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sábado, agosto 11, 2007

EDITORIAL: BANCOS PRIVADOS [In:] O PARAÍSO FISCAL É AQUI

EDITORIAL – 11 de agosto de 2007.

EDITORIAL:
BANCOS PRIVADOS E LUCROS SEMESTRAIS: QUE “PORRE” !!!

Nesta semana foram divulgados os lucros obtidos pelos bancos privados brasileiros, no primeiro semestre de 2007. E, com destaque, para a "performance" dos bancos Itaú e Bradesco. O Banco Itaú amealhou um lucro [pasmem!] líquido de 4,016 bilhões superando o Banco Bradesco que teve o seu lucro líquido “um pouco menor”, algo em torno de R$ 4,007 bilhões. Por sua vez, o Unibanco obteve um lucro de R$ 1,422 bilhão, o ABN Amro Real alcançou a cifra de R$ 1,261 bilhão de lucro líquido, e o Santander Banespa registrou um lucro de R$ 1,002 bilhão, referente ao primeiro semestre de 2007. Os resultados divulgados pelo HSBC Holdings englobam o desempenho de toda a instituição bancária, cujo “patamar” foi de US$ 14,16 bilhões, superando em 13% os valores referentes ao mesmo período de 2006.
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Por coincidência, esta semana recebemos a visita de nossa irmã [hoje, professora aposentada] que no início dos anos 60 foi “caixa” no Banco Itaú, em nossa cidade. Comentando sobre os lucros dos bancos, divulgados pela imprensa, ela lembrou que, dentro das atividades inerentes dessa função, uma delas, era efetuar o cálculo dos juros sobre o saldo médio das contas-correntes dos clientes, cujo banco(s) remunerava os “correntistas” pela utilização do dinheiro em depósito. “Good times!”. A Reforma Bancária de 1964 alterou esse mecanismo.
De lá para cá muita coisa mudou no cenário político brasileiro, inclusive, o de o Governo brasileiro achar “normal” que as instituições bancárias tenham resultados desse “porte” em suas operações financeiras. Em Nicarágua, o presidente Lula disse que este é o momento ideal para que todo mundo possa ganhar um pouco mais. Nesse sentido, o Presidente disse: "Eu sonho com o dia em que todos possam ganhar no Brasil. Todos, empresários, trabalhadores, bancos, a imprensa possa ganhar um pouco mais. Este é o momento ideal. O que eu não quero é que ninguém tenha prejuízo, porque, na hora que um tem prejuízo, tenta jogar nas costas do povo pobre. Eu não quero que o povo mais pobre perca" (grifamos). Lula aproveitou para ironizar a postura do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) que criou o Proer para socorrer os bancos, durante o seu governo, citando a cifra R$ 20 bilhões que foi o que o governo de FHC gastou para ajudar bancos que acumularam prejuízos no período de 1995 a 2001.
Afinado com a mesma apologia da “normalidade” do desempenho dos bancos privados, no Brasil, o ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, viu de maneira positiva os lucros recordes dos bancos, no primeiro semestre de 2007. [Acostumem!]. Segundo Walfrido: “Eles ganham muito, mas pagam muito Imposto de Renda. Está tendo recorde de tudo, de banco, exportações, produção de carro”. Para o Ministro, não são apenas os bancos que estão tendo lucros altos, mas também outros setores como siderurgia e construção civil. Ele também enfatizou que o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que são bancos oficiais, também estão tendo resultados positivos (grifamos). Dentro dessa “normalidade” em que o País está vivenciando, o Ministro disse, justificando: “Todo mundo está ganhando muito, os salários estão aumentando, o emprego está aumentando, o País está crescendo” e dado que “o País não estava acostumado nos últimos anos a observar crescimento e, por isso, todos estranham”.
O resultado operacional dos bancos está vinculado a alguns fatores permitidos pela política monetária do País. Entre eles, a de poderem cobrar toda e qualquer tarifa que quiserem pelos serviços prestados. Por essa razão, as receitas de prestação de serviço, que incluem as tarifas bancárias, já ultrapassaram os ganhos dos bancos com títulos públicos, que são remunerados pela taxa básica de juros. O levantamento feito pela agência Austin Rating mostrou que a participação dos serviços atingiu 19,7% do total de receitas das instituições financeiras, comparados aos 19,1% de títulos e valores mobiliários. De fato, segundo essa Agência, os serviços transformaram-se na segunda principal fonte de recursos dos bancos, atrás apenas das receitas de crédito, que respondem por 47,6% do total. A justificativa para o “avanço da criação de novos serviços e respectivas cobranças”, deve-se ao fim dos ganhos que eram obtidos com a inflação. Dado a “estabilidade econômica”, os bancos tiveram de se adequar à nova realidade da economia brasileira e passaram a cobrar por serviços que antes eram gratuitos. E tiveram grande sucesso. Segundo a “Folha”, só no primeiro semestre deste ano, as receitas de serviços dos dez bancos que apresentaram balanço até quarta-feira (9) somaram R$ 13,8 bilhões, um acréscimo de 22,8% em relação a igual período do ano passado. As receitas com títulos e valores mobiliários ficaram um pouco abaixo, em R$ 13,6 bilhões.
Todavia, discordando dessa “normalidade”, a Fundação Procon de São Paulo realizou uma pesquisa onde mostrou que o valor das tarifas pode variar mais de 250% de um banco para outro. Por exemplo, um banco cobra R$ 1,67 pela manutenção do cartão de débito e outro, R$ 6,00. Segundo o Procon, “só resta aos clientes pesquisar os valores e negociar” (grifamos).
Do Plano Real para cá, todos os serviços que eram gratuitos passaram a ser cobrados, o que possibilitou um acréscimo de 374% no volume arrecadado por esses serviços. As tarifas bancárias que, em 1994, representavam 6,5% da arrecadação dos bancos, hoje respondem por aproximadamente 20%, baseados num “menu” de mais de 60 tarifas. Segundo o consultor financeiro Erivelto Rodrigues, ainda existem espaços para os bancos aumentarem a arrecadação, a exemplo da cobrança de tarifas pelos serviços eletrônicos que oferecem através da “internet”.
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A propósito, falando em “porre”, o presidente Lula, em viagem pela Jamaica fez apologia ao consumo da “cachaça brasileira”. Segundo o Presidente: “O dia que o mundo experimentar a boa cachaça brasileira, o uísque vai perder mercado” (grifamos). Essa declaração causou certa surpresa ao ministro Temporão (da Saúde) que está em campanha pela redução do consumo de bebida alcoólica no País, o qual tentou amenizar a “fala” do Presidente. Segundo Temporão, “a campanha não é para proibir ninguém de beber. É para que a sociedade atente para o consumo precoce e abusivo de bebidas alcoólicas pelos jovens”.
Vamos aguardar!
[Hic!].

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