PENSAR "GRANDE":

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[NÃO TEMOS A PRESUNÇÃO DE FAZER DESTE BLOGUE O TEU ''BLOGUE DE CABECEIRA'' MAS, O DE APENAS TE SUGERIR UM ''PENSAR GRANDE''].
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“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.

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''Os Economistas e os artistas não morrem..." (NHMedeiros).

"O Economista não pode saber tudo. Mas também não pode excluir nada" (J.K.Galbraith, 1987).

"Ranking'' dos políticos brasileiros: www.politicos.org.br

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# 38 RÉUS DO MENSALÃO. Veja nomes nos ''links'' abaixo:
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sexta-feira, fevereiro 29, 2008

XÔ! ESTRESSE [In:] SALÁRIO QUE É UM "PORRE"








[Chargistas: PCaruso, Nani, Lane, JorgeBraga].

LULA & GOVERNO LULA: EM CAMPANHA, "EM CAMPANA"


Lula critica declarações de ministro do Judiciário e parlamentares reagem

Parlamentares de oposição e da base aliada reagiram nesta sexta-feira às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que criticou indiretamente o ministro do STF ( Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello, que também é presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
As críticas de Lula foram geradas porque o ministro se manifestou sobre o possível caráter eleitoreiro do programa "Territórios da Cidadania", lançado na última segunda-feira por Lula e questionado pela oposição.

O presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), condenou a reação de Lula, que criticou o fato de o DEM e o PSDB terem ingressado com uma Adin (ação direta de inconstitucionalidade) no STF contra o programa "Territórios da Cidadania". Pela previsão do programa, serão investidos R$ 11,3 bilhões em 958 municípios de todo país ao longo deste ano --embora ocorram eleições municipais em outubro. "Isso que ele [Lula] criticou é a última crítica que ele poderia fazer, poderia ter feito outras críticas mais legítimas, essa de recorrer ao Judiciário, o Congresso tem legitimidade para recorrer sempre que se sentir atingido", afirmou Garibaldi. Em relação à divergência de Lula com o ministro, o peemedebista disse que "esse problema é entre ele [Lula] e o presidente Marco Aurélio Mello".
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), criticou a reação de Lula atribuindo ao estilo de personalidade dele. "O presidente revelou o estilo ditatorial dele. O ministro Marco Aurélio Mello está fazendo o trabalho dele", afirmou. Porém, o líder do PT na Câmara, Maurício Rands (PE), saiu em defesa de Lula. Segundo ele, o programa não é eleitoreiro, mas necessário. "É inadmissível que alguém possa se colocar contra o programa. Não é eleitoreiro, pois os programas são decididos com antecedência e neste caso atinge áreas que precisam de política social", disse o petista.
Críticas
Em cerimônia realizada ontem em Aracaju (SE), Lula criticou a posição de Marco Aurélio, mesmo sem citar o nome do ministro. "Seria tão bom se o poder Judiciário metesse o nariz apenas nas coisas deles, o Legislativo apenas nas coisas deles, e o Executivo apenas nas coisas deles. Nós iríamos criar a harmonia estabelecida na Constituição", disse. Na mesma solenidade, o presidente levantou mais dúvidas sobre a manifestação do ministro. "Vocês, deputados, têm imunidade, e podem perguntar se ele quer ser o ministro da Suprema Corte ou um político. Se quer ser político, que renuncie ao cargo", afirmou. "O governo também não se mete com o poder Judiciário. Se cada um ficar no seu galho, o Brasil tem chance de ir em frente. Se cada um der palpite na vida do outro, a gente pode conturbar a tranqüilidade da sociedade", reiterou Lula. Recentemente, Marco Aurélio criticou o lançamento de programas sociais em ano eleitoral. Nesta sexta-feira, o ministro, em entrevista à rádio CBN, disse estar "perplexo" com a agressividade do presidente da República.
RENATA GIRALDI; GABRIELA GUERREIRO; da Folha Online, em Brasília. 2902. Charge: Novaes.

PESQUISAS (GALLUP vs SENSUS): SEM SENSO NO GALOPE...


Citado na autobiografia de Mark Twain, Disraeli (1804-1881) ensinou que há três tipos de mentiras: mentiras, mentiras deslavadas e estatísticas.” As pesquisas de opinião, por científicas, produzem estatísticas nas quais se pode confiar até certo ponto. O ponto de interrogação.
Há duas semanas, o instituto Sensus foi às ruas e informou que a aprovação de Lula roça o céu: 69,9%. Há na rede, porém, uma outra pesquisa, realizada pelo norte-americano Gallup com resultado contrastante. Foi realizada em 2007. Em vez de perguntar ao entrevistado se aprova o presidente ou sua administração, o Gallup quis saber se o brasileiro está satisfeito com os esforços do governo para atenuar os problemas da população mais pobre. Nada menos que 61% das pessoas ouvidas disseram que não estão satisfeitas com a maneira que o país trata os seus pobres. Mais: 69% acham que o fosso entre pobres e ricos está aumentando no Brasil. A sensação captada pelo Gallup não coincide com os fatos. Órgãos nacionais, como o Ipea, e internacionais, como a ONU e o Banco Mundial, atestam que as desigualdades sociais e de renda vêm se estreitando no país. O repórter não conseguiu encontrar no sítio do Gallup informações detalhadas acerca da pesquisa feita pelo instituto. Sabe-se que foi feita em 2007, mas não se sabe em que período do ano. Lá no alto, há um vídeo com a apresentação dos dados. Foi pescado pelo repórter no blog TV Política. Infelizmente, a locutora fala em língua inglesa. Fica, porém, uma sólida impressão: o resultado das pesquisas depende da formulação das perguntas. Que venha o Datafolha!
Escrito por Josias de Souza, Folha Online, 2902.

SALÁRIO MÍNIMIO: O "MÍNIMO" ['by' DIEESE]

Salário mínimo ainda é inferior ao necessário, avalia Dieese

BRASÍLIA - Apesar de o valor ser superior ao previsto no projeto de lei enviado pelo Executivo ao Congresso Nacional, o novo salário mínimo, de R$ 415, ainda é inferior ao necessário para cobrir os custos de uma família, como está previsto na Constituição, aponta pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Pelo estudo, o salário mínimo no início deste ano deveria ser de R$ 1.924,59.
- Isso é uma estimativa de quanto deveria ser o salário mínimo para haver uma reposição de força de trabalho digna - afirmou José Maurício Soares, economista do Dieese.
No Artigo 7º, Inciso IV, Capítulo II (Dos Direitos Sociais), a Constituição define salário mínimo como aquele “capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família, como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social”. Segundo o economista do Dieese, para se chegar a esse valor foi pesquisado o gasto médio do terço da população brasileira com menor renda. Além disso, considerou-se uma família composta por dois adultos e duas crianças que, juntas, consumiriam o equivalente a um adulto.
- Com base na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) que fizemos, a distribuição dos gastos no terço de renda inferior tem 35,71% do total com alimentação - afirmou Soares.
Dessa forma, o salário necessário seria aquele em que três cestas básicas (suficientes para alimentar dois adultos e duas crianças) representariam 35,71% de seu valor. No início do Plano Real, há 14 anos, com um salário mínimo não era possível se comprar uma cesta básica. O salário mínimo atual chega próximo ao valor de duas cestas básicas. Soares explicou que isso se deve à queda da inflação a partir do Plano Real.
- Como a inflação era decrescente, acabava-se dando um reajuste maior do que o índice do final do ano. E nos últimos anos é um aumento definido com as centrais sindicais, num projeto de lei que deve vigorar, mas ainda não foi votado no Senado.
O reajuste do salário mínimo, definido por medida provisória, foi calculado levando em conta a variação da inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), e o índice de crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) medido dois anos antes do reajuste. No caso atual, o índice de aumento real do salário mínimo deveria ser de 3,7%, proporcional ao crescimento do PIB do ano de 2006.
Danilo Macedo, Agência Brasil. 29-01/03.

CGU vs. MINISTRO CARLOS LUPI: UM TREM DA ALEGRIA CHAMADO "ONG"?



Em viagem ao Ceará, Lula comentou, pela primeira vez, as denúncias que rondam o ministro Carlos Lupi (Trabalho). Uma “bobagem”, disse o presidente sobre o suposto privilégio na liberação de verbas públicas para entidades ligadas ao PDT, o partido de Lupi. Apesar do timbre peremptório da fala de Lula, a Controladoria Geral da União decidiu acomodar as dúvidas em pratos limpos. O ministro Jorge Hage, mandachuva da CGU, informou ao blog que serão investigados os convênios celebrados pela pasta do Trabalho com o objetivo de qualificar mão-de-obra e intermediar a obtenção de emprego. A inspeção começa na próxima semana. “As denúncias que vêm sendo publicadas referem-se basicamente a repasses de recursos para ONGs”, disse Hage. “Em função dessas notícias, a CGU programou o trabalho, para a verificação dos convênios.” Como será feita a investigação? O ministro da CGU informa que haverá duas fases:
1. “Como são convênios firmados muito recentemente, coisas do segundo semestre do ano passado, não existe ainda muita execução financeira”, afirma Jorge Hage. “Então, nós vamos verificar, primeiro, quais foram os critérios de escolha das entidades. É preciso saber se houve divulgação, um chamamento público ou coisa parecida. Veremos quais foram os critérios usados para análise das propostas –se foram observadas as exigências da LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias] e as recomendações que já foram feitas sobre o tema pelo TCU [Tribunal de Contas da União]”
2. “Num segundo momento”, prossegue Jorge Hage, “nossas equipes vão às entidades. Farão uma inspeção in loco nos casos de entidades que já tenham sido beneficiadas com a liberação de recursos.” Na última quarta-feira (27), instado pelo Palácio do Planalto, Carlos Lupi decidiu se defender. Divulgou uma nota e concedeu uma entrevista coletiva. Na nota, o ministro disse que a imprensa o submete a “campanha leviana e difamatória.” Na conversa com os repórteres, expôs uma lista de convênios assinados durante sua gestão. Somam R$ 408,8 milhões.
Ao detalher a apuração que será iniciada nos próximos dias, Jorge Hage não mencionou cifras. Mas é em meio a esse universo de quatro centenas de milhões que o pessoal da CGU irá buscar a matéria-prima para a auditoria.

Para refutar a informação de que estaria beneficiando o PDT, legenda que preside, Lupi informou que há entre os beneficiários governos e entidades ligadas também ao PSDB, PT, PMDB, DEM e PP. Lula serviu-se da lista para sair em defesa do auxiliar: "Se pegarem todos os partidos, vão perceber que o PSDB ficou com R$ 102 milhões, porque [o partido] tem [os governos de] São Paulo e Minas Gerais. O PT ficou com R$ 92 milhões e outros partidos com R$ 80 milhões. Ele está demonstrando o comportamento mais republicano que um ministro pode ter." Na entrevista de dois dias atrás, Lupi anunciara o cancelamento de quatro dos convênios que haviam sido pendurados nas manchetes dos jornais como suspeitos. Mesmo esses contratos serão varejados pela CGU. “Tivemos a notícia de que houve a suspensão de repasses, mas estamos solicitando a comprovação documental”, explica Jorge Hage. “Caso tenha havido repasse antes do cancelamento, vamos fazer uma verificação in loco, visitando as entidades.” Segundo Hage, a CGU decidiu arregaçar as mangas por dever de ofício. “Essa área de capacitação –tanto de trabalhadores como de alfabetização—é considerada por nós como do mais alto risco”, explica o ministro. Ele se reporta a investigações que vêm feitas nesse setor desde a gestão tucana de Fernando Henrique Cardoso. “Quando chegamos à CGU, já havia fiscalizações em que se encontrou de tudo.” Hage refere-se a malfeitorias detectadas no antigo Planfor (Plano Nacional de Formação Profissional). Apuração conduzida pela Secretaria Federal de Controle, órgão que antecedeu a CGU, constatara desvios em convênios firmados pelo ministério do Trabalho com governos estaduais e com centrais sindicais. Sob Lula, a CGU aprofundou as investigações, com o auxilio do TCU. “Foi apontada uma infinidade de problemas”, recorda Hage. “Exatamente nesses casos de capacitação e formação profissional. Havia alunos inexistentes. Havia alunos inscritos para vários cursos simultaneamente. Me lembro do caso de um aluno que, com o mesmo nome, estava inscrito em 32 cursos. E não era homônimo.” Graças a essas irregularidades, o TCU proibiu a assinatura de novos convênios. E a CGU levou as centrais sindicais ao cadastro de inadimplentes, impedindo que fossem beneficiárias de novos aportes de recursos federais. Mas o governo pediu -e o Tribunal de Contas autorizou- a abertura de uma nova modalidade de convênio. Destinava-se, então, a repasses regidos por um programa chamado Plansine (Plano de Ação para o Sistema Nacional de Emprego). Dessa vez, visava-se a recolocação de trabalhadores no mercado de trabalho. De resto, lançou-se, sob Lula, uma nova versão do Planfor: o PNQ (Plano Nacional de Qualificação). Excluíram-se as centrais sindicais. As parcerias passaram a ser estabelecidas com prefeituras e as ONGs. E a verba pública supostamente destinada a cursos de formação profissional recomeçou a fluir. “Esse tipo de convênio é complicado até de fiscalizar”, diz Hage. “O objeto da destinação dos recursos não é uma coisa física. Se vou fiscalizar uma ponte, ou ela está lá ou não está. Mas fiscalizar se o menino foi alfabetizado ou se o trabalhador foi treinado não é tão simples. E quando é coisa de muito tempo, a dificuldade ainda é maior.”
Escrito por Josias de Souza, Folha Online, 2902. Foto: Lula Marques/Folha. Charge: Willy.

REFORMA TRIBUTÁRIA/IMPOSTO SOBRE VALOR ADICIONADO (IVA) [In:] "ADICIONANDO" MAIS IMPOSTOS?

IVA federal incidirá sobre serviços e dará à União um superimposto

A proposta de emenda constitucional da reforma tributária entregue ontem pelo governo ao Congresso mostra que o Imposto sobre Valor Adicionado (IVA) vai ser um superimposto federal. A base sobre a qual incidirá será mais ampla que a de todos os demais tributos do País e equivalerá às bases somadas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e do Imposto sobre Serviços (ISS). Para uma fonte da área econômica, ele será cobrado sobre "praticamente tudo".
O IVA, de acordo com a emenda, incidirá sobre "operações com bens e prestações de serviços, ainda que as operações e prestações se iniciem no exterior". Foi justamente por causa da amplitude da base do tributo e das possibilidades de aumento de receita do Tesouro Nacional que o governo incluiu na proposta um mecanismo para limitar a carga tributária. Pelo texto, lei complementar determinará "limites e mecanismos de ajuste da carga", para que a arrecadação obtida pelo novo imposto não seja maior do que a das quatro contribuições que ele substituirá - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS), Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que é cobrada sobre combustíveis, e o salário-educação. O Ministério da Fazenda explicou que o IVA terá duas ou três alíquotas, o que permitirá calibrar a tributação de cada setor da economia. A avaliação da equipe econômica é que foi justamente por prever uma única alíquota que a transformação da Cofins em um tributo não cumulativo provocou grande confusão. Parcela significativa das empresas preferira continuar no regime cumulativo. Nas discussões internas, o governo trabalha com a hipótese de utilizar a menor alíquota do IVA para o setor de serviços, para que sua carga não aumente. Mas essa definição terá de ser feita por lei complementar, já que a emenda não estabelece o número de alíquotas do imposto. A proposta de reforma prevê ainda que o IVA será regido pelo princípio da noventena, ou seja, mudanças de alíquotas passam a valer 90 dias depois de aprovadas pelo Congresso, e não no ano seguinte. Outra novidade da proposta é a permissão para que empresas possam obter créditos do novo IVA e do novo ICMS com a aquisição de "bens de uso e consumo". Até agora, apenas a compra de máquinas e equipamentos permitia a desoneração dos dois tributos. A Lei Kandir tentou desonerar os "bens de uso e consumo" da incidência do ICMS, mas os governadores não aceitaram, com o argumento de que seus Estados teriam perda de receita de R$ 17 bilhões. O Ministério da Fazenda acredita que o novo modelo tributário permitirá receita suficiente para que essa desoneração seja feita. REPERCUSSÃO
Quintino Severo. Secretário-geral da CUT. "A proposta tem pontos positivos. É um passo importante contra a burocratização, mas o modelo de desoneração sugerido nos preocupa".
Hélcio Honda. Diretor jurídico da Fiesp". Temos de aplaudir. Ela visa a simplificar e desonerar a produção. Uniformizar a legislação, como foi feito com o ICMS, é muito positivo".
Armando de Queiroz Monteiro Neto. Presidente da CNI. "O prazo para desoneração é longo. Há uma pressão mundial para reduzir nossas contradições, e o mundo não pode esperar".
Alencar Burti. Presidente da Associação Comercial de São Paulo. "A base da reforma é atacar a burocracia, mas faltou discussão. De repente surgiu uma proposta mágica que foi para o Congresso".
Walter Machado. Presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças. "A reforma ainda não desonera o suficiente. O segmento produtivo continua com carga forte"
Everardo Maciel. Ex-secretário da Receita". A proposta é muito ruim em vários pontos. Constitucionaliza ainda mais o sistema tributário, não impede a guerra fiscal e não reduz a carga tributária".
Ribamar Oliveira, BRASÍLIA. Estadão, 29.02.

SP/FRANGOS CONGELADOS: UMA MAQUIAGEM "MAQUIAVÉLICA"


Bando adulterava frango

A Polícia Civil apreendeu ontem à tarde 7,5 toneladas de frango adulterado com prazo de validade vencido. O produto, que seria vendido para mercados de todas as regiões da Capital, estava em um depósito na Rua Cláudio Henrique de Paula, 41, na Vila Rica, Zona Leste. Os proprietários, identificados apenas como Celi Batista e Marco, não foram localizados, mas o gerente Celso Petri, 51 anos, foi preso. Segundo a polícia, a quadrilha falsificava cerca de 100 toneladas de carne por mês com embalagens do Abatedouro e Avícula Floresta, que foi interditado por acusação similar em 1999. A reportagem do JT encontrou no chão caixas de frango a céu aberto sem refrigeração em meio a ratoeiras. O local apresentava forte odor de carne podre. O gerente vai responder por falsificação e adulteração de produto alimentício. A pena é de 4 a 8 anos, em regime fechado. 'Tentamos agora prender os donos do depósito clandestino', disse o delegado-titular da 8ª Seccional Leste, Jorge Carlos Carrasco. A Vigilância Sanitária Municipal e o Ministério da Agricultura constataram, em laudos assinados durante o flagrante, que o esquema da quadrilha era comprar frangos congelados de empresas idôneas, perto de vencer a validade, e depois de 'maquiá-los', vendia a carne com prazos de validade adulterados. Para deixá-los com boa aparência, mesmo deteriorados, o bando injetava nas aves descongeladas farelo de proteína isolada de soja. 'Essa substância mantém a aparência do produto razoável e o deixa com maior peso, pois favorece a retenção de água na carne', explicou a explicou a veterinária Ana Liad, do Serviço de Inspeção de São Paulo (SISP). Em seguida, em meio a péssimas condições de manipulação e higiene, a ave era reembalada com o logotipo do Abatedouro Avícola Floresta. O quilo custava cerca de R$ 2,50 para o consumidor final, que chega a ser cerca de 50% mais barato do que o cobrado normalmente. De acordo com o laudo feito pela Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, o produto era impróprio para o consumo e nocivo à saúde pública. 'Esse frango poderia, se consumido, provocar intoxicação alimentar, com os principais sintomas, como vômito e diarréia', acrescentou a veterinária. As embalagens do Floresta continham um número do Sisp que está inválido. 'As principais irregularidades desses frangos são eles estarem fracionados (cortados em várias peças), sem identificação de procedência, sem prazo de validade e ao redor de baratas e roedores. Além disso, parte dos funcionários mora aqui', descreveu Andréa Barbosa Boanova, autoridade sanitária da Coordenação de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal da Saúde. A inspetora lacrou as caixas de refrigeração e interditou o local. Já o s frangos visivelmente estragados eram transformados em partes - filé de peito, coxa e sobrecoxa - e também colocados à venda, para driblar uma eventual fiscalização. A polícia apreendeu notas fiscais e documentos que apontavam como locais de entrega supermercados no Largo do Paiçandu, na região central, Avenida Direitos Humanos, na Zona Norte, e Sapopemba, na Zona Leste. 'Essa apreensão é uma questão de saúde pública, pois os frangos eram baratos e colocaram principalmente a saúde da população mais carente em risco', avaliou Carrasco.' Essas toneladas de frango, em péssimas condições de higiene agora deverão ser incineradas e as cinzas serão usadas para a produção de ração animal e sabão', explicou Andréa Barbosa Boanova. Até 1999, a empresa funcionava no bairro Vila Floresta, em Santo André, no ABC. Mas acabou interditada pelo MP por várias irregularidades. Antes de trabalhar com adulteração dos frangos, a quadrilha agia da seguinte forma: abatia e vendia frangos a preços populares. Depois, recebia a mercadoria que não era vendida de volta, mas, em vez de tirar o produto do comércio, retirava as aves das embalagens, submetia-as a nova lavagem, imersas em cloro, e novamente, as reembalava, com novos prazos de validade. Os frangos vivos eram acondicionavam em minúsculos engradados, sob sol e chuva, em via pública, antes de serem abatidos.

COMO FUNCIONAVA

Compravam frango congelado com validade quase vencida; Descongelavam e injetavam produto químico para o frangoficar maior e mais tenro; Em seguida, cortavam o frango em pedaços, embalavam e congelavam de novo.

OS PROBLEMAS

Frangos sem identificação de procedência. Alguns sem prazo de validade. Presença de ratos e baratas na empresa. Funcionários também moravam no local onde o produto era embalado.

DICAS SOBRE FRANGO CONGELADO E FRACIONADO

Observe as condições sanitárias do local: ele deve ser limpo e ter câmara frigorífica com termômetro visível ao consumidor. Os estabelecimentos têm de afixar em local visível o seu Cadastro Municipal de Vigilância Sanitária (CMVS), o que demonstra que ele foi inspecionado e liberado pela Prefeitura. O documento é revisado anualmenteVeja prazo de validade, se o produto tem a marca do Sistema de Inspeção Federal (SIF) e se a embalagem está lacrada e íntegra. Embalagens com gelo na superfície indicam que o produto foi descongelado e congelado novamente. Não compre essa mercadoria. No caso de frango fracionado, a embalagem providenciada pelo estabelecimento deve conter uma etiqueta: com data e local deembalagem, data de validade e origem do produto (identificação da avícola)FONTE: Rui Dammenhain, diretor do Instituto Brasileiro de Auditoria em Vigilância Sanitária.
CARINA FLOSI, carina.flosi@grupoestado.com.br. Foto matéria.

PETROBRAS: FURTO OU ROUBO?

Abin continuará a apurar furto

Convocado pela Comissão de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI) do Congresso para falar do furto de equipamentos da Petrobrás, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Felix, disse ontem que o caso continuará sendo investigado, apesar do entendimento da Polícia Federal (PF) de que se tratou de um crime comum. Presente à exposição do ministro, no gabinete do presidente da Comissão de Relações Exteriores, senador Heráclito Fortes (DEM-PI), o senador Paulo Duque (PMDB-RJ) disse ter ficado claro que, para o general, o caso ainda não está encerrado. '' ''Isso (furto comum) não convence nem a mim nem a você'''', alegou o senador. Duque disse ter ouvido do general Félix a informação de que a Petrobrás e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) continuarão investigando o furto de quatro notebooks e dois discos rígidos, divulgado no dia 14 de fevereiro, que conteriam informações sobre o Campo de Júpiter, recém descoberto pela estatal. '' ''O general pensa que o episódio é uma coisa muito séria porque estão em jogo interesses econômicos muitos fortes'''', afirmou Paulo Duque. O senador recorreu à sua experiência de ''''advogado criminal por muitos anos'''' para mostrar porque a tese de crime comum não convence, apesar da prisão de quatro empregados do terminal de contêineres Poliportos. ''''Acho que a maneira de conduzir a matéria foi muito ingênua'''', alegou. Segundo Heráclito, a decisão de ouvir o chefe do Gabinete Institucional foi tomado na terça-feira, ''''para esclarecer notícias veiculadas na imprensa referentes à Petrobrás''''.
GRAMPOS
A Abin, subordinada a Félix, anunciou no dia 14 que iria investigar o furto por se tratar de área estratégica e de relevante interesse para a segurança e a economia do País. A Agência passou a fazer levantamento de dados em cooperação com a Petrobrás e a PF. Na ocasião, a Abin informou que faz parte de sua missão constitucional atuar na defesa do interesse do Estado em situações desse tipo. Duque disse que, no Senado, o general também fez ''''uma exposição sobre grampos''''. ''''Fomos nós que perguntamos, mas esse não é bem o setor dele'''', afirmou, sem querer se estender sobre os termos da conversa. Instituída pela lei que criou a Abin, a CCAI dispõe que o controle e a fiscalização da atividade de inteligência serão exercidos pelo Poder Legislativo. A comissão é formada pelos presidentes das Comissões de Relações Exteriores da Câmara e do Senado e pelos líderes da maioria e minoria das duas Casas.
Rosa Costa, Estadão, 2902.