PENSAR "GRANDE":

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[NÃO TEMOS A PRESUNÇÃO DE FAZER DESTE BLOGUE O TEU ''BLOGUE DE CABECEIRA'' MAS, O DE APENAS TE SUGERIR UM ''PENSAR GRANDE''].
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“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.

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''Os Economistas e os artistas não morrem..." (NHMedeiros).

"O Economista não pode saber tudo. Mas também não pode excluir nada" (J.K.Galbraith, 1987).

"Ranking'' dos políticos brasileiros: www.politicos.org.br

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# 38 RÉUS DO MENSALÃO. Veja nomes nos ''links'' abaixo:
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valor ...ria...nine

folha gmail df1lkrha

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sexta-feira, dezembro 03, 2010

XÔ! ESTRESSE [In:] BRECHÓ

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Homenagem aos chargistas brasileiros.
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WIKILEAKS [In:] ''O QUE SERÁ QUE SERÁ? QUE ANDAM COMBINANDO NO BREU DAS TOCAS...'' *

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A crise dos segredos abertos



O Estado de S. Paulo - 03/12/2010

Era apenas questão de tempo. Cedo ou tarde, a divulgação a conta-gotas de 251.287 despachos diplomáticos confidenciais americanos fatalmente criaria mais do que constrangimentos para os Estados Unidos e os governos com que se relacionam. Ontem, no quarto dia de publicação das mensagens obtidas pelo site WikiLeaks e repassadas a quatro jornais e uma revista semanal que as editam (New York Times, Guardian, Le Monde, El País e Der Spiegel), o constrangimento se transformou numa crise política de proporções consideráveis, envolvendo nada menos do que os EUA e a Rússia.

Já na segunda-feira vazou um documento no qual diplomatas americanos, avaliando a correlação de forças em Moscou, comparam o primeiro-ministro Vladimir Putin ao Batman das histórias em quadrinhos, relegando o presidente Dmitri Medvedev ao papel do coadjuvante Robin. A analogia destoa da boa linguagem diplomática, mas é pertinente. Pior foi o secretário de Defesa dos EUA, Robert Grave, ser citado como tendo dito que "a democracia russa desapareceu" e que Moscou está nas mãos de "uma oligarquia dirigida pelos serviços secretos".

Relatos sobre a situação de outros países, incluindo perfis de seus dirigentes, altos funcionários e opositores, bem como explicações e prognósticos sobre as suas políticas, são triviais em diplomacia. Entre os afazeres dos embaixadores no estrangeiro, espionar o anfitrião é tão importante como negociar com ele. Já o interlocutor que se abre com um diplomata sabe que as suas palavras alcançarão leitores mais bem situados na hierarquia da qual aquele faz parte. Nesse jogo, baseado no princípio da confiança recíproca, uma coisa é inadmissível: a quebra do sigilo.

Quando isso acontece, ainda mais como agora, em escala industrial, o desconforto é generalizado e trivialidades se transformam em fatos políticos - com risco de crise. O governo incapaz de guardar os seus segredos tem de dar conta do estrago produzido. Pois uma coisa é saber - e todos sabem -, por exemplo, que a Arábia Saudita abomina o Irã e está inquieta com o programa atômico de Teerã, e outra coisa é vir a público que o rei saudita Abdullah, por intermédio do seu embaixador em Washington, instou os EUA a atacar o país - "cortar a cabeça da serpente", teria mandado dizer.

Perto disso, importa menos do que um grão de areia se o ministro brasileiro da Defesa, Nelson Jobim, de fato confidenciou ao então embaixador Clifford Sobel que o à época secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, "odeia os Estados Unidos" e que o presidente boliviano, Evo Morales, tem um tumor no nariz. Mas, perto do que vazou das análises dos principais diplomatas americanos acreditados em Moscou sobre a Rússia, o constrangimento em que a negligência dos EUA deixou o monarca saudita pode não durar mais do que redemoinho no deserto.

A Rússia de Putin é equiparada a uma cleptocracia autocrática, em que a elite dirigente, as agências de segurança, as oligarquias dos grandes conglomerados econômicos e o crime organizado se associaram para criar um "virtual Estado mafioso". Nada que já não se soubesse - embora sem tamanha profusão de detalhes. Mas, exposto ao mundo, o libelo leva às cordas o que o presidente Barack Obama tinha a apresentar como a sua mais promissora realização em política externa a reaproximação com a Rússia, o restart de que falou a secretária de Estado Hillary Clinton depois de seu primeiro encontro com Medvedev, no começo do ano passado.

Putin não perdoará em especial o despacho do então embaixador William Burns sobre o rumor de que o círculo íntimo do líder russo ordenou a eliminação do agente Alexander Litvinenko, envenenado em Londres há 4 anos. A naturalidade com que o boato foi recebido em Moscou "diz tudo do que se espera do Kremlin", escreveu o diplomata.

É improvável que os EUA consigam estancar o aluvião de bisbilhotices explosivas que viajam da internet para alguns dos mais importantes órgãos da imprensa mundial. O fracasso das primeiras tentativas de bloquear o WikiLeaks é sintomático. Em nome do direito à informação, melhor assim.

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(*) O QUE SERÁ (A FLOR DA PELE} (Chico Buarque).

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GOVERNO LULA/''ROYALTIES'' DO PETRÓLEO [In:] DE QUEM É O PETRÓLEO ?

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Royalties do Rio nas mãos de Lula agora



Pré-sal do Rio nas mãos de Lula


Autor(es): Agência O globo/ :Gustavo Paul
O Globo - 03/12/2010


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai vetar, até o próximo dia 31, a chamada Emenda Simon, que revê a atual política de distribuição da renda do petróleo, reduzindo a pó a arrecadação das regiões produtoras, particularmente a do Rio. Mas esta compensação será parcial. O governo deixou claro ontem que não está valendo mais o acordo fechado pelo presidente Lula com os governadores do Rio, Sérgio Cabral, e do Espírito Santo, Paulo Hartung, um ano atrás e que uma nova proposta será costurada. As perdas de receita do Rio, assim, tendem a ser bem maiores do que as acertadas.

Reunidos no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), na noite de 10 de novembro de 2009, na presença da então ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff, os três governantes concordaram que não seriam alteradas as regras para os campos já concedidos; a alíquota dos royalties seria elevada de 10% para 15%; e a União reduziria sua parcela no bolo para garantir mais recursos aos estados e municípios não produtores. Assegurou-se que a redução na receita dos estados produtores seria marginal: a alíquota atual de 26,25% cairia a 25%.

Ontem, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que o acordo perdeu a validade após as votações no Congresso.

- Aquele acordo foi derrotado na Câmara e no Senado. E agora certamente os novos governadores, os prefeitos e o Congresso Nacional vão se sentar para discutir uma proposta de um projeto de lei - disse Padilha, ressaltando que o acordo pode até servir de base à nova proposta.

Cabral: "Eu confio no presidente"

O presidente Lula limitou-se ontem a elogiar a aprovação do projeto que institui o modelo de partilha. No discurso da última reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) em seu governo, o presidente elogiou o modelo de partilha dos royalties do petróleo do pré-sal aprovado ontem na Câmara.

- Meus agradecimentos porque ontem a Câmara aprovou o modelo de partilha, que é uma coisa que nós entendemos que seja a melhor forma para este país ser dono da sua riqueza e dela fazer a compensação dos desmandos que nós tivemos durante todo o século XX e em outros momentos da nossa História.

O governo federal demonstra que quer deixar para a presidente eleita, Dilma Rousseff, o caminho aberto para recomeçar a negociação do zero, em 2011. Dessa forma, as receitas de exploração do Rio e do Espírito Santo continuariam vulneráveis.

Ontem, o governador Sérgio Cabral, afirmou que está confiante no veto presidencial à Emenda Simon.

- O presidente Lula assumiu um compromisso e ninguém duvida da palavra do presidente Lula - disse. - O acordo foi que vamos redesenhar o percentual dos royalties, de tal maneira que todos os estados recebam, mas que o percentual do Rio aumente de forma a compensar a perda da participação especial. Como vai aumentar o volume de produção, vamos fazer um cálculo, o Rio não ganha mais, mas deixa de perder. O presidente Lula já disse que vai vetar e eu confio no presidente.


O secretário de Desenvolvimento Econômico, Júlio Bueno, acredita que o presidente Lula deverá cumprir o que acertou ano passado com o governo do Rio. Segundo o secretário, o projeto agora voltará para a Câmara e, portanto, o assunto voltará a ser discutido no próximo ano com o novo Congresso. O secretário diz acreditar ainda que Dilma manterá a promessa feita com o governo do Rio neste ano de não alterar a regulamentação do pagamento dos royalties.

Aguardando o veto, parlamentares do Rio e do Espírito Santo rechaçaram a hipótese de quebra do acordo. O senador Francisco Dornelles (PP-RJ) acusou a Emenda Simon de "imoral e indecente":


- Querem tirar um direito do Rio por uma esmola da União. O Rio não aceita esmola, até porque a União não tem o hábito de pagar suas esmolas - disse Dornelles.

O senador eleito Lindberg Faria (PT-RJ) disse que vai cobrar o cumprimento dos termos fechados:

- Não aceitamos isso. Não dá para zerar o jogo. O acordo foi fechado pelo presidente Lula, com a presença da então ministra e hoje presidente eleita Dilma.

Sem esconder a surpresa, o governador capixaba, Hartung, endossou a queixa, lembrando a importância política do acordo, que previa não só o veto como compensação diferenciada aos estados produtores.


- Estranho as declarações do ministro Padilha quanto a esta parte do acordo. Ele sempre mostrou entusiasmo com a proposta que fechamos - disse Hartung.

O senador e governador eleito do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), questionou o argumento de que foi o Congresso quem colocou o entendimento por terra:

- Acordo é acordo. Só pode derrubá-lo quem o fez, que foi o presidente Lula e os governadores do Rio e do Espírito Santo.

O Palácio do Planalto já vem trabalhando numa proposta alternativa, no âmbito do Comitê de Articulação Federativa (CAF), que reúne representantes dos municípios e está ligado à Presidência da República. Como adiantou O GLOBO, a proposta prevê um período de transição de dez anos entre o modelo atual e um novo. Isso deverá levar a uma queda estimada de R$93 bilhões na receita do Rio até 2020.

Receita do Rio cairia para R$90 milhões


Ontem, o governo mandou recados de que vetará a Emenda Simon. Único a se expor publicamente, Padilha disse que vai sugerir a Lula o veto, sob argumento de que ela prejudica o Fundo Social, que vai receber e distribuir os recursos auferidos com a receita de petróleo. A nova distribuição dos royalties foi aprovada no mesmo projeto que institui o Fundo Social e cria o modelo de partilha de produção das áreas do pré-sal.

Nos bastidores, a orientação do governo sempre foi de vetar o artigo, caso ele fosse aprovado pelos deputados. Mas, por ser um tema complexo e polêmico, os técnicos acham que ela só deve ser anunciada ao fim do prazo de 15 dias a partir de sua chegada à Casa Civil. A garantia do veto também foi dada aos governadores do Rio e do Espírito Santo e a integrantes da bancada fluminense por auxiliares diretos de Lula.

A Emenda Pedro Simon (PMDB-RS) foi aprovada no Senado em julho e incorpora o texto da Emenda Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), segundo a qual seriam reunidas num único bolo todas as receitas de royalties e de participações especiais pagas na exploração dos campos do petróleo, inclusive áreas já licitadas. A União ficaria com uma fatia e o restante seria dividido meio a meio entre estados e municípios. Isso reduziria, a valores de 2009, a arrecadação do Estado do Rio de R$4,884 bilhões para apenas R$90,516 milhões. Para evitar o colapso dos entes produtores, Simon adicionou um artigo que transfere para a União a obrigação de ressarcir os estados e municípios prejudicados.

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DILMA PRESIDENTE [In:] REPÚBLICA ''FEUDALISTA''

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Dilma mantém feudo de Sarney no governo



Gerson Camarotti , Eliane Oliveira, Maria Lima e Luiza Damé
Autor(es): Agência O globo/ :Gerson Camarotti , Eliane Oliveira, Maria Lima e Luiza Damé
O Globo - 03/12/2010

Pelo menos cinco ministros do governo Dilma Rousseff serão formalmente anunciados hoje, no mesmo formato dos três confirmados até agora: por meio de nota ou comunicado, sem a presença da presidente eleita. Dilma decidiu antecipar a indicação do primeiro ministro do PMDB, o senador Edison Lobão (MA), ligado ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), para o Ministério de Minas Energia.

Para tentar diminuir a crise aberta dentro do partido aliado, o convite de Dilma a Lobão foi formalizado ontem à tarde, num encontro na Granja do Torto. Mas o impasse continua. O PMDB quer cinco ministérios, mas Dilma oferece quatro.

Além de Lobão, serão confirmados Antonio Palocci (PT-SP) para a Casa Civil, o atual chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, para a Secretaria Geral da Presidência, José Eduardo Cardozo (PT-SP) para o Ministério da Justiça, e a permanência de Alexandre Padilha na pasta de Relações Institucionais.

Segundo fontes da equipe de transição, não está descartado o anúncio de outros ministros ainda hoje, como a manutenção de Wagner Rossi na Agricultura. A confirmação oficial de outros já dados como certos, casos de Fernando Pimentel (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e Paulo Bernardo (Comunicações), estava prevista para semana que vem. Mas também pode ser antecipada.

Temer ainda insiste por Moreira Franco

Descartada a indicação do secretário de Saúde do Rio, Sérgio Côrtes, a escolha do ministro da Saúde, segundo integrantes da transição, voltou à estaca zero.

Além do pedido de desculpas, de Buenos Aires, o governador Sérgio Cabral teria enviado, segundo boatos que circularam ontem na equipe transição, um buquê de flores brancas para a presidente eleita. As flores foram compradas pelo sistema internacional de venda pela internet. Mais tarde, já depois das 9 da noite, outro boato: Côrtes estaria na Granja do Torto acompanhado de Palocci. A assessoria do secretário negou.

Além desse impasse, Dilma ainda precisa concluir as negociações com o PMDB, que não estão fáceis.

Durante todo o dia, líderes do partido se reuniram com Michel Temer e com Antonio Palocci para pressionar pela indicação de Moreira Franco numa cota pessoal do vice-presidente eleito. Os peemedebistas alegam que, se Temer não conseguir emplacar Moreira no primeiro escalão, sairá desmoralizado.

Mas Dilma insiste que o PMDB só terá quatro ministérios: dois indicados pela bancada da Câmara e dois pela bancada do Senado. No Senado, a negociação está bem encaminhada e o nome mais forte para a segunda indicação dos senadores do partido é o do ex-presidente Garibaldi Alves (RN), para o Ministério de Portos. O primeiro da Câmara é o de Wagner Rossi.

— Há uma guerra para ver qual é o espaço do PMDB no Ministério. O Michel disse publicamente desde o início que o Moreira era a indicação número um dele. Sua nomeação agora passa a ser extremamente importante para a estrutura do PMDB.

Mas não tem sido fácil passar isso adiante — afirmou um dos interlocutores de Temer, ontem, ao final das reuniões.

Com a crise aberta pela nomeação precoce feita por Sérgio Cabral, a palavra de ordem ontem era cautela entre petistas e aliados. O temor é que um anúncio antecipado se torne no dia seguinte um veto da presidente eleita. Lobão, por exemplo, nada quis dizer.

— Ainda estou aguardando uma posição. Esse não é o momento de falar — despistou Wagner Rossi.

— Comigo, não bateram o martelo.

Muita gente que bateu o martelo de forma antecipada, teve que voltar atrás — reforçou o governador Jaques Wagner (PT-BA), que indicou nomes para os ministérios do Nordeste.

Nas seguidas reuniões do PMDB, o partido sinalizou que se a cota não for de cinco ministérios, a conta do partido não fecha.

Para a segunda vaga da Câmara, o PMDB chegou a ser sondado para ocupar o Ministério da Previdência, mas a proposta não foi bem recebida.

O presidente do PT, José Eduardo Dutra, considerou natural que os partidos façam suas reivindicações por maior espaço e acha que até o dia da posse tudo estará resolvido.

— Eu tenho plena confiança que todos os partidos que fazem parte dessa coligação estão empenhados em garantir o sucesso do governo.

Vão estar representados de acordo com o peso de cada um.

Até a posse, vai se confirmar o Ministério em que todos os partidos vão estar representando e atuando para sucesso do governo Dilma — disse Dutra.

Há um impasse também na escolha do ministro dos Transportes. O presidente do PR, Alfredo Nascimento (AM), tenta se viabilizar para voltar ao cargo, mas ontem entrou e saiu de um encontro com Dilma sem qualquer definição.

A presidente eleita reclamou que o PR precisa entrar em um consenso sobre os nomes, já que além de Nascimento, o presidente da Confederação Nacional dos Transportes, Clésio Andrade, indicou o deputado Jaime Martins (PR-MG) para o mesmo cargo. A presidente pediu que o PR se entenda até a próxima terça-feira, para que possa anunciar o escolhido.

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DILMA PRESIDENTE [In:] DUELO DE TITANS

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Duelo entre Mantega e Meirelles



O último duelo de Mantega e Meirelles


Autor(es): Luciano Pires e Liana Verdini
Correio Braziliense - 03/12/2010

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, travam um duelo sobre o combate à disparada dos preços. Uma das saídas pode ser o aumento do compulsório para os bancos.

Inflação em alta acirra divergências entre o ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central sobre o aumento dos juros. Como alternativa, a autoridade monetária pode subir o depósito compulsório dos bancos

Adversários no discurso e na prática, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, armam-se para um último duelo.

Com os índices da inflação nas alturas — as projeções apontam para 6% neste ano e em 2011, acima do centro da meta de 4,5% perseguida pelo BC —, a política de juros e a estabilidade da economia viraram, de novo, motivos de embates entre os dois principais personagens da atual equipe econômica. Às vésperas de mais uma reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), ambos divergem sobre o remédio a ser ministrado para estancar o repique de preços.

Há quem aposte no surgimento de uma via alternativa: o aumento dos depósitos que os bancos são obrigados a fazer compulsoriamente nos cofres do BC. Seria uma forma de restringir e encarecer o crédito e, por tabela, frear o consumo e conter a inflação. As mudanças nos compulsórios podem ser anunciadas ainda hoje.

Na intensa guerra de bastidores, Meirelles avalia que a inflação está disseminada e que as últimas altas mensais não se devem apenas à valorização das commodities (mercadorias com cotação internacional) e à disparada dos preços dos alimentos ao consumidor final. As ameaças reais, segundo ele, estão relacionadas aos serviços, que passaram a emitir sinais preocupantes de encarecimento — com alta acumulada de mais de 7% nos últimos 12 meses. Mantega avalia diferentemente. Para o ministro da Fazenda, a inflação está domada e não há motivos que justifiquem qualquer mexida nos juros, pois o que se vê são variações atípicas no valor dos alimentos, que logo serão corrigidas.

Despedida
Preterido pela presidente eleita, Dilma Rousseff, o presidente do BC já avisou a interlocutores que pode comandar um movimento de elevação da taxa básica de juros (Selic) — hoje em 10,75% ao ano —, despedindo-se assim em “alto estilo” do comando da autoridade monetária. A reunião do Copom ocorrerá nas próximas terça e quarta-feira. Parte do mercado aposta em uma alta de 0,5 ponto percentual como forma de blindar a economia. Outra corrente de analistas crê que o Banco Central manterá a Selic estável, pelo menos neste mês, iniciando em janeiro do próximo ano o ciclo de alta. Pesquisa da Reuters revelou que bancos e consultorias esperam que o aperto monetário em 2011 será de até dois pontos percentuais.

A elevação da Selic, como quer Meirelles, é um problema para Dilma. A sucessora de Luiz Inácio Lula da Silva prometeu durante a campanha eleitoral reduzir a taxa real (que desconta a inflação) para 2% até 2014. Caso seu mandato se inicie sob a espada da elevação da Selic, a presidente eleita terá maior dificuldade para cumprir o objetivo. Economistas independentes alertam que a tarefa já é ingrata por si só, mas que o cenário tende a piorar ainda mais se o próximo governo não fizer os necessários cortes de gastos ou melhorar a qualidade do investimento.

Prestigiado por Dilma e confirmado no cargo em 2011, o ministro da Fazenda colocou-se em posição de combate ontem. Mantega mandou recados explícitos ao mercado, ao Copom e a Meirelles. “A situação está sob controle. (A inflação) não vai escapar da meta, e o governo fará o que for necessário para que isso continue”, disse logo depois da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), órgão consultivo formado por representantes da sociedade civil e ligado diretamente à Presidência da República.

Reversão
A avaliação sobre o comportamento da inflação no Brasil não deve ser feita apenas considerando os alimentos, mas observando o conjunto dos preços da economia, justificou Guido Mantega. Para o ministro, haverá uma reversão do quadro no início do próximo ano. Como argumento, Mantega lembrou que o núcleo do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial, retirando alimentação e combustíveis, acumula taxa abaixo de 5% em 12 meses. Já com os dois itens, o índice sobe para 5,2%. “Estamos dentro da meta. Um pouco acima do centro, mas num movimento relacionado com uma economia que está crescendo fortemente”, disse.

Mantega não escondeu a expectativa pela redução dos juros após a regulamentação do cadastro positivo, aprovado no Senado na noite de quarta-feira. “Quando conversamos com as instituições, garantiram a redução do spread (a diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa efetivamente cobrada dos clientes). E vamos cobrar essa fatura, depois que o cadastro positivo entrar em vigor”, afirmou.

“O BC está atrasado”

Gabriel Caprioli

Os indícios de que a necessidade de se retomar o arrocho monetário e de aumentar com urgência os juros são claros, na avaliação da maior parte do mercado: há avanços dos preços correntes, que estão chegando próximo ao teto da meta definida para o IPCA — índice oficial de inflação; a trajetória livre das influências sazonais aumenta; e as expectativas futuras seguem se deteriorando. Entretanto, ainda pairam dúvidas se o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, vai assumir o ônus de elevar a taxa básica (Selic) na semana que vem, o que configuraria sua última decisão relevante no cargo.

“O cenário mais provável com o qual trabalhamos é de que, na próxima reunião, os juros sejam mantidos e a ata (documento publicado uma semana depois do encontro, com as justificativas da decisão) traga uma mensagem preparatória para um aumento em janeiro”, avaliou o ex-presidente do Banco Central e atual diretor da Tendências Consultoria, Gustavo Loyola. Para o economista, no entanto, os sinais de pressões inflacionárias acumulam-se e, quanto antes vier o aumento da taxa, melhor. “Não há como negar que o BC já está atrasado.”

As opiniões das 100 maiores instituições consultadas pelo BC semanalmente apontam para a manutenção dos juros pelo Conselho de Política Monetária (Copom) na próxima semana. Contudo, alguns analistas já imbicam na direção contrária. Bernardo Fiaux, analista da Personale Investimentos, ressaltou que as negociações de contratos futuros de juros tiveram um salto. “A surpresa (no pregão de ontem) ficou por conta dos juros futuros, que subiram muito. O mercado aposta que o Banco Central vai aumentar em 0,25% a Selic”, avaliou.

Encarecimento
No fechamento das negociações, os contratos com vencimentos em janeiro de 2013 registraram avanço nos juros de 12,29% para 12,36% ao ano. Já os que se encerram em janeiro de 2014 mostraram elevação de 12,14% para 12,20% ao ano. Na prática, esses valores significam que aumentou a procura por aplicações financeiras que estimam um aumento na taxa Selic. Mais do que a meta fixada pelo BC (atualmente em 10,75% ao ano), são esses contratos que encarecem os financiamentos, já que suas taxas servem de base para a negociação entre os bancos no mercado financeiro.

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DILMA PRESIDENTE/MINISTÉRIOS [In:] NO MEIO DO CAMINHO TINHA UM ''CARDOZO''; TINHA UM ''CARDOZO'' NO MEIO DO CAMINHO ... *

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CARDOZO FECHA A COTA DE DILMA



NOVO LOTE DE NOMES COM O "OK" DE DILMA


Autor(es): Denise Rothenburg
Correio Braziliense - 03/12/2010

A presidente eleita escolheu o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), um dos coordenadores da campanha, para o Ministério da Justiça. Já o PMDB emplacou Edison Lobão em Minas e Energia, e Wagner Rossi na Agricultura.

A presidente eleita planeja confirmar hoje mais uma lista de figuras que vão compor o seu ministério. Cardozo, na Justiça, além dos peemedebistas Lobão (Minas e Energia) e Wagner Rossi (Agricultura), está confirmado

Está tudo pronto para que a presidente eleita, Dilma Rousseff, anuncie hoje mais um lote de ministros. Entre a madrugada e a tarde de ontem, por exemplo, ela escolheu mais três: José Eduardo Cardozo (PT-SP) para a Justiça; Wagner Rossi (PMDB-SP), para Agricultura, e o senador reeleito Edison Lobão (PMDB-MA), que retorna ao Ministério de Minas e Energia. Os anúncios devem ser feitos por nota oficial, conforme ocorreu com os nomes já oficializados.

A intenção da equipe de transição é a de que ela anuncie hoje o núcleo palaciano e aqueles mais próximos, algo que já está fechado. Dilma raiou a madrugada batendo o martelo sobre o nome do futuro ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. O deputado petista, que não foi candidato a deputado federal para voltar à advocacia, terminou integrando a coordenação da campanha. Ontem, foi convidado oficialmente para o governo, numa reunião na Granja do Torto que terminou depois de 1h da manhã. Lá estava ainda o futuro ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. Cardozo saiu da Granja do Torto e viajou para aproveitar a sexta-feira e o fim de semana em consultas a dois ex-ministros da Justiça, Márcio Thomaz Bastos e Tarso Genro, sobre a composição da equipe (leia mais na página 3).

A escolha de Cardozo fecha a configuração dos ministros da cota pessoal da presidente eleita e aqueles mais próximos. Estão nesse rol os futuros ministros da Casa Civil, Antonio Palocci; da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho; o da Fazenda, Guido Mantega; e a doPlanejamento, Miriam Belchior. Carvalho e Palocci ainda não foram anunciados e há ainda Alexandre Padilha, cotado para permanecer no Ministério de Relações Institucionais, nas mesmas funções que exerce hoje no governo Lula.

Na reunião com Dilma, Palocci, Cardozo e ainda o presidente do PT, José Eduardo Dutra, fizeram uma avaliação geral do processo de escolha dos ministros de outras pastas. Citaram inclusive a preferência por Antonio Patriota para Relações Exteriores e a indicação de Paulo Bernardo como nome já fechado para as Comunicações. Bernardo, inclusive, já se reuniu com integrantes do futuro ministério. No seu ofício, passarão pelo seu crivo a escolha do presidente dos Correios, de diretores da Agência Nacional de Telecomunicações e da Telebras. Ele foi uma espécie de interventor na área para ajudar a fortalecer os Correios quando houve a crise que resultou na queda da diretoria este ano.

“Tricô”
Dilma aproveitou ainda para tratar com seus futuros ministros e aliados de primeira hora o espaço do PMDB. E foi justamente para tentar amenizar a situação do partido que ela convidou ontem os ministros da Agricultura e de Minas e Energia. A ideia é não deixar enfraquecer a posição de Michel Temer como negociador. Afinal, Dilma aprendeu a confiar e a admirar o vice e não deseja outro interlocutor no PMDB.

Já ficou definido, por exemplo, que o PMDB terá mais dois ministérios, um para a Câmara e outro para o Senado. No rol estão Cidades e Previdência. “Se Cidades não for oferecido ao PP, nós poderemos discutir, mas não vamos pedir o espaço de um aliado do bloco”, comentou ontem o líder do partido, Henrique Eduardo Alves (RN), numa declaração mais amena do que aquela feita há dois dias. E já há quem diga que é possível dar ao partido uma quinta posição. Ontem mesmo houve reunião entre Palocci e o ex-vice-presidente de Loterias da Caixa Econômica Wellington Moreira Franco, do PMDB, para conversar a respeito (leia detalhes na página 6). Michel Temer, quebrando a tradição, permaneceu em Brasília ontem fechado em negociações sobre o futuro ministério. Enquanto ele conversava com o partido, os governadores do Nordeste se reuniam em Brasília para tentar se fortalecer e, assim, conquistar não só a Integração Nacional como outros espaços importantes para o governo (leia mais na página 4).

Colaborou Ivan Iunes

O time e as cifras
Veja o perfil e o Orçamento à disposição de alguns dos integrantes (uns prováveis, outros certos) do ministério de Dilma

Justiça
José Eduardo Cardozo (PT)
Um dos assessores diretos de Dilma, o deputado pelo PT paulista desistiu da reeleição para se dedicar à campanha. Como participou das negociações para formar a aliança de apoio à petista, tornou-se um dos três nomes principais ao redor da candidata. Foi convidado oficialmente na madrugada de ontem. Na pasta da Justiça, caberá a ele controlar um caixa de R$ 11,017 bilhões.

Minas e Energia
Édison Lobão (PMDB-MA)
Jornalista, advogado e empresário, assumiu o cargo pela primeira vez em janeiro de 2008, depois da longa interinidade de Nelson Hubner. A desconfiança sobre suas capacidades no setor não durou. Montou quase toda a equipe com pessoas que já haviam trabalhado com a ex-ministra Dilma Rousseff e não se desviou um milímetro dos projetos traçados por ela. Caiu nas graças e na simpatia da toda-poderosa do Planalto. É senador desde 1987, com intervalos de 1991 a 1994, quando foi governador do Maranhão. Sempre fiel à família Sarney, garantiu fácil sua recondução ao ministério. Terá a seu dispor um cofre com R$ 5,7 bilhões.

Agricultura
Wagner Rossi (PMDB-SP)

Ex-deputado pelo PMDB paulista, sempre foi próximo a Michel Temer e da bancada ruralista, a qual integrou por cinco anos. Esses dois fatores lhe garantiram a indicação para permanecer no cargo. Rossi chegou ao governo Lula como presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e, em 2008, foi guindado ao ministério, substituindo o deputado Reinhold Stephanes, também do PMDB. A pasta gerenciará R$ 8 bilhões.

Ministério das Comunicações
Paulo Bernardo (PT)
Entre os desafios que o atual ministro do Planejamento terá pela frente na pasta está a questão das concessões de rádio e TV, da implantação do Plano Nacional de Banda Larga e da nova lei de comunicação eletrônica. Bernardo tem grande credibilidade e respeito do presidente Lula, que recorre a ele quando tem problemas a resolver. Terá ao seu dispor um cofre com R$ 4,36 bilhões.

Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior Fernando Pimentel (PT)
Ex-prefeito de Belo Horizonte e candidato derrotado ao Senado, é amigo pessoal da presidente eleita. Conheceu Dilma durante o movimento estudantil e na militância contra a ditadura militar. Na campanha, atuou como colaborador informal. Sua principal tarefa será ajudar a formular a política industrial do governo num cenário de dificuldades no setor exportador por conta da valorização do real frente ao dólar e ao euro. Terá à disposição um Orçamento estimado em R$ 1,76 bilhão.

Defesa
Nelson Jobim
O ministro da Defesa aceitou o convite da presidente eleita para continuar no cargo. O presidente Lula havia manifestado o desejo de que ele permanecesse em razão de sua boa relação com as Forças Armadas. De acordo com um petista, Jobim só aceitou negociar sua permanência com a condição de retirar o setor de aviação civil da competência do Ministério da Defesa. Tem ao seu dispor R$ 60,2 bilhões.

Educação
Fernando Haddad (PT)
Após pressão de Lula pela manutenção de Haddad, a presidente eleita, Dilma, decidiu fazer o convite para sua permanência. Haddad teve a imagem arranhada pelas falhas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Apesar de resistências do PT ao ministro, considerado “pouco político”, a avaliação de Lula, de que ele faz um bom trabalho, falou mais alto. Maneja um dos maiores orçamentos da esplanada: R$ 62,5 bilhões.

Casa Civil
Antonio Palocci (PT)
Provável titular do ministério responsável pela coordenação do governo, Palocci será reabilitado na cena política. Fiador do rumo econômico no primeiro mandato de Lula, o então comandante da Fazenda foi abatido em março de 2006, no rastro do escândalo da quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo. Palocci foi inocentado pelo STF. Entre suas atribuições, fará dobradinha com a Secretaria das Relações Institucionais na articulação política e cuidará da interlocução com governadores e prefeitos. A Casa Civil tem orçamento estimado em torno de R$ 1 bilhão.

Saúde
Sérgio Côrtes (PMDB)
O secretário de Saúde do Rio de Janeiro era nome praticamente certo, mas ficou pendente em função de o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, ter anunciado o nome antes de a bancada do PMDB ser consultada. É responsável pela implantação das Unidades de Pronto-Atendimento 24 Horas, as UPAs, que Dilma esperava ampliar para o resto do país. O titular da pasta terá de manejar um montante de R$ 74 bilhões.

Fazenda
Guido Mantega
Quadro histórico do PT, nasceu em Gênova (Itália) e sempre defendeu uma filosofia econômica voltada ao desenvolvimento, com juros menores. Intitula-se “keynesiano”, corrente que se caracteriza pela percepção de que o mercado não se autorregula e, também, por uma intervenção maior do Estado na economia. Mantido no cargo, que assumiu em março de 2006 após a demissão de Palocci, seus primeiros desafios serão melhorar a gestão das contas públicas, compromisso de Dilma durante a campanha. No cofre da pasta, R$ 19,7 bilhões.

Planejamento
Miriam Belchior
Já confirmada na pasta, deve levar para o novo cargo o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do qual estava à frente como subchefe da Casa Civil. Foi uma das responsáveis pela implantação do programa em 2007 e atuou nos últimos meses na seleção dos projetos do PAC 2. Como integrante da equipe de Dilma na Casa Civil, assumiu uma posição de diálogo nos temas referentes à infraestrutura entre União, estados e municípios. Foi mulher de Celso Daniel, ex-prefeito do PT de Santo André assassinado em 2002. No primeiro mandato de Lula, atuou na integração de programas no Bolsa Família. Sua pasta gerencia um caixa de R$ 16,2 bilhões.

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(*) Parafraseando Drummond de Andrade.

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