PENSAR "GRANDE":

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[NÃO TEMOS A PRESUNÇÃO DE FAZER DESTE BLOGUE O TEU ''BLOGUE DE CABECEIRA'' MAS, O DE APENAS TE SUGERIR UM ''PENSAR GRANDE''].
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“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.

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''Os Economistas e os artistas não morrem..." (NHMedeiros).

"O Economista não pode saber tudo. Mas também não pode excluir nada" (J.K.Galbraith, 1987).

"Ranking'' dos políticos brasileiros: www.politicos.org.br

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# 38 RÉUS DO MENSALÃO. Veja nomes nos ''links'' abaixo:
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segunda-feira, outubro 29, 2012

XÔ! ESTRESSE [In:] KIBEBE (kibe + bebe = a quibebe)

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6 DE NOVEMBRO. SANDY: UM DIA DE (fura)CÃO



Sandy abala até os planos de Obama

Sandy atrapalha corrida eleitoral


Correio Braziliense - 29/10/2012
 

Previsão de tempestades muda a agenda da campanha norteamericana, às vésperas da eleição. No Brasil, voos com destino aos EUA foram cancelados.

Chegada iminente de furacão muda agenda política e pode influenciar resultado do pleito. Presidente faz alerta
Às vésperas das eleições presidenciais, que serão realizadas em 6 de novembro, o cenário político perdeu força para o furacão Sandy. O fenômeno natural se aproxima da Costa Leste, com previsão de tempestades, inundações e cortes de energia prolongados, que podem atrapalhar o pleito. Ontem, o presidente Barack Obama visitou a Agência Federal de Situações de Emergência (Fema), em Washington, antes de participar de um evento na Flórida. O furacão alterou a agenda do candidato democrata, assim como os compromissos do republicado Mitt Romney, que transferiu a campanha do estado da Virgínia para Ohio, um dos poucos divididos, que vão decidir o resultado das eleições.
A corrida presidencial, até agora empatada, pode ser influenciada pelo furacão. De acordo com especialistas, os danos provocados por desastres naturais deverão ser debitados na conta de Obama, pois os eleitores costumam culpar quem está no cargo pelas adversidades. Uma pesquisa de Larry Bartels, da Universidade de Vanderbilt, e de Christopher Achen, da Universidade de Princeton, constatou que, desde 1896, secas ou inundações extremas custaram aos candidatos à reeleição 1,5 ponto percentual do total de votos. Eles afirmam que os estragos decorrentes de uma estiagem prolongada e de fortes tempestades podem ter sido decisivas nas eleições de 2000, quando o então vice-presidente Al Gore perdeu em sete estados para o republicano George W. Bush.
Romney, porém, não deve explorar essa situação, pois os especialistas afirmam que eleitores podem achar que ele se aproveita de um desastre para ganhar votos. Em setembro, por exemplo, os republicanos foram bastante criticados por atacar Obama depois de ataques contra missões diplomáticas americanas no Oriente Médio. Tanto democratas quanto republicanos têm a perder com o furacão, pois, como nos EUA o voto não é obrigatório, tempestades poderão afastá-los das urnas.
SeriedadeNo Fema, Barack Obama pediu à população para levar "muito a sério" o perigo do furacão. "Essa é uma tormenta grande e séria e minhas primeiras palavras para todos da Costa Leste são: é preciso considerar isso muito seriamente. Sigam as instruções das autoridades estaduais e locais, que vão lhes dar a melhor informação em termos de como enfrentar essa tormenta nos próximos dias", afirmou.
A chegada iminente do furacão levou o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, a ordenar cancelamento de centenas de voos, além da retirada preventiva de 375 mil pessoas. A evacuação incluiu as áreas de Coney Island e Red Hook (Brooklyn), Rockaway Beach e quase toda a costa de State Island. Nova York também suspendeu a rede de transporte público, incluindo o metrô, às 19h, antes que o Sandy avance entre Delaware e Nova Jersey.
Apoio revelado
No editorial de ontem, o jornal The New York Times manifestou apoio à reeleição do presidente Barack Obama. De acordo com o periódico, o governo democrata realizou a maior reforma do sistema de saúde desde 1965, evitou o agravamento da recessão econômica e evitou novos conflitos externos. "Apoiamos com entusiasmo um segundo mandato do presidente Barack Obama e expressamos esperança de que sua vitória seja acompanhada de um novo Congresso disposto a trabalhar a favor das políticas de que os americanos necessitam", disse o editorial.
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''COM AR DE MOÇO BOM..." *


O Novo, o moço e a renovação



O Estado de S. Paulo - 29/10/2012

Carlos Melo, professor do Insper e cientista político, analisa vitória do petista em SP

Fernando Haddad venceu; Lula é mesmo um forte. Derrotado fosse, o ex-presidente amargaria hoje seu maior fracasso: associada ao mensalão, a derrota seria interpretada como seu fim. Justos, então, os créditos: Lula acreditou, ousou, correu riscos. Mas, isto não facilita para novo prefeito: Haddad terá que provar que também é um forte. Se ampla estrada se abriu, longo será o caminho. E sua missão será percorrê-lo escrevendo uma nova história.
Ninguém sabe os desdobramentos do mensalão: o quanto pode transbordar para outros atores, incendiar novos rancores. Trata-se de um capítulo que deixou feridas e demarca um tipo de política que precisa ser superada. Não apenas retoricamente, como nas campanhas eleitorais, mas na prática, nos métodos e valores. Não se restringe isto ao PT e nem à Ação 470. O Julgamento, de algum modo, tratou de hábitos e costumes do sistema político.
É justo que o PT sinta-se hoje com alma lavada. Foi realmente seu maior suplício: a coincidência do julgamento com a eleição mexeu com muitos demônios. Mas, será um erro não exorcizá-los. Saber ganhar é mais importante que saber perder. Para Haddad será importante compreender que a vitória não absolve condenados, nem apaga a história. Mas, pode, no entanto, mais rapidamente virar a página. Permitir que se escreva com novas tintas, num novo alfabeto.
Separando as coisas, o eleitor deu chance e lição: no seu cálculo, as políticas públicas, o novo rosto e a perspectiva de novos métodos atuaram mais decisivamente do que o ressentimento. Foi uma escolha pela superação.
A oposição continuará criticando os mais pobres por defenderem seus legítimos interesses antes de se preocupar com o bolor de um sistema político que, entendem, não os representa? Seria improdutivo, mais uma vez. Precisa, então, compreender o recado: não se perdoou o Mensalão; mas não se aceitou o farisaísmo, como se o sistema político fosse bom e ruins fossem apenas esses mensaleiros. E os outros? A Justiça ainda dirá.
Melhor será compreender e discutir a política em outro nível. O estilo "nós não temos nada contra o Suplicy, só não queremos o PT mandando aqui" (Maluf, 1992), ressuscitado por Serra, é velho e cansou. Não tem a mesma força de um tempo em que o PT ainda não fora suficientemente testado, um PT sem políticas públicas a mostrar.
José Serra tinha muito a dizer, mas apostar nisso foi seu maior erro. E não foi um erro novo. Em 2006, Alckmin já o cometera e, em 2010, Serra também. A política é feita para superar impasses, olhar para o futuro, trazer o progresso. Não para enfiar o dedo nas feridas dos estropiados. Condenados pagam por seus crimes; a Justiça decide. Não se tripudia suas desgraças, nem se sapateia sobre seus caixões. Crueldade dá pouco voto.
Assim, como Dilma, em 2010, Haddad foi um estreante de desempenho excepcional, nas ruas, na TV, nos debates. Quem torcia para que o calouro se encolhesse diante do veterano, se decepcionou. Sabendo o tamanho do desgaste do PT, o candidato não se intimidou: foi em frente, insistiu teimosamente na necessidade de virar páginas; não "respondeu na mesma moeda", não aloprou. Empunhou um programa de governo, apontou críticas impessoais. Trouxe inovações, a começar pelo Bilhete Único Mensal, um inegável aggiornamento da cidade com o mundo.
Candidato, Haddad surfou a onda do "novo". Prefeito, não poderá fazê-lo servindo-se apenas do novo na idade, o moço. Dele se espera o novo de verdade, na reformulação de quadros e costumes. O novo, de fato. Voz ativa num PT que precisa de depuração; na política nacional que exige novos ares. Que não seja outro Collor, outro Pitta, pois comparado será. Que componha sem arrogância, mas não se deixe conduzir pelo atraso. Que conduza renovações múltiplas: na urbe, na política, nos valores. Não será fácil. Mas, "Non Ducor Duco" é o lema da Cidade que o escolheu.
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(*) Chico Buarque.
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PETROBRAS: LUCRO AOS ACIONISTAS OU SOCIALIZAÇÃO DO PREJUÍZO?



Petrobras na dependência do reajuste da gasolina



Autor(es): Voce Investe
O Globo - 29/10/2012

Com balanço fraco e fim de eleições, cresce aposta na alta do combustível

Com mais um balanço da Petrobras abaixo das expectativas do mercado, os analistas de corretoras e gestores começam apostar num novo reajuste do preço dos combustíveis nas refinarias da companhia até o fim do ano. A Petrobras divulgou na sexta-feira passada um lucro líquido de R$ 5,6 bilhões no terceiro trimestre, abaixo das projeções de R$ 7 bilhões do mercado. "O resultado ficou abaixo das já fracas expectativas", escreveu a clientes o analista do Bradesco Auro Rozenbaum, que previa uma lucro líquido de R$ 6,2 bilhões.
Segundo os analistas, as vendas da companhia ficaram entre as surpresas negativas do resultado. Eles apostavam numa receita na faixa de R$ 74,7 bilhões no terceiro trimestre. O balanço revelou vendas de R$ 73,8 bilhões no período. O prejuízo financeiro da empresa também foi maior que o esperado, de R$ 569 milhões.
Segundo Ricardo Corrêa, analista da Ativa Corretora, o balanço tende a ser recebido negativamente na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
- Nada parece ter sido suficiente para melhorar o desempenho das ações - afirma.
AÇÕES TÊM ALTA DE 5% NO ANO
Os papéis preferenciais (PN, sem voto) da Petrobras acumulam uma valorização de 5,40% neste ano e de 13,83% nos últimos 12 meses, cotados a R$ 22,10 na última sexta-feira. Apesar da valorização, o resultado não compensa as perdas dos investidores em 2011 (18,31%) e 2010 (22,96%). Desde 2010, 6.658 pequenos investidores venderam completamente as ações da estatal.
Segundo Frederico Mesnik, sócio-gestor da Humaitá Investimentos, as expectativas para uma melhora no comportamento das ações passam agora pelo reajuste do preço dos combustíveis, principalmente com o fim ontem das eleições municipais:
- Não acho que o balanço vai ser bem recebido na Bolsa. Mas tinha essa história de reajuste após as eleições. E acho bem provável que isso aconteça. É esperar e conferir.
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SEM VERGONHA E SEM JUÍZO * [In:] HOTEL CALIFORNIA


Atualizado: 29/10/2012 03:00 | Por estadao.com.br

'Sou o 2º poste do Lula', afirma Haddad

O prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), ironizou ontem a fama de "poste", atribuída a ele e à presidente Dilma Rousseff em suas campanhas


O prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), ironizou ontem a fama de "poste", atribuída a ele na campanha. Na festa de comemoração de sua vitória, na Avenida Paulista, Haddad fez piada com o apelido e citou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como responsável por sua eleição.

"Sou o segundo poste do Lula. Tem alguém candidato a poste aqui?", perguntou Haddad, do alto do trio elétrico, numa referência à presidente Dilma Rousseff, que também foi chamada assim quando concorreu à sucessão de Lula, em 2010.

A uma plateia estimada em 8 mil pessoas, o prefeito eleito admitiu, ainda, que pode ser candidato à reeleição e ficar oito anos no poder, se a população quiser. "Nós vamos trabalhar quatro anos, 365 dias por ano, 24 horas por dia para a gente mudar essa cidade", disse Haddad. O público gritou "oito", numa alusão a um segundo mandato. Ele sorriu e respondeu: "Oito".

Lula não foi à festa nem compareceu ao pronunciamento feito antes por Haddad para não ofuscar o pupilo. "Hoje, o dia é do Fernando", argumentou, segundo relato de amigos que conversaram com ele à noite. O ex-presidente telefonou para Haddad, emocionado, e o cumprimentou. Dilma também ligou. O candidato derrotado do PSDB, José Serra, telefonou bem mais tarde. "Ele reconheceu o resultado das urnas e disse desejar que nós façamos um ótimo governo em São Paulo", contou o petista.

Na Avenida Paulista, Haddad adotou o mesmo mote de Dilma sobre a pobreza e prometeu erradicar a miséria em São Paulo. "Erradicar a pobreza, acabar com a miséria é não aceitar que alguém passe fome, que não tenha educação, não tenha cultura", insistiu. Haddad falou em mudança, citou "a comunidade LGBT, todas as religiões, todas as crenças, todas as formas de ver o mundo" e garantiu o respeito à diversidade. Foi uma referência à polêmica sobre o chamado "kit gay" durante a campanha.

Muro da vergonha. Antes da festa, no primeiro pronunciamento após a eleição, Haddad pregou a união das forças políticas da cidade e afirmou que vai governar "acima de interesses individuais e partidários". Disse que pretende acabar com o "muro da vergonha" que separa a cidade rica da pobre e fez críticas indiretas ao prefeito Gilberto Kassab (PSD).

Escondido na campanha, o deputado Paulo Maluf (PP) compareceu ao hotel Intercontinental, nos Jardins, onde Haddad fez o pronunciamento. Por recomendação do PT, Maluf entrou no hotel pela garagem e acompanhou o discurso do prefeito eleito bem perto dele. "Sempre faço política a favor, nunca contra", comentou Maluf.

Haddad agradeceu a vitória a Lula, a Dilma, ao PT e aos partidos aliados. Fez homenagem ao deputado Gabriel Chalita (PMDB), que o apoiou no 2.º turno, ao vice-presidente Michel Temer, mas não citou a ministra da Cultura, Marta Suplicy (PT) nem Maluf.

"É hora de atrair, unir e estimular as forças vivas e o pensamento paulistano para um trabalho acima de interesses individuais e partidários", afirmou o prefeito eleito, pouco antes de se dirigir para a festa na Paulista.

O hotel onde Haddad fez o pronunciamento foi o mesmo onde Lula comemorou suas duas eleições presidenciais. "Meu objetivo central está plenamente delineado, discutido e aprovado pela maioria do povo paulistano: é diminuir a grande desigualdade existente em nossa cidade; é derrubar o muro da vergonha que separa a cidade rica e a cidade pobre."

O pronunciamento de Haddad ganhou  ares de superprodução, com direito a música anunciando sua chegada em um salão enfeitado com balões vermelhos e brancos. Animados, militantes do PT vestiam camisetas com os dizeres: "O futuro venceu. São Paulo oPTou pelo novo".

Para o futuro prefeito, a capital paulista tem de voltar a ser "farol e antena". "Farol para iluminar seus passos e os passos do Brasil. Antena para captar o que existe de mais moderno e para transmitir o que tem de mais diferenciado para o nosso País e para o mundo", argumentou.

Apesar de ter feito um discurso pregando a união, Haddad não mencionou Serra nem o PSDB. Deu estocadas em Kassab, sem citar o nome dele, ao dizer que a Prefeitura não fez o seu papel de desenhar políticas urbanas de desenvolvimento. O prefeito eleito destacou que São Paulo "não é uma ilha política tampouco uma cidade de muralhas".

Na campanha, Haddad foi acusado de querer promover uma gestão "estatizante", principalmente na área de saúde. O programa de governo não é claro em relação às parcerias com as organizações sociais, que administram hospitais e estabelecimentos de saúde.

Projetos. "Sei que contarei com o apoio decisivo do governo da presidenta Dilma, mas potencializarei esse apoio apresentando propostas e projetos criativos e irrecusáveis", disse o futuro prefeito. "São Paulo precisa firmar parcerias vigorosas na esfera pública com o governo federal e com o governo estadual e, na esfera privada, com o que existe de mais avançado em pensamento e em tecnologia no mundo."

Professor licenciado da USP, Haddad afirmou que pretende atrair a intelectualidade com seu projeto. "O primeiro passo que quero dar, a partir de hoje, é fazer com que a Prefeitura recupere o seu papel de liderar as forças criativas e sociais da cidade", disse o prefeito eleito.

Transmitido ao vivo por emissoras de TV, o discurso de Haddad foi acompanhado por militantes petistas que celebravam a vitória no Bar Brahma, no centro. Parte do grupo, no entanto, reclamou do "tom catedrático e professoral" de Haddad. Ali estavam cerca de 300 petistas, vestidos de vermelho, que comemoravam ao som de samba.

 / BRUNO LUPION, FERNANDO GALLO, JULIA DUAILIBI, VERA ROSA e WILSON BALDINI

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(*) FRASE de música popular brasileira (sic).
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DELFIM NETO. CIEE (In:) AO MESTRE COM CARINHO...



Aos professores guerreiros



Autor(es): Ruy Martins Altenfelder Silva
Correio Braziliense - 29/10/2012

Presidente da Academia Paulista de Letras Jurídicas (APLJ) e do Conselho de Administração do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) É com a educação que o homem conquista a sua humanidade. Essa frase resume o espírito do pronunciamento do ex-ministro e economista Delfim Netto ao receber o 16º Prêmio Professor Emérito/Troféu Guerreiro da Educação 2012, na manhã de 15 de outubro evento com que o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) comemora anualmente o Dia do Professor. Passando a integrar a galeria de reconhecidos guerreiros da educação, como Ruth Cardoso, Miguel Reale, Paulo Nogueira Neto, Crodowaldo Pavan, Paulo Vanzolini, entre outros, Delfim foi escolhido por sua produtiva vida acadêmica. Ele abriu novos caminhos para o estudo e a aplicação das ciências econômicas, formou gerações de brilhantes economistas e introduziu critérios analíticos no planejamento e na execução de projetos econômicos, entre outros legados. Aliás, legado que ainda não está completo, pois Delfim continua influente na vida econômica nacional, já que generosamente distribui seus profundos conhecimentos e larga experiência em artigos, palestras e consultorias. Seu pronunciamento constituiu verdadeira aula de economia, iniciada com aguda percepção do valor do estágio para a formação integral dos futuros profissionais. Vendo no estágio um verdadeiro rito de passagem, no qual o portador do conhecimento é transformado no instrumento de promoção de sua prática, Delfim reconhece o papel integrador do CIEE, que reduz os atritos e harmoniza o encontro entre as empresas e os talentos gerados na escola. Classifica, ainda, como de máxima importância outras funções da entidade. A primeira, dar oportunidade para que talentos com uma ou outra deficiência encontrem a sua identidade dentro da sociedade e se integrem a ela, sem o que jamais poderiam sentir-se úteis e exercer plenamente sua cidadania. A segunda, ampliar o horizonte dos jovens, explorando visões alternativas do futuro das profissões, elemento essencial na escolha da orientação que influenciará toda a sua vida. Finalmente, a importância do CIEE é ainda maior porque, dando uma formação humanística a seus estagiários, previne as graves consequências do empobrecimento do homem pela divisão do trabalho, marca atual da forte especialização das atividades produtivas. Delfim passeou, com desenvoltura, pelas teorias da área que domina como poucos, enfocando as complexas relações entre educação e economia, que considera profundas e decisivas para o processo de desenvolvimento e para a paz social, por diminuir a distância entre os homens e tornar as sociedades mais prósperas e menos desiguais. A trajetória do Professor Emérito 2012, título concedido anualmente pelo CIEE em conjunto com o jornal O Estado de S.Paulo, é um exemplo do poder da educação para a superação de obstáculos, válido em âmbito tanto pessoal quanto da sociedade. Filho de uma família paulistana relativamente pobre, trocou o sonhado curso de engenharia pela recém-criada Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, pois não poderia estudar em período integral. Em vez de um futuro engenheiro frustrado, a escola ganhou um entusiasmado aluno, que se dedicou aos estudos com tal afinco e talento que, em poucos anos, assumiria o posto de professor assistente, conquistaria a livre-docência e seria o primeiro ex-aluno a chegar a catedrático, na cadeira de teoria do desenvolvimento econômico. A entrega do Prêmio Professor Emérito é sempre um momento de reflexão sobre os rumos da educação brasileira, ainda de péssima qualidade, apesar de recentes avanços. Essa re flexão se torna mais oportuna, ainda, no momento em que tramita o projeto de lei que eleva para 10% do PIB os recursos obrigatórios a serem aplicados no ensino público. Focando apenas um aspecto, vale perguntar se o simples reforço financeiro será suficiente para eliminar as crônicas e agudas deficiências da educação brasileira. Na nossa visão, escorada em meio século de convivência com os estudantes e suas dificuldades de acesso ao mundo do trabalho, a resposta é negativa. O gargalo educacional, que provoca a mais perversa das desigualdades, somente será erradicado com revolução que, entre os muitos nós a desatar, passaria pela profunda reestruturação do ensino médio, pelo ajuste da sintonia entre a academia e as demandas estratégicas do país; pelo resgate do papel do professor e da sua formação; pela ênfase na adequada gestão escolar; pela redução da interferência política no preenchimento dos cargos. Em resumo, pela adoção de uma política pública de educação voltada efetivamente para o interesse maior da sociedade.

ENSINO SUPERIOR. A REPENSAR OS PARADIGMAS...



Universidades debatem o futuro do ensino



Autor(es): Por Stela Campos
| De Madri
Valor Econômico - 29/10/2012

Em um mundo onde o acesso a informação está cada vez mais democratizado e o conhecimento se multiplica em uma velocidade nunca antes vista, ensinar se tornou um grande desafio. Os professores não são mais os únicos donos da verdade. Os currículos precisam ser flexíveis e construídos de acordo com as novas necessidades do mercado.
As universidades, portanto, não podem mais abrigar apenas uma elite que dita as regras e que está distante do que acontece no mundo real. Embora muito se fale sobre essas transformações, que envolvem também a construção de um novo modelo de negócio mais sustentável, a maior parte das instituições de ensino superior ainda funciona da mesma forma há um século - e pode estar caminhando para a obsolescência.
Essas foram algumas conclusões da 3ª Conferência Internacional "Reinventando o Ensino Superior", cujo tema deste ano foi "Eduempreendedorismo: Novas Formas e Caminhos Para a Diferenciação no Ensino Superior". O encontro, promovido pela IE University, reuniu na sede da escola espanhola, reitores, gestores de associações de ensino e especialistas de diversos países.
O objetivo foi colocar no mesmo ambiente representantes de diferentes tendências e modelos de escolas, das mais tradicionais como Oxford às mais modernas como Brown, além de instituições como o World Economic Forum e a Wikipedia - todos com o desafio comum de entender esse novo momento no ensino.
"A globalização trouxe um novo tipo de competição e as universidades precisam responder às necessidades atuais do mercado", diz Santiago Iñiguez, presidente da IE Business School. Ele diz que existe uma pressão enorme para que essas instituições sejam mais efetivas em seus modelos de negócios e ensino.
"Há uma explosão da demanda por ensino superior, especialmente em países emergentes como Brasil, China e Índia. É preciso, no entanto, pensar em qualidade", diz Arnould de Meyer, presidente da Universidade de Negócios de Cingapura. Ele trabalhou por 23 anos no Insead, onde foi responsável por montar a operação asiática da escola na região.
De acordo com Meyer, a escassez de professores doutores em todo mundo pode comprometer esse desenvolvimento. "A Indonésia, por exemplo, já sofre com esse problema". Em sua opinião, é necessário formar um novo perfil de professor que seja ao mesmo tempo dedicado à pesquisa, mas que tenha trânsito no mercado. "Os acadêmicos, no geral, são avessos ao networking, mas isso precisa mudar. "
Não se trata, contudo, apenas do perfil de quem ensina, mas também do conteúdo oferecido em sala de aula. "É preciso dividir com os estudantes o desenho dos currículos para que eles sejam cada vez mais interativos e customizados", diz Meyer. As pesquisas acadêmicas devem ser interdisciplinares e alinhadas com as necessidades do conhecimento e do mercado.
A inclusão das artes no currículo em todos os cursos da universidade americana Brown, segundo seu diretor de departamento de educação Kenneth Wong, é uma forma de inserir valores que vão além das disciplinas tradicionais. "Acreditamos na formação de um cidadão mais engajado na sociedade, interessado em saber a natureza dos governos e dos mercados, e não apenas as últimas tendências na área de marketing", explica.
Um dos grandes desafios das universidades hoje é formar os estudantes para um mercado de trabalho que ninguém sabe ao certo como será. "Temos que preparar os jovens para empregos que ainda não existem", diz Carlos Enrique Cruz Limón, vice-reitor da universidade mexicana Tecnológico de Monterrey. Para ele, as escolas vão ter que desenvolver novas atitudes e competências dos alunos tendo em vista que as transformações estão cada vez mais rápidas.
O uso de tecnologias e ferramentas modernas que disseminam o conhecimento como o Wikipedia - enciclopédia virtual construída coletivamente por milhares de usuários voluntariamente, que hoje é o quinto site mais popular do mundo e tem textos escritos em mais de 300 idiomas -, é visto como inevitável, mas exige cuidado. "Os alunos precisam buscar informação em mais de um lugar e desenvolver o pensamento crítico. As escolas devem estimular isso", diz Meyer.
A diretora do programa de educação da Fundação Wikimedia, Annie Lin, diz que o objetivo do Wikipedia é democratizar a informação. "Ele vai conduzir o aluno a outras fontes", diz. O uso do site, segundo ela, ajuda a treinar algumas habilidades importantes no mercado atual. "Refiro-me à comunicação on-line, ao contato com pessoas de diferentes nacionalidades e backgrounds tentando solucionar problemas e trabalhando juntas" diz. Além disso, o estudante treina sua capacidade de síntese e clareza ao escrever um texto.
O ensino on-line é outro assunto que está sendo muito discutido entre os educadores e que vem crescendo aos poucos em vários países. Para Michele Petochi, diretor da área de educação do Fórum Econômico Mundial, a tecnologia ainda é cara e sua efetividade está sendo testada. O custo de um curso on-line em uma universidade de primeira linha, segundo ele, é três vezes maior do que o pago pelo aluno. "O mundo não sabe ainda de onde as pessoas aprendem de verdade, se é com experiências virtuais e presenciais, se é no trabalho ou em atividades sociais", afirma.
Com o aumento dos cursos a distancia e as parcerias internacionais, algumas escolas questionam se ainda vale investir em infraestrutura. "Estamos olhando cada vez mais para fora", diz o vice-reitor de Monterrey. Para a diretora do programa Education UK do British Council, Pat Killingley, são os próprios estudantes que pedem esse movimento internacional. "Eles dão as cartas e os negócios se organizam a partir dessa demanda."
Para se manterem sustentáveis e ampliarem o número de parceiros e escritórios ao redor do mundo, como fazem as escolas de negócios, as universidades terão que olhar para um público que está acima da faixa entre 18 e 28 anos de idade. "O conhecimento do mundo dobra de tamanho a cada sete anos. Isso significa que as pessoas precisarão pensar em um estudo de longo prazo e as universidades têm que estar preparadas", diz Meyer.
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ELEIÇÕES 2012: OS ''NETOS'' NO PODER



As apostas que não deram certo

Padrinhos nem sempre funcionam


Autor(es): Luiza Damé
O Globo - 29/10/2012
Embora tenham vencido na maior cidade do país, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fizeram apostas erradas e sofreram derrotas em capitais e importantes municípios, onde colocaram seu patrimônio político em jogo no segundo turno das eleições municipais.
Uma das derrotas mais simbólicas foi em Salvador, onde Lula e Dilma subiram no palanque do petista Nelson Pelegrino, derrotado pelo deputado ACM Neto (DEM), crítico feroz dos governos do PT.
Lula esteve em Salvador no primeiro e no segundo turnos. Dilma fez comício com Pelegrino no segundo turno, embora o PMDB do ex-deputado e vice-presidente da Caixa, Geddel Vieira Lima, estivesse com ACM Neto. No comício, Dilma disse que não faz um governo de "perseguição e vingança", mas afirmou que seu time estava naquele palanque. A presidente levou para o comício as ministras de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e da Igualdade Racial, Luiza Bairros.
Lula convenceu a presidente a apoiar explicitamente o ex-presidente do Ipea Márcio Pochmann, candidato do PT a prefeito de Campinas, contra Jonas Donizete (PSB), que foi eleito. Dilma havia prometido que não iria fazer campanha em municípios onde os aliados estivessem divididos para evitar racha nos partidos governistas no Congresso.
A presidente também investiu na candidatura da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que perdeu para o tucano Arthur Virgílio Neto, ex-líder do PSDB que atacou duramente o governo do ex-presidente Lula e o PT. 
Em reunião com a própria candidata e o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, Dilma acertou sua presença na campanha de Manaus, embora a derrota fosse praticamente certa. Foi um gesto político para premiar a lealdade do PCdoB ao Planalto e demonstrar que o partido é uma legenda preferencial em alianças futuras.
Lula resolveu peitar o PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e foi derrotado em Fortaleza e Cuiabá. Na capital cearense, prevaleceu a força política do governador Cid Gomes e de seu irmão Ciro Gomes, que apoiaram Roberto Cláudio contra o petista Elmano de Freitas, candidato de Lula. Em Cuiabá, o petista Lúdio Cabral perdeu para Mauro Mendes (PSB). Lula esteve pessoalmente nessas duas capitais, enquanto a presidente preferiu evitar conflitos com os aliados.
O vice Michel Temer também sofreu derrotas, como em Florianópolis, onde Gean Loureiro (PMDB) perdeu para César Souza Júnior (PSD). Semana passada, Temer desembarcou em Florianópolis, com Ideli, para pedir votos a Loureiro.
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PSB: ''Ô ABRE ALAS QU´EU QUERO PASSAR...''



'Clã' dos Gomes ganha força no PSB



Autor(es): Por Murillo Camarotto
 | De Fortaleza
Valor Econômico - 29/10/2012

Roberto Claudio (PSB), que contou com o apoio do ex-jogador e deputado federal Romário, vota com a esposa
Convocado por seu partido para ajudar na reta final da corrida à Prefeitura de Fortaleza, o deputado federal Romário (PSB-RJ) fez mais do que lhe foi pedido. No comício realizado na última quinta-feira na capital cearense, o "baixinho" colocou seu carisma a serviço do candidato Roberto Claudio (PSB), eleito ontem com 53% dos votos. O ex-jogador, no entanto, foi além. Promoveu, com entusiasmo, a candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), à Presidência da República em 2014, algo que não é bem visto pelos caciques locais do partido.
Mesmo apertada - foram 74 mil votos de diferença -, a vitória de Roberto Claudio fortalece politicamente o clã dos Ferreira Gomes, encabeçado pelos irmãos Ciro e Cid, este último governador do Estado. Barrados em 2010 pela direção nacional do PSB (leia-se, por Eduardo Campos), que decidiu apoiar a candidatura da então ministra Dilma Rousseff (PT), os irmãos devem ser uma pedra no caminho do governador de Pernambuco, caso decida se lançar ao Planalto. A preferência dos cearenses é pela candidatura à vice-presidência em 2014.
Entusiasmado com o bom desempenho do PSB nas eleições municipais - foram 443 prefeituras -, Campos adotou um discurso mais agressivo após o primeiro turno, no ensaio do que pode vir a ser um grito de independência. Em entrevistas, reafirmou suas alianças e pontos de convergência com o PSDB, e cobrou resultados práticos do governo federal. Em Fortaleza, entretanto, o discurso é outro. "Para nós, é um partido que representa a elite conservadora do país. Não cogito a hipótese de aliança nacional com o PSDB", enfatizou Cid, em entrevista ao Valor.
Ex-tucanos, Cid e Ciro não têm aliança com o PSDB no Ceará. Até mesmo a relação afetuosa que mantinham com o ex-senador Tasso Jereissati arrefeceu. Apesar das brigas intermináveis com a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, que também é presidente estadual do PT, Cid enfatiza sua fidelidade ao governo federal, e lembra que tanto ele como Campos se comprometeram a apoiar Dilma em 2014.
A promessa foi feita em um jantar em junho no Palácio da Alvorada. As declarações de Cid vão na direção oposta ao "jogo duplo" adotado por Campos. "Ele não vai jogar um balde de água fria na militância dele, que o quer candidato a presidente. É compreensível", disse o governador do Ceará, que está ciente de que o colega pernambucano detém o controle do PSB e que será candidato, se assim desejar. O risco, porém, é não contar com o apoio dos Ferreira Gomes.
Apesar do prestígio crescente e do equilíbrio da disputa em Fortaleza, Campos não pediu votos para Roberto Claudio. Tendo o ex-presidente Lula como o grande trunfo do candidato petista Elmano de Freitas, derrotado com 47% dos votos válidos, Cid optou por não nacionalizar o pleito local. Mesmo assim, não deixou de alfinetar o ex-presidente. "O Lula defende o "novo" e o "velho" de acordo com suas conveniências", disse o governador, antes de contemporizar. "Ele está no seu papel."
Com a vitória do afilhado político, que é médico sanitarista, deputado estadual em segundo mandato e presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, o governador espera avançar mais rapidamente os projetos de sua gestão na capital. Aos 37 anos, o prefeito eleito tem entre as principais promessas de campanha a implantação do bilhete único em Fortaleza e a ampliação das escolas em tempo integral. Ele chegou à vitória sustentado por uma aliança de 20 partidos, que incluiu desde o PCdoB, passando pelo PMDB, até o DEM.
A conflituosa relação entre PSB e PT na campanha dificilmente será superada, apesar do discurso oficial de que o rompimento se resume à eleição municipal. Luizianne, que sairá de "férias" da política para um mestrado em filosofia, disse ontem que o PSB "representa claramente um projeto contrário ao petista em âmbito nacional". Assim como fez nos últimos sete anos, Cid Gomes discordou. "O Eduardo Campos pode até ser presidente da República, mas não em 2014." 
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PSDB e PSB. ''ALIANÇAS'' E SEMELHANÇAS ATÉ NAS SIGLAS...



FHC vê necessidade de renovação



Autor(es): Por Daniele Madureira
| De São Paulo
Valor Econômico - 29/10/2012

FHC: ex-presidente considerou "natural" a aproximação entre Aécio Neves e o presidente do PSB, Eduardo Campos
O PSDB precisa estar "afinado com os sentimentos do país" e "voltar a ter uma atitude muito mais próxima" da população, porque "o Brasil mudou muito". A avaliação foi feita ontem pelo ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, em frente ao Colégio Nossa Senhora de Sion, em Higienópolis, onde votou. "Eu acho que é o momento de reflexão. O PSDB, pelo conjunto do Brasil, vai sair melhor do que estava antes, com mais cidades. Mas isso não quer dizer nada. É bom, mas não é suficiente, você precisa estar alinhado com o futuro", afirmou.
Fernando Henrique Cardoso discordou que a escolha do candidato José Serra para disputar a Prefeitura da capital paulista tenha sido um equívoco. "Se fosse errado, não teria ido para o segundo turno", afirmou.
Segundo o ex-presidente, o país enfrenta um momento de mudança de geração política. "Isso não quer dizer que os antigos líderes desapareçam, mas quer dizer que têm que empurrar os novos para frente", afirmou.
Sobre a possibilidade de Serra vir a assumir a presidência do PSDB, FHC afirmou que o cargo não está aberto. "O PSDB tem presidente, não há discussão sobre isso agora", respondeu.
O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso considerou "natural" a aproximação entre o governador tucano de Minas Gerais, Aécio Neves, e o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, no segundo turno. "Se houver aliança em 2014, acho ótimo, é preciso ampliar os apoios", disse.
FHC considerou normal que os líderes políticos conversem e possam se entender, "a partir do que seja conveniente ao ver deles para o povo". "Em todos os países democráticos, existem governo e oposição. Qual vai ser a posição do Eduardo no futuro? Só ele vai dizer." Mas o ex-presidente afirmou que, se Eduardo Campos escolher o caminho da oposição, o atual governador de Pernambuco terá de decidir entre apoiar o PSDB ou buscar o apoio dos tucanos para uma candidatura própria em 2014. "Acho que é mais razoável que o PSDB - que é o partido maior, mais consolidado, tem candidatos mais conhecidos - tenha primazia", afirmou, para logo emendar que "é muito cedo para tudo isso".
"Política, vocês sabem, muda de um dia para o outro. Há um mês, o Haddad não iria para o segundo turno e quem iria ganhar a eleição era o Russomano."

ELEIÇÕES 2012, 2014 E O CLAMOR DAS URNAS



PSDB tende para Aécio e PSB avança

PSDB aposta na renovação para 2014


Autor(es): Por Raymundo Costa | De Brasília
Valor Econômico - 29/10/2012
 

Para o PSDB, encerradas as eleições municipais, é hora de repensar e - em alguns Estados - "refundar" o partido. A perda de São Paulo para o PT reforça o plano de renovação do partido com vistas à eleição presidencial de 2014. Atualmente, o futuro do PSDB aponta para o senador mineiro Aécio Neves, neto e herdeiro político de Tancredo Neves, que lidera o segundo maior colégio eleitoral do país, Minas Gerais.
Já o PSB do governador Eduardo Campos (PE) ganhou força para 2014 por ter sido o partido que mais avançou, sobretudo pelo desempenho nos grandes municípios. A fatia do eleitorado administrada pelo partido passou de 7,6 milhões de pessoas para 15,3 milhões nos últimos quatro anos.

Aécio Neves visitou cinco cidades nesse segundo turno, nem sempre para apoiar os candidatos do PSDB
Para o PSDB, o fim das eleições municipais é a hora para repensar e - em alguns Estados - "refundar" o partido. Os tucanos se mantiveram como a segunda força em número de prefeitos, embora tenham diminuído em número de votos no país. Entraram também em currais eleitorais do PT no Norte e Nordeste. Mas perderam a Prefeitura de São Paulo, o maior reduto de votos do PSDB nas últimas eleições. Um desastre que só reforça os planos de renovação de quadros, do discurso político-programático e do projeto de retomada da Presidência da República.
Atualmente, o futuro do PSDB aponta para o senador mineiro Aécio Neves, neto e herdeiro político de Tancredo Neves, o presidente que morreu antes de tomar posse, depois de se eleger indiretamente no Colégio Eleitoral e por fim a 21 anos de ditadura militar no país, em 1985.
Aécio não é apenas um nome a mais na disputa. Além da liderança que exerce sobre o segundo maior colégio eleitoral brasileiro, Minas Gerais, carrega na bagagem a marca do drama de Tancredo, cujo martírio comoveu o país. É um bom produto de marketing.
O projeto do PSDB para retomada do poder tem cinco etapas. A primeira delas é o realinhamento político-programático. do partido. Não se trata de um resgate dos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso. A oportunidade passou, poderia ter acontecido em 2002 e 2006, mas o ex-presidente foi "escondido" pelo partido nas duas campanhas. Em 2010 o Plano Real era já uma lembrança desbotada na memória do eleitor.
O desafio do PSDB é achar um discurso anti-PT sem necessariamente ser anti-Lula e tudo o que o ex-presidente representa para a população, especialmente os mais pobres. 
Um espaço, aliás, que vem sendo ocupado pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB, um nome, a exemplo de Aécio, também com pedigree político: é neto do mítico Miguel Arraes, ex-governador de Pernambuco, morto em 2005.
"Terminado o processo eleitoral, vamos repensar ou pensar no que fazer", diz o presidente em exercício do PSDB, o ex-governador de São Paulo, Alberto Goldman (SP). "Vamos analisar o resultado não só do ponto de vista quantitativo, como também qualitativo, e as razões do que aconteceu". Segundo Goldman, "só uma coisa é certa: continuamos na oposição e vamos escolher um candidato para vencer em 2014".
A segunda etapa é a massificação desse novo discurso, por meio dos programas partidários. São 10 minutos de rádio e TV e 40 inserções comerciais em cada semestre. No que depender do presidente do PSDB, Sérgio Guerra, afastado temporariamente por motivo de doença, "pelo menos o perfil do candidato" deve ser exibido já no programa do primeiro semestre de 2013. O figurino de Guerra tem as medidas exatas de Aécio.
O terceiro passo é a pré-escolha do candidato. No fim do primeiro ou início do segundo semestre de 2013. Essa é a posição de Guerra, de Aécio e de seu grupo mais próximo de deputados, como o secretário-geral Rodrigo de Castro e o presidente do diretório mineiro, Marcus Pestana.
Pelo cronograma, a quarta etapa é a costura de alianças, no primeiro semestre de 2014. A quinta e última etapa será o processo eleitoral propriamente dito.
"O Aécio é um mestre na administração do tempo", diz Pestana. "O doutor Tancredo (Neves) já dizia que o candidato não pode ficar no sereno por muito tempo". Já nessas eleições municipais, o pré-candidato Aécio visitou cidades em 20 Estados, no primeiro turno, e outras cinco no segundo turno, nem sempre para apoiar nomes do PSDB. "Essa eleição deixou muito clara a disposição do Aécio em liderar a oposição", diz Rodrigo de Castro.
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Até a indicação será preciso atravessar 2013 e metade de 2014. Em política, é muito tempo. E as dificuldades não são pequenas. O PSDB precisa administrar São Paulo: a derrota de Serra deixa Geraldo Alckmin encurralado pelo PT e com "as barbas de molho" e as atenções divididas. "É um resultado realmente ruim para a gente por projetar no futuro uma pressão maior em São Paulo. Tira a estabilidade do nosso principal eixo", diz Rodrigo.
Serra vai esperar a poeira assentar antes de decidir o que fazer. O senador Álvaro Dias, do Paraná, defende a realização de primárias ou de prévia para a escolha do candidato. O PSDB já recadastrou 100 mil filiados e espera concluir o trabalho em meados de 2013. Uma comissão técnica do Senado aprovou, em caráter terminativo, um projeto que prevê primárias no país. Mas a senadora Marta Suplicy (PT-SP) recorreu ao plenário.
Serra deixou a prefeitura para concorrer ao governo de São Paulo, em 2006, para atender uma missão partidária. O PSDB não tinha outro nome competitivo para manter o governo do Estado. Serra não queria concorrer agora em 2012. Mas sua candidatura foi necessária para caracterizar efetivamente o PSDB na disputa. O acordo tácito era que, eleito, cumpriria todo o mandato.
Serra, segundo as avaliações mais secretas do PSDB foi vítima de um possível fim de ciclo tucano em São Paulo. É uma situação que está sendo avaliada e recomenda o "realinhamento político-programático". É dado como certo que o fato de ter deixado a prefeitura antes do fim do mandato, em 2006, e a desaprovação do governo Gilberto Kassab foram bastante para a derrota. Mas no PSDB Serra não é considerado "um morto político".
Ninguém com cerca de 30% dos votos de São Paulo - o que Serra teve no primeiro turno - pode ser considerado "morto politicamente", diz tucanos de todas as plumagens.
"Morte políticas", nos termos considerados pelos tucanos, não são muitas. Casos lembrados: Cristiano Machado, abandonado em 1950 pelo PSD - vem daí o termo "cristianização" de um candidato -, na disputa com Getúlio Vargas; Carvalho Pinto, que em 1974 perdeu a eleição para o Senado para Orestes Quércia, o primeiro sinal de que a ditadura militar estava se esgotando; e Laudo Natel, quando, em 1978, perdeu para Maluf a convenção da Arena que indicou (o que era praticamente uma nomeação) o candidato da sigla ao governo do Estado no Colégio Eleitoral.
Nem mesmo Paulo Maluf (PP-SP), cuja morte política foi várias vezes decretadas, após denúncias de corrupção, temporada na cadeia e a descoberta de dinheiro seu no exterior. Ele ainda tem influência sobre parte do eleitorado paulistano. Tanto que foi procurado para uma aliança "envergonhada" pelo PT.
Antes de ser contado o último voto das eleições, Serra já fazia avaliações sobre o seu futuro político. O tucano pode ser candidato ao Senado, em 2014, na vaga do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), outro nome que os tucanos consideram em fim de ciclo. Pode também ser candidato a deputado federal. Mas Serra já foi secretário de Estado, deputado federal, senador e ministro. O cargo que lhe falta - e ele ambiciona - é a Presidência da República. É ainda um problema para Aécio, apesar da maioria atual do mineiro no PSDB. Entre os dois ficaram mais do que mágoa das disputas nas quais se envolveram nos últimos anos.

ELEIÇÕES 2012. O RECADO DAS URNAS PARA 2014



Renovação marca disputa nas capitais

Em disputa competitiva, taxa de reeleição despenca


Autor(es): Por Cristian Klein |
De São Paulo
Valor Econômico - 29/10/2012
 

Nas eleições municipais mais acirradas em mais de uma década, com reviravoltas e um recorde de 50 definições em segundo turno, a renovação deu o tom. Nenhum dos três prefeitos que tentaram renovar seu mandato ontem foi bem-sucedido, o que fez a reeleição nas capitais despencar. Caiu de 95% em 2008 para apenas 50%: oito prefeitos se lançaram e apenas quatro se elegeram, todos no primeiro turno. Um efeito indireto foi a fragmentação partidária. Onze legendas governarão 26 capitais, maior número já registrado. O PSOL e o PTC chegam, pela primeira vez, a uma prefeitura de capital, respectivamente Macapá e São Luís. Nos 83 municípios com mais de 200 mil eleitores, passam de 12 para 16 os partidos com assento nas prefeituras.

Nas disputas municipais mais competitivas dos últimos tempos, com muitas reviravoltas e um recorde de 50 cidades que empurraram a definição para o segundo turno, a renovação deu o tom entre os maiores eleitorados do país. Nenhum dos três prefeitos que tentavam renovar o mandato na rodada de ontem foi bem-sucedido, o que fez a taxa de reeleição nas capitais despencar. Caiu de 95% - 19 prefeitos em 20 conseguiram, em 2008 - para apenas 50%: oito prefeitos se lançaram e apenas quatro se elegeram, todos no primeiro turno.
O efeito indireto do clima de mudança foi a fragmentação partidária. Onze legendas elegeram os prefeitos das 26 capitais. A dispersão supera as oito siglas vencedoras em 1996 e 2004; as nove, em 1992 e 2000; e as dez, em 2008.
Há novidade até na liderança. Pela primeira vez desde a redemocratização, um partido fora da trinca formada pelos três grandes - PT, PSDB e PMDB - obtém o maior número de capitais. É o PSB, que conquistou cinco cidades, quatro delas com disputas renhidas com o PT: Fortaleza, Cuiabá e Porto Velho, ontem, e Belo Horizonte e Recife, ganhas no primeiro turno. Apenas na capital de Rondônia, o confronto direto foi com o PV.
Num dos páreos mais acirrados do segundo turno, entre dois desconhecidos no cenário nacional, o deputado estadual Roberto Cláudio (PSB) bateu o ex-secretário municipal Elmano de Freitas e pôs fim aos oito anos de administração petista em Fortaleza.
O resultado representa um fortalecimento do projeto presidencial do líder da legenda, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que fez destas eleições municipais uma plataforma para 2014. O partido venceu em seis das sete cidades que disputava no segundo turno, incluindo Campinas, também sobre o PT. O saldo fez com que a sigla saltasse de modo expressivo sua participação no grupo dos 83 municípios com mais de 200 mil eleitores, que era de 5,2% para 13,2%.
O PT caiu de 26% para 19%, assim como seu maior aliado no governo federal, o PMDB, que foi reduzido à metade: de 22% para 11%. O encolhimento dos grandes reforçou a pulverização partidária. O rol das maiores cidades, ocupado por 12 siglas nas últimas três eleições, agora terá 16. O DEM, apesar de ter definhado nos menores municípios, especialmente devido ao racha que levou à criação do PSD, ganhou sobrevida nos grandes e manteve o percentual de 6%. Quem foi varrido do grupo é o PTB, presidido pelo ex-deputado federal Roberto Jefferson, cassado em meio ao escândalo do mensalão.
Sobre o PT, o tão debatido efeito do julgamento do caso pelo Supremo Tribunal Federal foi menos evidente. O partido ficou em segundo lugar no ranking das capitais, com quatro cidades, mas conquistou a mais cobiçada delas, São Paulo. Com o discurso da mudança, o ex-ministro Fernando Haddad derrotou o ex-governador José Serra (PSDB), alçou a legenda de volta ao poder da prefeitura, depois de oito anos, e quebrou um tabu. É a primeira vez desde a redemocratização que São Paulo elege um prefeito apoiado pelo presidente da República. A associação entre as máquinas federal e municipal torna-se um fator de risco para a reeleição de Geraldo Alckmin, em 2014. Além de São Paulo e Goiânia, esta conquistada no primeiro turno, o PT governará João Pessoa, onde Luciano Cartaxo derrotou com folga o senador Cícero Lucena (PSDB), e Rio Branco, numa disputa, apertadíssima, em que Marcus Alexandre bateu o também tucano Tião Bocalom por 50,8% a 49,2%.
Os sucessos dos tucanos nas capitais também foram quatro: ao lado de Maceió, vencida há três semanas, terá Teresina (Firmino Filho), Belém e Manaus, onde o ex-senador Arthur Virgílio impôs uma derrota expressiva sobre Vanessa Grazziotin. A senadora do PCdoB era apoiada por um grande bloco de caciques, entre eles o governador Omar Aziz (PSD), o senador e ex-governador Eduardo Braga (PMDB). Em Belém o ex-prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL), depois de liderar praticamente todo o processo eleitoral, sucumbiu diante da força da máquina estadual que moveu o deputado federal Zenaldo Coutinho (PSDB).
O PDT emplacou a quarta colocação, ao conquistar três capitais. Depois de levar Porto Alegre, no primeiro turno, ganhou agora Natal (Carlos Eduardo) e Curitiba. Na capital paranaense, a vitória do ex-tucano Gustavo Fruet (PDT), com a ajuda dos neoaliados petistas, inaugura um novo ciclo na prefeitura.
O DEM, o PP e o PMDB terminaram com duas capitais cada. Ao vencer o petista Nelson Pelegrino, o deputado federal ACM Neto, em Salvador, representa não só o ressurgimento do carlismo de seu avô como a sobrevida do partido, que também ganhou Aracaju no primeiro turno.
O PP, que já tinha levado Palmas, venceu com extrema facilidade o PMDB que domina Campo Grande há duas décadas: deu o radialista Alcides Bernal contra o deputado federal Edson Giroto, candidato do cacique e governador Andre Puccinelli. Com a derrota, os pemedebistas, que elegeram seis em 2008, ficaram reduzidos ao Rio de Janeiro e Boa Vista, vencidas no primeiro turno.
O PPS retornou ao clube das capitais, no duelo da oposição em Vitória, onde Luciano Rezende bateu o tucano Vellozo Lucas.
As maiores novidades foram o PSOL (em Macapá), o PTC (São Luís) e o PSD (Florianópolis), que ganharam suas primeiras capitais. Os dois primeiros contribuíram para derrubar a taxa de reeleição, ao derrotarem prefeitos. O terceiro que fracassou foi Elmano Férrer (PTB), em Teresina. O clima de mudança provocou também um recorde de viradas. O segundo colocado ultrapassou o líder do primeiro turno em 13 das 50 cidades. A taxa, que era de 12% em média, subiu para 26%.

ELEIÇÕES 2012: PARTIDOS POLÍTICOS E IDEOLOGIA DESPREZADA



PARTIDOS FICAM SEM HEGEMONIA NAS CAPITAIS

CAPITAIS NAS MÃOS DE 11 PARTIDOS


Autor(es): André Souza
O Globo - 29/10/2012
 
PT conquistou 636 prefeituras; PSDB muda perfil do eleitorado saindo do Centro-Sul
Isabel Braga, Evandro Éboli e

BRASÍLIA 
As eleições municipais deste ano mostram a pulverização de partidos na disputa das capitais e principais cidades brasileiras, com destaque para três legendas: PT, que levou a prefeitura de São Paulo, maior colégio eleitoral entre os municípios, e governará 636 prefeituras que somam 37 milhões de habitantes, ultrapassando o PMDB neste quesito; o PSB, que se fortalece como partido nacional, elegendo o maior número de prefeitos de capitais (cinco) e 442 no total; e o PSDB que fez 698 prefeitos, mas na eleição das capitais mudou o perfil de seu eleitorado, saindo do Centro-Sul e conquistando espaços no Norte e Nordeste do país. Onze partidos dividem o poder das 26 capitais a partir de janeiro.
O PMDB, embora mantenha o comando no maior número de prefeituras - elegeu este ano 1.023, com 31 milhões de habitantes - mantém sua característica de partido dos chamados grotões, com resultado forte em municípios de menor porte. Os peemedebistas elegeram, ainda no primeiro turno, apenas dois prefeitos de capital: Rio de Janeiro (RJ) e de Boa Vista (RR). Neste segundo turno, perdeu todas as disputas nas três capitais que concorreu e ontem ganhou em seis das 13 cidades com mais de 200 mil eleitores que disputou ontem.
O PT elegeu, nos dois turnos da eleição, quatro prefeitos de capitais - Goiânia, João Pessoa, São Paulo e Rio Branco. O PSB ganhou em Recife, Belo Horizonte, Cuiabá, Fortaleza e Porto Velho.
DEM ESCAPA DA EXTINÇÃO
O DEM consegue escapar da trajetória rumo à extinção com a conquista de duas capitais no Nordeste, Salvador e Aracaju. Contra a força da máquina pública, os partidos de oposição conquistaram ao todo oito das 26 capitais brasileiras. Duas no primeiro turno - Maceió (PSDB) e Aracaju (DEM) - e, no segundo turno, outras cinco: os tucanos venceram a disputa em Belém, Manaus e Teresina; o DEM ganhou em Salvador e o PPS ficou com Vitória. E o pequeno PSOL conseguiu eleger o prefeito de Macapá, no Amapá.
- É uma eleição que permite cada um cantar vitória da maneira que se avalia. O PSDB, de maneira expressiva, cresce no Norte e Nordeste. O PSB conquistou o maior número de vitórias nas capitais e não dá para dizer que o PT perdeu, porque quem ganha São Paulo, não perde, além de ter conquistado alguns dos maiores colégios eleitorais do estado - avaliou ontem à noite o professor titular da Universidade Federal de Minas Gerais, Carlos Ranulfo. - Nesta eleição, três partidos se destacam: PT, PSB e PSDB. O PMDB é o transatlântico de sempre: continua com mais prefeituras, mas não tem rumo, bússola, direção. O grande destaque do PMDB é no Rio.
O PDT elegeu ao todo 310 prefeitos, entre eles os das capitais Curitiba, Porto Alegre e Natal. O novato PSD, comandado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab - que perdeu a eleição na sua cidade - surpreendeu. Ganhou apenas uma prefeitura de capital, Florianópolis (SC), mas ao final dos dois turnos elegeu 498 prefeitos.
O PP, partido da base governista em Brasília, elegeu o prefeito de Campo Grande (MS), e o nanico PTC, com o apoio do presidente da Embratur e candidato derrotado do PCdoB ao governo da Maranhão em 2010, Flávio Dino, venceu em São Luís com Edivaldo Holanda Júnior, derrotando atual prefeito da cidade, o tucano João Castelo.
PSB CRESCE E APARECE
Comparando-se à população de prefeituras comandadas pelos partidos em 2008 e agora, o PSB é, de novo, o que mais destaca, com um crescimento de 92%: na última eleição, o partido ganhou prefeituras de cidades com um total de mais de 10,8 milhões de habitantes e agora, governará para 20,9 milhões.
O PMDB governa hoje para 41,4 milhões de habitantes e, com o resultado desta eleição, irá comandar a partir de janeiro 30,6 milhões de brasileiros, uma queda de 26%. O PSDB teve uma queda pequena neste ponto, saindo de 25,8 milhões em 2008 para 25,2 milhões em 2012.
O cientista político Paulo Kramer, da Universidade de Brasília (UnB), avalia que o resultado da eleição municipal de 2012 demonstrou um equilíbrio entre forças políticas diversas e notícias boas para todas a legendas.
- Há tendências importantes a se destacar, como a busca do novo nesta eleição, com destaque para o petista Fernando Haddad. O espaço que Eduardo Campos, que não é cara nova no Nordeste, abriu no Sudeste terá reflexos em 2014. E não se pode fechar os olhos para o bom desempenho do PSD, que, na sua primeira disputa, levou 498 prefeituras. O Kassab, mesmo deixando a Prefeitura de São Paulo desgastado, se fortalece e se cacifa no jogo político - disse Paulo Kramer.
PT TAMBÉM SOFREU DERROTAS
O cientista político entende que o PT, apesar da vitória na capital paulista, sofreu derrotas significativas, como no interior de São Paulo e em outras capitais importantes, tanto no primeiro turno, em Belo Horizonte e Recife, quanto no segundo turno, com Salvador e Fortaleza. Também são computadas a Lula e também à presidente Dilma Rousseff derrotas de aliados que eles abraçaram, com apoios fortes, como em Manaus.
- Em Manaus, vejo como uma derrota fragorosa do Lula. É um Estado onde Lula sempre obteve votações estupendas, mas seu prestígio não foi suficiente para derrotar o PSDB -disse Krammer, referindo-se à derrota da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB). - Entendo que Lula nacionalizou demais algumas disputas nos estados e pode ter se queimado com alguns aliados. O resultado disso vamos ver ao longo dos próximos dois anos, se essa aliança está trincada ou não.
As eleições do segundo turno, ontem, ocorreram em 17 capitais e 33 cidades do interior do país com mais de 200 mil eleitores - distribuídas em 19 estados.
Neste universo de segundo turno, o PT teve o pior resultado, numericamente, já que disputou em 21 cidades, vencendo em apenas oito delas, quatro delas capitais. O PSDB concorreu em 17 cidades e ganhou em 9 delas, sendo três capitais. Esses dois partidos, que polarizaram a eleição deste ano, eram adversários em seis das 50 cidades deste segundo turno, e no embate, o PT venceu em quatro e o PSDB, em duas delas.
O PSB do governador Eduardo Campos venceu o embate com o PT no primeiro turno, em capitais como Belo Horizonte e Recife, e também foi vitorioso no segundo turno, derrotando o PT em Campinas, no interior de São Paulo. Como a maioria dos políticos que evitam prognósticos para o futuro, alguns especialistas também consideram que ainda é cedo para falar sobre a influência das eleições municipais na disputa presidencial de 2014.
- O quadro para 2014 é nebuloso. Há equilíbrio entre os principais partidos. O PSB, depois de crescer nas eleições de 2010, conquistando governos, também cresce elegendo o maior número de prefeitos de capitais. Sairá candidato à Presidência da República, em 2014 ou 2018 - diz Carlos Ranulfo.

ELEIÇÕES 2012: PROMESSAS DE CAMPANHA E O ''VALE AAS''



Periferia prioriza saúde



Valor Econômico - 29/10/2012
 

Moradores do Grajaú, que chamam a região de "esquecida", foram às urnas como se estivessem apenas cumprindo uma obrigação. Para parte daqueles ouvidos ontem pelo Valor , independentemente do prefeito eleito, as dificuldades diárias que enfrentam nas áreas de saúde, transporte, violência e educação dificilmente mudarão.
Grajaú está na periferia de São Paulo, no extremo sul da cidade. O bairro ficou na segunda posição - Parelheiros ficou em primeiro e Cidade Tiradentes em terceiro - na contribuição de votos para o prefeito eleito, Fernando Haddad (PT), no primeiro turno eleitoral.
Alguns entrevistados pela reportagem se declararam antigos eleitores de Serra, mas mudaram "após os abandonos de mandatos do tucano", como diz Fernando Luiz Nunes Teixeira, ao se referir ao fato de o tucano ter renunciado à Prefeitura de São Paulo em 2006 para disputar o governo estadual. "O Serra não fez nada por nós. Pelo contrário, deixou um sucessor [Gilberto Kassab] que acabou com a região", afirma, ao dizer que por isso deu uma chance a Haddad.
Na região, a maior parte dos moradores usa o sistema público de saúde. Por isso, a área foi citada como prioridade por quase todos entrevistados. "Aqui, se você tem uma urgência e precisa ir ao hospital, está morto. Até ser atendido, o cara já morreu. Minha sogra teve um derrame. Demoraram tanto para atendê-la, que acabou morrendo", diz Teixeira. A saúde é também a principal preocupação do casal Valdinei e Paloma Martins da Silva. "Tentei marcar uma consulta em junho e só consegui em outubro", diz Silva.
Francisco Cândido Nascimento Filho também disse que deixou de votar pela primeira vez no tucano. "Ele não cumpre nenhum mandato, então votei no outro", diz. Nascimento Filho afirma que, por pior que seja o problema de saúde, só se consegue marcar uma consulta após quatro meses de espera.
Já o discurso de renovação política levou Vanilda Pinto da Silva a escolher Haddad. Moradora de Parelheiros, local onde o candidato petista recebeu mais votos no primeiro turno, ela diz ter dado uma chance ao "novato". "É como no primeiro emprego. Ninguém tem experiência, mas todo mundo teve uma chance." A demora para marcar exames e cirurgias, o mau atendimento em postos e hospitais e a falta de médicos são reclamações comuns de quem mora em Parelheiros. Por isso, entre as preocupações de Vanilda está a saúde, que vem em primeiro lugar, seguida pelo transporte urbano. "Sou sozinha e não tenho condições de ficar na fila o dia todo esperando para marcar um exame", diz.
O mesmo afirma a aposentada Fátima Fernandes, que já perdeu a conta dos anos em que vive em Parelheiros. "No ônibus, eu ando todos os dias como uma sardinha, mas o que está ruim mesmo é a saúde. Você vai no postinho e não tem nem um AAS", diz. "O governador do Estado veio aqui e prometeu ajudar uma amiga que estava com câncer. Ela morreu sem nada acontecer. Eu não tenho educação, mas não sou burra", conclui.
Em Cidade Tiradentes, extremo leste da capital, o transporte é uma das demandas dos moradores. O conferente de transportes Lecival Moreira, por exemplo, precisa deixar o bairro todos os dias às 5h da manhã para estar às 7h na Vila Guilherme. Na volta, a viagem toma outras duas horas. "Precisa melhorar o transporte. Às vezes fico um tempão esperando no ponto", diz o eleitor do PT. Cidade Tiradentes ficou na terceira posição entre votos para Haddad no primeiro turno. Marcel Roberto da Silva, de 29 anos, votou em Haddad. Ele quer melhorias na saúde pelas dificuldades que encontra no seu cotidiano. "Outro dia indicaram uma injeção para minha esposa que estava com dor no estômago, mas não tinha no hospital".

Felipe Marques, Karin Sato e Luciana Seabra

SUCO DE LARANJA. O MIX AGRÍCOLA



Integrada, do Paraná, estreia no mercado de suco de laranja



Autor(es): Por Marli Lima | De Curitiba
Valor Econômico - 29/10/2012

"Fizemos estudos e a citricultura apareceu como uma boa opção de diversificação", afirma o diretor Katsumi Otaguiri
No mesmo ano em que a Cocamar, cooperativa de Maringá, vendeu sua indústria de suco de laranja para a Louis Dreyfus, a Integrada, de Londrina, norte do Paraná, está estreando no segmento. Os primeiros testes de esmagamento começaram na sexta-feira e, após ajustes finais, 250 mil caixas de 40,8 quilos cada da fruta devem ser processadas em 2012. O número poderá subir para 800 mil caixas em 2013 e para 2 milhões em 2015.
Os investimentos na fábrica, que foi erguida em Uraí, distante 50 quilômetros da sede, somaram R$ 15 milhões. Katsumi Sergio Otaguiri, diretor da área industrial, lembra que o projeto foi iniciado em 2007, quando produtores de grãos enfrentavam problemas de preço e quebras por problemas climáticos.
"Fizemos estudos e a citricultura apareceu como uma boa opção de diversificação", conta. O plantio começou em 2008 e hoje há 2 mil hectares com laranja na área da cooperativa. A intenção era ter 5 mil hectares, o que não aconteceu ainda devido à forte alta das cotações dos grãos.
Otaguiri diz que a construção da indústria de sucos estava prevista para 2013 e os esmagamentos deveriam começar em 2014, mas no ano passado a Integrada teve dificuldade para processar laranjas produzidas por associados. Das 120 mil caixas colhidas, 20 mil foram vendidas no varejo e 100 mil foram esmagadas na indústria que era da Cocamar. Como havia a previsão de chegar a 350 mil caixas em 2012, a fábrica foi antecipada e as obras duraram 135 dias. Mesmo assim, 100 mil caixas da fruta tiveram de ser vendidas. E o mercado não está bom para o produtor.
Se, no ano passado, o preço da caixa ficou perto de R$ 15, caiu pela metade em 2012. A Integrada vai adiantar R$ 5 ao produtor e, no encerramento do ano, pagará a diferença. No começo, a fábrica vai gerar 25 empregos e funcionará em um turno. A produção será exportada e os contratos estão em negociação. O faturamento previsto no segmento é de R$ 13 milhões em 2013. A Integrada tem 6,7 mil associados e faturou R$ 1,3 bilhão em 2011. Ela já tem fábrica de fiação de algodão e de ração e está investindo também em uma nova indústria de derivados de milho, orçada em R$ 50 milhões, no município de Andirá, que deve entrar em operação em agosto de 2013.
A Integrada possui duas unidades arrendadas para processamento de milho para a indústria de alimentos (como cereais matinais) e bebidas (cervejas). Hoje, envia para essas indústrias 12 mil toneladas do grão por mês, volume que vai saltar para 25 mil toneladas. Otaguiri explica que atualmente a indústria responde por 15% a 18% do faturamento da cooperativa e, com os investimentos em andamento, a intenção é chegar 25%. Sobre a laranja, ele avisa que se trata de um projeto de longo prazo. "Deve haver mais adesão de produtores", diz. Atualmente, 112 associados da cooperativa cultivam a fruta. Feita em módulos, a fábrica poderá ser ampliada.