Aliado adia tramitação de processo contra Renan; O
presidente do Conselho de Ética do Senado,
Leomar Quintanilha (PMDB-TO), ignorou as ameaças e críticas da oposição e devolveu para a Mesa Diretora o processo por quebra de decoro parlamentar contra o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL). Com isso, a tramitação do processo será adiada, pois sua análise será praticamente retomada do zero. Ele tomou essa decisão sem consultar os demais membros do conselho. A justificativa dele é que é preciso corrigir sanar vícios do processo contra Renan para evitar a sua "nulidade". Quintanilha afirma, em nota oficial, que solicitou parecer à consultoria jurídica do Senado para evitar que processo seja questionado no futuro. "Passei o fim de semana estudando os pareceres e decidi, dentro de minhas atribuições como presidente do conselho, encaminhar o processo à Mesa Diretora do Senado para o necessário saneamento", afirma. Para devolver o processo à Mesa, ele se baseou em parecer encomendado à consultoria jurídica do Senado. De acordo com o
parecer, houve falhas na representação por quebra de decoro parlamentar contra o senador. Uma das irregularidades seria a perícia realizada pelo Conselho de Ética em documentos encaminhados por Renan. A perícia, segundo o parecer, deveria ter sido solicitada pela própria Mesa Diretora da Casa --uma vez que o conselho não teria autonomia para pedir a análise dos documentos. O parecer alega, ainda, que somente as CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) têm poderes para investigar de forma efetiva o senador. Com as perícias solicitadas pelo Conselho de Ética, o órgão teria extrapolado suas funções no caso Renan. Outra irregularidade levantada no parecer está relacionada ao próprio processo contra Renan. Segundo o parecer, o processo por quebra de decoro só deveria ter sido aberto depois do aval de integrantes da Mesa Diretora. O ex-presidente do conselho, Sibá Machado (PT-AC), chegou a devolver o processo à Mesa. Mas
Renan, sozinho, encaminhou o processo para a analise do órgão sem o aval dos demais integrantes da Mesa Diretora. Quintanilha é um dos principais aliados de Renan no Conselho de Ética e chegou a
"desconvidar" o senador
Renato Casagrande (PSB-ES) para relatar o processo contra Renan depois que ele propôs investigações rigorosas sobre o presidente do Senado. A
oposição está disposta a reagir à devolução do processo à Mesa Diretora do Senado. O líder do DEM (ex-PFL) no Senado, José Agripino Maia (RN), disse hoje que não existem irregularidades na tramitação do processo que justifiquem o seu envio à Mesa. "Se isso vier a acontecer, estaria com cheiro de armadilha jurídica para procrastinar o processo. A maioria dos senadores não está disposta a comprometer a imagem da instituição", disse ele antes da decisão de Quintanilha. Agripino afirmou que se o processo for devolvido à Mesa Diretora, os partidos de oposição no conselho vão reagir. "O plenário se reunirá e deliberará. O conselho não pode ser prisioneiro de arbitrariedades. Eu me recuso a acreditar que isso venha a ser proposto", disse. O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), divulgou hoje nota oficial para criticar a manobra de Quintanilha. Virgílio também critica, na nota, a estratégia articulada por aliados do presidente do Senado de repassar ao STF (Supremo Tribunal Federal) a competência das investigações sobre Renan. "O PSDB entende que essa medida seria meramente protelatória.
A concretizar-se, desestabilizaria aquele Conselho [de Ética], retirando-lhe o que lhe resta de credibilidade", diz Virgílio. Segundo o tucano, a PGR (Procuradoria Geral da República) já deixou claro que cabe ao Conselho de Ética dar prosseguimento às investigações relacionadas à quebra de decoro parlamentar no caso Renan. O PSDB reúne amanhã sua bancada no Senado para discutir estratégias que impeçam a protelação do processo contra Renan, que vêm sendo articuladas nos bastidores por aliados do senador.
Folha Online, Gabriela Guerreiro, Brasília.
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Veni, vidi, vici (em português: "Vim, vi, venci") é uma famosa frase
latina (supostamente) proferida pelo general e cônsul
romano Júlio César em
47 a.C.. César utilizou a frase numa mensagem ao
Senado Romano descrevendo sua recente vitória sobre
Farnaces II na
Batalha de Zela. A frase serviu tanto para proclamar seu feito,
como também alertar aos senadores de seu poder
militar (Roma passava por uma
guerra civil). [www.pt.wikiepedia.org].
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