A proposta deste blogue é incentivar boas discussões sobre o mundo econômico em todos os seus aspectos: econômicos, políticos, sociais, demográficos, ambientais (Acesse Comentários). Nele inserimos as colunas "XÔ ESTRESSE" ; "Editorial" e "A Hora do Ângelus"; um espaço ecumênico de reflexão. (... postagens aos sábados e domingos quando possíveis). As postagens aqui, são desprovidas de quaisquer ideologia, crença ou preconceito por parte do administrador deste blogue.
PENSAR "GRANDE":
[NÃO TEMOS A PRESUNÇÃO DE FAZER DESTE BLOGUE O TEU ''BLOGUE DE CABECEIRA'' MAS, O DE APENAS TE SUGERIR UM ''PENSAR GRANDE''].
***************************************************
“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.
----
''Os Economistas e os artistas não morrem..." (NHMedeiros).
"O Economista não pode saber tudo. Mas também não pode excluir nada" (J.K.Galbraith, 1987).
"Ranking'' dos políticos brasileiros: www.politicos.org.br
=========valor ...ria...nine
folha gmail df1lkrha
***
sexta-feira, outubro 05, 2012
XÔ! ESTRESSE [In:] BETSAIDA
A CARROÇA e O BURRO
Modernizar as carroças
Celso Ming - Celso Ming |
Autor(es): Celso Ming |
O Estado de S. Paulo - 05/10/2012 |
De tempos em tempos, o governo federal - não importa quem esteja no comando - adota um pacote de estímulos à inovação e ao conteúdo local da indústria automobilística.
O programa Inovar Auto, anunciado ontem pelo ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, pretende ser o novo marco do regime automotivo nacional. Simplificadamente, o governo impôs aumento de 30% no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para todos os veículos novos vendidos no País (inclusive os importados). Terão direito a descontos desse tributo sempre que atingirem metas de redução de consumo e de inovação.
Tomara que, desta vez, atinja seus objetivos e seja bem mais do que um esquema disfarçado de proteção ao setor - como tantos outros.
O programa reconhece implicitamente a existência do atraso. Não fosse isso, não precisaria incentivar a inovação e os avanços tecnológicos em eficiência e em segurança. Ou seja, a conversa começa com o entendimento de que a indústria automobilística brasileira segue sendo a mesma produtora de carroças denunciada em 1990 pelo então presidente Collor.
O setor não é só atrasado. É também fabricante de um produto caro demais, incapaz de competir no exterior. Apenas não é deslocado pelo produto importado no mercado interno graças à enorme proteção de que aqui desfruta e que, agora, deverá ser aumentada.
Seria ótimo se um programa de inovação desse porte pudesse ser inteiramente levado a sério. No DNA das montadoras instaladas no País, não há cromossomos responsáveis pelo desenvolvimento de tecnologia. A contrário do que acontece na China, na Coreia e na Índia, não existe carro projetado e desenvolvido aqui. O último foi o Gurgel, que, ainda assim, levava mecânica Volkswagen. Deixou de ser produzido em 1995, na unidade de Rio Claro.
Peça por peça, automóvel montado por aqui já vem pronto de fora. A indústria de autopeças e as próprias montadoras se limitam a adotar tecnologias, em geral, ultrapassadas. Os carros importados são mais modernos e mais baratos. Seria um portento ver o Uno Mille e a Kombi ganharem airbags, freios ABS e dispositivos antiderrapantes que atendam às novas exigências de segurança.
O novo regime automotivo é, ainda, repositório de boas intenções quanto ao conteúdo local. Essas novas exigências parecem desconsiderar que a indústria de veículos opera internacionalmente. Os carros são globais e, para garantir mercado, têm cada vez mais de contar com fornecimentos de peças e conjuntos de onde os custos forem mais baixos. Se quiserem ser exportadoras, as montadoras nacionais terão de adotar essa filosofia, não se aferrar a conteúdos locais.
E, caso seja para levar esse princípio às últimas consequências, não ficou claro quanto do valor de um veículo entrará na conta do que vai ser considerado produção nacional. Até agora, as montadoras vinham entendendo que despesas com propaganda e marketing e gratificação da diretoria podiam ser caracterizadas como de conteúdo local. Esse critério permanecerá válido? E será preciso ver quem é que, depois, desmontará um veículo, examinará uma peça e seus componentes e certificará que se trata de um produto made in Brazil ou do Mercosul.
Nada neste programa garante redução de custos ou barateamento dos veículos. É necessário ver o que funcionará na prática. Mais uma vez, tomara que dê certo.
|
PIB, PREÇOS E INFLAÇÃO
Incerteza, heurística e o PIB nominal
Autor(es): Mônica Baumgarten |
O Estado de S. Paulo - 05/10/2012 |
Incerteza. Tente defini-la com exatidão. Difícil, não? Se conseguíssemos exprimir o conceito com precisão, não seria incerteza. Tratar-se-ia de risco. Risco não é incerteza.
Experimente responder às seguintes perguntas. Qual é a chance de nevar no Rio de Janeiro em outubro de 2013? Como estará a economia mundial daqui a um ano? No primeiro caso, é fácil dizer que a probabilidade se aproxima de zero, o risco é baixo. Já no segundo, se a resposta que lhe veio à mente foi "não faço a menor ideia", isso é incerteza.
A tomada de decisão sob incerteza é complicada. No entanto, fazemos isso todo dia, orientando-nos por regras simples que nos protegem da ignorância sobre o ambiente que nos cerca. Pensem, por exemplo, no trânsito de uma grande cidade. A quantidade de carros nas ruas durante os momentos fora dos horários de pico é imprevisível. Para reduzirmos as chances de ficarmos presos num engarrafamento angustiante, muitas vezes seguimos rotas mais longas até o destino, caso imaginemos que o trajeto acabe sendo mais rápido. Isso é um exemplo de heurística: uma regra de bolso que nos auxilia em situações de total ignorância.
Curiosamente, embora a tomada de decisão sob incerteza seja algo corriqueiro, os economistas não estão acostumados a fazê-la. A maior parte do arcabouço teórico usado pela profissão pressupõe que os gestores de política econômica tomem decisões baseadas em riscos calculados e calculáveis. Quando o Banco Central (BC) brasileiro diz que o "balanço de riscos é neutro", ao explicar suas decisões de política monetária, como fez recentemente no Relatório de Inflação, ele está se referindo aos modelos em que os riscos para a atividade e para a inflação são mensuráveis, permitindo uma sintonia fina da política monetária. Os modelos que fundamentam os regimes de metas de inflação são sofisticados, exigem grande quantidade de informação e pressupõem uma enorme capacidade de mapear os riscos da economia. Eles não são resistentes à incerteza.
O mundo de hoje está cercado de incertezas. O que ocorrerá com a economia americana? Qual será o desenlace da crise europeia? A China será mesmo capaz de alcançar o pouso suave que muitos imaginam? Como os desarranjos monetários globais influenciarão os rumos da economia mundial nos próximos anos? Não temos respostas para nada disso. Tampouco somos capazes de atribuir probabilidades aos possíveis caminhos que porventura consigamos imaginar. Isso significa que os princípios de tomada de decisão que caracterizam os regimes de metas inflacionárias não se adaptam bem à realidade atual.
Como substituí-los? Substituí-los pelo quê? Um candidato é uma meta para a expansão do PIB nominal. O PIB nominal é um conceito simples. Trata-se da soma de todos os gastos da economia num determinado período. Numa regra de PIB nominal, basta que o BC calibre os juros para alcançar um determinado objetivo para o dispêndio nominal, uma expansão de 5%, por exemplo, como fez o Reino Unido em 2009. Essa regra é mais bruta, menos sofisticada do que as metas de inflação. No entanto, ela é mais robusta à ignorância aguda que acomete os bancos centrais. Não é necessário que saibam mapear os efeitos de seus instrumentos de política sobre o crescimento, o desemprego e a estabilidade de preços. Basta que sustentem um determinado nível de dispêndio, de preferência do setor privado. Diante da escuridão que envolve o Fed, o Banco Central Europeu e, também, o BC brasileiro, a meta de PIB nominal parece ser uma heurística razoável.
No nosso caso, o risco de ter uma meta de PIB nominal para a política monetária seria de gerarmos mais inflação do que crescimento - a expansão do PIB nominal é a soma dos dois. Mas isso já ocorre desde o ano passado. E uma forma de evitar uma inflação descontrolada seria estabelecer um teto para a alta de preços, digamos de 5,5% ou de 6%, acima do qual o BC se comprometeria a agir. Antes que se diga que a ideia é um absurdo, cabe a pergunta: não é isso, na prática, o que o BC já está fazendo? Não seria melhor que o fizesse às claras?
|
''CHEGA DE JUSTIÇA CEGA"
Estelionato eleitoral
Autor(es): Plácido Fernandes Vieira |
Correio Braziliense - 05/10/2012 |
O histórico voto de Celso de Mello, o mais antigo ministro do Supremo Tribunal Federal, no processo do mensalão, na segunda-feira, pode marcar o início de uma nova era no país. Um tempo em que o assalto aos cofres públicos por políticos corruptos e por corruptores passa a ser tratado como o que de fato é: um crime abjeto, digno de repúdio e punido com a devida gravidade pela Justiça. "O cidadão tem o direito de exigir que o Estado seja dirigido por administradores íntegros e por juízes incorruptíveis", advertiu o magistrado.
Chega de Justiça cega.
No exterior, defensores de mensaleiros são motivos de chacota. São comparados ao marido que vê a mulher com outro e segue os dois até o motel. Ele consegue ver os dois se abraçando, se beijando e tirando a roupa. É quando uma peça íntima dela é atirada para o ar e cai justamente sobre a maçaneta da porta, bloqueando o buraco da fechadura. Nesse momento, o companheiro respira aliviado. Como não a viu praticando o ato sexual (seria o tal ato de ofício?), não se sente traído. Já os brasileiros de bem têm a certeza de que foram traídos. Por isso, aplaudem o julgamento.
Mas por que o Supremo tinha de fazer justiça só agora, na vez do PT?
Porque o estelionato eleitoral cometido por setores do partido é ímpar na história brasileira. Muitos bandidos podem ter roubado mil vezes mais do que os quadrilheiros do mensalão.
Mas nem um deles chegou ao poder prometendo moralizar a administração pública. Nunca antes na história deste país, o eleitor tinha sofrido um golpe tão grande, tão desonesto, tão desconcertante.
Que o julgamento impiedoso do STF sirva de lição. Nunca mais o país deve se deixar enganar pelo discurso à UDN dos falsos moralistas. Ser honesto é obrigação de todos nós, apesar de uns se considerarem acima das leis e até chegarem ao cúmulo de fazer a apologia da corrupção. Sim, Joaquim: seja justo como deve ser um verdadeiro juiz. Nem mais, nem menos. Pois, como bem disse Celso de Mello, "ninguém pode viver com dignidade em uma República corrompida". Que não seja uma voz perdida no deserto.
---------------
|
ELEIÇÕES. JOGOS REPETITIVOS ?
Candidatos sujos
Autor(es): Luiz Garcia |
O Globo - 05/10/2012 |
Eleições, como todo mundo sabe, são momentos de festa da democracia. É óbvio: o voto é a expressão da vontade do cidadão. Em nenhum outro momento ele tem igual poder para influenciar o futuro da comunidade em que vive - o que, em grande parte, é o seu próprio futuro. E nada é mais democrático do que isso.
O eleitor pode escolher bem ou mal. Isso está na natureza do jogo, cujas regras foram consideravelmente aperfeiçoadas pela Lei da Ficha Limpa. E esta, vale a pena recordar, não nasceu na cabeça de nenhum político praticante, e sim de um movimento popular inédito na nossa história política - e sem similar em outros regimes democráticos.
Por tudo isso, é com mistura de orgulho e senso de dever cívico que temos de votar neste fim de semana. Muito a propósito, vale a pena registrar que os partidos políticos aparentemente - um advérbio caridoso - não deram grande importância à limpeza das fichas dos candidatos que nos oferecem.
Mais de 2.600 candidatos foram denunciados no país inteiro, acusados de sujeira nas fichas. Até terça-feira, o Tribunal Superior Eleitoral conseguiu julgar 551 deles. Foi um belo esforço, mas sobraram muitos espertinhos na disputa.
Deve-se admitir, em princípio, que um certo número das denúncias seja de golpes baixos de adversários dos candidatos.
De qualquer maneira, é obviamente impossível que os seis ministros do Tribunal Superior Eleitoral decidam todos os processos antes da votação.
O TSE anunciou um esforço concentrado para julgar antes da votação o maior número possível de candidatos acusados - mas os ministros reconhecem que a única meta possível é resolver todos os casos até a diplomação dos eleitos, em dezembro.
É um trabalhão para os coitados dos membros do TSE. Uma possível forma de resolver o problema, em eleições futuras, seria criar alguma punição para os partidos. Afinal, é obrigação deles - ou deveria ser - examinar com severidade as fichas dos cidadãos que apresentam como candidatos. E é bom não esquecer que, aos olhos do eleitor, a qualidade de um partido político é avaliada - ou deveria sê-lo - exclusivamente pelas virtudes daqueles que o integram.
Até agora, não há notícia de algum partido que se disponha a avaliar, publicamente e com severidade, as fichas de todos os cidadãos que ambicionam mandatos.
------------
|
''MARINGÁ, MARINGÁ, VOLTE AQUI PRÔ MEU SERTÃO..." *
Ministro Marco Aurélio defere candidatura de Pupin
- Murilo Gatti
http://maringa.odiario.com/eleicoes-2012/noticia/607834/ministro-marco-aurelio-defere-candidatura-de-pupin/
-----------
(*) Joubert de Carvalho.
-----
CORRUPÇÃO ATIVA
Faltam três votos para o STF condenar Dirceu por corrupção
Três votos pela condenação |
Autor(es): HELENA MADER DIEGO ABREU |
Correio Braziliense - 05/10/2012 |
Ministros Luiz Fux e Rosa Weber seguem o entendimento do relator e defendem punição a Dirceu e Genoino pela compra de apoio parlamentar no Congresso
O voto do ministro Ricardo Lewandowski foi um alento para o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. O revisor absolveu o petista e tentou derrubar todas as acusações contra o réu, que é o símbolo do processo do mensalão.
Mas a sensação de alívio para Dirceu durou pouco. Os ministros Rosa Weber e Luiz Fux acataram integralmente a denúncia contra os acusados do núcleo político e condenaram, além do ex-ministro, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o ex-presidente da legenda José Genoino. Como o relator, Joaquim Barbosa, havia considerado o trio culpado pelo crime de corrupção ativa, o placar pela condenação já está em três a um contra Dirceu; e quatro a zero contra Delúbio.
Além dos três votos proclamados até agora que seguiram a linha da denúncia, os ministros mais antigos da Corte interromperam o revisor por várias vezes enquanto Lewandowski lia seu voto pela absolvição de Dirceu e indicaram que podem condenar o trio petista. Celso de Mello, Marco Aurélio Mello e Gilmar Mendes mostraram discordância com relação a vários argumentos usados pelo revisor. Gilmar chegou a dizer que havia "contradições" na argumentação em prol do núcleo político. Marco Aurélio foi irônico e questionou a alegação de que Delúbio Soares teria agido por conta própria. "Me questiono se o tesoureiro de um partido político teria essa autonomia", declarou o ministro. Lewandowski não gostou do questionamento e respondeu com certa rispidez. "É possível que tenham operado a mando de alguém. Mas se vossa excelência tiver provas, ótimo."
O decano e o presidente também interpelaram o revisor a respeito de seu entendimento sobre a teoria do domínio do fato, aventada pela Procuradoria Geral da República para acusar José Dirceu. Lewandowski garantiu que essa tese jurídica só poderia ser usada em casos excepcionais, como situações de guerra. O presidente da Corte, Carlos Ayres Britto, e o decano, Celso de Mello, mostraram entendimento divergente à posição do revisor. Britto lembrou que a teoria do fato pode ser aplicada também em períodos de paz e em casos de crimes como os de colarinho branco. Celso disse que a teoria vale para crimes envolvendo aparatos organizados, empresariais ou governamentais. Outra intervenção do presidente do Supremo foi um forte indicativo de que ele deve seguir o relator. Britto afirmou que Delúbio "não faria carreira solo" diante da grande quantidade de recursos que circulou no esquema.
Sem dúvidas
A ministra Rosa Weber estava visivelmente emocionada ao votar pela condenação dos réus do núcleo político. Mas disse não ter nenhuma dúvida sobre o envolvimento de Dirceu e Genoino no esquema. Ela fez uma longa defesa da validade dos depoimentos do ex-deputado Roberto Jefferson, o que serviu como um contraponto à posição de Lewandowski, que invalidou completamente as declarações do corréu. "A descrição feita por Roberto Jefferson sobre todo o esquema vem corroborada por inúmeros elementos de prova que confirmam essa linha de interpretação dos fatos retratada em seu depoimento", comentou Rosa.
Ela afirmou que os diversos indícios contra os réus do núcleo político podem ser montados "como um quebra-cabeça, peça por peça". Ela refutou o argumento de que Delúbio Soares teria agido sozinho, apesar dos depoimentos do ex-tesoureiro do PT prestados nesse sentido. "Os autos evidenciam uma elaboração sofisticada para a corrupção de parlamentares. Mas só Delúbio Soares executou o crime? Não", declarou Rosa Weber. Pela primeira vez desde o início do julgamento, a ministra reconheceu que o mensalão foi um esquema de compra de votos e de apoio político. Quando condenou políticos por corrupção passiva, nos capítulos anteriores, ela não havia entrado nesse mérito.
"Com todo o respeito, não é possível acreditar que Delúbio sozinho teria comprometido o PT com dívidas da ordem de R$ 55 milhões. Seria concluir que ele teria sido o principal artífice do esquema", justificou Rosa Weber. "E para fiar-se nessa alegação, seria necessário concluir que Delúbio seria uma mente privilegiada, com todo o respeito, agindo sem conhecimento de mais ninguém. Digo isso com toda a tristeza da minha alma", acrescentou a ministra.
Os indícios
Último a votar na sessão de ontem, o ministro Luiz Fux observou que, na condição de responsável pelas alianças políticas do governo Lula, José Dirceu comandou o esquema de compra de apoio parlamentar. Segundo Fux, havia uma "relação negocial" entre o petista e o empresário Marcos Valério. "Sobre o réu José Dirceu, eu concluí que ele é responsável pelo crime de corrupção ativa pela lógica da experiência comum, pela lógica da vida", afirmou.
Fux acrescentou que a participação de Dirceu no esquema fica evidenciada, entre outros indícios, pelo fato de Valério ter agendado reuniões do ex-ministro da Casa Civil com representantes das instituições financeiras que emprestarem dinheiro para o PT.
Ao se pronunciar sobre José Genoino, Fux reconheceu que o réu "vive modestamente", mas frisou que a corrupção nem sempre leva ao enriquecimento do acusado. "Na condição de líder da agremiação partidária, (Genoino) não poderia desconhecer (o esquema de corrupção). O réu tinha conhecimento de tudo o que estava ocorrendo quanto às despesas e receitas desse partido obtidas mediante empréstimos fictícios."
"Sobre o réu José Dirceu, eu concluí que ele é responsável pelo crime de corrupção ativa pela lógica da experiência comum, pela lógica da vida", Luiz Fux, ministro do STF
"Com todo o respeito, não é possível acreditar que Delúbio sozinho teria comprometido o PT com dívidas da ordem de R$ 55 milhões. Seria concluir que ele teria sido o principal artífice do esquema", Rosa Weber, ministra do STF
A situação de cada um
Confira o placar parcial do julgamento desta segunda parte do capítulo 6 da denúncia, que trata da acusação de corrupção ativa contra réus dos núcleos político e operacional do mensalão. Até o momento, quatro ministros votaram. Faltam ainda seis votos.
José Dirceu
O placar relativo ao ex-ministro-chefe da Casa Civil é de 3 a 1 pela condenação. Ele é acusado de ser o mandante do esquema de compra de apoio parlamentar ao governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
José Genoino
O resultado parcial do julgamento também é desfavorável ao ex-presidente do PT. O placar é de 3 a 1 para que Genoino seja condenado. Ele assinou e avalizou empréstimos fraudulentos para o PT
Delúbio Soares
A situação do ex-tesoureiro do PT é a mais complicada entre os petistas julgados neste item. O placar é de 4 a 0 pela condenação de Delúbio, apontado pela denúncia como o articulador dos repasses feitos a deputados da base aliada
Marcos Valério
Todos os quatro ministros se pronunciaram pela condenação do operador do mensalão. Ele é acusado de ter forjado empréstimos em instituições financeiros e feito repasses a parlamentares. A condenação está praticamente selada, uma vez que quando relator e revisor votam da mesma forma dificilmente algum outro ministro diverge.
Simone Vasconcelos
O Supremo deve condenar também a ex-diretora financeira da SMP&B. A votação está em 4 a 0. Ela era a responsável pela entrega de recursos do mensalão a políticos e assessores de partidos
Rogério Tolentino
O resultado parcial é de 3 a 1 pela condenação do advogado e ex-sócio de Marcos Valério. Ele tomou um empréstimo que teria alimentado a distribuição de propina
Geiza Dias
Por 4 votos a 0, o Supremo vai absolvendo a ex-gerente financeira da SMP&B Geiza Dias. Os ministros apontam que não há prova de que ela tinha conhecimento da origem ilícita do dinheiro que abasteceu o mensalão
Anderson Adauto
O ex-ministro dos Transportes e atual prefeito de Uberaba (MG) está próximo de escapar da condenação. O placar parcial é de 4 a 0. Ele é acusado de ter intermediado repasse de recursos ao PTB, mas ministros alegam que não há prova. ----------- |
PRATO FEITO
PF: R$ 1 MILHÃO EM JATINHO ERA DO PT
PARA PF, R$ 1,1 MILHÃO SERVIRIA AO PT NO PARÁ |
Autor(es): Cleide Carvalho |
O Globo - 05/10/2012 |
Delegado diz que dinheiro apreendido tinha como destino coordenador de campanha em Parauapebas
SÃO PAULO
Mais de R$ 1,1 milhão apreendido pela Justiça Eleitoral na última terça-feira em Parauapebas (PA) seria entregue a Alex Pamplona Ohana, ex-secretário de Saúde do município e coordenador da campanha do candidato José das Dores Couto, conhecido como "Coutinho do PT". A informação faz parte do depoimento dado por Adnaldo Correia Braga ao delegado da Polícia Federal de Marabá, Antonio José Silva Carvalho, que investiga a suspeita de uso do dinheiro para compra de votos. Braga foi encarregado de levar o dinheiro de Belém até Parauapebas e deu à PF detalhes sobre a operação.
- O depoimento de Adnaldo nos dá todos os indícios de que o dinheiro seria usado na campanha eleitoral na cidade. Outro indício era a presença de Alex no local. Ele saiu do aeroporto tão logo chegou o juiz eleitoral Líbio Moura, acompanhado por policiais, e chegou a cumprimentá-lo - afirmou o delegado, acrescentando que, além do juiz, os vigilantes do aeroporto também confirmaram a presença de Alex no local.
Adnaldo Correia Braga é primo de Kerniston Braga, funcionário da prefeitura de Parauapebas, que é administrada por Darci José Lermer (PT). Coutinho, ex-secretário de Obras, recebe seu apoio. A vice na chapa é Isabel Mesquita, do PMDB, ex- secretária Nacional de Políticas de Turismo.
Em depoimento à PF, Adnaldo afirmou que seu primo Kerniston viajou a Belém no domingo e pediu a ele que o acompanhasse na segunda-feira a uma agência do Banpará, onde pegaria uma grande soma de dinheiro. Preocupado com um possível assalto, Kerniston teria pedido a ele que fizesse a escolta, seguindo seu carro no trajeto. No banco, Kerniston teria recebido R$ 400 mil sacados em dinheiro vivo pelo dono da Etec Empresa Técnica, que descontou um cheque da empresa. No mesmo dia, contou Adnaldo, Kerniston fez a ele um segundo pedido: que se encarregasse de levar o dinheiro no avião da empresa White Tratores.
Adnaldo afirmou à PF ter sido surpreendido pelo primo. Na hora de embarcar, no lugar de receber apenas uma mochila de dinheiro, com os R$ 400 mil sacados no dia anterior, Kerniston lhe entregou mais duas mochilas recheadas com notas de R$ 100, R$ 50 e R$ 20.
- Antes de o avião pousar em Parauapebas, Kerniston mandou uma mensagem para o celular de Adnaldo, orientando para que o avião pousasse em Marabá, não no município, mas o primo não viu - disse o delegado.
juiz não fala sobre encontro
Para Carvalho, o fato de o juiz Líbio Moura não ter esperado que o dinheiro fosse entregue ao destinatário complica as investigações.
- Tenho indícios e o depoimento, mas se o dinheiro tivesse sido apreendido já com o destinatário seria mais fácil estabelecer o crime eleitoral. O fato de o dinheiro estar sendo transportado não é, por si só, um crime - explicou.
O advogado da campanha do PT em Parauapebas, Wellington Valente, afirmou que o fato de Alex Pamplona Ohana estar no aeroporto não o vincula ao dinheiro apreendido ou a qualquer irregularidade.
- Ele estava no aeroporto como qualquer cidadão poderia estar, se despedindo de um amigo. Isso não o relaciona com o dinheiro. Ele cumprimentou o juiz porque o conhece - disse Valente.
O advogado afirmou que não tem conhecimento do conteúdo dos depoimentos prestados à Polícia Federal, mas que a empresa White Tratores informou que tem nota fiscal do dinheiro e contrato de prestação de serviços para comprovar a operação.
- Não tem qualquer vínculo com a campanha - afirmou Valente.
O juiz Líbio Moura não quis confirmar o encontro com Alex Ohana no aeroporto.
- Entendo que a investigação é sigilosa. Não se pode julgar ninguém antecipadamente, às vésperas da eleição - afirmou Moura.
|
''QUEM LÊ TANTA NOTÍCIA?''
SINOPSES - RESUMO DOS JORNAIS
|
Na sessão do STF, ministros contestam revisor e apontam contradição em seu voto, que livrou o ex-chefe da Casa Civil do crime de corrupção ativa
O revisor do processo do mensalão no STF, Ricardo Lewandowski, votou ontem pela absolvição do ex-ministro José Dirceu do crime de corrupção ativa. Ele admitiu que Dirceu pode ter sido o mentor do esquema criminoso, mas afirmou não haver provas disso nos autos. Porém, outros dois ministros, Rosa Weber e Luiz Fux, concordaram com o relator Joaquim Barbosa e condenaram Dirceu. Quatro ministros apontaram contradição no voto de Lewandowski para absolver o petista. (Págs. 1, 3 a 6 e Merval Pereira)
Os mais de R$ 1 milhão apreendidos pela Justiça Eleitoral no interior de um jatinho, na terça-feira, em Parauapebas, no Pará, seriam entregues à coordenação da campanha do candidato do PT à prefeitura do município, José das Dores Couto, o Coutinho do PT. Em depoimento à Polícia Federal, Adnaldo Braga, preso no local, disse que o dinheiro era para a campanha eleitoral na cidade. (Págs. 1 e 8)
Lula e Dirceu sabiam que pelo menos 300 picaretas estavam à venda. (Págs. 1 e 19)
O revisor do mensalão no Supremo, Ricardo Lewandowski, votou pela absolvição de José Dirceu do crime de corrupção ativa. Para ele, as acusações do Ministério Público contra o ex-ministro da Casa Civil não passam de “ilações" e "conjecturas”.
Lewandowski chegou a dizer que Dirceu pode até ter sido o “mentor da trama”, mas ressalvou que as provas existentes no processo do mensalão não o fizeram concluir dessa forma.
Os ministros Rosa Weber e Luiz Fux seguiram o relator do caso, Joaquim Barbosa, e votaram pela condenação de Dirceu. Eles argumentam que o petista foi o responsável pela compra de apoio de congressistas.
Quatro ministros que ainda não votaram questionaram os argumentos do revisor, indicando que devem concordar com a denúncia.
Três ministros já condenaram José Genoino, e quatro, Delúbio Soares. (Págs. 1 e Poder A4)
Marcelo Coelho
Lewandowski foi incoerente; deveria absolver a todos. (Págs. 1 e Poder A8)
Vera Magalhães
Votei de acordo com minha consciência, afirma ministro. (Págs. 1 e Poder A4)
Para Nuno de Alcântara, da Fundação Cultural Palmares, a medida, defendida por ativistas, pode “fomentar o preconceito”. (Págs. 1 e Poder A9)
Segundo o Datafolha, Fernando Haddad (PT) pode ser o maior beneficiário de votos que Russomanno venha a perder. (Págs. 1 e Eleições 2012)
Os apagões, causados por curto-circuito em subestação de Furnas e por problema em linha de transmissão, acenderam o sinal vermelho no setor. (Págs. 1 e Mercado B1)
O destino do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu no julgamento do mensalão foi praticamente traçado na sessão de ontem do STF. O revisor do processo, Ricardo Lewandowski, afirmou não haver provas para condená-lo pelo crime de corrupção ativa, mas três ministros votaram pela condenação. E as críticas de quatro outros integrantes da Corte ao voto do revisor indicam que o ex-ministro será condenado por ter comandado a compra de votos no Congresso. Até ontem, condenaram Dirceu os ministros Joaquim Barbosa, Rosa Weber e Luiz Fux. Mesmo sem votar, Carlos Ayres Britto, Celso de Mello, Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello fizeram críticas ao voto do revisor pela absolvição de Dirceu, indicando que também votarão pela condenação do chefe da Casa Civil do governo Lula. (Págs. 1 e Nacional A4, A6 e A7)
Defesa contesta o relator
Advogado de José Dirceu jogou sua última cartada ao entregar aos ministros do STF memorial em que ataca o voto de Joaquim Barbosa. (Págs. 1 e A7)
Ofensiva pelo telefone
A campanha de Celso Russomanno vai disparar 1,4 milhão de telefonemas até amanhã com uma gravação do candidato explicando sua proposta de tarifa proporcional de ônibus. (Págs. 1 e A8)
Fotolegenda: Russomano. Candidato do PRB faz carreata de Santo Amaro ao Grajaú.
Fotolegenda: Serra. Postulante do PSDB caminha pela Vila Sabrina, na zona norte.
Fotolegenda: Haddad. O petista visita o bairro de Jardim Ângela, na zona sul da cidade.
Fotolegenda: Chalita. O candidato do PMDB entra em táxi na região da Praça da Sé.
Fortaleza (CE)
Tasso vive o ostracismo
Sem mandato, 26 anos depois de derrotar os coronéis do Ceará, Tasso Jereissati acabou sufocado pelo clã dos Ferreira Gomes, antigos aliados. (Págs. 1 e A11)
Salvador (BA)
Copa entra na campanha
O governador Jaques Wagner disse na TV que a eleição de Nelson Pelegrino (PT) é a certeza de que a Bahia fará “bonito” na Copa do Mundo. (Págs. 1 e A12)
O programa InovarAuto reconhece a existência do atraso. Tomara que, desta vez, seja mais do que um esquema disfarçado de proteção ao setor. (Págs. 1 e Economia B2)
Pouco resta aos condenados no mensalão que anunciar recursos a cortes internacionais - ideia que equivale mais ou menos a reclamar ao bispo. (Págs. 1 e Nacional A6)
O sistema elétrico brasileiro de energia está longe da segurança possível. Sempre há falha. (Págs. 1 e A3)
Para usufruir integralmente dos benefícios fiscais do novo regime, que reduz o imposto proporcionalmente à quantidade de peças e partes fabricadas no país, as montadoras de instalação mais recente, especialmente francesas, japonesas e coreanas, devem enfrentar maior dificuldade, segundo preveem as autoridades. (Págs. 1 e A3)
A sessão foi marcada por um amplo voto do revisor do processo, ministro Ricardo Lewandowski, pela absolvição de Dirceu e, em seguida, pela constatação de que ele deve ficar em minoria no STF. Isso porque, além de três ministros — o relator, Joaquim Barbosa, Rosa Weber e Luiz Fux — terem condenado formalmente Dirceu por corrupção ativa, Lewandowski foi contestado por intervenções ao longo de seu voto por todos os demais integrantes da Corte, com exceção de José Antonio Dias Toffoli. (Págs. 1 e 19)
O PMDB, maior parceiro do no governo federal, pode sair como o maior perdedor na disputa eleitoral nos municípios, pelo menos nas capitais. Em 2008, os pemedebistas venceram em seis cidades, o maior número, ao lado dos petistas. Agora, está no páreo em seis, mas tem a eleição praticamente garantida em apenas duas: Rio de Janeiro e Boa Vista, no Acre. (Págs. 1 e A24)
As informações que chegam ao Planalto sinalizam que o crescimento econômico de 4% ou mais em 2013 não está garantido. (Págs. 1 e A2)
Maria Cristina Fernandes
O fenômeno Russomanno não está restrito à capital paulista. O discurso do novo caiu no colo da direita. (Págs. 1 e A10)