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terça-feira, agosto 04, 2009

SARNEY [In:] O DIA DO ''FICO''

SARNEY AFIRMA QUE ESTÁ "FIRMÍSSIMO" NO CARGO

"FIRMÍSSIMO", SARNEY ACIONA SUA TROPA DE CHOQUE NO PLENÁRIO

Folha de S. Paulo - 04/08/2009

Simon volta a defender renúncia e bate boca com Renan e Collor, que ameaçam revelar passado que poderia "incomodar" o gaúcho


Disposição para o embate cresceu após Dirceu enviar recado a Sarney garantindo apoio do PT; senador se disse com "espírito muito bom"




ANDREZA MATAIS
ADRIANO CEOLIN
VALDO CRUZ

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Contrariando as expectativas da oposição, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), voltou ontem do recesso dizendo estar "firmíssimo" no cargo e acionou seus aliados para uma tática de guerra, desencadeada logo no primeiro dia de trabalho da Casa.
A estratégia da tropa de choque de Sarney, liderada por Renan Calheiros (PMDB-AL) e Fernando Collor (PTB-AL), foi não deixar ataque sem resposta. Com ameaças e bate-boca, lembraram o passado de congressistas, rebateram ponto a ponto as acusações e mandaram oposicionistas engolirem as acusações.
Os ataques mais incisivos foram contra o senador Pedro Simon (PMDB-RS), que subiu à tribuna para defender a renúncia de Sarney. Foi obrigado a baixar o tom de sua fala em alguns momentos, depois que Collor ameaçou revelar fatos que poderiam causar "incômodos" ao senador gaúcho.
Apesar de ter aberto a sessão de ontem, Sarney não acompanhou os momentos de tensão. Nos 80 minutos que ficou no plenário, nenhum senador discursou contra ele. Questionado, Sarney disse que seu "espírito estava muito bom" e que "nunca deixou de ficar confiante". Sobre renúncia, foi enfático: "Não existe".
Nos últimos dias, Sarney cobrou uma ação mais coordenada do seu partido para defendê-lo. O grupo liderado por Renan montou uma estratégia para atacar vários senadores: Arthur Virgílio (PSDB-AM), José Agripino Maia (DEM-RN), Simon e Tião Viana (PT-AC).
O acerto foi feito numa reunião anteontem entre Sarney, Renan e o senador Gim Argello (PTB-DF) na residência do presidente do Senado em Brasília. A disposição para o embate cresceu depois que Sarney recebeu recados do ex-ministro José Dirceu de que o PT manteria seu apoio a ele e iria trabalhar para que os senadores do partido não pedissem sua saída.
Sarney revelou que algumas pessoas confundiram "desabafos" feitos nos últimos dias com uma disposição de renunciar.

Collor versus Simon
Ao pedir a renúncia de Sarney, Simon comparou a situação do atual presidente do Senado à de Getúlio Vargas, que se suicidou em 1954 após passar por uma crise.
O primeiro a atacar Simon foi Renan: "Só lamento que o esporte preferido de Vossa Excelência, nos últimos 35 anos, tenha sido falar mal de Sarney". Segundo ele, Simon tem mágoa de Sarney por não ter sido escolhido candidato a vice de Tancredo Neves. "Vossa Excelência está inventando", disse Simon.
Durante o bate-boca, Simon citou Collor, lembrando que Renan primeiro apoiou o ex-presidente mas, depois, o abandonou. Acabou despertando a ira do senador.
Ex-presidente e um dos maiores críticos de Sarney no fim da década de 80, ele saiu correndo do gabinete para criticar Simon. "São palavras que não aceito. Eu quero que o senhor as engula e as digira como achar conveniente. Em nenhum momento me arrependo das minhas relações. Estou do lado do presidente José Sarney", disse, em tom agressivo.
Eduardo Suplicy (PT-SP), Cristovam Buarque (PDT-DF) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) defenderam Simon.
Dos principais adversários de Sarney, apareceu Virgílio, que não repetiu as críticas. Entre os democratas, nenhum dos críticos do peemedebista esteve no plenário. Também não apareceram os líderes do PT, Aloizio Mercadante (SP), e do governo, Ideli Salvatti (PT-SC).
Aliado de Sarney, Epitácio Cafeteira (PTB-MA) resumiu o clima: "A sorte está lançada. Os grupos estão formados. Quem é contra é contra. Quem é a favor é a favor."

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