrer nesta semana.
Lugo era tido pelos brasiguaios como alguém que levou instabilidade ao campo, incentivando ou fazendo vistas grossas à invasões e aumentando a instabilidade jurídica. Nos últimos meses, a tensão com grupos camponeses locais - conhecidos como "carpeiros" - se acirrou, com uma onda de invasões às terras de brasiguaios.
Produtores ouvidos pelo Valor dizem que a primeira reação da comunidade foi de "alívio" e "felicidade", com a notícia da queda do ex-presidente, e de "esperança" com relação ao novo governo. "O povo [brasiguaios] está um pouco aliviado. A tensão no campo era grande. Não se sabia o que iria acontecer", afirmou Jair Graeff, que planta 1.500 hectares de soja em Mbaracayu, a 65 km da fronteira com o Brasil.
Graeff, que está no Paraguai desde 1987, é um dos muitos brasileiros - responsáveis por 70% da produção de soja do país - que tiveram o título de suas propriedades contestado nos últimos anos. Segundo ele, somente em Mbaracayu, 30 famílias passam pelo mesmo problema. A disputa, contra a empresa Benita S.A. - que se diz a verdadeira dona das terras - está na Suprema Corte paraguaia.
"Acho que uma suspensão do Paraguai do Mercosul seria um gol contra do Brasil. Há mais de 300 mil brasileiros produzindo no Paraguai, e eles seriam os maiores prejudicados", disse ele. "Grande parte da nossa produção é escoada pelo Brasil e pela Argentina. Os insumos, como fertilizantes e outras matérias-primas, também vêm de lá", disse Graeff, que espera um diálogo entre os dois governos.
"Espero que a presidente Dilma Rousseff possa interagir com o governo paraguaio. Os dois têm que se sentar à mesa e ver qual é a melhor saída", disse Graeff. "Acredito que o novo governo consiga demonstrar para os países vizinhos que o que aconteceu foi para o bem do Paraguai."
Para Abel Simões Filho, filho de um brasiguaio e que trabalha como engenheiro agrônomo no Paraguai, a queda de Fernando Lugo foi uma boa notícia para o setor. "Se você perguntar, 99,9% dos brasiguaios eram contra o Lugo. Sempre houve disputa pelas terras, mas os governos anteriores sempre apoiava os imigrantes", disse.
Para ele, a deposição do presidente trouxe aos produtores "uma sensação de felicidade, mas também de insegurança, pois ninguém sabe o que vai acontecer".
"Estamos na expectativa de ver como o governo brasileiro vai se posicionar. E sobre como esse novo governo vai agir com relação aos brasiguaios", afirmou.
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(*) FUNERAL DE UM LAVRADOR. Chico Buarque.
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''THE DREAM IS OVER'' or ''THE GAME IS OVER''?
Lugo critica novo governo
Valor Econômico - 25/06/2012 |
O ex-presidente paraguaio Fernando Lugo fez duras críticas ontem ao governo formado após a sua dissolução na sexta-feira. Ele rechaçou o pedido do sucessor, Federico Franco, de ajudá-lo a dirimir as pressões sofridas pelo país na região, dizendo que essa era uma obrigação de Lugo "no papel de cidadão paraguaio e ex-presidente". "Nós apoiamos qualquer iniciativa pacífica para restaurar a ordem institucional interrompida pelo Parlamento", disse Lugo. "Este é um governo falso, e não se pode colaborar com um governo que não tem legitimidade", afirmou.
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RIO +20. SEM ''ECO''
Sem ações, conferência delineou agenda
Autor(es): Por Francisco Goes, Daniela Chiaretti, Fernando Exman, Guilherme Serodio e Rodrigo Polito | Do Rio |
Valor Econômico - 25/06/2012 |
A expectativa de que a Rio+20 pudesse transformar conceitos adotados na Rio92 em ações concretas para o desenvolvimento sustentável não se confirmou - a cúpula este ano foi bem mais fluida que a de 20 anos atrás. Se a Rio92 pôs a questão ambiental no mapa, fechando duas convenções e amarrando uma terceira, a Rio+20 sinaliza apenas com uma agenda. Essa é a grande diferença entre as duas megaconferências: enquanto a anterior amarrou os países em compromissos obrigatórios, a Rio+20 é um exercício global voluntário.
A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva faz esta análise e diz que a Rio+20 "sepultou um processo". Ela lembra que, há 20 anos, só os EUA não queriam que as questões ambientais fossem resolvidas pelo multilateralismo. Mas agora, compromissos voluntários foram a tônica do evento. Na Rio92 foram assinadas as convenções do Clima e da Biodiversidade, dois marcos da dimensão ambiental contemporânea, e chegou-se ao embrião da Convenção da Desertificação. A Rio+20 tem apenas o documento político "O Futuro que Queremos", sem força legal.
O cenário atual é mais complexo e com mais atores participando do processo do que há 20 anos. O secretário-executivo da Rio92 era o canadense Maurice Strong, o da Rio+20 foi o diplomata chinês Sha Zukang, um indicador da mudança geopolítica no mundo. O que persiste é o debate norte-sul de quem vai pagar a conta do desenvolvimento sustentável e como irá se transferir tecnologia dos países desenvolvidos para os demais.
"A aritmética da negociação não funciona mais da mesma forma. É um mundo muito difícil. O que emerge da Rio+20 é um padrão diferente de liderança", disse Achim Steiner, diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Steiner avaliou que o documento adotado mediante resolução pelos chefes de Estado e de governo, e que agora será incorporado às legislações das Nações Unidas, é um texto que tem muito a contribuir para o desenvolvimento sustentável: "O documento é rico em ações, em iniciativas e em programas."
A Rio+20 também incorporou elementos novos, que não estavam presentes no debate há 20 anos, como participação efetiva da sociedade civil organizada e da comunidade de negócios. Também marcou a existência de um espírito voluntário nas ações de governos, empresas e instituições em relação ao desenvolvimento sustentável.
Falou-se em mobilizar mais de US$ 513 bilhões durante a Rio+20 em compromissos voluntários para o desenvolvimento sustentável, incluindo áreas como energia, transporte, economia verde, redução de desastres, desertificação, água, florestas e agricultura.
Um ganho incontestável da Rio+20 foi a participação da sociedade civil. Pelo Riocentro passaram 45.381 pessoas. Na Rio92, haviam sido 17 mil, segundo Nikhil Chandavarkar, diretor de comunicações da ONU para a Rio+20. Na era da comunicação digital e das relações virtuais, a página em português da Rio+20 recebeu mais de um milhão de acessos só na última semana. No twitter teve um bilhão de acessos.
No Riocentro, na zona oeste do Rio, que hospedou novamente o encontro das Nações Unidas, os Estados Unidos tiveram participação tímida atuando forte nos bastidores para travar algumas questões. Os emergentes pressionaram por resultados e pela posição que proteja seu crescimento. O Brasil, na condição de anfitrião, buscou o acordo possível.
O negociador-chefe do Brasil no encontro, embaixador André Correa do Lago, considera que a Rio+20 foi uma conferência de ação porque criou processos. "Mas, mais do que isso, estabeleceu os instrumentos para poder atuar de maneira decisiva nessa questão da mudança dos padrões sustentáveis de produção e de consumo não só com um plano de dez anos, mas com a criação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável [ODS], que vão orientar o mundo, as economias, de maneira objetiva", afirma.
"Creio que o documento da Rio+20 é muito marcante porque diz que a maior prioridade do mundo é a erradicação da pobreza e, a segunda, é a mudança dos padrões de produção e de consumo. Isso é uma mensagem fortíssima porque está dita em um contexto de que a erradicação da pobreza é possível", disse.
Ele lembrou que em 1992 havia uma visão muito mais modesta do que poderiam fazer os países em desenvolvimento. "Havia a percepção de que os países desenvolvidos tinham encontrado uma fórmula certa e tínhamos que buscar uma maneira para que os outros pudessem fazer da mesma forma." Hoje, segundo ele, a situação é completamente diferente.
"A fórmula dos países desenvolvidos mostrou ser muito desafiada pelas circunstâncias recentes e, por outro lado, os países em desenvolvimento mostraram soluções muito impressionantes nas áreas de erradicação da pobreza, ambiental e econômica", prosseguiu. "Acho que a Rio+20 é uma conferência contemporânea."
A partir de agora fica a expectativa de como vai ser a implementação de mais de uma dezena de medidas que foram adotadas no documento pelos 193 países da ONU. A reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas, a partir de setembro, vai discutir esses pontos. No tema financiamento do desenvolvimento sustentável, por exemplo, deve se produzir um relatório sobre os fluxos de recursos disponíveis que deve ser concluído até 2014.
Mary Robinson, ex-presidente da Irlanda e presidente honrária da Oxfam, disse que a "Rio+20 se realizou em uma época mais crítica, os problemas são muito mais urgentes. Ela registrou, porém, que a falta de liderança política é preocupante. "Mas o que me dá esperança é que a sociedade civil, os sindicatos, grupos de mulheres e de jovens, mesmo a comunidade de negócios, entendem a urgência do problema."
Outro ponto de implementação a ser discutido na Assembleia Geral a ONU são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. A partir de setembro, deve se definir uma comissão com 30 representantes que terá um ano para entregar à assembleia geral das Nações Unidas um informe com opções de ODS. "Os ODS tiveram um parto muito difícil na Rio+20 e não sabemos se é um bebê querido, não sabemos se a comunidade internacional de fato o irá acolher", comparou Antonio Hill, porta-voz da Oxfam na conferência.
A Anistia Internacional considera a Rio+20 um passo atrás quanto aos direitos humanos. "Perdemos todos e todas", avalia o diretor da Anistia no Brasil, Ítalo Roque. "Em busca de conseguir um documento final, os direitos humanos e os direitos reprodutivos das mulheres foram colocados na mesa como moeda de negociação", diz.
A postura pouco ousada do Brasil também é criticada. "O maior protagonismo do país no cenário global também requer que ele esteja disposto a ir além do mínimo denominador comum", diz Roque.
Mas para autoridades do Palácio do Planalto foi uma "vitória da diplomacia brasileira" o acordo fechado antes do início da reunião de cúpula da conferência. O governo acreditava que, se a costura final do texto ficasse para a última etapa da Rio+20, seria grande o risco do impasse prevalecer. Para a presidente Dilma Rousseff, fracasso seria não ter um texto aprovado por consenso pelos países.
Para o ministro do meio ambiente da Alemanha, Peter Altmaier, a Rio92 foi mais objetiva e tinhas questões mais concretas do que a Rio+20. Na conferência de 2012, ele admitiu avanços, mas se disse decepcionado e frustrado com algumas expectativas que não se concretizaram, como a elevação do Pnuma para o patamar de agência da ONU.
"Meu desapontamento mais importante é que a sociedade esperava um a ação concreta. Em 1992, a principal questão foi a proteção das florestas. Em 2002, foi a questão energética e o crescimento econômico. Em 2012, não temos uma questão concreta", disse Altmaier.
"O Brasil acredita que problemas ambientais são resolvidos localmente. E questões sociais e econômicas, globalmente", resume um negociador europeu que compara a Rio+20 à Rio92. "Neste sentido, nada mudou. Em 1992, o Brasil fez forte oposição à incluir as florestas nas convenções."
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''QUEM LÊ TANTA NOTÍCIA?''
SINOPSES - RESUMO DOS JORNAIS
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Numa reação inédita, os líderes dos países sul-americanos decidiram suspender o Paraguai do Mercosul e da Unasul como punição pelo impeachment do presidente Fernando Lugo, condenado como “quebra da normalidade democrática”. A medida, defendida pela presidente Dilma Rousseff, pode atrasar investimentos no país e será oficializada na cúpula do Mercosul em Mendoza, na Argentina, no fim de semana, valendo até as eleições no Paraguai, em abril de 2013. A Venezuela já suspendeu o fornecimento de petróleo. Ontem, Lugo disse ter sido vítima de um golpe parlamentar e afirmou só ter acatado a destituição para evitar um banho de sangue. (Págs. 1 e 25)
Cinco jacarés e uma jiboia, capturados na Região Amazônica na Guerrilha do Araguaia, foram usados nos anos 70 para torturar presos políticos no Pelotão de Investigações Criminais do Exército, na Tijuca. O tenente-coronel reformado Paulo Malhães, conhecido nos porões da ditadura como “doutor Pablo”, contou ao GLOBO que os animais eram seus. O coordenador da Comissão da Verdade, Gilson Dipp, pretende ouvir Malhães, que atuou na Casa da Morte, centro de torturas em Petrópolis. (Págs. 1 e 3)
Um ano e meio após a deposição do ex-ditador Hosni Mubarak, o Egito será o primeiro país árabe a ter um chefe de Estado islamita democraticamente eleito.
Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana, venceu com 51,7% dos votos, derrotando no segundo turno o general da reserva Ahmed Shafiq, último premiê de Mubarak. No primeiro pronunciamento, Mursi adotou tom conciliatório, prometendo ser “presidente de todos os egípcios”. (Págs. 1 e Mundo A9)
Análise: Reações positivas sugerem acordo internacional
As rápidas boas-vindas, inclusive de Israel, à vitória da Irmandade Muçulmana indicam que foi fechado um acordo internacional que envolveu os EUA. (Págs. 1 e Mundo A10)
Salem H. Nasser é coordenador de centro de direito da Fundação Getulio Vargas
É uma resposta ao impeachment-relâmpago do presidente Fernando Lugo. Os vizinhos também querem desencorajar processos similares na região. (Págs. 1 e Mundo A11)
O ex-ministro da Cultura Gilberto Gil faz 70 anos amanhã e fala de convicções políticas, MPB e drogas. Sobre a ministra Ana de Hollanda, diz que “houve um certo desânimo administrativo por parte do ministério”. (Págs. 1 e A12)
O Mercosul suspendeu o Paraguai da cúpula prevista para esta semana em Mendoza, na Argentina. A decisão foi tomada por consenso dos nove integrantes e observadores do bloco regional em razão da “ruptura da ordem democrática”, segundo nota divulgada pela chancelaria argentina. A decisão veio no momento em que o novo presidente, Federico Franco, e o deposto, Fernando Lugo, falavam que participariam da reunião. Ontem, na primeira entrevista após a saída, Lugo qualificou de “golpe” seu afastamento e disse haver acatado a decisão do Legislativo para evitar um “banho de sangue”. O Itamaraty informou que todos os acordos comerciais estão mantidos. (Págs. 1 e Internacional A11)
Legalizar a maconha não é uma boa ideia. Mas pode levar a uma situação menos ruim que a atual. Os traficantes perderiam o mercado. (Págs. 1 e Economia B2)
A maneira como se deu o afastamento de Fernando Lugo deixou evidente seu isolamento. (Págs. 1 e A3)
Naouri e Abilio têm uma reunião marcada hoje, no escritório do Casino, em Paris, e devem tentar tratar das bases de um novo acordo entre os acionistas. Abilio indicará a possibilidade de sair do grupo com o Via Varejo. Mas Naouri não só pretende manter o GPA íntegro, sem vender partes dele ao ex-controlador, como não vê motivos para dispensar Abilio da cláusula de não concorrência à qual está amarrado por contrato, no caso de sua saída. O executivo francês disse que esse é um dos pontos confidenciais em discussão e que a resposta será dada diretamente a Abilio. "O que orienta nossa reflexão é o interesse social do GPA. Será que é do interesse de um pequeno acionista que o senhor Diniz possa ter sua cláusula de não-concorrência dispensada? Estas decisões não são movidas por sentimentos de capricho ou emoção". (Págs. 1, B4 e B5)
A suspensão é temporária, não equivale à expulsão do país. Pelas regras do Mercosul, a medida sujeita o Paraguai a sanções que podem variar do bloqueio terrestre ao corte de financiamentos. A presidente Dilma Rousseff decidiu deixar indefinidas as sanções, propositadamente, à espera da reação paraguaia. O Brasil descartou fechar a fronteira ou o comércio em Foz do Iguaçu. (Págs. 1 e A13)
No pacote haverá um forte estímulo às compras governamentais, por meio da regulamentação das margens de preferência para produtos nacionais nas compras para a área de saúde e da ampliação da lista de itens para aquisição do Ministério da Educação. O governo espera gastar mais de R$ 60 bilhões neste ano em compras públicas, ante R$ 51,7 bilhões em 2011, segundo dados do Ministério do Planejamento. (Págs. 1 e A4)
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, é um de seus principais alvos. Havia a expectativa de que a saída de Ricardo Flores levasse a Previ de volta à esfera de influência petista, o que não ocorreu. Credita-se a essa insatisfação, por exemplo, as recentes denúncias contra o BNB. O ministro da Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, vê crescer sua cotação como o ministro capaz de destravar o governo, que esse grupo considera paralisado. (Págs. 1 e A6)
Pouco confiáveis, as pesquisas começaram a coincidir nos últimos dias e ontem atribuíam a Peña Nieto entre 40% e 45% dos votos. Seus maiores rivais, Andrés Manuel López Obrador (25% a 30%), candidato do Partido da Revolução Democrática (PRD) e a governista Josefina Vázquez Mota (23% a 27%), do Partido da Ação Nacional, dizem que esses dados são manipulados e desmentidos por pesquisas próprias, que nunca mostraram. (Págs. 1 e A12)
As empresas vêm achatando sua hierarquia nos últimos anos, eliminando camadas gerenciais intermediárias que podem criar gargalos e diminuir a produtividade. O punhado delas que levou a ideia um passo adiante, dispensando inteiramente os chefes, diz que a abordagem ajuda a motivar os empregados e torná-los mais flexíveis - mesmo que isso signifique que algumas tarefas, como tomada de decisões e contratações, possam demorar mais. (Págs. 1 e D3)
Estimular a economia por meio do crédito é estratégia arriscada que pode exacerbar descompasso entre oferta e demanda. (Págs. 1 e A14)
Jairo Saddi
Risco da proteção contra o superendividamento é acabar com o acesso ao crédito a quem mais precisa dele. (Págs. 1 e A15)