PENSAR "GRANDE":

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[NÃO TEMOS A PRESUNÇÃO DE FAZER DESTE BLOGUE O TEU ''BLOGUE DE CABECEIRA'' MAS, O DE APENAS TE SUGERIR UM ''PENSAR GRANDE''].
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“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.

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''Os Economistas e os artistas não morrem..." (NHMedeiros).

"O Economista não pode saber tudo. Mas também não pode excluir nada" (J.K.Galbraith, 1987).

"Ranking'' dos políticos brasileiros: www.politicos.org.br

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# 38 RÉUS DO MENSALÃO. Veja nomes nos ''links'' abaixo:
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valor ...ria...nine

folha gmail df1lkrha

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quarta-feira, dezembro 26, 2012

XÔ! ESTRESSE [In:] 'SCARFACE' *

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# (cana as canalhas).
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(*) Scarface - A Vergonha de uma Nação, do diretor Howard Hawks, de 1932.

RETROSPECTIVA 2012 e EXPECTATIVA PARA 2013



Os três mistérios de 2012



Autor(es): Armando Castelar
Correio Braziliense - 26/12/2012

Como em todo fim de ano, nestes próximos dias vamos refletir sobre o ano que passou. Muitos pensarão em como o ano passou tão rápido. Os mais místicos vão pensar no calendário maia e por que o mundo não acabou semana passada.
Os economistas de profissão, imagino, vão refletir sobre os três grandes mistérios de 2012. Primeiro, por que o mercado de trabalho teve desempenho tão bom em ano em que a produção foi tão mal? 
Segundo, por que, apesar de o PIB ter crescido 1% ou menos, a inflação foi tão alta, de quase 6%? 
Terceiro, por que os estímulos monetários, fiscais e creditícios dados pelo governo fracassaram tão redondamente em acelerar o crescimento?
A taxa de desemprego em novembro foi a segunda mais baixa da série histórica do IBGE, iniciada em 2002, e a menor já registrada para um mês de novembro. Nos primeiros 11 meses do ano, o emprego cresceu 2,1% em relação ao mesmo período de 2011, e a taxa de desemprego foi meio ponto percentual mais baixa. Já o PIB, nos três primeiros trimestres do ano, aumentou apenas 0,7%, enquanto a produção industrial caiu 2,8% nos 10 primeiros meses do ano, nos dois casos em relação ao mesmo período de 2011.
Uma explicação para o aparente paradoxo é que as empresas estariam otimistas em relação ao futuro e, por isso, mantendo trabalhadores ociosos, esperando que a economia vá se aquecer. Isso para não correr o risco de não encontrar trabalhadores qualificados no mercado quando necessário. Mas como conciliar essa explicação com a queda de mais 3% do investimento este ano? Empresas otimistas não param de investir.
Uma explicação mais relevante parece ser o fato de que setores intensivos em mão de obra, como comércio, construção e serviços vêm crescendo mais do que os que puxam a produção para baixo, como a indústria. De fato, em novembro, a alta em 12 meses no rendimento real habitual foi de 10,6% para "serviços prestados a empresas, aluguéis, atividades imobiliárias e intermediação financeira" e 7,2% para construção, mas apenas 1,7% para "indústria extrativa, de transformação e distribuição de eletricidade, gás e água".
Apesar de na média de 2009-12 o PIB ter crescido apenas 2,7% ao ano, a inflação anual ficou em 5,6%. O potencial de crescimento não inflacionário parece ter caído. A expansão desbalanceada que marca a economia brasileira há anos ajuda a explicar por quê. Em especial, por que a inflação de serviços está girando a taxa que é o dobro (8,2% nos 12 meses terminados em novembro) da de bens comercializáveis (4,1%). Com o rendimento médio nominal aumentando 9,2% ao ano em 2009-12 e a produtividade do trabalho subindo apenas 0,6% ao ano, como esperar inflação mais baixa?
O mistério de por que os estímulos dados à economia não surtiram efeito passa pelo aumento da incerteza gerado pelo maior intervencionismo estatal. Mas o desbalanceamento setorial também é parte da explicação: os setores que puxavam o crescimento agora esbarram em um mercado de trabalho apertado, com menor disponibilidade de mão de obra qualificada e salários mais altos, comprimindo as margens. Com isso os estímulos monetários, creditícios e fiscais não estão tendo os mesmos efeitos de anos atrás. Outra razão é a saturação na capacidade de endividamento das famílias, outro aspecto central do padrão de crescimento dos últimos anos.
Como esses mistérios e paradoxos vão se resolver determinará que tipo de desempenho econômico teremos em 2013
Há uma expectativa renovada de que a política econômica expansionista finalmente surta efeito ano que vem, levando o PIB a crescer entre 3,0% e 3,5%. Mas isso não é certeza: essa era a mesma projeção que se tinha para 2012 ao final do ano passado. A aceleração do crescimento vai depender do que ocorrer com o investimento e o ritmo e condições com que forem feitas as concessões de infraestrutura.
É provável, por seu lado, que no próximo ano aumente a preocupação com a inflação, que dá sinais de querer subir. Se a economia de fato acelerar como previsto, podemos nos ver outra vez perto do teto da banda com que trabalha o Banco Central, especialmente se mantida a atual banda cambial e se as isenções tributárias dadas este ano forem revertidas.
Também é possível, porém, que 2013 simplesmente repita 2012: crescimento baixo, mas com o mercado de trabalho indo bem. Isso ajudaria a manter a inflação e as taxas de juros e câmbio próximas ao patamar atual.
Armando Castelar é economista

PAPUDA e PAPUDOS



O melhor dos presos



Autor(es): Tutty Humor
O Estado de S. Paulo - 26/12/2012

Tremembé está sendo in­justa com José Dirceu. La­mentar a fama ruim que sua chegada à vizinhança encarcerada trará à apra­zível localidade do Vale do Paraíba, francamente, o ex-ministro pelo me­nos não matou a filha, os pais da na­morada ou ela própria, como uns e outros por lá.
A Penitenciária José Augusto César Salgado é, como se sabe, uma espécie de Ilha de Caras dos presos do Estado de São Paulo. Vão para lá os protagonistas de crimes celebriza­dos pela imprensa!
Gente como os irmãos Cravinhos, do caso Richthofen; Lindemberg Alves, do assassinato ao vivo da jovem Eloá; Alexandre Alves Nardoni, o pai-monstro de Isabella; e o jornalista Pimenta Neves, vergonha da raça.
Cá pra nós, quem já "hospedou", entre outros, o ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira, o megacontrabandista Law Kin Chong, o ginecologista-tarado Roger Abdelmassih, o justiceiro Cabo Bruno e o próprio operador do mensalão, Marcos Valério, não tem motivos para temer a chegada de José Dirceu!
Muito pelo contrário, o mais céle­bre condenado brasileiro em 2012 pode até emprestar um certo sotaque políti­co à injusta fama de Tremembé. Deve­riam recebê-lo em carro dos Bombei­ros!
Hors-concours
A tal pesquisa Ibope sobre o índice de confiança social no País não che­gou a este nível de detalhamento investigativo, mas parece que o brasi­leiro já confia mais na Mega-Sena da Virada do que no STF!
Férias
Aproveite bem o recesso parlamentar! A discussão sobre o reajuste do salário mínimo promete ser a mesma chateação de sempre na volta do expediente no Congresso.
Gozação
Corre na internet boato de que o governo federal vai lançar logo no início de 2013 o programa "Minha cela, minha vida"! Trata-se, evidentemente, de molecagem da oposição.
Motivo para festa
O paulistano reclama de 2012 de barriga cheia! Um ano que termina com o bota-fora de Gilberto Kassab, francamente, merece muita festa no réveillon!

EU NÃO ACREDITO NO MAIA (ou, Perdeu, playboy!)



Nosso Maia e a profecia

Autor(es): Zuenir Ventura
O Globo - 26/12/2012

Sobrevivi ao fim do mundo, ao Natal com todos os excessos e agora estou prepa­rando o fígado para sobreviver ao fim do ano. Enquanto isso, gostaria de ver a ca­ra dos que acreditaram na tal profecia maia, que dava o dia 21 como o do encerramento de nossa passagem por este vale de lágrimas. É impressionante a credulidade das pessoas, a facilidade com que acreditam em qualquer te­oria, principalmente se vem envolta num halo místico: milenarismo, adventismo, sebastianismo e até comunismo. Não adianta mostrar que todas as profecias apocalípticas fracassaram — do milenarismo, que previa a volta de Cristo no ano 1000, até o Bug do Milênio, que anunciava o caos eletrônico, passando pela ameaça do co­meta Halley em 1910. Esses crentes estão por toda parte. Na China, cerca de mil foram presos acusados de difundir o boato alarmista. A polí­cia de Pequim teve que divulgar um comunica­do de involuntário humor, avisando que "o fim do mundo é um rumor" Nos EUA, a Nasa preci­sou reunir cientistas para desmentir na inter­net a enxurrada de cartas de pessoas em pâni­co. Algumas das mensagens falavam em suicí­dio. Um casal queria matar os filhos para que eles não presenciassem o apocalipse, ou seja, que morressem para não ver a morte. Pode?
Na Noruega, um homem fabricou um bote salva-vidas para enfrentar o dilúvio universal. Na França, fanáticos acorreram para um pico de 1.200 metros dè altitude, na comuna de Bugarach, porque alí, segundo a profecia, seriam poupados da tragédia planetária. Para o templo maia Gran Jaguar, na Guatemala, acorre­ram multidões de estrangeiros. Na Argentina, um usuário anônimo de uma página no Face- book escreveu: "Convidamos a todos os cren­tes, seres e guerreiros de luz a um suicídio espi­ritual em massa no morro Uritorco, em Córdoba." O convite acrescentava: "Abandonemos a nossa carne impura e transportemos nosso es­pírito através do portal interdimensional às 21h12 minutos de 21/12/12 e dessa forma seja­mos o exército de luz que salvará a humanida­de." Se não era uma brincadeira, a iniciativa não teve muito sucesso: o "suicídio mágico" es­perava 15 mil seguidores e só teve cerca de 150.
O mais engraçado é que, mesmo desmorali­zado, o fim do mundo virou uma metáfora para expressar situações ou atitudes absurdas. Nada mais fim do mundo, por exemplo, do que o pre­sidente da Câmara dos Deputados — de sobre­nome sugestivo — desafiar o STF em defesa de colegas condenados, ameaçando um apocalip­se institucional, que por enquanto foi evita­do.

2014: PRESIDENCIÁVEIS (O ano em que faremos contato)



Os riscos que Dilma corre para se reeleger



Rosângela Bittar
Valor Econômico - 26/12/2012


A dois anos de uma eleição o que importa, em matéria de declaração de intenção de voto revelada em pesquisas e índices de popularidade é a situação do "incumbente". É o que dizem os especialistas. Ou seja, vale a situação daquele que está no cargo, com a responsabilidade da tarefa e é candidato à reeleição. Esse é quem precisa estar bem. Se a situação se apresenta instável, a derrocada se avizinha e dá oportunidade para ultrapassagens extemporâneas na disputa.
Portanto, a levar em conta essa perspectiva, as duas últimas pesquisas, do Ibope e do Datafolha, divulgadas na semana passada, registraram que a presidente Dilma Rousseff é mesmo quem está em melhor situação para 2014. Enquanto todos os outros se embolam em um segundo lugar variado, mesmo que um tenha 19%, outro 14%, outro 7%. A esta altura, a diferença entre esses níveis do patamar inferior não tem grande importância.
Quem está mais confortável no cenário é, também, quem enfrenta riscos. Resta avaliar a solidez da popularidade de Dilma e os riscos de sangria na sua hoje excelente situação.
A presidente está bem hoje mas corre contra o relógio;
A economia continua sendo, aqui e no mundo, o principal flanco. Se a economia não deslanchar, se não aparecerem os resultados concretos da política que tem o objetivo de estimular investimentos, se o setor privado não superar a crise de desconfiança, surgem os fantasmas de qualquer campanha eleitoral: o desemprego e a queda de renda. Vê-se, sobretudo nesse fim de ano, um esforço brutal de comunicação da presidente com o empresariado, com os investidores, com a sociedade, para transmitir segurança, confiança, regulação e medidas que delineiem um quadro mais favorável aos negócios.
Mas há outros. 
O cipoal de escândalos de corrupção não atingiu o ex-presidente Lula como não tem atingido a presidente Dilma, cuja popularidade só cresce, mas depois do julgamento do mensalão e seus desdobramentos a impermeabilidade aos focos de irregularidades no governo pode mudar.
No primeiro ano de governo, quando demitiu vários ministros com poucos meses no cargo por causa de denúncias de corrupção, a presidente viu elevar-se seu índice de aceitação, passou a receber elogios públicos de artistas e analistas que lhe atribuíram sucesso com a autoria da faxina governamental.
Porém, segundo avaliações feitas a posteriori, sobretudo depois que se multiplicaram os escândalos de corrupção também no segundo ano de governo, a interpretação de que seus índices de popularidade tinham crescido por causa do combate à corrupção pareceu precipitada. Naquele momento, cortejada até pela oposição por haver se diferenciado do ex-presidente, ela poderia simplesmente estar, ainda, sucedendo a popularidade do seu padrinho político e inventor.
A equação corrupção-governo Lula, com as novas investigações que têm sido pedidas após o julgamento do mensalão, e as novas operações de combate deflagradas pela polícia federal, deixando o ex-presidente tão a descoberto quanto aflito para demonstrar força e liderança que suplantem o desfavor, formam um segmento de forte risco para os planos de Dilma. Que pode perder, nesse caso, onde ganhou no início, permitindo que se desfaça a ideia, cristalizada no início do governo, de que não é igual ao seu antecessor no que toca à mistura do interesse público com o privado. Aqui a presidente terá que caminhar em corda bamba, com atenção onde pisa para chegar ao fim da linha com a imagem preservada.
O eleitorado cansou de mostrar, ao longo de todo o ano de 2012, inclusive depois de iniciado o julgamento do mensalão com o reconhecimento de que houve corrupção, houve dinheiro público envolvido no crime e o governo participou, que não se deixa mobilizar por esse assunto. Gosta de saber que a impunidade não é mais um mal inexorável mas não fica remoendo a desgraça eleitoralmente. Não liga muito para corrupção, mostram as pesquisas, fato sempre enfatizado por analistas que produzem trabalhos para o governo e para o PT. A incongruência desse eleitorado - corrupção pode, punição também - pode também resultar em risco eleitoral. Não se sabe para que lado evoluirá.
Um terceiro risco a destacar é o da gestão do governo nas áreas consideradas essenciais pela população de classe média e mais pobre que precisa dos serviços públicos. A presidente tem falado muito em educação, mas nada em saúde. Mesmo se conseguir deslanchar obras, conquistar os investimentos privados, passar incólume pelas denúncias contra seu padrinho político, de cujo governo foi braço direito, ainda terá sobressaltos se viver mais uma campanha de cenas terríveis em hospitais públicos e privados. A saúde não aconteceu e não há sinais de medidas que a levem a bons resultados em dois anos. O flanco da saúde é também de um risco imenso, e esse, ao contrário da sempre reclamada providência de governo na área de segurança, não dá para empurrar para os governos estaduais e municipais.
Por enquanto, Dilma tem resistido a tudo, é uma governante que tem a simpatia da população e sabe que é preciso manter o clima o tempo todo. Isso é mais importante, no momento, que as intenções de votos nos adversários. Que também não deixaram de ser surpreendentes.
O fato de o ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal e relator do mensalão, julgamento que puniu políticos, banqueiros e funcionários do governo, ter recebido 9% ou 10% das intenções de voto, sem ser político e jamais haver se candidatado a cargos eletivos, tem um significado. Como também tem indicação de rumo o que as pesquisas mostram sobre o governador Eduardo Campos (PSB) e o senador Aécio Neves (PSDB), possíveis candidatos. Na mesma faixa de popularidade do jamais político Joaquim, eles são pouco conhecidos para o tanto que já se expuseram e precisam procurar crescer. A mesma falta de nitidez acomete a candidatura Marina Silva (sem partido). Ela tem mais intenção de votos que seus prováveis adversários mas claramente uma lembrança da campanha anterior. De lá para cá a ex-senadora perdeu o partido, ficou sem mandato e passou os últimos dois anos em esporádicas conferências pelo circuito universitário.
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GOVERNO DILMA e DILMA ROUSSEFF [In:] O QUE DIZ O TARÔ? ('sic')



Dilma na segunda metade do mandato



Autor(es): Elio Gaspari
O Globo - 26/12/2012

Na próxima semana a douto­ra Dilma entrará na segun­da metade de seu mandato, e são poucas as pessoas dispostas a dar a volta no quarteirão para aporrinhá-la. Ela deve esse êxito a algumas qualidades pessoais e a dois patronos: Lula e Fernando Hen­rique Cardoso, com seus dezesseis anos de estabilidade democrática e econômica. 
Um restabeleceu o valor da moeda, o outro batalhou para re­duzir as desigualdades sociais. Sem FHC não haveria Lula e, graças aos dois, o país pode se dar ao luxo de ter uma governante que chega cedo ao trabalho, toca o barco e não se vê obrigada a dar a impressão de que precisa salvar o país. 
Parece pouco, mas em quase meio século todos os presidentes foram obrigados a dar es­sa impressão. Uns pretendiam salvá- lo dos perigos da democracia, outros da ruína econômica.
As circunstâncias (percebidas por Lula) deram-lhe a oportunidade. 
Seu desempenho comprovou a efi­cácia da ideia, e Dilma vestiu o papel com a naturalidade com que veste seu medonho casaquinho de renda branca. 
Afastou-se da rotina do Con­gresso, deixando-o deslizar para um papel perigosamente banal. Man­tendo-se longe das tensões provoca­das pelo contencioso dos clepto-companheiros ela foi um fator relevante no engrandecimento do Judi­ciário. 
Colocou na surdina a diplo­macia de atabaques que herdou. Meteu-se numa estudantada com o Paraguai, mas saiu dela exercitando o silêncio. Resta saber como justifi­cará uma eventual quebra da ordem constitucional na muy amiga y companera Venezuela.
Há algo de impessoal na doutora. Afora os destemperos que afligem seus ministros, não se deu ao folclore. Resta a imagem da gerentona, que é tudo o que um país precisa. Seus pibinhos, associados à incerteza criada na gerência das concessões de petró­leo, energia e transportes mostram que ela terá os próximos dois anos para confirmar a expectativa. Por en­quanto, nas áreas de saúde e educa­ção produziu mais do mesmo, um mesmo de baixa qualidade.

Se a doutora Dilma for avaliada pe­lo que prometeu, os dois primeiros anos de governo foram apenas médi­os. Para quem ofereceu seis mil cre­ches até 2014 e entregou apenas sete, nem médio foi, mas atire a primeira pedra quem acreditou nessa parolagem da campanha. Dois governos que prometeram realizar dois exames anuais do Enem até hoje não cumpri­ram a meta
Em vez de discutir o fra­casso, saiu-se com uma nova oferen­da: o Enem por computador. 
Para uma ex-ministra de Minas e Energia, é uma humilhação governar um país onde o presidente do Operador Naci­onal de Sistemas diz que Pindorama tem que aprender a conviver com apagões.
Fica a impressão de que há no Pla­nalto uma gerentona apertando os botões de uma máquina que não fun­ciona. E não adianta dar bronca, por­que se acessos de fúria ajudassem os presidentes, o general João Batista Fi­gueiredo teria sido um campeão. Co­mo diria o ministro Aldo Rabelo, quem fazia o certo era o marechal Floriano Peixoto, com seu cigarrinho de palha no canto da boca e o revólver no coldre. Foi a alma de Floriano quem deu à doutora a maior vitória de seus primeiros dois anos: o enqua­dramento da banca e a queda dos ju­ros.
Seu êxito é simples: pela primeira vez, em décadas, há poucas pessoas no Brasil querendo que a presidente se dane.
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SENADO: RENUNCIAR É PRECISO *



Seis anos após renúncia, Renan deve voltar a presidir Senado



O Globo - 26/12/2012

Peemedebista já teve atritos com Dilma; Henrique Alves, também do PMDB, deve comandar a Câmara
Maria Lima

-Brasília- 
Se prevalecer a escrita, a partir de fevereiro a presidente Dilma Rousseff terá de conviver com um Congresso sob o comando de dois peemedebistas com os quais ela não teve as melhores relações até há pouco tempo: o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que pretende fazer um acerto de contas com o passado e retomar à presidência do Senado depois de renunciar em 2007, no auge do chamado "Renangate"; e o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que tenta amarrar o apoio da maioria dos partidos para evitar um segundo turno com o azarão Júlio Delgado (PSB-MG).
A escolha dos sucessores de José Sarney (PMDB-AP) e Marco Maia (PT-RS) acontece no início de fevereiro, na volta do recesso parlamentar. Mas, enquanto Henrique e Delgado batem ponto em jantares e festas de fim de ano, Renan está discreto e só deverá oficializar a candidatura no último momento. Ele quer evitar que todas as denúncias de corrupção que motivaram sua renúncia (e quase cassação do mandato) em duas votações, em 2007, sejam retiradas da gaveta e voltem a esquentar o noticiário.
Depois do escândalo, Renan ficou um tempo no ostracismo, mas foi voltando aos poucos ao comando da cena política. Ele foi acusado de receber ajuda financeira de lobistas ligados a construtoras, que teriam pago despesas pessoais, como o aluguel de um apartamento e a pensão alimentícia de sua filha com a jornalista Mônica Veloso.
Mas, com a eleição de Sarney para a presidência da Casa, Renan se rearticulou com o apoio dele e o do líder do PTB, Gim Ar-gello (DF), Voltou a ter o comando do PMDB e protagonizou algumas trombadas com a presidente Dilma, que tentou isolá-lo, tirando Romero Jucá (PMDB-RR) da liderança do governo e botando em seu lugar Eduardo Braga (PMDB-AM), um dissidente do grupo de Renan.
Dilma nunca escondeu seu mal-estar com a possibilidade de Renan presidir o Senado no lugar de Sarney. Nos bastidores, chegou a articular o nome do ministro das Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB), para o cargo. Ao próprio Renan, Dilma chegou a dizer que ele teria seu apoio para disputar o governo de Alagoas, o que o afastaria da presidência do Senado.
Mas, como é quem comanda, de fato, a bancada do PMDB e de partidos da base no Senado, Renan continuou fortalecido, principalmente depois da criação da CPI de Carlinhos Cachoeira, quando o governo precisou do seu partido. Ele se considera, portanto, pronto para voltar a presidir o Senado, e com apoio dos governistas.
A oposição articula o lançamento de um nome da base para disputar com Renan. O mais cotado é o senador Luiz Henrique (PMDB-SC), que viajou para a Rússia com Dilma, no início de dezembro, o que gerou especulações na seara governista.
— Renan já conversou com Sarney e com amigos sobre a candidatura. Mas só vai oficializar na véspera da eleição. Ele acha que foi arrancado injustamente da presidência do Senado em 2007. Por isso, quer o cargo de volta — conta um senador peemedebista.
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(*) Votar não é preciso (... Metáfora - meta fora - e/ou parafraseando Fernando Pessoa).
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NOVA ORDEM MUNDIAL e os NOVOS ATORES



O Brasil e a nova ordem mundial



Cristiano Romero
Valor Econômico - 26/12/2012
 
Há muito se fala da decadência do "império americano", hipótese que teria se tornado mais visível neste século graças às consequências da crise financeira de 2007/2008 e à emergência econômica de potências como a China. Sem perder tempo, a intelligentsia americana tem se debruçado sobre o tema não só para compreendê-lo, mas também para indicar caminhos que ajudem os Estados Unidos a manter a hegemonia.
Um desses esforços está sendo empreendido por dois dos principais "think tanks" (numa tradução livre, usinas de ideias, embora centro de influência seja o conceito mais adequado): o Center for a New American Security (CNAS) e o German Marshall Fund of the United States (GMF). As duas entidades criaram projeto, batizado de "Swing States" (Estados decisivos), para examinar como os EUA e seus aliados europeus podem se aproximar de quatro países emergentes para fortalecer a ordem internacional.
Em estudo intitulado "Global Swing States: Brazil, India, Indonesia, Turkey and the Future of Internacional Order", Daniel M. Kliman e Richard Fontaine advogam a tese de que essas quatro nações emergentes têm peso suficiente para influenciar de forma decisiva a trajetória da atual ordem mundial. O que eles sugerem é que o governo americano, bem como seus aliados europeus e asiáticos, coloque esses países no topo das prioridades da política externa.
Entidades sugerem que EUA e aliados deem prioridade ao país
Por que Brasil, Índia, Indonésia e Turquia? A explicação: os quatro possuem uma grande e crescente economia - juntas, somam PIB, medido pelo conceito de paridade do poder de compra (PPP), de quase US$ 8 trilhões -, localização estratégica em suas regiões e compromisso com instituições democráticas. Para Kliman e Fontaine, sua abordagem na ordem mundial é mais fluida e aberta que as da China e Rússia.
"(...) Todos são cada vez mais influentes nos níveis regional e global, e embora desejem mudanças na ordem internacional, não querem desmontá-la", afirmam.
A ordem internacional que os EUA colocaram de pé no pós-guerra enfrenta, de fato, vários desafios. Um deles é a decadência do sistema multilateral de crédito, afetado pelo enfraquecimento de instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (Bird). Outro é a estagnação das negociações comerciais multilaterais. Há também as dúvidas que cercam a emergência da China como potência econômica e política.
Kliman e Fontaine mencionam ainda, como desafios à ordem mundial, as ambições nucleares do Irã e da Coreia do Norte, além da perda de fôlego da democracia em algumas regiões - segundo a Freedom House, o percentual de Estados democráticos caiu de 64% em 2006 para 60% em 2011. Nesse contexto, afetados pela crise, EUA e União Europeia estão sofrendo pressões fiscais e políticas que constrangem sua atuação como principais sustentáculos da ordem global.
Grosso modo, os dois "think tanks" estão propondo ao presidente Barack Obama que atraia para o clube os quatro aliados emergentes, antes que eles tomem decisões que contrariem interesses centrais dos EUA e de seus aliados e, pior, aliem-se a poderes que Washington considera perigosos, pouco confiáveis ou fora de seu controle, casos de Rússia e China.
Kliman e Fontaine definem a ordem mundial por meio de cinco temas: comércio, finanças, questão marítima, proliferação nuclear e direitos humanos. Eles analisam como cada um dos quatro emergentes está lidando com essas questões e recomendam ações concretas de aproximação. É curioso ver como percebem o Brasil, país historicamente amigo dos EUA, mas igualmente relutante a uma aproximação maior, ao contrário do que fazem Índia e Turquia.
O Brasil é visto como uma nação que, nos últimos anos, na esteira de seu relativo sucesso econômico, aprofundou a democracia e reduziu as desigualdades sociais e que, por essas razões, exige reconhecimento internacional. O país aspira a um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU e a um maior peso nas decisões do FMI e do Bird, pleitos que americanos e europeus nunca consideraram seriamente.
No capítulo do comércio, o Brasil é descrito pelos autores como um país que tem trabalhado para desacelerar a liberalização comercial, adotando medidas protecionistas, ainda que dentro das regras da OMC. É lembrada a tentativa de transformar em disputa comercial as políticas adotadas por China e EUA para "artificialmente" desvalorizar suas moedas. Para os brasileiros, um "subsídio às exportações".
Na ordem financeira, o Brasil saiu da posição de recipiente para a de doador líquido de recursos de instituições multilaterais. Tornou-se forte defensor da adoção de controles de capital, tendo obtido sucesso em convencer o FMI a repensar suas recomendações nessa área. O Brasil é lembrado, ainda, por defender o fim da predominância do dólar nas relações comerciais.
Na questão marítima, o país é visto como uma nação que tenta driblar regras internacionais, mas que, ao mesmo tempo, dá contribuições para aumentar a segurança marítima. É signatário da Unclos, convenção da ONU para esse setor, e busca, por meio dela, realizar suas ambições. Uma delas é ampliar, como fez em 2008 de forma malsucedida, a zona de segurança em torno de instalações "offshore" (como plataformas de petróleo).
Na questão nuclear, o Brasil é visto como um ator que, mesmo signatário do TNP (Tratado de Não-Proliferação), defende a soberania, opondo-se a medidas para fortalecer esse acordo. O envolvimento fracassado, juntamente com a Turquia, nas negociações com o Irã em 2010 não é visto como prenúncio de futuras ações nessa área. "Pelo contrário, muitos brasileiros veem hoje esse episódio como um tropeço da política externa", dizem Kliman e Fontaine.
O capítulo de direitos humanos lembra retrocessos do governo Lula (a oposição a resoluções da ONU contra países violadores) e avanços da gestão Dilma, que votou contra os interesses do Irã. A relutância do país em apoiar ações militares contra regimes que cometem atrocidades contra seus cidadãos é lembrada. Aqui, prevalece a ideia da diplomacia brasileira de que direitos humanos não devem ser pretexto para intromissões de caráter geopolítico.
Cristiano Romero é editor-executivo e escreve às quartas-feiras

MATRIZ ENERGÉTICA. UMA NOVA ou VELHA REVOLUÇÃO ?



Luz que cai do céu



Autor(es): ROBERTA MACHADO
Correio Braziliense - 26/12/2012
 

O Brasil se prepara para instalar a primeira fábrica capaz de realizar todo o processo de produção de células fotovoltaicas. A medida ajudará o país a acompanhar a revolução em andamento na área da energia solar

Neste fim de ano, os governos brasileiro e francês assinaram um acordo que deve, finalmente, trazer a tecnologia de produção de células fotovoltaicas para o país. Até então, a fabricação dos equipamentos no Brasil se resumia à montagem de peças importadas. A nova fábrica, com projeto previsto para o próximo ano, poderá realizar todo o processo, desde a purificação do silício à produção de módulos. A ação é essencial para o barateamento das células no mercado interno, além de incluir o país na revolução tecnológica pela qual têm passado os coletores de energia.
De acordo com dados da Associação Brasileira de Energias Alternativas e Meio Ambiente (Abema), o preço da energia fotovoltaica, um dos grandes culpados pela resistência a esse tipo de fonte, caiu no último ano de US$ 1,50 para US$ 0,50 por watt. Se esse ritmo continuar, prevê a entidade, o custo da eletricidade de origem solar deve se igualar ao das outras fontes até 2015. "A competição com a eólica e outras tecnologias de fontes renováveis tem feito a energia solar caminhar a passos gigantes", avalia Ruberval Baldini, presidente da associação.
Para o especialista, o preço mais atraente vai impulsionar as pesquisas já em andamento em todo o mundo. "Existe uma busca por materiais e processos sustentáveis, e a entrada desses produtos e métodos na indústria dependerá do impacto econômico que causem", completa.
Esse embate financeiro faz com que, pelo menos por enquanto, descobertas fiquem restritas ao laboratório. É o caso de uma célula fotovoltaica, inspirada nos girassóis, desenvolvida na Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos. Apoiado numa combinação de elastômero líquido-cristalinos e nanotubos de carbono, o conjunto se contrai na presença do calor, o que leva a célula a se curvar para o sol e absorver mais luz. "Com o aperfeiçoamento dos materiais e do design, conseguiremos a mesma eficiência de modelos com GPS e motores. Nosso custo seria mais baixo", adianta Hongrui Jiang, criador dos módulos móveis. "Mas nosso método ainda está na fase de pesquisa."
Sonhos
Ainda nos Estados Unidos, pesquisadores propuseram uma técnica para a fabricação de células com qualquer semicondutor. O método, que dispensa o tratamento químico de polarização do material, poderia dar fim à dependência do silício, principal matéria-prima desses equipamentos. Outras ideias que devem levar anos para chegar ao mercado variam de módulos em formato de funil a células escuras que absorvem o espectro infravermelho da luz solar. Na semana passada, engenheiros da Universidade de Stanford descreveram na revista Scientific Reports a criação de células adesivas, que podem ser aplicadas como decalques em qualquer superfície. São módulos finos e maleáveis que se descolam da estrutura rígida com água.
"Essas outras técnicas estão em nível de laboratório. Ainda é muito cedo para sabermos se serão usadas em alta escala", avalia Adriano Moehlecke, coordenador do Núcleo de Tecnologia em Energia Solar da PUC-RS. De acordo com ele, mesmo que as células de hoje enfrentem o preconceito pelo alto preço, a estabilidade e a eficiência comprovadas do modelo atual satisfazem às necessidades do mercado.
Para Moehlecke, a tendência do mercado de esperar o barateamento da tecnologia pode ser justamente o que trava o desenvolvimento do mercado. "Todo mundo espera que, de um dia para o outro, tenhamos a invenção de uma célula solar com a mesma eficiência e um custo de 1%. Podemos trabalhar nisso, mas não teremos esse sonho de uma hora para a outra. Essa expectativa freia o uso da energia solar", acredita. A tecnologia, aponta o especialista, já vale a pena. Estima-se que o investimento em célula tradicional seja compensado muito antes do término de sua vida útil, que pode chegar a 30 anos.
Em países que adotaram o modelo tradicional de células, como o Japão, as novidades tecnológicas entram com mais facilidade no mercado e ajudam a reduzir os gastos energéticos. Uma companhia de eletrodomésticos anunciou recentemente a venda de painéis semitransparentes que podem ser instalados em janelas e varandas, e o Centro de Tecnologia Industrial do país criou um tecido que poderá ser usado em breve para a fabricação de roupas fotovoltaicas.
O arquipélogo asiático, segundo país do mundo no uso de coletores fotovoltaicos, também criou subsídios para a energia renovável e planeja a construção de um imenso parque solar a apenas alguns quilômetros da Usina de Fukushima-Daiichi, cenário de um desastre nuclear em março passado. Para Moehlecke, o apoio do governo é a maior ferramenta de que os pesquisadores precisam neste momento crucial. "Se não houver incentivo, nada vai ocorrer nos próximos anos. O importante é que, gerando energia na ponta, o governo não precisa investir em novas centrais."
Economia
A instalação de 9m² de células no telhado de uma casa pode produzir, em média, 130Kw por mês. A um custo inicial de R$ 9 mil, o investimento pode render uma economia de quase R$ 60 mensais. Uma família que gasta 300Kw por mês, por exemplo, recuperaria o dinheiro gasto em 12 anos.

EMPREENDEDORISMO: QUERER É PODER (COM RACIONALIDADE)



Trabalho: Empreender é a arma de jovens da classe C

Empreender é bom negócio desde cedo


Autor(es): SIMONE CALDAS
Correio Braziliense - 26/12/2012

A maioria ainda prefere o emprego, mas cresce um grupo diferente: o dos empreendedores. Eles são ousados e aliam planejamento a intuição. Mas, para montar um negócio, é necessário quebrar várias barreiras.

Os jovens estão investindo cada vez mais na própria empresa. Esse interesse é maior entre os de classe C, que preferem o setor de serviços

Campeão de hipismo, treinador de cavalos e de cavaleiros, Rafael Daher Jardim, 24 anos, aposta no crescimento desse esporte no país para incrementar o próprio negócio. Como o investimento é alto, ele mantém o emprego no Centro Hípico Alterosa, em Ceilândia. Às segundas-feiras e no horário de almoço, corre para o sítio da família, onde está construindo a infraestrutura para adestramento, pensão e venda de animais.
Rafael é o exemplo do jovem empreendedor brasileiro. Alia ousadia, planejamento e intuição para construir o que considera um bom negócio. "Quero aproveitar que o mercado está crescendo e crescer junto", diz. Assim como ele, 12,8% das pessoas com idade entre 18 e 24 anos estão empreendendo no país. Esse percentual, em 2002, era de 10%. Teve um pico no ano passado, quando chegou a 17,4%, de acordo com a Taxa de Empreendedorismo em Estágio Inicial (TEA), pesquisada pela Global Entrepreneurship (GEM). A queda, de acordo com técnicos, deve-se ao alto nível de empregabilidade no país.
A maioria dos jovens brasileiros ainda prefere investir em carreiras dentro das grandes empresas. Estudo da Page Talent em São Paulo indica, por exemplo, que apenas 11% dos estudantes que estão finalizando o curso universitário querem abrir o próprio negócio. Ainda longe do universo acadêmico, rapazes e moças da nova classe média estão empreendendo cada vez mais. A gerente de Capacitação de Empreendedores do Sebrae, Mirela Malvestiti, explica que os jovens da classe C preferem investir no setor de serviços. A área de beleza é das mais disputadas, assim como a de construção civil.
Caso de sucesso
É o caso de Deane Pereira da Silva, 21 anos, feliz proprietária do salão Glamour, no Paranoá. Nascida na Bahia, chegou a Brasília na adolescência. Aos 13, já trabalhava como babá para ajudar no sustento da família — a mãe e os três irmãos. Foi em casa, treinando nas mãos da mãe, que aprendeu a ser manicure. Em pouco tempo, passou a atender as mulheres da vizinhança e a patroa. A renda adicional animou a jovem a se dedicar à beleza. Arrumou emprego na área, mas não recebia salário, apenas comissão por serviço prestado.
Em pouco tempo, percebeu que, para conseguir progredir, teria que dar passos mais largos. Ao saber que uma microempresária da região havia colocado um de seus salões à venda, não pensou duas vezes. Sem poupança, capital de giro ou crédito, fechou o negócio por R$ 10 mil, para pagar em 10 vezes. "No início ficava pensando "Será que vou conseguir?". Mas, no fundo, eu sabia que sim", diz. Menos de dois anos depois, Deane resolveu ampliar o empreendimento. Montou, no fundo do estabelecimento, uma loja de roupas e acessórios femininos. Investiu cerca de R$ 6 mil em mercadorias e mais R$ 4 mil na infraestrutura. "As clientes entram para fazer as unhas e acabam levando mais alguma coisinha", comemora.

Qualificação e esforço
Para tocar um negócio, é preciso reunir uma série de características, dizem os especialistas. De acordo com um manual do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), "ter um espírito criativo e pesquisador é uma das qualidades fundamentais de um empreendedor". Não é fácil colocar no mercado um produto ou um serviço inovador e competitivo. Além disso, a burocracia, muitas vezes, faz o candidato a empresário desistir no meio do caminho. Por isso, antes de apostar em um ramo, deve-se pesquisar bem o setor, saber quem é o público-alvo e atendê-lo com qualidade.
Rafael Jardim investiu pesado na capacitação. Praticante de hipismo desde os 11 anos, ele fez curso superior de ciências equinas, na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Curitiba. De lá, partiu para a Inglaterra e para a Bélgica para "aprender a lidar com cavalos esportivos top de linha", afirma. Segundo Mirela Malvestiti, do Sebrae, ele está no caminho certo. "O melhor é que os jovens empreendedores apostem nas áreas que conhecem e onde enxergam oportunidades."
Jovens como Rafael e Deane estarão no comando do país em um futuro não muito distante. São eles que azeitarão as molas propulsoras da economia. Uma delas, a criação de empregos, já é acionada por 468 mil empresários de 18 a 24 anos, segundo dados de 2009 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os que abriram negócios individuais (sem empregados) somam 2,9 milhões.
Se a política econômica colaborar, eles poderão crescer e multiplicar o número de vagas. Para isso, é preciso também criar leis de incentivo e ampliar os cursos de capacitação. Como tocar o próprio negócio é um desafio árduo, as taxas de empreendedorismo jovem que vinham crescendo tiveram uma queda. Os empresários entre 18 e 24 anos de idade que contrataram empregados em 2001 somavam 13% da população nessa faixa etária. Em 2009, foram 12%. Os individuais tiveram redução maior: passaram de 19% para 16%, no mesmo período.
Em família
No caso de Deane, com a rápida expansão do salão de beleza, ela logo percebeu que precisava de ajuda. Por isso, contratou dois de seus irmãos. Gil, 22, é cabeleireiro e Gilberto, 13 — mesma idade em que ela começou na labuta —, está aprendendo a lavar os cabelos das freguesas. "Não é trabalho infantil. Ele estuda e está apenas em treinamento", argumenta. O garoto concorda. A troca de olhares denuncia a cumplicidade dos que perseguem os mesmos objetivos. No caso, o de vencer na vida.
O sucesso experimentado por Deane até aqui inclui coragem e muito trabalho. Ela começa às 9h e encerra às 18h, todos os dias, inclusive aos domingos. Folga na segunda. No mês de dezembro, quando as festas multiplicam o movimento, a jornada começa às 8h e só é encerrada às 23h. "Neste ano, o faturamento foi menor do que em 2011, estamos aproveitando este mês para recuperar o caixa", afirma. Talhada no trabalho, ela se permite até alguns mimos, como roupas e bens que sempre quis ter. As conquistas são fruto do talento e, sobretudo, do esforço dela.

GREVES [In:] APRENDEU-SE A 'PESCAR' ...



GREVES PARAM AS TRÊS MAIORES OBRAS DO PAÍS POR SEIS MESES

TRABALHADORES DEIXAM AS TRÊS MAIORES OBRAS DO PAÍS PARADAS POR SEIS MESES

O Estado de S. Paulo - 26/12/2012
 

Disputas trabalhistas e negociação salarial têm contribuído para travar as três maiores obras de infraestrutura do País. Somadas, as greves na Hidrelétrica de Belo Monte, na Refinaria Abreu e Lima e no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro chegam a quase seis meses, informa Renée Pereira. O campeão de paralisações é o Comperj, que ficou parado por 82 dias entre novembro de 2011 e maio deste ano. A estratégia dos trabalhadores tem surtido efeito. Além de reajuste salarial acima da inflação, eles tiveram mais benefícios. O valor da cesta básica foi o item que mais cresceu nas três obras - na refinaria subiu de R$ 25 para R$ 260 em 4 anos. Entre os fatores que explicam a mobilização, segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Pesada da Bahia, Adalberto Galvão, estão maior cultura sindical e melhor escolaridade.

Disputas trabalhistas, as vezes violentas, em Belo Monte, Abreu e Lima  e Comperj atrasaram empreendimentos, mas garantiram benefícios
O    jogo mudou. Se no passado, com o nível de desemprego nas alturas, o trabalhador tinha de aceitar qualquer proposta, hoje em dia é ele quem dá as cartas nas negociações trabalhistas. Sem acordo, podem ficar semanas de braços cruzados até conseguir melhorar os benefícios. E o que tem ocorrido nos três maiores projetos em construção no Brasil: Hidrelétrica de Belo Monte, Refinaria Abreu e Lima e Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), Juntas, as obras somam quase meio ano de paralisação desde o inicio das atividades.
O    campeão de greves é o Comperj. Entre novembro de 2011 e maio deste ano, os trabalhadores do empreendimento ficaram 82 dias parados - sendo 58 deles este ano, segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon). Na Abreu e Lima, também chamada de Rnest,foram 71 dias desde 2010; e em Belo Monte, cujas obras começaram no ano passado, 16 dias. A estratégia dos traba-Ihadores tem surtido efeito.
Além de reajustes salariais bem acima da inflação, eles conseguiram turbinar os benefícios concedidos pelas empresas. O valor da cesta básica, por exemplo, foi o item que mais cresceu nas três obras. Na refinaria, aumentou 940% em quatro anos, de R$ 25 para R$ 260. Mas, nesse item, quem paga melhor é o Comperj: R$ 300. Em Belo Monte, os valor subiu 110% em um ano e meio de atividades, para R$ 200.
"Num ambiente como o atual, em que há escassez de mão de obra, o trabalhador vive num céu de brigadeiro", afirma o professor da Universidade de São Paulo (USP), José Pastore, especialista em relações de trabalho. Segundo ele, a situação é mais favorável nas obras localizadas em áreas distantes e inóspitas. Nesses casos, o trabalhador fica isolado nos canteiros de obras, longe da família e sem. acesso a serviços e entretenimento.
" Pastore comenta que muitas empresas o têm procurado paia ensinar os profissionais de Recursos Humanos a negociar. "Mas não adianta treinamento. Hoje em dia os trabalhadores conseguem tudo o que pedem. O quadro virou", afirma o professor. Nas três obras, os reajustes salariais da data base atual ficaram na casa de 11%.
Em Belo Monte, eles conseguiram reduzir de 180 dias para 90 dias o tempo para visitar a família; na Refinaria Abreu e Lima, de 120 para 90 dias, "Há uma mudança na formação do s trabalhadores da construção. Antes tinha baixo valor social. Hoje eles precisam ter maior qualificação profissional e absorver alta tecnologia", afirma o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Pesada e Montagem Industrial da Bahia (Sintepav), Adalberto Galvão.
Ele explica que, além de maior cultura sindical, os trabalhadores de agora têm maior grau de escolaridade e estão conectados a informações de todo o País. Na prática, isso significa maior rotatividade. Se veem uma oportunidade melhor, com cesta de benefícios melhor, não hesitam e trocam de emprego, diz Galvão.
Pacote. "O governo lançou um pacote de obras importantes, mas não olhou para o desenvolvimento social do trabalhador. O teto de proteção social e os benefícios não estavam sendo concedidos na mesma velocidade que do lucro das empresas." Galvão explica que o trabalhador que tem mais consciência vai fazer grandes mobilizações exigindo que a riqueza sei a distribuída.
O problema é que nem sempre as paralisações são pacíficas, a exemplo do que ocorreu em Belo Monte e no Comperj, Com milhares de trabalhadores em campo, as centrais sindicais não têm conseguido controlar os ânimos dos grupos, que acabam destruindo o que veem pela frente: ônibus, máquinas, equipamentos ou o próprio alojamento.
A situação ficou tão preocupante que, logo após os primeiros episódios de violência nos canteiros de obras das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira, o governo federal decidiu criar o Compromisso Nacional para Aperfeiçoamento i das Condições de Trabalho na Indústria da Construção - que envolve os trabalhadores e as empresas. A ideia é criar um pacto para evitar novos conflitos.
O presidente do Sinicon, Rodolpho Tourinho, conta que durante 11 meses foram discutidas uma série de medidas para melhorar o ambiente de trabalho e intermediar futuras paralisações. Foram definidos seis compromissos: contratação de mão de obra pelo Sistema Nacional de Emprego (Sine), eliminando os famosos gatos (aliciador de mão de obra); qualificação; saúde e segurança; ambiente seguro e saudável para o trabalhador relações com a comunidade, com compensações sociais e representação sindical no local. Os empreendedores precisam aderir ao compromisso.
"O objetivo é criar uma mesa permanente de discussão. Se há  algum movimento de greve e j não se chega a um acordo, um grupo de trabalho é acionado para apaziguar a situação", diz Tourinho. Mas as centrais sindicais reclamam que o acordo não está funcionando. "Vai haver muita confusão nas obras do PAC em  2013", diz Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical.  "Assinamos o convênio e mesmo assim os trabalhadores continuam sendo maltratados", argumenta o sindicalista, / colaborou MARCELO HEHOEfl

REFORMA DA PREVIDÊNCIA (2): EIS A RESPOSTA. (O que é bom para SP...)



Estado banca pensão vitalícia a 266 na Assembleia

Ex-ministros e até presidente da CBF recebem pensão vitalícia da Assembleia


Autor(es): Fernando Gallo
O Estado de S. Paulo - 26/12/2012
 

A Assembleia de São Paulo paga a 266 ex-deputados ou dependentes pensão vitalícia por terem contribuído para sua carteira previdenciária, encerrada em 1991. O governo do Estado banca as pensões, ao custo de R$ 33 milhões por ano. Os vencimentos variam de R$ 7.515 a R$ 18.725 para ex-deputados e dependentes. Entre os beneficiários estão dois ex-ministros e o presidente da CBF, José Maria Marin.


Dois ex-ministros? um ex-governador, um conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), uma viúva de governador, a madrasta de um senador e até o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) estão entre os 266 ex-deputados ou dependentes que recebem pensão vitalícia relativa à extinta carteira previdenciária dos deputados  paulistas. Instituída em 1976, a carteira foi encerrada em 1991, mas aqueles que contribuíam com ela tiveram seus direitos preservados.
O governo do Estado, que atualmente é quem banca as pensões, gasta anualmente cerca de R$ 33 milhões com os 148 dependentes e 118 ex-deputados que recebem o benefício  são 125 na lista, mas sete cumprem mandato e atualmente não ganham.
A lista dos beneficiários foi repassada ao Estado pela Secretaria da Fazenda após pedido com base na Lei de Acesso à Informação. Até a vigência da lei, a secretaria informava o número de pensionistas e o valor total gasto, mas preservava o sigilo da identificação deles.
Os vencimentos variam de R$ 10.021 a R$ 18.725 no caso de ex-deputados, e de R$ 7.515 a R$ 18.725 no caso de dependentes. Como o teto do funcionalismo subirá em janeiro porque o salário do governador Geraldo Alckmin será reajustado, o teto das pensões chegará ao dos salários dos deputados  R$ 20.042.
Os dois ex-ministros que recebem pensão da Assembleia são Wagner Rossi, que chefiou a Agricultura no governo Dilma Rousseff, e Almir Pazzianotto, responsável pelo Trabalho no governo José Sarney. Ambos cumpriram dois mandatos na Assembleia e recebem, mensalmente, R$ 10.021, metade do salário de um deputado estadual.
A lei que instituiu a carteira previa que com oito anos de contribuição o parlamentar poderia requerer metade da pensão, e daí proporcionalmente até 20 anos de contribuição, quando poderia receber o valor total.
Compulsória.
Rossi não respondeu os contatos da reportagem. Pazzianotto, que acumula a pensão da assembleia com a do Tribunal Superior do Trabalho, afirmou que, quando entrou no Legislativo, a contribuição com a carteira era compulsória. "E não me pareceu justo deixar de receber depois de ter contribuído. Se eu morresse, minha família não receberia nada." Ele disse também que contribuiu por mais de 20 anos com a Previdência Social e não recebe nada porque se aposentou no serviço público.
Outro que recebe por ter cumprido dois mandatos é o ex-governador e vice-presidente do PSDB, Alberto Goldman, que ganha R$ 12.025 mensais. Ele foi deputado entre 1971 e 1979. Goldman não quis comentar sobre a moralidade do benefício. "Nem discuto essa questão".
O conselheiro do TCE Robson Marinho, que recebe cerca de R$ 20 mil líquidos no tribunal, também recebe R$ 10.021 mensais de pensão.
O presidente da CBF, José Maria Marin, que ganha salário de R$ 160 mil na confederação e R$ 110 mil,no Comitê Organizador da Copa, ganha R$16.033 de pensão por dois mandatos cumpridos na Casa. A assessoria de Marin informou que ele está em viagem e não poderia comentar.
A madrasta do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), Roseli Fátima Gonzales, recebe R$ 7.515 todo mês por ter se casado com o pai do senador, também chamado Aloysio Nunes Ferreira, que foi deputado estadual durante dois mandatos na Assembleia. Detalhe: ele trabalhou no Legislativo paulista de 1954 a 1962, antes, portanto, da criação da carteira, que só seria instituída mais de uma década depois, em 1976. A reportagem não conseguiu localizar Roseli Fátima.
Candidato à Presidência da República pelo PSOL em 2010, Plínio de Arruda Sampaio também figura entre os pensionistas, embora nunca em seus 82 anos de vida tenha sido deputado estadual. Plínio foi deputado federal e foi incluído na carteira porque esta compreendia todos os parlamentares de São Paulo, estaduais e federais. Ele recebe R$ 10.021 mensais.
O ex-candidato diz que chegou a abrir mão da pensão, mas sustenta que o governo do Estado lhe afirmou que não podia por se tratar de uma "verba familiar" e, portanto, compulsória. Ele diz que durante algum tempo não mexeu no dinheiro B depositado, até que um filho o convenceu a receber a pensão e sugeriu que ela custeasse sua militância política.
Plínio afirma que a verba hoje ajuda a pagar um jornal de esquerda que edita. "Esse dinheiro vai inteirinho para custear o Correio da Cidadania. Ele não entra na minha fazenda pessoal".
Também é pensionista Florinda Gomes Covas, a dona Lila, viúva do ex-governador Mário Covas. Covas, assim como Plínio, nunca cumpriu mandato na Assembleia Legislativa, mas foi deputado federal durante três legislaturas. Ela não foi localizada para comentar o assunto.

REFORMA DA PREVIDÊNCIA: A QUEM NÃO INTERESSA?



Previdência: Reforma fica para depois, diz ministro

Crise mina reforma do INSS e eleva sangria


Autor(es): VÂNIA CRISTINO e PAULO SILVA PINTO
Correio Braziliense - 26/12/2012
 

Garibaldi Alves garante: a prioridade do governo, neste momento, é estimular a retomada do crescimento econômico. Assim, não haverá esforço para acabar com o fator previdenciário ou mesmo definir uma idade mínima para aposentadoria.

Ministro da Previdência diz que o fim do fator previdenciário, a imposição de idade mínima para a aposentadoria e as restrições às pensões ficarão para 2013, na melhor das hipóteses. Neste momento, a prioridade do governo é estimular a retomada do crescimento econômico do país

O governo prometeu, mas não cumprirá tão cedo a promessa de promover a esperada reforma da Previdência Social, cuja sangria só faz aumentar — apenas com o salário mínimo passando de R$ 622 para R$ 678 a partir de 1º de janeiro, as despesas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) vão aumentar R$ 16,8 bilhões no ano que vem. O aviso do ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves, é claro: nem a extinção do fator previdenciário, nem a definição de uma idade mínima para a aposentadoria, nem as urgentes barreiras para conter os abusos no sistema de pensões sairão do papel neste ano e, dificilmente, vão decolar em 2013.
O tema reforma, diz Garibaldi, só entrará na agenda da presidente Dilma Rousseff quando o país resolver problemas de curto prazo, sair da crise e retomar o crescimento econômico. Como não há sinais de que o pior já passou, os graves problemas previdenciários ficarão para depois. "O governo está voltado para o debate de medidas econômicas, que deem resultado a curto prazo. Só teremos alguma chance de dar andamento à reforma previdenciária quando Palácio do Planalto tiver uma agenda mais diversificada", diz. "Eu não quero ser mais realista do que o rei. Aliás, ela (a presidente Dilma) é que é a rainha", afirma.
O ministro reconhece que há muito o que consertar, pois, da forma como o sistema está estruturado hoje, não tem como se manter de pé por muito mais tempo. Ele ressalta, porém, que nenhum brasileiro que já esteja no mercado de trabalho perderá direitos adquiridos quando a reforma acontecer. Tanto a idade mínima para a aposentadoria quanto as futuras regras de pensões só valerão para os trabalhadores que entrarem no mercado após a promulgação da lei. Garibaldi garante que, tão logo o governo decida encampar a reforma da Previdência, terá o que apresentar.
Ele conta que, além da idade mínima, proporá a flexibilização do fator previdenciário — que reduz, em média, 31% o valor da aposentadoria quando o trabalhador opta por se aposentar cedo, em torno dos 53 anos de idade, mesmo contando com 35 anos de contribuição. A ideia é aceitar a chamada fórmula 85/95, mas apenas como ponto inicial de partida. Esse modelo é simples: quando a soma da idade do segurado com o tempo de contribuição atingir o número 85, no caso das mulheres, e 95, dos homens, o fator deixará de pesar no cálculo do valor do benefício. Em hipótese alguma, o governo aceitará a pura e simples extinção do fator. E mais: a fórmula 85/95 não ficará parada no tempo. A cada ano, até chegar à idade mínima desejada pela Previdência, ela sofrerá acréscimos. A intenção é que, a cada ano, sejam incorporadas mais seis contribuições, ou seja, seis meses.
Quanto às pensões, Garibaldi afirma que apertará as regras de concessão dos benefícios, que, no INSS, consomem R$ 60 bilhões por ano. "Temos que moralizar o sistema, reduzir os abusos." Ele destaca ainda que os segurados não devem esperar, a curto prazo, redução no tempo de espera por uma perícia médica. "Faltam médicos. Sofremos uma concorrência desleal até mesmo do Programa de Saúde da Família", diz. "A Previdência paga salário de R$ 8 mil e o Programa, de R$ 12 mil." Não à toa, há trabalhadores esperando mais de 90 dias pelo serviço. Leia os principais trechos da entrevista que o ministro concedeu ao Correio.
O ano está terminando sem que o governo e o Congresso tenham decidido sobre temas importantíssimos para o país, como o fator previdenciário e as pensões. O senhor tinha prometido novidades para dezembro. Por que elas não ocorreram?
Na medida em que a discussão do fator previdenciário saiu da mesa de negociação, nós ficamos sem gancho. Terminou ficando tudo para 2013. Sempre defendemos uma discussão mais abrangente, mas perdemos a oportunidade de levar isso adiante. No caso das pensões, as reformas virão, cedo ou tarde, pois o país não comporta mais bancar tantas distorções.
O senhor acredita que, em 2013, o penúltimo ano do governo Dilma e um período pré- eleitoral, haverá alguma chance de o Congresso discutir cortes de benefícios, como o das pensões?
Só teremos chance se houver uma agenda mais diversificada. O governo está centralizando o debate com as medidas de natureza macroeconômica, e isso não tem dado espaço para outros temas. Estamos na expectativa de que haja um desafogo na agenda econômica. É meio paradoxal isso, porque o que queremos propor pode representar uma poupança mais a longo prazo, a exemplo do Funpresp (Fundo de Pensão dos Servidores Públicos). Na minha visão, o governo já tem muitos problemas pela frente, e se trouxer, agora, para o front a área social, com certeza se verá no meio de um fogo cruzado.
Mas o tempo político vai se escasseando, e a economia não dá sinais de que se ajeitará logo. Não existe o risco de não dar para fazer o que precisa ser feito?
Existe.
E como contornar isso?
O governo vem propondo medidas para minimizar os problemas de ordem econômica a curto prazo. Os nossos projetos dizem respeito a uma economia para o setor público mais a longo prazo. Daí ter que conciliar uma coisa com a outra.
Mas essa não é uma visão errada? A Previdência já não é o maior problema fiscal do governo?
Essa premissa é falsa. O grande problema do governo ainda não é a Previdência. Senão nós estaríamos sendo convocados pela presidente a todo instante, como é o ministro Guido Mantega, da Fazenda. A Previdência é um problema para 2030, e a presidente está preocupada com 2013. Eu não quero ser mais realista do que o rei. Aliás, ela é que é a rainha. E acho que ela está certa, pois tem um problema de curto prazo. Tem que botar a economia no rumo certo, para poder até ter condições de pensar mais a longo prazo.
Repetidas vezes, o senhor vem colocando no debate o escândalo que é o nosso regime de pensões...
E é. Com o apoio da presidente Dilma, o que deve estar em primeiro lugar dentro da agenda da Previdência Social é o problema da lei de pensões. Porque, inclusive, já temos uma despesa de R$ 60 bilhões no regime geral (INSS), para uma despesa global de R$ 300 bilhões — e isso apenas neste ano. Somado com os outros regimes (servidores públicos), a despesa com o pagamento de pensões ultrapassa os R$ 100 bilhões. Isso é insustentável.
Por que a prioridade?
Porque é um sistema cheio de falhas. Quando se fala em corte de pensões, pensa-se que vamos cometer injustiças. Ora, na verdade, nós estamos querendo fazer justiça. Há toda aquela história de falta de tempo de carência (para o recebimento do benefício), casamento no leito de morte, etc. São muitas as falhas que custam caro aos cofres públicos. O país não pode continuar pagando isso e promovendo a injustiça, porque a grande maioria que paga a vida inteira está sendo burlada. Os brasileiros terão que se conscientizar de que não há mais espaço para esse tipo coisa.
Qual a origem de toda essa generosidade brasileira?
No passado, as regras de pensão não eram tão benevolentes. A origem é a Constituição de 1988, agravada pela Lei nº 8.213, do início dos anos 1990. A legislação pré-Constituição era muito parecida com a dos demais países. Havia uma cota familiar, um adicional por dependente, não era 100% para todo mundo, não tinha reversão de cotas. Não havia abusos.
Mas, para corrigir isso, os brasileiros podem contar, nos próximos anos, com reduções de direitos? Não tem como consertar a Previdência sem isso?
Não se trata de reduzir direito. É reduzir abusos. Esse é o grande problema. Se nós não comunicarmos isso bem, podemos até perder a batalha e não chegar a lugar nenhum. Não estamos falando em cortar direitos. Estamos falando em alterar regras de acesso. O direito no Brasil é quando você preenche pré-requisitos. Até então, o que se tem é uma expectativa de direito. São alterações que visam moralizar. Não existe almoço grátis.
No passado, quando se adotou o fator previdenciário, isso foi entendido como uma perda de direito. Ou não?
Não vou defender o fator previdenciário. Mas ele existe porque esse país nunca teve uma idade mínima para a aposentadoria. Se não havia uma idade mínima, o sujeito se aposentava aos 55 anos (a média é de 53), tiveram que criar um monstrengo. O país não teve coragem para adotar uma idade mínima, coisa que quase todos os países têm. Só quatro não têm. Equador, Irã, Iraque e Grécia. Como vê, estamos em má companhia.
Geralmente, o político, quando  vira ministro, vai para uma pasta para inaugurar obra, para distribuir bondades que dão votos. Qual o sentido de ser um ministro na Previdência? O que isso acrescenta em relação ao seu eleitorado?
Primeiro, não me ofereceram outro ministério. Eu até queria um mais fácil. A qualquer tempo que me derem outro, estou disposto a trocar. Mas acho que ninguém vai querer. A Previdência é difícil.
Mas vale a pena?
Vale. Nós já conseguimos aprovar o Funpresp, que todos reconhecem como um avanço. Quem sabe conseguimos abrir mais essa agenda e dar outra contribuição para o país. Há distorções graves que precisam ser corrigidas,pois custam caro demais à sociedade. Tivemos duas reformas da Previdência, as dos governos Fernando Henrique e Lula. Mas os desafios continuam.