A proposta deste blogue é incentivar boas discussões sobre o mundo econômico em todos os seus aspectos: econômicos, políticos, sociais, demográficos, ambientais (Acesse Comentários). Nele inserimos as colunas "XÔ ESTRESSE" ; "Editorial" e "A Hora do Ângelus"; um espaço ecumênico de reflexão. (... postagens aos sábados e domingos quando possíveis). As postagens aqui, são desprovidas de quaisquer ideologia, crença ou preconceito por parte do administrador deste blogue.
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[NÃO TEMOS A PRESUNÇÃO DE FAZER DESTE BLOGUE O TEU ''BLOGUE DE CABECEIRA'' MAS, O DE APENAS TE SUGERIR UM ''PENSAR GRANDE''].
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“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.
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terça-feira, abril 12, 2011
GOVERNO DILMA [In:] ... 100 DIAS...
Patrimônio nacional
O marco dos primeiros 100 dias de governo Dilma Rousseff é a avaliação positiva em diversos aspectos, acentuadamente na atenção aos direitos humanos no tocante à política externa e no estilo mais realista em comparação ao escapismo populista do antecessor.
O início, porém, é marcado também pela volta à cena de um problema já há algum tempo distante das preocupações nacionais cotidianas: o aumento dos preços e o temor de que o governo não consiga dar combate adequado ao crescimento da inflação.
Este ano já não há mais possibilidade de que o índice seja mantido no centro da meta (4,5%) e há o risco de ultrapassagem do teto de 6,5% ao ano. O Ministério da Fazenda anuncia uma medida atrás da outra e, por enquanto, a despeito da aparência de tranquilidade do Planalto, têm sido em vão.
A inflação sobe e isso é possível afirmar sem nenhuma especialização no tema, bastando uma ida ao verdureiro da esquina. Com ela cresce o temor de seja posto em risco o verdadeiro "turning point" na vida nacional: a derrubada da inflação que nos anos 90 propiciou tudo o que de bom aconteceu ao Brasil em termos econômicos e sociais.
Evidentemente seria leviano afirmar que o governo esteja desatento ao fato. Até por uma questão de sobrevivência política é claro que a presidente Dilma tem plena consciência de que o êxito ou o fracasso de seu governo depende de sua capacidade de aplicar o remédio certo na dosagem exata.
A discussão sobre a melhor medicina e seus intrincados detalhes é assunto para especialistas. A escolha entre se arriscar ao retrocesso inflacionário e sofrer os revezes da redução significativa do crescimento, no entanto, é o dilema óbvio vivido pelo governo.
Por ora ainda é uma questão debatida nas páginas reservadas ao noticiário econômico. Mas, se perdurar, logo passará a ser assunto tratado pelos políticos, que, salvo exceções, não têm dado ao problema a dimensão merecida. Daí a repercutir nos índices de popularidade herdados do governo anterior é só uma questão de tempo.
Lula não fez sucesso porque animou com competência o auditório, mas porque pôde fazê-lo em função da acertada opção por um controle rigoroso da inflação e preservação da estabilidade como patrimônio nacional no primeiro mandato.
Com a alteração das condições internacionais extremamente favoráveis vividas até os últimos anos da última década e o afrouxamento nos gastos somados a estímulos que deveriam ter sido revistos assim que os efeitos da crise de 2008, mas não foram para garantir a realização de eleições presidenciais em clima de euforia econômica, sobrou para Dilma segurar o rojão.
De proporções ainda não claramente delineadas, mas com potencial de destruição que não deixa dúvida quanto à enormidade do desafio que a presidente tem pela frente: ou dá conta do recado ou pode dar adeus à reeleição.
Os petistas podem até não ter grandes preocupações políticas com a hipótese de um desastre, pois em caso de desastre Lula volta à cena em 2014.
Mas o País, cuja prioridade não é o projeto político-eleitoral de quem quer que seja, tem razões de sobra para temer uma volta ao passado de incertezas, depois de ter experimentado viver na companhia de uma economia de moeda estável.
Contraponto de fato. O senador tucano Álvaro Dias fez ontem um diagnóstico dos 100 dias de governo Dilma Rousseff que pode ser considerado o primeiro pronunciamento realmente oposicionista.
Radiografou a situação com números, e a resumiu politicamente: "Herdeira dos danos e erros gerados pelo governo anterior, não pode enfrentar com transparência a verdadeira herança maldita recebida, primeiro porque foi responsável e ativa geradora, como administradora geral dos programas governamentais. Segundo, porque sua eleição deveu-se à acachapante popularidade fabricada pelo festival de irresponsabilidades fiscais do governo Lula".
GOVERNO DILMA [In:] CHINA e INFLAÇÃO
Dilma diz que pretende derrubar o juro ao longo do seu governo
Presidente admitiu que o câmbio no Brasil ainda é motivo de 'grande preocupação'
PEQUIM - A presidente Dilma Rousseff disse hoje, em Pequim, que pretende "derrubar" o juro ao longo de seu governo, para torná-lo compatível com a taxa internacional. "Não vou derrubar depois de amanhã. Estou dizendo que é num horizonte de quatro anos. É possível, sim, perfeitamente. Esse é o desafio que o Brasil vai ter de enfrentar, pelo menos desta vez", afirmou.
A declaração de Dilma foi ao término de um dia repleto de compromissos entre ela e o presidente da China, Hu Jintao. Em rápida entrevista, a presidente admitiu que o câmbio no Brasil ainda é motivo de "grande preocupação". "Nós temos tomado todas as medidas num quadro em que a política cambial é de câmbio flexível. Todos nós sabemos, perfeitamente, o porquê nós estamos (fazendo isso). Vai desde a política de ajuste dos países desenvolvidos até o fato de que o Brasil ainda opera com taxa de juro mais elevada que o resto do mundo", argumentou a presidente. "Não é uma situação que nós resolvamos por decreto."
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Presidente Dilma faz primeira visita oficial à China (Foto: Roberto Stuckert Filho/Divulgação)
...Dilma afirmou que o governo está "consciente, alerta e tomando todas as medidas necessárias para que isso não se transforme em problema maior do que já é." Ao ser questionada sobre as reclamações de empresários brasileiros, que dizem ter dificuldade de exportar seus produtos para a China, justamente por causa do câmbio, a presidente disse que hoje o mundo assiste a um processo pelo qual a disponibilidade de grande liquidez provoca processos "extremamente instáveis" de valorização de moedas. "Temos visto um esforço imenso que o Ministério da Fazenda e o Banco Central vêm fazendo no sentido de coibir movimentos especuladores. Vamos continuar perseguindo isso", insistiu.
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GOVERNO DILMA [In:] A HERANÇA DO ''IVO''
12/04/2011 - 06h20
De Lula para Dilma
GIL CASTELLO BRANCO
A expressão "herança maldita" foi cunhada no Éden. Quando Adão foi flagrado consumindo a maçã proibida, disse: "Não fui eu, foi a mulher que Tu me deste." Eva, por sua vez, acusou a serpente. Apesar do jogo de empurra, ambos foram expulsos do paraíso. A partir daí, segundo a crença, homens e mulheres herdaram o pecado original.
Na política, a expressão tornou-se conhecida quando Lula passou a utilizá-la atribuindo aos governos anteriores tudo o que supostamente encontrou de errado ao assumir a Presidência da República. Na prática, uma forma de desconstruir as administrações anteriores, justificando as imperfeições da própria gestão.
Exageros à parte temos novas perspectivas. O Brasil adquiriu presença internacional, subiu no ranking das maiores economias mundiais e expandiu consideravelmente o mercado interno por meio da inclusão social e ampliação da classe média.
Na realidade, essas conquistas foram obtidas em cenário internacional favorável e com a colaboração de vários governos, inclusive dos ditos "ruins". Até de onde pouco se esperava veio algo de bom. Sarney, por exemplo, realizou a transição democrática, criou a Secretaria do Tesouro Nacional e o Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi). Collor, com todos os males, promoveu a abertura comercial e reduziu, à época, o tamanho do Estado. Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso criaram o real, a Lei de Responsabilidade Fiscal e domaram a inflação.
No momento, há que se perguntar: que legado Lula deixou para Dilma? Com certeza, até por lealdade, a presidente só irá comentar os diversos fatos positivos. Mas, na verdade, também são inúmeras as dificuldades e os desafios que ela enfrentará nos próximos anos.
Para começar, os ventos internacionais mudaram. A elevação abrupta dos preços das commodities (29% nos últimos 6 meses) está pressionando a inflação, que já toca no teto da meta. Adicionalmente, a dinheirama que o banco central americano injetou no planeta faz com que boa parte desses dólares passem férias no Brasil. Tal fato vem derrubando a cotação da moeda americana, que, na última sexta-feira, chegou a R$1,574. Finalmente, as revoluções democráticas na África e Ásia levaram o barril de petróleo a US$112, o maior valor alcançado há dois anos e meio. Assim, chegamos ao fim do primeiro trimestre do atual governo com inflação e juros altos, superávit e câmbio baixos. Arrumar esse vespeiro não será tarefa fácil.
Paralelamente, como nenhum governo aumenta salários e outras despesas de custeio impunemente, a conta da festa política chegou. Sob o ponto de vista orçamentário, Dilma herdou restos a pagar de aproximadamente R$128 bilhões, valores que estavam comprometidos nos orçamentos dos anos anteriores e não foram pagos nos respectivos exercícios. Como a arrecadação é finita, os gestores estão tendo que optar entre pagar as despesas roladas dos anos Lula ou aquelas previstas no orçamento de 2011.
Na tentativa de arrumar a casa, nos primeiros 3 meses do seu governo Dilma investiu apenas R$306 milhões com o orçamento de 2011, enquanto pagou R$7,9 bilhões de restos a pagar. Além disso, pretende cancelar, em 30 de abril, cerca de R$17 bilhões de compromissos assumidos em 2007, 2008 e 2009 que sequer foram iniciados. A ideia é boa mas, como diria Garrincha, é preciso combinar com os adversários - neste caso, os políticos, que certamente vão espernear.
Enquanto busca o equilíbrio econômico, o governo terá que realizar grandes investimentos em infraestrutura para evitar vexame internacional por ocasião da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos. Para mencionar apenas o principal gargalo, no primeiro bimestre de 2011 a Infraero investiu R$53,8 milhões, somente 2,4% do montante anual previsto.
A missão da presidente inclui ainda a modernização institucional, necessária tanto à democracia quanto ao sistema produtivo. A bem da verdade, as reformas política, tributária e trabalhista, itens fundamentais dessa pauta, não saíram do papel durante os oito anos do presidente Lula.
Como se vê, há muito pela frente devido ao que não foi feito no governo passado, fato até natural em processo histórico. Porém, considerando a relação política da atual presidente com o seu antecessor, a herança, quando maldita, não será mencionada. Nesse paraíso, a eventual culpa não será de Adão, Eva, Lula ou Dilma. Vai acabar sobrando para a serpente ou para a maçã...
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GIL CASTELLO BRANCO é economista e coordenador da organização não-governamental Associação Contas Abertas (gil@contasabertas.org.br)
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GOVERNO DILMA [In:] A GUERRA DOS 100 DIAS...
Em cem dias, Dilma inova a política econômica e se arrisca
Valor Econômico - 12/04/2011 |
Em cem dias de governo, a área em que a presidente Dilma Rousseff mais inovou em relação a seu antecessor foi a econômica. Sua gestão discreta na administração dos problemas cotidianos marca também uma mudança significativa diante de Luiz Inácio Lula da Silva, que muitas vezes fazia do Planalto um palanque. A construção política da imagem da presidente já está dada nos primeiros cem dias, uma marcação convencional do tempo no poder que apenas indica possíveis caminhos que poderão ser seguidos pela presidente. Além disso, alterações de substância são raras em um governo de continuidade, como o de Dilma Rousseff. Seu grau de aprovação, segundo as pesquisas, mostra que a comunicação direta com os cidadãos, na qual Lula é um mestre, não é um decisivo teste de qualidade do governante - é possível fazer-se entender com menos alarido. Pelo estilo demonstrado inicialmente, a presidente Dilma segue ideias próprias nas áreas em que sua experiência é relevante, característica que em geral é acompanhada da centralização. Longe da atual presidente parece estar a tentação de provocar disputas entre ministérios para poder tomar uma decisão, como parecia ser o caso, em certas ocasiões, do então presidente Lula. Com o flanco econômico fragilizado, o país tem três ministros da Fazenda, embora um deles, o titular da pasta, Guido Mantega, exerça o seu cargo com diretrizes aprovadas pela presidente, goze de sua confiança e seja uma das três únicas pessoas que se reúnem a sós com Dilma - fora o chefe da Casa Civil, Antonio Palocci e o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. Dilma tem a palavra nessa área e Palocci, um ex-ministro da Fazenda competente e um político hábil, tem opiniões próprias sobre a condução da política econômica. O poder de Guido Mantega, alto no início do governo, tem seus limites nos resultados que for capaz de obter e também no crivo interno do Planalto. Dilma herdou uma economia aquecida, estimulada além da hora por gastos do governo que não eram alheios ao cálculo eleitoral, e com um processo de valorização cambial que vai se prolongar no tempo. A resposta para o aquecimento tem sido uma estratégia oblíqua de combate à inflação, com o apelo auxiliar a medidas macroprudenciais. A diferença com a administração do ex-presidente Henrique Meirelles salta aos olhos. Lula deu carta branca a Meirelles para executar uma política ortodoxa, que lhe garantiu até certo ponto a sucessão. Com Meirelles, sinais de desvio da inflação do centro da meta recebiam como resposta aumentos de juros, a ponto de o BC sob seu comando ter feito isso em 23 de julho de 2008, quando a crise financeira estava prestes a explodir, e manteve intato os juros até 21 de janeiro de 2009, quando a maior crise do capitalismo em quase cem anos produzia estragos na economia global. A presidente Dilma procura um caminho diferente, tentando conciliar os objetivos de inflação comportada com o mínimo de estragos no ritmo de expansão econômica. Até agora, foi essa a aposta mais ousada de seu governo e a que pode lhe custar a maior perda de seu capital político, se falhar. Para que não falhe, todos os instrumentos de política econômica precisam estar alinhados e ainda há dúvidas sobre a real intenção do atual governo de cortar gastos públicos. Uma nova dose de capitalização do BNDES pelo Tesouro vai em direção contrária à promessa de austeridade. Além do torniquete fiscal, o governo terá de contar com sangue frio - os índices de inflação em 12 meses continuarão subindo até que a atual política tenha tempo de produzir efeitos contrários relevantes. A perspectiva de investimentos maiores para a Copa e a Olimpíada aparou as arestas políticas com os Estados, da mesma forma que gigante coalizão governista é, por enquanto, uma promessa de tranquilidade no Congresso. Os dois fatos poderiam servir para uma iniciativa mais ousada de reformas, mas a preferência da presidente é por resultados. A reforma tributária será fatiada e serão enviados ao Congresso apenas pontos que possam angariar algum consenso. O ônus dessa política é que ela não é adequada aos desafios de crescimento do país, que hoje se traduzem no desafio de uma inexorável valorização cambial, com a qual só se pode conviver sem dano melhorando a competitividade econômica. A receita é conhecida: carga tributária menor, poupança maior, modernização da infraestrutura, menos burocracia, mais eficiência na gestão pública. |