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sexta-feira, junho 18, 2010

GOVERNO LULA/CONGRESSO NACIONAL [In:] FARRA DO BUMBA MEU BOI...

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LULA FECHA O COFRE APÓS FARRA DE REAJUSTE

Aumento, agora, só em 2011

Autor(es): Igor Silveira
Correio Braziliense - 18/06/2010
Presidente Lula anuncia que o reajuste de 7,7% aos aposentados foi a última concessão federal em termos salariais para este ano


Ricardo Stuckert/PR
Lula participa da Feira de Agricultura Familiar. Para ele, novas reivindicações devem ser resolvidas com o presidente eleito para governar em 2011

Os funcionários públicos que reivindicam algum tipo de aumento salarial ainda para este ano receberam, ontem, uma notícia desanimadora do governo federal. Logo depois da 34ª Reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, realizada com a presença do vice-presidente José Alencar e do ministro da Fazenda, Guido Mantega, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não haverá mais qualquer reajuste em 2010, além dos que já estavam previstos. De acordo com ele, essa discussão será retomada somente no próximo ano, quando o novo presidente assumir o cargo.

Lula ressaltou que, no caso dos aposentados, a discussão era mais simples do que vinha sendo anunciado. O presidente declarou que as conversas eram sobre um aumento de 0,7%, já que o próprio governo havia autorizado reajuste de 7% para os inativos que recebem acima de um salário mínimo. Segundo ele, a única exigência feita para a equipe econômica foi de que os cortes no Orçamento fossem equivalentes ao reajuste de 7,7%, o que foi resolvido com redução, inclusive, de verbas destinadas a emendas parlamentares.

“Todos os dias, recebemos pressão por aumentos salariais de todas as categorias. No entanto, os reajustes só podem ser feitos quando há dinheiro. Este ano, acabou a discussão sobre aumento(1). Os reajustes anunciados são de acordos firmados em 2008, que temos parcelas a cumprir e serão cumpridas. Os outros casos serão discutidos em 2011, com o candidato que for eleito em outubro”, disse Lula. “Mesmo quem está disputando uma eleição não pode perder o senso de responsabilidade”, completou.

O presidente do Sindicato dos Servidores e Empregados da Administração Direta, Fundacional, das Autarquias, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista do Distrito Federal (Sindser), Cícero Rola, ficou irritado com a entrevista de Lula. “É lamentável ouvir de um presidente que tem suas origens no movimento sindical uma declaração como essa. Nós vamos continuar lutando para que as reivindicações dos trabalhadores sejam atendidas e que as greves, instrumento legítimo de protesto, sejam respeitadas”, ponderou.

Para o presidente do Sindser, mesmo em situação de estabilidade econômica, como a vivida no Brasil atualmente, o trabalhador tem perdas anuais que precisam ser repostas. “Lula fala de acordos, mas muito do que foi acertado com os servidores não foi cumprido”, protestou Rola.

Crescimento
Lula também comentou a preocupação de empresários e economistas em relação ao crescimento elevado do Brasil em 2010. O presidente disse que o Brasil ainda tem espaço para crescer e que a cautela com o assunto é natural. “Eu tenho uma tese singela: não acho saudável para o país que o crescimento, ao longo dos anos sofra com um efeito sanfona. Não é interessante que o Brasil cresça 11% em um ano e, no seguinte, 3%. Se o país conseguir avançar 5% ou 6% anualmente durante um longo período, será personagem de uma revolução produtiva extraordinária, que vai melhorar, sem dúvida alguma, a vida de todos nós”, concluiu.

1 - Discurso repetido
Em 11 de maio, Lula convocou reunião com ministros e dirigentes de autarquias e de empresas públicas que aderiram a greves e avisou que, em 2010, não havia previsão de reajuste salarial. Na época, o presidente pediu, ainda, que a legalidade das paralisações fosse questionada na Justiça. Lula cobrou, também, rigor no controle de frequência dos servidores e, em caso de falta, autorizou os gestores a descontar os dias não trabalhados. O aumento adicional aos aposentados flexibiliza o discurso de Lula.
Os reajustes só podem ser feitos quando há dinheiro. Este ano, acabou a discussão sobre aumento”
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República

Já no Senado...

Josie Jeronimo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou o fim da temporada de reajustes para o funcionalismo, mas o Senado aprovou ontem projeto que concede aumento para 32.763 servidores do Executivo. A alegação dos parlamentares é que o aumento era previsto e recursos foram reservados no Orcamento Geral da União de 2010. Ainda sob o impacto da sanção do aumento salarial para os servidores da Câmara, o governo amanhecerá hoje com mais uma conta de quase R$ 800 milhões. O projeto aprovado pelo Senado concede reajuste de até 18% aos servidores e cria adicional para funcionários em missão no exterior.

Se a proposta for sancionada, o aumento será aplicado a partir de 1º de julho. Servidores do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, agentes penitenciários federais, funcionários de hospitais das Forças Armadas e servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) estão na lista dos beneficiários pela medida. Aposentados e pensionistas das 12 carreiras que ganharão o aumento também receberão o reajuste.

Lula tenta colocar um fim no pacote de bondades que o Congresso tem aprovado em ano eleitoral, mas a criação de despesas pode crescer ainda mais. O Plano de Cargos e Salários do Senado pode ser votado pelo plenário da Casa antes de julho e causará impacto de aproximadamente R$ 300 milhões na folha de pagamento do Legislativo. Apesar de os senadores alegarem que o reajuste foi negociado e que a Lei Orçamentária aprovada para este ano garante recursos para o aumento, os parlamentares decidiram que vão votar a proposta.


O número
R$ 800 milhões
Impacto que o reajuste para 32.763 servidores aprovado ontem no Senado terá nas contas públicas. A proposta depende de sanção presidencial


Palanques virtuais

Ullisses Campbell

Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - 26/8/08
Branco, coordenador de internet de Dilma, queria campanha mais longa

São Paulo — Sentados lado a lado, os coordenadores da campanha na internet de Dilma Rousseff (PT) e de José Serra (PSDB) se espetaram o tempo todo em evento ontem. Mas, em um ponto, Marcelo Branco, contratado pelos petistas, e Sérgio Caruzo, que vestiu a camisa tucana, têm a mesma opinião: quando se fala em campanha digital, a internet é terra de ninguém. Os dois marqueteiros disseram em debate que a legislação eleitoral não é clara quando o assunto é campanha virtual e que é “impossível mandar o internauta calar a boca”.

Pela estimativa dos marqueteiros virtuais, os candidatos disputam 35 milhões de eleitores em blogs e redes de relacionamentos. Serra sai na frente. O tucano tem 250 mil seguidores no Twitter e se dá ao trabalho de responder, durante a madrugada, às perguntas mais pertinentes dos seguidores. “Ele mesmo escolhe as que serão respondidas”, garante Caruzo.

Dilma tem 80 mil seguidores no Twitter, mas sua equipe vem fazendo um trabalho de formiguinha para aumentar o rebanho. “No Brasil, a campanha ocorre em apenas dois meses. Acho que deveria ser que nem nos EUA, em que os candidatos têm dois anos”, diz Branco.

Apesar de dominar campanhas na web, o marqueteiro de Dilma reclama das “fofocas” virtuais das quais se diz vítima. Queixa-se que já foi atingido por boatos em blogs e que já soube de sua suposta demissão pela internet.

Os dois estrategistas dizem que não sabem quanto cada partido gastará com campanha virtual. Asseguram que a maior dificuldade em fazer cumprir a legislação vem do fato de ser impossível controlar a ação de militantes na web. Eles acham que a legislação é clara no veto à propaganda antecipada em espaços oficiais de campanha, mas questionaram eventuais restrições a ações individuais. “Não tem como controlar o limite específico do militante apaixonado. O Ministério Público vai sentir o que a gente sente, que a internet é incontrolável”, disse Caruzo.

Para Branco, a internet qualifica a democracia e pode interferir nos rumos da campanha. “O eleitor pode opinar sem restrição, mas temos que evitar que esse instrumento vire uma máquina de destruir reputações”, ressalta.

Outra opinião comum entre os dois é que a internet tem o poder de estragar uma campanha eleitoral como qualquer outro meio de comunicação. Caruzo chegou a ironizar a equipe de Dilma, que recorreu a estratégias semelhantes às do presidente dos EUA, Barack Obama. “É falácia achar que o Obama foi eleito por causa da internet. Ele foi eleito por causa do Obama. Isso é parte de uma comunicação maior.”


Não tem como controlar o limite específico do militante apaixonado. O Ministério Público vai sentir o que a gente sente, que a internet é incontrolável”

Sérgio Caruzo, estrategista de Serra



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