PENSAR "GRANDE":

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“Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo...” (Abraham Lincoln).=>> A MÁSCARA CAIU DIA 18/06/2012 COM A ALIANÇA POLÍTICA ENTRE O PT E O PP.

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''Os Economistas e os artistas não morrem..." (NHMedeiros).

"O Economista não pode saber tudo. Mas também não pode excluir nada" (J.K.Galbraith, 1987).

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terça-feira, julho 22, 2008

REPORTAGEM ESPECIAL. REVISTA ''VEJA''

Especial
1. A proteína do campo

Sorriso/MT
De grão em grão
Em trinta anos, o mato, a poeira e a escuridãoderam lugar à capital mundial da soja

Sorriso, no norte de Mato Grosso, é a capital mundial da soja. É o município que mais produz o grão: 2,5 milhões de toneladas por ano. A produtividade de suas fazendas também é a maior do mundo: 55 sacas por hectare. O município detém ainda outro recorde internacional: tem a maior proporção de território coberto por lavouras. A riqueza da soja é visível nas esquinas de Sorriso. Em 2005, sua prefeitura contratou o urbanista Jaime Lerner, ex-governador do Paraná, para criar o plano diretor que norteará o crescimento da cidade até 2020, quando a população atingirá 200 000 habitantes, três vezes a atual. Com base no plano, foram abertas avenidas com canteiros ajardinados, erguidos arranha-céus e bairros inteiros com saneamento e asfalto. Os grandes fazendeiros aboletaram-se em casas de 1 000 metros quadrados e mais de 1 milhão de reais. Os terrenos que cercam as casas dos mais endinheirados valorizaram-se até 1 000% em vinte anos. Apareceu até uma loja que os locais consideram a sua Daslu, ícone do consumo dos ricos paulistanos. A Século abastece a elite da soja com produtos de grifes de luxo. O plano de Lerner previu a construção de um aeroporto para receber jatos de grande porte, que deve ser inaugurado ainda neste ano.
A prosperidade de Sorriso sintetiza o progresso que a soja semeou pelo Centro-Oeste brasileiro. No fim dos anos 70, o lugar era coberto pelo cerrado. O único vestígio de civilização era uma rodovia recém-construída que ligava Cuiabá a Santarém. O governo colonizara a região com agricultores pobres do Sul do país. Lá, os desbravadores só encontraram onças, cobras, mosquitos e doenças. Sua situação era tão desalentadora que eles passaram a repetir como um mantra o ditado "é melhor sorrir do que chorar". Foi daí, e não de qualquer alusão alvissareira, que saiu o nome Sorriso. Apesar das dificuldades, o povoado foi instalado em uma região com sol abundante, chuvas regulares e terreno plano, perfeitos para as lavouras mecanizadas. Essas condições permitem que fazendas como as do gaúcho Darcy Ferrarin produzam o ano inteiro. Nas entressafras da soja, ele planta milho ou capim para a engorda de gado. A tecnologia avançada permite que ele fature vinte vezes mais do que há dez anos plantando na mesma área.
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> [Armazém da Agrosoja: criada em 1995, a processadora fatura 80 milhões de reais por ano; foto matéria].
O dinheiro injetado na economia pelo milionário negócio da soja abriu novas oportunidades para os agricultores. Em 1986, Claudio Zancanaro deixou o Paraná para trabalhar na pequena lavoura de soja de sua família. Investiu os lucros em uma fábrica de óleo e de farelo do grão, que emprega setenta pessoas e fatura 80 milhões de reais por ano. O movimento mais recente foi a explosão do setor de serviços. A proporção de médicos por habitante já supera em 50% o padrão recomendado e ainda há campo para esses profissionais. Há dois anos, sete médicos e dentistas forasteiros se uniram para atender os fazendeiros ricos. A demanda por seus serviços, que vão de exames a pequenas cirurgias, foi tão grande que outros seis especialistas se associaram ao grupo. "Até o fim do ano, vamos instalar cinco novos consultórios na clínica", diz a ginecologista gaúcha Maria Teresa Endres. Seu marido, o engenheiro Antonio Adolfo, abriu a construtora Coenza, que se tornou uma das maiores da cidade. "Nossa renda quadruplicou", conta o empreiteiro. Sucesso semelhante foi alcançado pelo casal de professores Natal Rêgo e Sandra Matsuoka, que há sete anos abriu uma faculdade em Sorriso. O negócio começou oferecendo um curso de administração em um prédio cedido pela prefeitura. Em quatro anos, o casal conseguiu construir um câmpus próprio, onde ensina direito, letras, pedagogia, contabilidade e cursos profissionalizantes para 850 alunos.
Graças à expansão das lavouras de soja e às centenas de empresas que se estabeleceram na cidade em função delas, a economia municipal cresceu 64% nesta década. A receita da prefeitura atingiu 77 milhões de reais, dez vezes mais do que quando o município foi emancipado, em 1986. Esse salto possibilitou, entre outros avanços, o fornecimento de água tratada e de energia elétrica para 100% das residências. Quase todas as ruas foram pavimentadas. As dezenove escolas da rede municipal dispõem de laboratório de informática com internet de banda larga. A prefeitura montou uma frota de 36 ônibus para servir aos alunos que moram na zona rural. Esses benefícios estão explicitados nos indicadores sociais locais. VEJA listou os municípios que melhor mesclaram o crescimento com desenvolvimento da educação, da saúde e da tecnologia. Sorriso aparece em 12º lugar nessa lista. Por essa conjunção de fatores, tornou-se uma das cidades cuja população mais cresceu nesta década: 55%.
O lado nefasto da bonança apareceu no aumento da criminalidade, que é maior do que a média brasileira. Combater esse mal deveria ser uma das prioridades de Sorriso. Mas, por enquanto, a prioridade da cidade ainda é acelerar seu processo de enriquecimento. Para isso, pretende reduzir sua dependência da soja. A prefeitura dá incentivos à industrialização. Já atraiu um frigorífico de aves e outro de peixes, que se estabeleceram na cidade para aproveitar a proximidade das fábricas de farelo de soja, matéria-prima da ração desses animais. Agora, tenta conquistar um terceiro, de carne bovina, e um centro de pesquisas da Embrapa. A crença em um futuro promissor é tamanha que a prefeitura está construindo um centro de convenções para 1 700 pessoas em um dos novos bairros da cidade. Os migrantes que desbravaram o cerrado mato-grossense não encontram mais motivos para chorar.
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http://veja.abril.com.br/230708/p_078.shtml
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