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sábado, novembro 07, 2009

EDITORIAL: INFORMAÇÃO DE MAIS OU DE MENOS?


Para que tanta informação?
Postado por Carlos Castilho
em 6/11/2009 às 12:56:58 AM


O leitor Sérgio Ribeiro, de São Paulo, perguntou num comentário postado aqui no Observatório se a avalancha informativa gerada pela internet e pela digitalização, em vez de ajudar não está complicando ainda mais a já atribulada vida do cidadão contemporâneo? Ele questiona se os mortais terão capacidade de lidar com tanto conteúdo e se na verdade não estamos criando um fantástico desperdício informativo?

Ele não é o único a se colocar a mesma dúvida e se formos ver em detalhe, é bem possível que cheguemos também à mesma pergunta.

Para encontrar uma resposta tranquilizadora, nós teremos é que mudar o foco das nossas preocupações. Até agora, o metro usado para medir quantidades de informação era dado pela nossa capacidade de processá-la. Nós comprávamos só os livros, jornais e revistas que poderíamos ler, só ligávamos a televisão para ver os programas considerávamos interessantes, e por aí vai.

A avalancha informativa mudou os parâmetros e passou a concentrar as preocupações nas comunidades, na sociedade global. E por que isto?

Antes da revolução tecnológica, o conhecimento individual era suficiente para atender às nossas necessidades de produção de novos conteúdos informativos e alimentar a criatividade universal. Os cérebros privilegiados, os cientistas e aquelas pessoas que muitos chamam de gênios.

Mas a economia cresceu e se diversificou, passando a exigir novos conhecimentos para alimentar a cadeia da inovação. A demanda de conhecimentos superou a oferta, pressionando a busca de inovações que acabaram levando à revolução gerada pela digitalização e pela internet. A combinação de ambas liberou uma massa de informações, dados e conhecimentos nunca vista na história da humanidade.

Usando dados da pesquisa How Much Information, feita em 2002 pelos professores Hal Varian e Peter Lyman, da Escola de Sistemas e Gerência da Informação da Universidade da Califórnia (Berkeley) , seria possível estimar que, em 2008, a avalancha informativa disponibilizaria para cada ser vivo no planeta uma pilha de livros, DVDs e CDs da altura de um edifício de nove andares.

Um número como este deixa muita gente na dúvida. Primeiro se o cálculo está correto e, em segundo lugar, porque comprova uma distribuição de conhecimento muito mais desigual do que imaginamos.

A questão é que esta massa de informações é necessária para alimentar um processo de produção de conhecimentos que adquiriu também características inéditas na história da humanidade. Quando você faz uma busca no Google, cada resultado que você lê na tela resultou de vários bilhões de recombinações de informações armazenadas nos servidores do mecanismo de busca, tudo em questão de fração de segundos.

Nós ainda estamos acostumados a pensar em termos aritméticos em matéria de absorção de conhecimentos. Mas o mundo já funciona numa outra realidade movida basicamente à base de informação, quase na velocidade de luz. Sem ela, a economia moderna entraria em colapso. O sistema financeiro simplesmente desapareceria. O tráfego aéreo implodiria.

Na verdade não há desperdício informativo. Pelo contrário, a demanda continua crescendo e a oferta, também. Tomemos o caso da chamada Web social, formada pelas redes, comunidades e coletivos virtuais. A soma de todos os conhecimentos de todos os usuários das redes é essencial para produzir sistemas cada vez mais rápidos, sofisticados e personalizados.
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O Orkut, Facebook e todas as demais redes virtuais na Web são gigantescas usinas de conhecimento que consomem e produzem quantidades ciclópicas da matéria prima informação. Sérgio, o meu conselho é: fica frio. A mesma angústia que estás sentindo atingiu os telespectadores quando a TV por cabo entrou no mercado, multiplicando por até 50 vezes a oferta de canais no sistema aberto. Ninguém morreu e hoje há muita gente que reclama por uma oferta mais diversificada de programas de televisão.
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MURO DE BERLIM, 20 ANOS
A História seletiva
Por Alberto Dines em 6/11/2009
Comentário para o programa radiofônico do OI, 6/11/2009
Por que razão a mídia, tão parcimoniosa e contida na rememoração dos 70 anos do início da Segunda Guerra Mundial, agora está tão exuberante ao lembrar os 20 anos da queda do Muro de Berlim?
Pode-se alegar que a reunificação da Alemanha foi um fato mais recente e ainda está presente na memória do público. Também é possível alegar o contrário: se o início da Segunda Guerra aconteceu há sete décadas e está quase esquecido não seria mais correto desencavar o passado remoto?
Uma coisa é inquestionável: as duas efemérides, embora separadas por meio século, fazem parte de um mesmo processo. O Muro de Berlim foi a derradeira trincheira da Segunda Guerra Mundial: a Guerra Fria começou enquanto ainda fumegavam os escombros da capital alemã e continuou por outros meios.
Função didática
A evidente desigualdade da cobertura dos dois episódios está sendo produzida por uma avaliação simplista: como Hitler e Mussolini, definitivamente enterrados, já não representariam ameaças; e o desabamento da Cortina de Ferro deixou soltos alguns fantasmas do totalitarismo de esquerda.
Ledo engano: Mussolini morreu mas o seu fascismo não foi erradicado. Está presente em vários continentes, inclusive na América Latina, mascarado com as mesmas tinturas socialistas que Il Duce utilizou no início da sua escalada política. Hitler já não existe, mas há um neonazismo em outros quadrantes do mundo.
Ao invés de fragmentar os acontecimentos para deles tirar proveitos parciais, a mídia deveria ser fiel à sua função didática e social oferecendo uma visão integrada dos fatos. É preciso não esquecer que a euforia com a débâcle do Império Soviético, logo depois da derrubada do Muro, iniciou uma delirante sucessão de asneiras como a idéia do "fim da História". E a História está aí, repleta de surpresas.
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